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No tempo em que ficava entre homens

Rui Gomes, em 19.06.22

Só no nosso futebol vemos as instâncias disciplinares constantemente a resolver litígios que, noutras ligas, ficam sempre pela esfera pessoal. No fim, perde-se bastante mais do que se ganha.

Processos como o caso da garagem do estádio do Dragão são raríssimos fora de Portugal. As altercações entre agentes do futebol acontecem em todo o lado, mas lá fora há a percepção de que, no final, perde-se demasiado com a autópsia jurídica destes episódios extra jogo. Essa sim, é uma característica muito portuguesa: fazer todos os possíveis por agravar na secretaria aquilo que, de origem, já foi mau o suficiente.

Noutras ligas, estes incidentes são vistos como um embaraço para todas as partes que urge esquecer, ou, no máximo, como questões pessoais que devem ser tratadas em fóruns mais privados (o meu ponto de vista). Em Portugal, são uma festa que há de ser celebrada por muitos e muitos anos. Acredito que alguns dirigentes hesitariam se lhes dessem a escolher entre uma vitória nas quatro linhas e um caldinho épico de que possam apresentar-se como vítimas ou como exemplos de virilidade indomável.

Excerto de uma crónica de José Manuel Ribeiro, em O Jogo.

publicado às 05:02

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No nosso post em que transcrevemos o mais recente artigo de Carlos Barbosa da Cruz, em Record, no qual ele adianta criticas ao presidente do FC das Antas, o nosso leitor Luís Carvalho indica que não tardará a vir um dos "fiéis escudeiros do bandido defender a sua honra", para o caso José Manuel Ribeiro, director do jornal O Jogo. 

O supracitado jornalista assim o fez, embora não directamente, optando por vir defender a honra de Paulo Sérgio, treinador do Portimonense, no que diz respeito ao inquérito que o CD da FPF abriu ao clube algarvio na sequência do jogo com o FC das Antas, que os dragões ganharam por 7-0, com um artigo cujo título é o deste nosso post, e que passamos a reproduzir.

"O Conselho de Disciplina da FPF instaurou ao Portimonense um inquérito pioneiro que não precisa de sentença alguma para vitimar, desde já, um inocente. O CD quer saber se o treinador Paulo Sérgio fez um jeito ao FC Porto com o seu onze que utilizou no Dragão. Faltam-me os conhecimentos de telepatia para imaginar como pretende julgar as decisões técnicas em causa, que Paulo Sérgio até está farto de explicar, e não tenho dúvidas de que este é um caso inventado pela chinfrineira dos piores e mais infecciosos programas de comentário televisivo, com culpas grandes dos clubes.

Para o FC Porto, que em anos anteriores também não se conteve com as várias directas e indirectas a Tondela, Aves e Braga "Benfica B" (sobre as quais fui escrevendo), não há exactamente uma grande injustiça no facto de se ter chegado a este ponto ignóbil, como não haveria se qualquer dos outros grandes fosse envolvido. Trágico é que as acções continuadas de um batalhão de irresponsáveis e incontinentes verbais sejam pagas por alguém que não tem a ver com este filme, nunca contribuiu para ele e nunca fez nada na carreira que possa levar um analista decente a pensá-lo.

Este processo sai, literalmente, das caixas de comentários da internet para o Conselho de Disciplina e só terá dois efeitos práticos: manchar Paulo Sérgio com a oficialização de uma suspeita nojenta e validar, até com um certo caráter histórico, essa via de pensamento. Sem indícios, sem provas, sem fundamentos. Apenas porque se confunde o desconforto de um resultado desportivo com uma boa justificação para soltar muita diarreia pela boca. As opções de Paulo Sérgio podem ser discutidas? Claro. Com escrúpulos, tento na língua e longe do Conselho de Disciplina".

publicado às 13:00

O inimigo público

Rui Gomes, em 26.12.21

image.pngEm Inglaterra, tanto o treinador espanhol do Manchester City como o treinador alemão do Liverpool meteram-se numa alhada por terem dado a impressão de contestar o Boxing Day, a jornada natalícia que é tradicional na Premier League. Fizeram-no com todos os cuidados ("adoro o Boxing Day"), mas a mera sugestão de que talvez fosse melhor poupar... "a saúde dos jogadores" a essa canseira gerou quase uma ameaça de guerra civil.

Isso aconteceu fundamentalmente porque Inglaterra é o único país do mundo em que o mais importante elemento do futebol profissional põe (muito de vez em quando) a cabeça de fora: o público. Aqui, não sabemos sequer se as pessoas que pagam isto tudo gostam, por exemplo, de futebol na quadra.

A minha impressão é que sim, até gostam muito, mas não deixa de ser altamente provável que, quando o próximo calendário surgir à discussão, opinião de dois ou três treinadores influentes, os Guardiolas e Klopps à escala portuguesa, valha mais do que a vontade de quatro ou cinco milhões de pagantes. Aliás, diga-se, o futebol esforça-se ao máximo por nem sequer a reconhecer. A saúde dos jogadores não importa? Claro que importa, por eles acima de tudo, mas depois também pela qualidade de jogo que atletas desgastados podem oferecer ao público, por quem quase ninguém costuma interessar-se muito, incluindo (ou sobretudo) os árbitros.

