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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Jérémy Mathieu deixou o futebol profissional em 2020, quando terminou a ligação ao Sporting, no entanto continuou a jogar nas divisões regionais de França. Despediu-se em definitivo dos relvados no último domingo, com a camisola do Luynes, que venceu por 2-0 o AS Maximoise. “Uma carreira brilhante com 106 páginas pintadas a verde e branco. Obrigado por tudo e boa sorte para o futuro, Monsieur Mathieu”, foi assim que ontem a Direcção leonina enalteceu o final de carreira agora anunciado pelo jogador, de 39 anos, que vestiu a camisola sportinguista de 2017-18 a 2019-20.
O defesa central francês sofreu uma lesão grave no joelho esquerdo durante um treino de preparação do jogo com o B SAD para a 28ª jornada da Liga NOS 2019-20. Com a certeza de não voltar a jogar nessa temporada, Mathieu optou por uma decisão drástica. “Pensava terminar a minha carreira de outra forma, mas faz parte do futebol. Lesionei-me esta manhã num duelo. Queria tanto terminar dentro do relvado, mas o destino decidiu de outra maneira”, escreveu o jogador numa mensagem de despedida.
Cinco vezes internacional por França, Mathieu participou em 106 jogos oficiais e marcou 9 golos pelo Sporting, tendo conquistado uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga. Foram apenas três épocas de leão ao peito, mas deixou grande marca em Alvalade onde recebeu o epíteto de “Monsieur Mathieu”. Sochaux, Toulouse, Valência e Barcelona foram os clubes por onde passou antes e o ponto alto foi a conquista da Liga dos Campeões, pelos culés em 2014-15.
O Departamento Médico do Sporting CP informou ontem que Jérémy Mathieu sofreu uma entorse traumática no joelho esquerdo durante o treino desta quarta-feira e que, após a realização de exames complementares de diagnóstico, foi confirmada uma lesão de alto grau do ligamento colateral medial.
Infelizmente, dado o prognóstico para este tipo de lesão, constata-se que este excelente futebolista diz assim adeus à sua estada no Sporting e, porventura, à sua carreira.
Com muita pena minha, diga-se, porque ainda alimentava a esperança de o ver jogar de leão ao peito mais uma época. A idade e as lesões não o permitiram.
Obrigado e boa sorte Mathieu, foi um grande prazer ver-te jogar e muito em especial no nosso Clube.
Mensagem de Mathieu:
"Pensava terminar a minha carreira de outra forma, mas faz parte do futebol. Lesionei-me esta manhã num duelo. Queria tanto terminar dentro do relvado, mas o destino decidiu de outra maneira. De qualquer forma, passei 19 anos a viver a minha paixão intensamente, com altos e baixos, alegria e choro, vitórias e derrotas e troféus incríveis. Diverti-me muito a fazer o que amo e sempre amarei. O meu agradecimento a todos os que me apoiaram durante a minha carreira e que me seguiram no Sochaux, Toulouse, Valência, Barcelona e Sporting".
(A despedida de Mathieu aos colegas de equipa)
***Ainda, uma emotiva mensagem de Bruno Fernandes.
"Mais uma vez a máquina de propaganda que nega tudo à sua volta, utiliza os seus pombos correio de eleição para desviar atenções do óbvio e atacar o Sporting Clube de Portugal.
Em vez de se elogiar, por exemplo, a actual aposta na formação e na juventude, tanto do treinador como de uma administração que em dois anos formou 20% dos atletas que deram o salto da Academia de Alcochete para o plantel principal, tentam criar fantasmas do Sporting CP com comando à distância, guiados por um GPS claramente defeituoso.
Vamos recordar: Luís Maximiano, Eduardo Quaresma, Rafael Camacho, Matheus Nunes, Jovane Cabral, no onze inicial, Francisco Geraldes e Nuno Mendes mais tarde no jogo. E internacionalmente a juventude ainda foi representada por Plata e Wendel. Querem fazer a média de idades?
Não. Isso seria sério demais. Elogiam-se assim outras defesas, enquanto se tenta colocar em causa o profissionalismo de Mathieu com histórias fictícias desfasadas da realidade.
Ao contrário de outros tempos e para grande infelicidade de alguns, assistimos a um balneário unido e sem fugas de informação vital. As razões pelas quais o internacional francês não fez parte da lista de convocados sabe-as o treinador. Que se explicou bastante bem no pós-jogo com o FC Paços de Ferreira. Mas para mau entendedor, nem duas ou três palavras são suficientes.
