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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O nível de isenção e objectividade do ser humano, em geral, é limitada. Muito para além da herança genética que molda a nossa personalidade, esta é ainda condicionada por múltiplos factores ligados à nossa formação e a diversas outras influências. A partir daí assumimos determinados posicionamentos ideológicos, que pautam as nossas vidas e as nossas reacções perante a realidade, política, religiosa e clubística.
No mundo do futebol, esse posicionamento ideológico atinge extremos que dispensam mínimos de racionalidade. Quando aderimos a um clube estabelecemos com ele uma relação onde a paixão é dominante. Desse modo, vivemo-lo quase sempre de uma forma emotiva. Os adversários, pessoas como nós, passam muitas vezes a inimigos. Temos a enorme capacidade de o ver argueiro no olho do outro, mas não o vemos no nosso, nem num espelho de aumentar.
Mas o que mais me perturba é quando mandamos às urtigas o espírito de grupo clubístico, tantas vezes deveras exagerado, e decidimos, algo inconscientemente, digladiarmo-nos entre pares. E voltando ao princípio, não por razões objectivas e concretas, mas com base em especulações, pautadas por posicionamento ideológico.
Essa luta fratricida que vem sendo habitual no Sporting CP, e que está a atingir níveis alarmantes, deixa-me perplexo e triste. Sobretudo tendo em conta que não existe motivo para que tal aconteça. A contestação à actual Direcção, na razão inversa da adoração à anterior, é a prova provada da insustentável leveza do ser. Flutua e cai na inconsistência de comportamento, num abrir e fechar de olhos.
Ao ver, ouvir e ler a discussão pública sobre a dívida do Sporting Clube de Portugal, ao Sporting de Braga, pasmo. Que nos debates televisivos, jornalistas/ comentadores malhem no Sporting, sem saberem da missa a metade, eu compreendo. Precisam de ganhar a vida, nem que seja a encher chouriços. Que adeptos do nosso Clube o façam nas redes sociais, mete-me asco. E não me refiro aos brunistas que apelidam Varandas de caloteiro, porque isso faz parte da sua estratégia de regresso ao poder. É curioso verificar como não tiveram essa preocupação, quanto às dívidas da anterior Direcção, e que tiveram que ser pagas por esta, para o Clube não cair na insolvência.
Aqui no Camarote Leonino vejo comentários a roçar a ignorância e o ridículo. Começa logo pela ênfase da expressão “calote”. Em qualquer dicionário, em rigor, pode ver-se que o termo se refere a dívida não paga, e não a dívida por pagar. Esta badalada dívida e outras, que o Sporting e todos os clubes têm, serão calotes se não forem pagas. O Sporting sempre pagou as suas dívidas, e também pagará esta, sem esquecer que também é credor e nesse sentido tem dinheiro a receber.
Um outro aspecto que brada deveras aos céus nestes comentadores, é que assentam as suas afirmações/acusações, em pura matéria especulativa. Não conhecem os contornos do negócio, não sabem porque razão ainda não foi pago, mas metem-se a adivinhos, para fazerem então condenações na praça pública. Condenações estas que se baseiam no tal posicionamento ideológico em relação à actual Direcção. Ao partir desta base a discussão está inquinada, e não tem nenhum rigor.
Em conclusão, o Sporting é mesmo diferente, e caso de estudo. É o clube português onde nem o “sentido de tribo”, no que diz respeito à defesa dos interesses de grupo, impera. Tem tanta leveza, que não reflecte, não pondera, não separa o trigo do joio. Anda ao sabor do vento das “vozes” supostamente tão honestas, tão honestas, que nem têm substância. E vai descarregando a sua ira. E se não fossem tão sem substância, atrever-me-ia a dizer que não merecem ser sportinguistas, quando dizem ter vergonha do Sporting, e não a tiveram quando a poderiam ter com maior razão. Tanta leveza...
ADENDA
Sporting CP e SC Braga emitiram um comunicado conjunto através do qual é anunciado um acordo entre as partes sobre o pagamento de Rúben Amorim:
"A Sporting Clube de Braga - Futebol, SAD e a Sporting Clube de Portugal - Futebol, SAD informam que chegaram hoje a acordo sobre a forma de regularização de todos os montantes devidos em função da contratação do treinador Rúben Amorim."
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