Metade dos clássicos entre FC Porto e Benfica desde 2017 terminaram com, pelo menos, uma expulsão e várias vezes até ainda na primeira parte. Em mais nenhum campeonato europeu os jogos cabeça de cartaz são abordados desta maneira pela arbitragem, e até pela maioria dos comentadores. Significa, literalmente, que em território português o árbitro se sente muito superior ao adepto numa escala de importância. As exibições de autoritarismo e cegueira legalista destinam-se ao Conselho de Arbitragem, à UEFA e à FIFA. Mas não é para eles que o árbitro trabalha.

publicado às 03:48

Precisamente na semana em que Portugal acordou petrificado com a detenção do virtuoso César Boaventura, ficou a conhecer-se a terceira versão do novo regulamento com que a FIFA pretende domesticar o faroeste das transferências.image.png

Os números não são perfeitos, mas são bem melhores do que os anteriores. Não poderão ser gastos em comissões mais de 10% do valor de cada transferência, distribuídos em 3% (3,3) para cada uma das partes (clube vendedor, jogador e clube comprador).

Só o representante do clube vendedor poderá amealhar o máximo dos 10%, significando isso que nenhum outro interveniente receberá comissão nesse negócio, e deixa de existir a possibilidade de um agente atuar em nome de mais do que uma das partes envolvidas.

A "Clearing House", a criar pela FIFA e traduzível por "Casa da Clarificação", acolherá o dinheiro de cada transferência e será responsável pela respectiva distribuição, com um detalhe essencial: as comissões serão depositadas apenas em contas sedeadas no país de residência do agente. Não há informações do que sucede quando o país de residência são as Ilhas Caimão e, mais importante, nenhuma garantia de que os tribunais europeus e os neoliberais da Comissão Europeia não voltem a julgar o projeto como um atentado contra o livre empreendedorismo. Das futuras normas (veremos), entendem-se algumas melhor do que outras.

Existe uma facção convincente na Europa que defende o formato norte-americano, onde o agente representa exclusivamente o jogador e respectivos direitos de imagem. Pareceria bem se o mercado de transferências não se tivesse tornado uma fonte de rendimento tão importante, sobretudo para as órfãs ligas médias (como a portuguesa). Isso não acontece nos Estados Unidos da América. O trabalho do agente que procura a colocação para os jogadores excedentários ou vendáveis é, muitas vezes, fundamental aqui (daí o valor de Jorge Mendes), e conflitua com os interesses do representante do atleta. Este último pode, por exemplo, conformar-se com um clube que aceda aos salários desejados, sem cuidar do valor de transferência esperado pelo vendedor.

Já será menos fácil entender que continue a ser pagável uma comissão ao representante do clube comprador. Se uma administração não consegue fazer esse trabalho sozinha, serve para quê? E se o objectivo declarado dos regulamentos é travar as fraudes e a inflação no futebol profissional, legitimar, do lado do comprador, alguém que tem todo o interesse em negociar o valor mais alto possível é manter a porta aberta às mesmas artimanhas actuais.

E demasiada gente à mesa negocial, ainda que, em princípio, seja gente de cadastro limpo ou branco sujo, porque a FIFA recusará licenças a quem tenha sido condenado a penas de prisão para além dos doze meses por determinados crimes. Não chegará, porventura, para manter os Boaventuras ao largo, pelo menos antes de se atascarem na lama, mas era o mínimo dos mínimos, até porque o grande mistério depois destas medidas óbvias ao ano 21.º do século XXI reside numa pergunta óbvia: porquê tão pouco e só agora?

Artigo de José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 03:02

Os clubes não querem vice-almirantes

Rui Gomes, em 02.12.21

image.pngO caso Belenenses-Benfica criou um equívoco. Os clubes não elegem uma autoridade soberana para gerir competições profissionalmente e impor as regras de higiene e funcionamento: elegem um subordinado para gerir contradições permanentes e acatar, muito caladinho, as regras que derem na real gana aos associados.

Devem chegar os dedos de uma mão para contar os clubes que, alguma vez, votaram num presidente da Liga por achar que ele teria dotes excecionais de organizador ou que seria um gestor visionário. No máximo, terão ponderado a influência política ou financeira, mas em geral as direções da Liga são eleitas porque os eleitores imaginam que terão algum tipo de ascendência sobre elas.

Ao mais pequeno desentendimento, não hesitam em ridicularizá-las, e normalmente por futilidades. Outros circunscrevem-se à tradicional sabotagem, esgotando logo à nascença a credibilidade e imagem pública dos eleitos. A seguir voltam ao ataque porque os eleitos não têm credibilidade nem boa imagem pública.

