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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
À margem da conferência denominada "Vídeo-árbitro (VAR): A tecnologia ao serviço da verdade desportiva?" realizada esta terça-feira por alunos da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), pronunciou-se sobre a Operação e-Toupeira, no contexto do possível envolvimento de elementos ligados à arbitragem, defendendo que qualquer um deve ser punido como qualquer outro agente do futebol português:
"A única coisa que a classe pede é que seja reposta a verdade, tenha ou não implicações nos árbitros. É indiferente. Se houver agentes da arbitragem envolvidos têm de ser condenados como qualquer outro tipo de agentes.
Não, não existe nenhum árbitro envolvido neste caso. Se existem agentes de arbitragem envolvidos neste caso, estão a sê-lo em processo de averiguações. Mas volto a frisar: se houver algum envolvido, que seja condenado. A arbitragem não quer alguma excepção ou iremos defender o que é indefensável.
Faço um apelo para o fim da especulação e do levantamento de suspeições para que o nosso campeonato possa reafirmar a sua excelência dentro e fora das quatro linhas".
No mesmo sentido, o ex-árbitro Duarte Gomes confessou que a luta acesa entre FC Porto, Benfica e Sporting pelo título, num momento em que as três equipas estão separadas por apenas cinco pontos a oito jornadas do fim, vem reforçar a competitividade, mas, também, o ambiente de crispação entre os três 'grandes' rivais:
"Gostava que o clima em torno da arbitragem fosse pacífico e sei que vai ser um ambiente de ruído. Não vale a pena estar com hipocrisias. Todas as outras épocas foram assim e este ano temos um factor adicional - para a decisão do árbitro e para o ruído - que é o vídeo-árbitro. Do ponto de vista do ruído, ele será grande.
A Federação tem feito esse esforço. Os árbitros têm todas as condições, têm a protecção possível. Vamos apenas à Grécia só para ver como as coisas podem descambar. Nós ainda somos uns privilegiados em relação a coisas desastrosas que podem surgir. Temos de passar uma mensagem de bom senso, independentemente dos resultados que aí venham".
Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, falou aos jornalistas à saída do Parlamento, onde Fernando Gomes, presidente da FPF, foi ouvido esta quarta-feira, e apresentou uma sugestão inédita, embora algo cínica:
"Antes de mais agradecer tudo aquilo que o presidente da Federação tem feito pela defesa da arbitragem em Portugal. Tomara que todos os agentes desempenhassem o mesmo papel do Dr. Fernando Gomes. Fez um excelente resumo do que se está a passar no nosso país a ao mesmo tempo a destruir o nosso futebol. Tem contribuído muito para se eliminar este clima de suspeição no futebol português.
Deve ser um sinal de preocupação para o futebol português, mas também abriu-se uma janela de oportunidade. Uma oportunidade para vermos em campo os comentadores desportivos, os dirigentes, eles próprios a arbitrar jogos, pois certamente pelas horas que passam a falar de arbitragem em Portugal são tão profissionais ou mais do que os árbitros que têm formação nesse sentido. Sendo eles muitos isentos, irão desempenhar muito bem essas funções".
Compreende-se a intenção da sugestão, embora seja óbvio que o desafio não pode nem deve ser aceite pelas pessoas referidas. Problemas, já o futebol português tem, não precisa de mais. Diria, no entanto, que comentadores, hoje e sempre, fazem parte do problema e não da solução, enquanto que dirigentes, na sua vasta maioria, para o bem do futebol, terão forçosamente de integrar a solução. Se não o fizerem, essa solução é inatingível.
Algumas considerações de Luciano Gonçalves - presidente da APAF - sobre a decisão da FPF de passar a ter vídeo-árbitro em todos os jogos da I Liga já em 2017/18:
A contestação vai acabar?
Não vai acabar com as contestações nem com o erro. Se toda a estrutura do futebol quiser, haverá menos motivos para a especulação. Infelizmente sabemos que os erros continuarão a acontecer, mas é um objectivo da arbitragem, mesmo com o vídeo-árbitro, tentar errar menos.
O que é que vai mudar?
Não tenho dúvidas de que vai melhorar. Dá-nos mais tranquilidade havendo menos erros, ainda por cima com influência e impacto. Irá também mudar a forma de o comum adepto ver o futebol. Não vai acabar com o erro, mas é mais uma grande ajuda.
O primeiro ano será uma espécie de teste?
Ao avançar com este projecto, a Federação já tem uma equipa competente para levar a iniciativa a bom porto. Já começou com este projecto há 15 meses. Este primeiro ano será, no entanto, muito difícil para o vídeo-árbitro - é importante estarmos de mente aberta.
Não será uma forma de desresponsabilizar o árbitro?
De forma nenhuma; o árbitro será sempre responsabilizado, a palavra final é dele. Irá é dar-lhe uma confiança diferente, por saber que tem mais um meio que o pode auxiliar e uma boa ferramenta para o ajudar a crescer. É mais um meio para o árbitro chegar à excelência.
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