Ainda falta muito campeonato para disputar e todos precisamos de estar mais atentos. E de preferência sem GPS à mistura".
Miguel Braga, Responsável de Comunicação Sporting Clube de Portugal
“Evaristo, tens cá disto?” (Vasco Santana, em O Pátio das Cantigas)
Jeremy Mathieu foi suspenso por duas partidas na sequência da expulsão diante do SC Braga, anunciou o Conselho de Disciplina da FPF.
Segundo o comunicado desta quinta-feira, o defesa francês foi sancionado devido a uma agressão a Ricardo Esgaio, na sequência da entrada fora de tempo junto à linha lateral.
Para além de Mathieu, o Sporting viu ainda Yannick Bolasie e Eduardo serem suspensos, neste caso cada um com uma partida. O congolês é sancionado pela falta que motivou a sua expulsão, ao passo que o médio brasileiro tem uma partida de castigo em face do seu envolvimento na confusão da qual resultou o cartão vermelho a Mathieu.
De resto, deste encontro resultou ainda uma multa global de 5508 euros: 408€ pelo atraso no início do jogo e 5100€ pelo facto de nenhum elemento do Sporting ter comparecido na zona de entrevistas rápidas pós-jogo.
O Sporting já anunciou que vai recorrer do castigo aplicado a Mathieu e, em princípio, também do de Bolasie.
A mão direita de Paulinho (SC Braga) nas costas de Mathieu com a bola já a caminho. Mathieu protestou, mas em vão. Talvez ajude a explicar a sua abordagem a Ricardo Esgaio um pouco mais tarde.
Onde estava Artur Soares Dias (VAR) neste lance, depois de se 'esgrimir' para expulsar Bolasie?
O central francês Jérémy Mathieu considera que o Sporting não é o favorito hoje na meia-final da Taça da Liga de futebol, com o factor casa a ser mais favorável ao SC Braga:
“Creio que o Sporting de Braga é mais favorito do que nós, joga em casa, mas nós, como sempre, queremos ganhar e vamos tentar dar o máximo possível”.
Mathieu, de 36 anos, que chegou ao Sporting em 2017/18 e conquistou as duas últimas Taças da Liga, primeiro diante do Vitória de Setúbal e depois com o FC Porto, ambas nos penáltis, reconhece que não tem sido um ano fácil:
“Ganhámos a Taça em dois anos, e acabámos, nesta mesma fase da época, por ganhar, por termos mais confiança para o futuro. Tornou-nos mais fortes, vamos ver se acontece o mesmo este ano”.
Um momento, recorde-se, em que o Sporting já não está na Taça de Portugal e está a 19 pontos da liderança na I Liga.
Já Wilson Eduardo, jogador formado no Sporting CP que actua pela equipa minhota, tem, naturalmente, uma outra perspectiva:
"O ano passado tivemos a meia-final contra o mesmo adversário, acabámos por perder nos penáltis, esperemos que este ano, durante os 90 minutos, consigamos a vitória.
Soubemos o que é a vivência destes dias aqui na cidade, o que isto atrai, e agora este ano esperamos que - sendo a última - possamos erguer a Taça no sábado, dia 25”.
Na décima sessão do julgamento no Tribunal de Monsanto sobre a invasão à Academia Sporting, três jogadores testemunharam por vídeoconferência:
Luís Maximiano
"Vasco Fernandes (era o secretário técnico) tentou fechar a porta do balneário, mas foi empurrado, e entraram muitas pessoas com máscara, com capuz e foram em direcção ao William, Rui Patrício, Misic, Bataglia, Montero e Acuña.
Fiquei tão bloqueado, atrapalhado... que fiquei mesmo sem reacção. Houve pânico e muita confusão. Entraram e começamos a perceber que era algo mais grave. No interior do vestiário estava praticamente todo o plantel e Bas Dost encontrava-se no corredor.
Não houve conversas, os elementos entraram e começaram as agressões a alguns dos colegas. O William levou um murro e o Rui também. O Bataglia e o Montero levaram com um garrafão de água. O Montero levou um estalo. O Misic levou com um cinto na cara e o Acuña levou uns pontapés e um murro.
Foram arremessadas, pelo menos, duas tochas, uma das quais atingiu na barriga o então preparador físico Mário Monteiro.
Ainda se ouviu um dos elementos dizer 'não ganhem domingo, que vocês vão ver'.