Chega a ser cómico ouvir falar da Liga como uma entidade que dá orientações. Nenhum clube votou com o propósito de ser orientado por aquelas pessoas. Por cá, o futebol ainda não atingiu o nível de profissionalismo em que se confia dessa forma em alguém, seja quem for (e para ser sincero, com alguma razão).

Por isso, antes de falarem da Liga como se ela estivesse obrigada ser a versão desportiva do vice-almirante Gouveia e Melo, esperem por umas eleições em que os clubes escolham uma administração em vez de uma direção e técnicos especializados em vez de sacos de pancada. E que depois aceitem, vá lá, uma decisão em cada dez. Já seria uma melhoria de dez por cento.

Artigo de José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 12:30

Abunda a esperteza saloia na transferência do médio para o Benfica. Todos sabem o que acordaram e, apesar disso, ninguém hesita em usar o expediente mais indigno para lhe fugir.

A transferência de João Mário para o Benfica há de ser um caso de estudo na FIFA: todos os intervenientes, com a eventual excepção do jogador, estiveram mal e sempre de uma maneira descarada.

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Começa pela cláusula antirrivais que, sendo prática comum, é uma violação da liberdade de escolha. Vender um futebolista, lucrar com ele, e, ainda assim, poder controlar-lhe o futuro indefinidamente (sem que ele ganhe mais por isso) não tem justificação. Depois, vem a artimanha da rescisão de contrato, pelo Inter, para disponibilizar João Mário, a custo zero, ao Benfica. Havendo a alternativa de o transferir para o Sporting por três milhões de euros, mais dois por objectivos, os milaneses devem ser o clube mais altruísta do planeta, uma espécie de São Francisco de Assis do futebol.

Segue-se o comunicado do Inter, depois da indignação sportinguista: "As declarações são inaceitáveis, extremamente graves e, mais importante, infundadas." Não são. Só se for obrigatório fingirmos que somos patetas. Inaceitável é um comunicado que faz dos leitores estúpidos, sendo certo que não podia constar do texto uma verdade que o Sporting tem de ouvir. Perde-se um pouco de moral para falar em "expedientes" quando se usou a rescisão de contrato, pós-Alcochete, para recusar à Sampdória o pagamento de 10% da mais-valia da venda de Bruno Fernandes ao Manchester United.

Pode ser eventualmente legal, de uma forma muito torcida, mas não respeita os "valores" de que Varandas está sempre a falar, tirando a hipótese de esses valores serem como os de Groucho Marx: "Estes são os meus princípios. Se não gostarem, tenho outros." Tudo somado, mais um episódio infeliz e até pouco inteligente. Nos negócios do futebol, nunca é boa ideia cuspir para o ar.

Artigo de José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 13:15

A agenda também chateia o Sporting

Rui Gomes, em 21.12.20

Quando a agenda encheu, também o Sporting  embaciou. À primeira sucessão de três jogos numa semana, os rapazes de Rúben Amorim não tiveram a mesma energia: as maldades do calendário tocam a todos.

Os três da frente ganharam, mas de formas diversas. O extraordinário é que, por um par de minutos, o pior desempenho (o do Benfica) não rendeu o primeiro lugar em igualdade de pontos com o Sporting. Seria, nesse caso, a melhor equipa da Liga, para aplicar a lógica de Jesus?

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O Gil Vicente discordaria, mesmo a jogar com apenas dez. Rematou tanto como os lisboetas (12 vezes) e enquadrou mais bolas na baliza (7), depois de os conter sem problemas aparentes enquanto teve onze jogadores lá dentro e até depois disso. O Benfica será sempre um perigo, pelas armas à disposição, mas fica a ideia de que piora, em vez de melhorar. A Supertaça vai trazer mais dados, depois de amanhã, ainda que o adversário viva as suas próprias idiossincrasias.

O FC Porto fez, com o Nacional, o jogo mais consistente dos três. Conseguiu o feito raro, esta época, de acabar uma jornada da I Liga sem golos sofridos, nem percalços de monta. Na verdade, fez setenta metros de um futebol sem contestação. Nos outros trinta, estragou jogadas atrás de jogadas com um catálogo inteiro de más decisões individuais e erros técnicos incompreensíveis que fizeram da noite de ontem bastante menos do que ela devia ter sido, como se não fosse possível aos jogadores reunirem o mesmo foco nas duas pontas do campo. Foi mais desconcertante ainda por três dos participantes no ataque serem Corona, Otávio e Taremi, a quem a bola não costuma incomodar. Por muito confuso que esteja, o Benfica não dará tantas chances.

Texto da autoria de José Manuel Ribeiro, Director do jornal O Jogo

publicado às 11:45

Como a DGS cria o caos na Liga

Rui Gomes, em 17.09.20

DGS fala em adiar jogos, mas o plano do futebol profissional fala em jogar desde que haja sete inscritos para pôr em campo. Em que ficamos?

