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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
1937 - 2015
Mascarenhas, antigo avançado do Sporting, faleceu esta terça-feira, aos 78 anos, vítima de doença prolongada.
Tem lugar em um capítulo extraordinário da história do Sporting Clube de Portugal, por integrar a equipa que conquistou a Taça das Taças na época de 1963/64, sendo o melhor marcador dessa edição da prova da UEFA, com 11 golos, e ainda hoje detém o recorde de mais golos (6) num só jogo das competições europeias, na goleada do Sporting ao Apoel, por 16-1.
Se a memória não me falha, creio que a última vez que estive com Mascarenhas foi em 2003, em um encontro casual em Alvalade, quando ainda tivemos ocasião de conversar sobre os velhos tempos,
À família enlutada endereçamos as mais sentidas condolências.
13 de novembro de 1963 - Taça dos Vencedores das Taças
«Já sabíamos que era um adversário mais ou menos acessível, para não dizer fraco, mas como nunca tínhamos defrontado uma equipa de Nicósia, também não sabíamos bem o que nos esperava. Por uma questão de precaução, fomos avisados pelo treinador no balneário, «atenção rapaziada, vocês não conhecem estes gajos, por isso temos uma desvantagem, na Europa, não existem jogos fáceis!» Aquelas palavras permitiram-nos respeitar o adversário e isso foi meio caminho andado para chegarmos onde acabámos por chegar nesse ano, e para fazermos o que fizemos nesse jogo! Apesar de não estar no programa darmos 16-1 aos cipriotas.
Mal começou o jogo marcámos um golo. E depois outro... e outro... e mais outro... a determinada altura já perguntávamos uns aos outros, «isto está 7 ou 8-0?» Foi nesse altura que começámos a pensaar em bater o recorde de golos numa competição europeia. Passou a ser a nossa grande motivação para não deixar adormecer o jogo. Lembro-me de dizer para o Figueiredo, que era o outro ponta de lança, «vamos embora, vamos dar uma cabazada nestes gajos.» E ele dizia, «vai-te a eles, Masca! Já marcaste 4 e não ficas por aqui!» e não fiquei. Marquei mais 2. No final do jogo, tínhamos dado 16-1 e eu tinha metido seis lá dentro.
Nesse dia marquei golos de todas as maneiras e feitios, desde o pé direito, ao esquerdo, de cabeça, acho até com a barriga marquei um. Foi a nossa noite. Foi sem dúvida a minha noite! Fixámos o recorde de golos marcados por uma equipa numa competição europeia e também o maior número de tentos apontados por um jogador, que fui eu, com seis! Foi magnífico.»
* Do livro «Estórias d'Alvalade» por Luís Miguel Pereira
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