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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Na vida existe uma grande dose de imprevisibilidade. O futebol porque faz parte da vida, e até pelas suas características, é um mundo de imprevisibilidade. O ex-dirigente Pimenta Machado ficou ligado à expressão: no futebol o que num dia é verdade, no outro é mentira.
Nós enquanto adeptos, gastamos algum do nosso tempo a discutir as peripécias do jogo, quase sempre com muita paixão e muito pouco racionalismo. Temos na ponta da língua as soluções para os problemas do nosso Clube, mas que não passam de soluções de trinta e um de boca, de quem não assume a responsabilidade de decidir, e ainda bem. As decisões certas ou erradas estão nas mãos de quem pode e sabe decidir, com a consciência que elas são condicionadas por diversos factores, e logo sujeitas a erro.
Ainda não há muito tempo, havia uma acentuada unanimidade em relação à conquista do campeonato pelo Benfica, com um percurso desportivo quase impecável. Bastaram duas semanas para se começar a pôr em causa essa conquista. A diferença pontual para os seus adversários próximos justifica essa dúvida. Esta situação prova que temos tendência para valorizarmos certas certezas, ignorando a imprevisibilidade das coisas.
O SCP por razões por demais analisadas teve um péssimo início de época, tem melhorado, mas ainda não estabilizou. Para seguir as principais análises, falou-se de má preparação da temporada, com alguma razão, mas esquecem-se vários factores aleatórios, como a saída inesperada de alguns jogadores, lesões impeditivas, um início de calendário muito difícil, ineficácia na concretização, pontos extraviados por falta de estrelinha, plantel curto, entre outros.
Tenho visto “crucificações” de jogadores (e que agora até estão a fazer muita falta) como responsáveis pela má época, como se o futebol não fosse um jogo colectivo, onde quando falha um falham todos, incluindo o treinador. É verdade que quem tem uma equipa de “craques” tem mais hipóteses de ganhar, mas temos o que temos de acordo com o que as condições nos permitem. Nesta ponta final, recuperámos terreno, mas o facto de ter um calendário mais apertado, mostrou debilidades que sempre estiveram presentes. E bastam duas ou três lesões para criar dificuldades.
A entrada na Liga dos Campeões pela via do campeonato, está novamente a afastar-se. O FCA, e o SC Braga, especialmente este, têm mantido regularidade não cedendo pontos, e penso que será difícil isso acontecer, mesmo tendo em conta a teoria da imprevisibilidade. O tempo escasseia e os adversários têm um calendário mais leve. Resta a Liga Europa onde o grau de dificuldade é maior, mas onde a equipa se tem superado. Há uns tempos escrevi sobre a possibilidade de ganhar a Liga Europa. Afirmei que, sendo difícil, acreditava nessa possibilidade. Mantenho essa convicção com a certeza de que na vida como no futebol, nunca há certezas.
P.S.: Vi um comentador desportivo dizer, referindo-se ao Sporting, que o Braga continua à frente, com um orçamento muito mais reduzido. No entanto, deve ter-se esquecido que esse clube também está a dois pontos do Antas, e a seis da equipa com maior orçamento. Como se esqueceu ainda que para além dos orçamentos existem muitos outros factores que influenciam uma época. Se fosse apenas uma questão orçamental, o Sporting não teria ganhado o último campeonato que ganhou, nem teria ficado em segundo lugar na época seguinte.
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