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A Direcção Geral de Saúde tem em mente adiar jogos e não parar o campeonato. Dito assim, soa simpático. Se lermos antes o protocolo da Liga, nem tanto. Como o calendário está esganado, o que se contemplou não foram adiamentos: o Covid-19 é equiparado a uma gastroenterite; quem está infectado não joga e por aí adiante até haver menos de sete jogadores para pôr em campo, conforme estipula a Lei 3. Mas a DGS, e as delegações regionais, não só parecem pensar de outra maneira como podem ter direito a impô-lo.

Isto significa, imaginemos, que uma equipa com três baixas importantes por Covid-19 é obrigada a jogar e que outra, com 15, pode ser beneficiada com um adiamento, se a DGS entender. Ainda pode insinuar-se nesta dança um terceiro factor, que são os adiamentos por mútuo acordo.

Excerto da crónica de José Manuel Ribeiro, Director O Jogo

ADENDA

O jogo de sábado entre Sporting e Gil Vicente, da primeira jornada da Liga NOS, está em sério risco de realização e poderá ser adiado a qualquer momento. Nesta fase, prosseguem as conversações entre Liga, Direção-Geral da Saúde e ambos os clubes e a qualquer instante poderá ser anunciado o adiamento da partida.

O delegado de saúde de Barcelos estará a dificultar a saída da equipa gilista rumo a Lisboa, cidade do encontro referente à 1.ª jornada do campeonato. Nesta fase, o Sporting não tem ainda qualquer confirmação oficial do adiamento do jogo.

ADENDA #2

O Sporting-Gil Vicente está oficialmente adiado. Administração Regional de Saúde do Norte (ARS) entende que não estão reunidas as condições para a realização do jogo:

"Na sequência da informação que nos foi facultada e da avaliação de risco face aos resultados que foram obtidos em teste de pesquisa de SARS-CoV-2, no cumprimento das competências atribuídas às Autoridades de Saúde, foi decidido pelas Autoridades de Saúde tanto a nível nacional, como regional e local, não estarem reunidas as condições necessárias para a realização do jogo do dia 19/09/2020".

Fica-se a reflectir como é que a delegação de Saúde do Norte tem jurisdição para decidir sobre um jogo que estava agendado para ser realizado em Lisboa. O primeiro adiamento - o primeiro de muitos, porventura - que eventualmente poderá por em risco o campeonato desta época.

publicado às 19:26

Liga das vaidades

Rui Gomes, em 02.05.20

Num só dia, os três grandes vão a São Bento mostrar que a Liga pode ter juízo. Nos seguintes, os colegas fazem tudo para os desmentir.

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Os presidentes de FC Porto, Benfica e Sporting não foram a São Bento por gerirem os maiores clubes, nem por serem os mais mediáticos da I Liga ou os mais privilegiados. Foram a São Bento porque FC Porto, Benfica e Sporting são os maiores focos de instabilidade e conflitos. Porque são eles, sistematicamente, a melhor das desculpas que o nosso Governo pode arranjar para se descartar do futebol.

Faria alguma diferença para o Primeiro-ministro António Costa, e para o país, que Carlos Pereira (Marítimo), Gilberto Coimbra (Tondela) e Wei Zhao (Aves) se lhe apresentassem no gabinete em apaixonada ménage a trois? Seria essa a garantia de que o futebol está pronto a cooperar como vai ser preciso?

Ou, vendo o problema do outro lado, haverá melhor oportunidade do que este momento de fraqueza para começar a impor a FC Porto, Benfica e Sporting responsabilidade e melhores comportamentos em troca da ajuda de que o futebol vai precisar? O futebol todo, Marítimo, Tondela e Aves incluídos.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 05:04

O futebol é a Europa

Rui Gomes, em 22.04.20

Russos, americanos, chineses e árabes, entre outros, vão rapinando o maior chamariz europeu no planeta.

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O desporto vale 2,12% do PIB da União Europeia e a competição gera 1,7 milhões de empregos. Para pôr esses números em real perspectiva: a indústria automóvel vale cerca de 7% do PIB e abarca 14 milhões de empregos.

São números respeitáveis que explicam a preocupação de uma União Europeia normalmente desinteressada desse tema tão mundano.

De Bruxelas chegam sinais de que o desporto entrou no campo de visão dos governantes europeus e isso é fácil de explicar. Só em receitas relacionadas com eventos desportivos, transmissões e bilheteiras, são cerca de 50 mil milhões de euros anuais, dos quais 28,4 respeitantes a uma modalidade muito particular.

Para a Europa, o futebol não são apenas receitas e empregos. O futebol é uma das áreas em que os europeus são líderes incontestados do mercado. Para grande parte do mundo, a Europa é o futebol ou o futebol é a lente pela qual veem a Europa.

Da guerra entre as grandes potências económicas, em que a UE aparece sempre como o parceiro menos agressivo, não sobra muito mais, e mesmo o "futebol europeu" vai sendo repartido aos poucos por (calculem) russos, americanos, árabes e chineses, com certeza por ser irrelevante no tabuleiro planetário, enquanto em Genebra os burocratas preferem nem tomar conhecimento, entretidos a ser robôs ideológicos.

Mas por mais que os repugne, não há como separar a Europa do futebol, embora ele tenha crescido selvagem, sem pai nem mãe em Bruxelas, sem aprender boas maneiras, sem ser cuidado, nem potenciado, nem desparasitado, nem gerido, ao contrário do que as outras grandes potências fazem com as suas maiores mais-valias. E estamos a falar de uma União Europeia que se entretém a medir maçãs com uma régua.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 03:34

Juiz benfiquista ou juiz sem juízo

Rui Gomes, em 19.04.20

Pescar juízes sem clube é complicado, mas deve haver um ou dois com o discernimento de não se meterem no Facebook.

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No caso e-Toupeira, o Tribunal da Relação atacou a competência do Ministério Público para justificar a decisão de não levar a Benfica SAD a julgamento e com aparente razão: o Ministério Público desistiu de interrogar o presidente benfiquista num tema em que isso era mais do que imprescindível, abrindo caminho ao que sucederia depois, isto é, a falta de fundamentação para acusar a SAD.

Até o primeiro-ministro teve de estrebuchar no caso Tancos para prestar depoimento por escrito, mas Vieira diz que está com amnésia e a Justiça portuguesa, que pode mandar a polícia buscá-lo a casa, embarca nisso? Tal como fizeram o país, a Imprensa, os outros juízes, o Conselho da Magistratura?

A partir desse momento, a dúvida por serenar na cabeça das pessoas está justificada. Mas um juiz benfiquista não põe os processos mais em causa do que um juiz portista ou um juiz sportinguista. Seria uma canseira procurar juízes asséticos, sem clube, sem religião e, já agora, assexuados. O problema do juiz Paulo Registo não é ser benfiquista; é não ter o juízo - importante, sendo juiz - para não fazer "likes" no Facebook em coisas que poderá ter de vir a julgar.

Um juiz benfiquista com juízo é diferente de um juiz benfiquista sem juízo. Diria mesmo que juiz com Facebook é diferente de um juiz sem Facebook, não por eles terem menos direitos individuais do que qualquer cidadão comum, mas por levantar dúvidas sobre o discernimento. Os juízes não podem ser levianos em público, nem, remetendo para um caso anterior, "fanáticos" de coisa alguma que não seja a Justiça.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 03:33

Os calotes ainda vão no adro

Rui Gomes, em 18.04.20

O Sporting foi só o primeiro... Será impossível à FIFA manter a inflexibilidade actual quando começarem a chover as queixas.

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Francisco Salgado Zenha, administrador financeiro do Sporting CP, desvaloriza a notícia do pagamento em falta da primeira prestação de Rúben Amorim ao SC Braga. Desvalorizar a notícia não faz sentido. Se o Sporting não queria dar tanto nas vistas, não deveria ter negociado um treinador-proveta por 10 milhões de euros e ainda por cima com um concorrente directo. Mas o argumento é lógico. As circunstâncias mudaram.

Em muito pouco tempo, o dinheiro não chegará para tudo e a FIFA ficará assoberbada por queixas de pagamentos por fazer a clubes, jogadores e treinadores (com regulamentos que castigam esse tipo de dívidas a sério). Todos os clubes, incluindo o Sporting, têm dinheiro a receber de vendas passadas, de patrocinadores ou de outro tipo de clientes, e todos eles também dependem de determinadas datas.

Como diz Salgado Zenha, Julho e Agosto são meses importantes para a venda de bilhetes de época, que significaram 2,8 milhões de euros em 2019/20, e nessa altura também devia entrar em caixa a primeira das dez prestações dos contratos televisivos, sem sequer falar nas eventuais receitas do defeso. A International Champions Cup, que o Benfica costuma jogar nos Estados Unidos (e que já foi cancelada), rendeu em 2019 cerca de três milhões de euros.

As expectativas do SC Braga talvez estejam ainda por adaptar ao planeta da dívida em que vamos viver, mas é difícil que continuem assim por muito tempo. Se António Salvador tivesse de facto que pagar nove milhões de euros por Abel Ruiz ao Barcelona (em vez de descontar na venda de Francisco Trincão) ou 3,5 milhões ao FC Porto por Galeno (em vez de descontar em Loum) teria essa possibilidade? Fica aqui uma previsão: "moratória" vai ser a palavra mais usada no próximo ano e meio. E não vale discriminar devedores.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 04:17

O vírus da mudança não é este

Rui Gomes, em 13.04.20

A pandemia não gerou, até ao momento, nenhuma acção inédita, nem surpreendente, nem revolucionária.

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A Selecção Nacional de futebol doou há dias metade do prémio de qualificação para o Euro'2020 ao fundo de apoio aos "amadores" da FPF. Ronaldo e Mendes compraram ventiladores. Multimilionários americanos financiaram pesquisas de uma vacina. Ficámos agora a apreciar os enfermeiros e médicos (não tanto, se calhar, o imigrante que nos traz comida a casa a dois ou três euros de custo que terá de partilhar com uma multinacional). A FIFA diz que o futebol tem de dar um passo atrás. O jornal Financial Times reflecte, em editorial, sobre as fraquezas do capitalismo e a necessidade de procurar novos caminhos.

Centenas de figuras públicas escrevem e dizem todos os dias coisas sensatas, mesmo sobre a inflação demencial no futebol de elite. Outros fazem contas e garantem-nos que nunca mais haverá transferências como aquelas de Neymar ou João Félix, até conseguem dizer ao cêntimo, usando uma ciência obscura qualquer, quanto vale agora cada jogador. No jornal Público, o filósofo José Gil tira a conclusão obrigatória deste contexto... o vírus não mudou nada de significativo.

O gesto da Selecção de nós todos não me surpreende, Cristiano Ronaldo e Jorge Mendes já tinham feito acções do género, os multimilionários americanos têm por hábito financiar sempre pesquisas, por uma questão de marketing, e o facto de simpatizarmos mais agora com o pessoal clínico não nos fará valorizar mais amanhã os professores e muito menos ainda mudarmos de opinião sobre os funcionários públicos. A FIFA fala em passos atrás e à frente desde que o FBI lhe caiu em cima. O "Financial Times" é um farol do capitalismo, mas sempre fez jornalismo decente e as figuras públicas que dizem coisas sensatas já as diziam em 2008, 2011, etc.

Aos poucos descobriremos, sem doutoramento em bioquímica nem surpresa, que o vírus não deixa boas sequelas.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

Nota: Uma visão muito cínica de José Manuel Ribeiro em que todas as acções em prol do combate à pandemia em curso, indiferente da razão de ser, são vistas com elevado grau de descrença. Porquê... o Mundo estaria melhor sem elas?

O facto destas acções não serem "inéditas", "surpreendentes" ou "revolucionárias" - se de facto assim são - nega o benefício das mesmas?

publicado às 16:30

Das obscenidades

Rui Gomes, em 08.04.20

Obsceno é o número de clubes que precisam mesmo de ajuda em tão pouco tempo.

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É claro que toda a gente acha obscenas as cifras do futebol, mas temos verdadeira noção? Vou citar algumas... A receita conjunta das dez maiores ligas da Europa chegou, em 2018/19, aos 18 mil e 300 milhões de euros. Repartido esse valor pelos 182 clubes desses campeonatos, ficamos com um parcela de 100 milhões de euros para cada um, ou seja, teríamos 182 clubes com orçamentos semelhantes aos de Benfica e FC Porto. Respeitando o fair play financeiro da UEFA, afectamos 70% desse valor (70 milhões) para salários, dividimos por um plantel de 25 e sobra-nos um vencimento anual bruto de 2,8 milhões de euros para cada um dos 4550 jogadores.

O futebol europeu está submerso em dinheiro. Se pensarmos que a maior parte dele se concentra em cerca de 10% daqueles 182 clubes, a obscenidade ainda consegue crescer, mas nada nos prepara para a maior de todas: apenas uma mão-cheia daquelas quase duas centenas de empresas não está, neste momento, em pré-falência, sem meios para garantir mais do que dois meses de hibernação, e talvez eu esteja a exagerar quando falo em dois meses. O futebol não é uma máquina de fazer dinheiro; é uma máquina optimizada para garantir que não fica lá um cêntimo.

O presidente do Sindicato dos Jogadores acerta quando ataca a moralidade do bicho, mas não quando dá a entender que os clubes só têm uma dorzita de barriga. Não, estão mesmo nas últimas e alguns precisam mesmo de ajudas do Estado, por culpa deles, primeiro, por culpa da UEFA, por culpa da União Europeia e também muito por culpa das organizações sindicais de jogadores que combatem tectos salariais, que ajudaram a desregular o futebol na UE chegando a exigir o fim das janelas de transferências, para que o negócio durasse o ano inteiro. Não há santos aqui. Mas há falidos, sem dúvida nenhuma, e às mãos-cheias.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 11:30

Se a ruína dos clubes fosse irrelevante para as operadoras de televisão, estaria mesmo tudo perdido. Ou maluco...

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As operadoras de televisão pagam vagões de dinheiro pelo futebol porque, calculem, ele interessa-lhes. Por muito que tentem negá-lo no fogo cruzado de notícias e comunicados, feito de simulações e bluffs, há uma simbiose entre MEO, NOS, Sport TV, etc., e os clubes. O destino da bola não lhes é indiferente, como também não lhes deve ser indiferente a realidade de que, para os clubes, será muito difícil financiarem-se nos próximos tempos.

Quer isto dizer que devem ser elas então a suportar os clubes durante a depressão do vírus, pagando por jogos que não existem? Talvez não, mas, se calhar, convém-lhes participar na solução, sob pena de haver mesmo jogos (não agora, mas dentro de uns meses largos) que as pessoas só quererão ver de graça ou a preços muito baixos - e que elas terão de pagar na mesma, respeitando os contratos que pretendem fazer valer agora.

Ninguém melhor do que as operadoras sabe como são muito poucos e disputadíssimos os "conteúdos" valiosos, nem como é ameaçadora, para elas, a onda dos chamados serviços de "streaming", Netflix, Amazon Prime, HBO, Disney, etc.

Quem disse que precisaremos de operadoras no futuro? E, neste exacto momento, o que têm elas que essas novas plataformas não ofereçam mais barato? Assim na ponta da língua, talvez o futebol (por enquanto), mesmo combalido e incerto. Como as operadoras, que não são geridas por gente distraída, também não levo demasiado a sério o regresso do campeonato em Junho.

Não estamos fechados numa qualquer caixa, a pandemia espalha-se a tempos diferentes pelo planeta e, enquanto durar lá fora, durará aqui, mas acaba por ser irrelevante. As coisas estão tão complexas que, em tantos e tantos casos, será difícil perceber se estamos a ajudar o outro ou se, fazendo isso, estamos a salvar-nos a nós próprios.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 05:02

Os hunos por trás dos Átilas

Rui Gomes, em 31.03.20

Quem acha que os obstáculos ao bom senso são quatro ou cinco presidentes idiotas não fez as contas como devia.

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A imagem do presidente da Bielorrússia, de capacete de hóquei no gelo, stique e ombreiras, com a legenda "Mais vale morrer em pé do que viver de joelhos" (falava sobre o vírus), podia muito bem ser a capa de uma biografia de Átila, o huno. A filosofia é a mesma, a 1500 anos de distância. Lukashenko, Trump, Bolsonaro ou o ministro das Finanças holandês (neerlandês), que considera os povos do Sul preguiçosos e pedintes, são todos o vilão ideal, cada um no seu grau de sacanice e estupidez patentes. Mas sozinhos valem zero, por muito geniais que sejam no Twitter ou no WhatsApp. São 0,1 por cento do problema.

Se o Partido Republicano não suportasse as canalhices de Trump, no senado americano, ele teria caído há muito. Bastaria até que alguns senadores não se esforçassem tanto por aguentar o vómito. Se grandes instituições, como as inexplicavelmente toleradas igrejas evangélicas, não tivessem interferido,  Jair Bolsonaro não seria presidente do Brasil e, sem Putin nos bastidores, Lukashenko teria sofrido bem mais dificuldades na Bielorrússia. O neoliberal Wopke Hoekstra também faz parte de um exército organizado, não é um idiota solitário, nem tem um pensamento assim tão distante de alguns ex-primeiros-ministros portugueses.

Donald Trump e Bolsonaro podem ser uma mera moda passageira e Hoekstra apenas um arrogante particularmente descarado, mas quem os promove ou, podendo fazê-lo, abdica de os eliminar leva décadas de enraizamento, de amizades e de confrades que não têm nada de ignorantes nem de burgessos. O bom senso está em grande desvantagem e tem um longo historial de ingenuidade e inércia no cadastro.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 05:03

Podemos tentar ensinar alguém a ser Ronaldo, mas nada em Messi é "conhecimento" transmissível ao próximo.

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O tédio do isolamento social descambou em tiro ao Ronaldo. Porque está na piscina, porque ostentou (e ostentou?) as ajudas aos hospitais portugueses e porque há um fulano chamado Hristo Stoichkov a quem chegou a vez de se meter no drama existencial entre Cristiano e Messi. Defender Ronaldo, que é crescidinho em todos os sentidos, soa-me sempre a patrioteirismo, mas não me importo de entrar nesse barco para defender, antes dele, a racionalidade.

Para um ex-presidente da Juventus, aparenta ser lamentável que ele cumpra a quarentena na Madeira, apanhando sol numa "megapiscina". As delícias do teletrabalho nem sempre convencem: para alguém tantos meios e uma obsessão tão grande, qual é a diferença entre isolar-se em Turim ou no Funchal? Já as ofertas de dinheiro e equipamentos aos hospitais levam a um debate estafado que confunde os óbvios benefícios com juízos de intenções.

Gosto muito do comedimento e ficaria um milhão de vezes mais bem impressionado se descobrisse que Cristiano Ronaldo anda há dez anos a servir à mesa na sopa dos pobres sem ninguém saber. Mas saber-se também tem valor, ou alguém duvida de que esta chuva de contribuições dos futebolistas e treinadores estão ligadas umas às outras?

Por último, o disparate de Stoichkov, búlgaro que fez história no Barcelona e que exclui entrevistar Cristiano Cristiano porque o que quer são "ensinamentos" e "conhecimento". Erro crasso. Se há uma vantagem evidente, chamemos-lhe assim, de Ronaldo para Messi ela está precisamente na ciência. Ronaldo tem uma vida de afinações, métodos e flexões abdominais para ensinar a quem for inteligente; o que mora dentro de Lionel Messi nem se ensina, nem se aprende.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 03:18

O Governo acha que o futebol NÃO é uma actividade económica e que a Imprensa é SÓ uma actividade económica.

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Têm os dois razão: o primeiro-ministro está certo quando diz que o futebol "não é uma prioridade" e o presidente da Liga também, quando exige a António Costa que trate o futebol do mesmo modo como trata o turismo, a indústria ou a distribuição. Ignorar os problemas do futebol, como ignorar os problemas - se me permitem - da Imprensa não é administrar o país; é administrar a imagem do Governo.

Faz parte do calculismo político perceber como é que os eleitores vão entender as medidas, mas é por de mais incompetência e cobardia (no mínimo) não as tomar apesar disso, se elas contribuírem para o bem comum. O futebol é prioridade? Claro que não, mas salvar bancos à custa da depauperação do sistema de saúde também é uma escolha (boa ou má) que põe centenas ou milhares de vidas em risco. Fora o show off mediático, o futebol é receita fiscal e postos de trabalho que ficam tão ou mais comprometidas do que quaisquer outras actividades económicas similares.

Sem o preconceito do político carreirista, o futebol só devia poder ser visto com esta crueza a partir de São Bento. A Imprensa é diferente. O fecho dos quiosques, que o Governo manda agora reabrir por decreto, foi um golpe duro que ameaça tirar do nosso controlo a gestão da trajectória de crise, numa permanente nuvem de asteróides. A ameaça não é para a Imprensa, nem para os jornalistas: é para os cidadãos e para a democracia, e já dura há uma década sem reacção dos governos nacional ou europeu. E tem graça. A mesma política que teima em não ver que o futebol é uma actividade económica, também se recusa a perceber que a Imprensa é muito mais importante do que isso. Mesmo quando um vírus lhe faz pousar essa realidade na única coisa que vê diante dos olhos: a ponta do nariz.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 03:02

Uma praga de juízes marcianos

"Decisões a favor do Benfica (e do FC Porto) confirmam que alguns tribunais são extraterres

Rui Gomes, em 15.11.19

Duas decisões dos tribunais deram o mote para mais uma campanha que roça as "fake news", ou notícias falsas, no nosso humilde português.

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Um tribunal administrativo e um outro tribunal criminal absolveram o Benfica de uma multa por mau comportamento dos adeptos (incluindo agressões à polícia) e ainda de um jogo de interdição por apoio ilegal às claques.

Se fossem decisões definitivas, as duas sentenças significariam o fim da disciplina desportiva como nós a conhecemos, a desresponsabilização total dos clubes, a implosão da FIFA e da UEFA e talvez a ilegalidade da nova lei contra a violência no desporto. Só.

Mas não são decisões definitivas, nem para lá caminham, e parece-me, a mim e a muita gente, que contrariam acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo e daquela instância irrelevante chamada Tribunal Constitucional. Sabemos isso, e está bem fresco, porque o FC Porto tem ganho vários processos iguais a estes do Benfica apenas para os perder na instância seguinte, com alguma lógica.

O que estes tribunais estão a fazer é demolir, com uma infantilidade aterradora, as bases da disciplina desportiva, universalmente consensuais. E nem se explica com clubismo, porque, antes de fazerem a vermelho, já tinham feito várias vezes a azul.

Fica uma pergunta para eles. Se assim não pode ser, como é que se faz?

José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo

 

Nota: João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto garantiu esta quinta-feira que a entrada em vigor da lei de combate à violência no desporto evitará situações como a que levou à recém-anulação do castigo imposto ao Benfica:

"Na próxima época desportiva haverá muito, mas muito mais, qualificação de alguns temas que recorrentemente são falados no nosso país e, portanto, haverá punição directa indiscutível, e inapelável de alguns comportamentos, nomeadamente, no que se refere aos grupos organizados e interferências de outras instâncias".

(A lei 39/2009, que estabelece o regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos, foi aprovada na anterior legislatura, mas algumas alterações só entrarão em vigor na próxima época desportiva).

publicado às 02:48

A cabeça de Varandas é prémio por Alcochete?

É do que o Sporting precisa. De dar a cabeça do presidente numa bandeja de prata aos heróis da Juve

Rui Gomes, em 23.10.19

Sim, do que o Sporting precisa mesmo é de uma claque que assalte o próprio guarda-redes com uma chuva de tochas, invada o centro de treinos do clube, agrida jogadores, responda às consequências normais desse acto com uma longa campanha contra o novo presidente e, no fim de tudo isso, saia em ombros por conseguir correr com ele.

É o novo conceito de estabilidade: uma direcção eleita escorraçada por uma claque da qual os associados sabem pouco ou nada, tirando que o líder é um criminoso cadastrado, sob detenção e já acusado de mais dois crimes, incluindo um de assalto a residências. Podemos fingir que isto tem a ver com más contratações e bolas que não entram, e isso até dá jeito à oposição, mas quem derruba um presidente fica mais perto de derrubar o seguinte.

José Manuel Ribeiro, Director de O Jogo

publicado às 03:04

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