Estive na reunião do dia anterior, com todo o plantel, dirigentes e o presidente Bruno de Carvalho, e este disse que 'tinham acontecido algumas coisas com a claque na Madeira e que era preciso resolver essa situação. Que tinha falado com o chefe da claque e não era uma situação fácil, mas que a mesma teria de ser resolvida em família'".
Wendel
"Estava sozinho no ginásio da Academia quando ouvi uma multidão. Não vi caras e vinham a correr. Sim, todos tinham as caras tapadas. Fui avisar o balneário. Não me recordo de quem fechou ou mandou fechar a porta do balneário.
Entre 20 a 30 entraram no balneário, estavam todos de cara tapada. Disseram que não éramos jogadores para o Sporting e mandaram-nos tirar a camisola.
Misic foi atingido por cinto nas costas e William com 'tapas' na cabeça e eu levei uma bofetada com a mão aberta. Demoraram cerca de 5 minutos e saíram ao mesmo tempo. Fiquei com a ideia que o alarme de incêndio disparou devido ao fumo das tochas. Fiquei com muito medo que voltasse a acontecer".
Wendel respondeu "não me recordo" à maioria das questões dos advogados e no final da audição a juíza Sílvia Pires fez referência a isso mesmo:
"Espero que futuramente não tenha tantos problemas de memória". afirmou, desejando-lhe ainda felicidades para a carreira. O futebolista agradeceu com um "tá bem, obrigado!".
Mathieu
"Naquele dia liguei logo para a minha mulher, porque não sabia se ia voltar a casa. Este episódio vai ficar para sempre na minha memória. Ainda hoje no final dos jogos me lembro deste episódio muito forte, tenho medo que volte a acontecer.
A maioria dos invasores que participou nas intimidações estava completamente fora de controlo. Ficaram duas pessoas em frente à porta e com eles lá não pudemos sair. Tivemos de ficar no interior do balneário.
Eu também estava no balneário quando entraram entre 20 a 30 pessoas, apesar de o Vasco Fernandes ter tentado fechar a porta, mas já era demasiado tarde, pois os elementos encapuzados forçaram a entrada e dirigiram-se a alguns jogadores para os agredir.
Vi o Acuña e o Misic a serem agredidos. O Acuña foi o primeiro que vi a ser agredido com golpes no rosto, por duas ou três pessoas que estavam de volta dele. Depois vi o Misic a ser agredido com um cinto, nas pernas e nas costas.
Assim que entraram no vestiário, os elementos procuraram quatro jogadores: William Carvalho, Rui Patrício, Battaglia e depois Acuña.
Acredito que eu não era um dos alvos, pois não fui agredido, mas senti medo no meio da muita confusão e agitação"
Questionado por Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, um dos 44 arguidos no processo, Mathieu disse que "o [à data] médico Frederico Varandas, após a confusão foi ao balneário ver os jogadores".
Na véspera do ataque, houve uma reunião na Academia entre o plantel e directores, incluindo o presidente. Em reuniões anteriores ele mostrou-se agitado com o Rui Patrício e William Carvalho, mas neste encontro falou de forma calma e pousada, dizendo que eram uma família.
Quando se referiu aos incidentes no Aeroporto da Madeira, Bruno de Carvalho falou nos nomes do Battaglia e do chefe da claque.
Não respondi aos adeptos na Madeira, mas houve colegas que responderam e isso criou alguns momentos de tensão. Considero-me inteligente demais para não responder a essas coisas, mas houve quem respondesse".
Rúben Gonçalo Marques já foi identificado como o agressor do cinto a Bas Dost, Misic e William Carvalho.
Artigo de Sérgio Krithinas em Record:
"Já passou mais de um ano e meio sobre o ataque à Academia, mas os relatos que agora se ouvem em tribunal, com particular destaque para os dos jogadores, ajudam a compor todo um retrato que poucos imaginavam ser possível em Portugal. Os testemunhos de Mathieu, Wendel e Luís Maximiano têm pelo menos em comum uma palavra: medo.
E só quem lá estava no dia, num local intocável como deveria ser um balneário, pode ter a verdadeira noção do terror daqueles minutos. Por muito que haja quem queira mudar a história e escrevê-la a partir das consequências do ataque à Academia, nomeadamente as rescisões, há um facto que ninguém pode negar: aqueles jogadores, treinadores e demais elementos do staff que lá estavam foram as vítimas".
Jérémy Mathieu e Joelson Fernandes - experiência e juventude
Dois "velhos" amigos no dia de apresentação ao trabalho
Jérémy Mathieu e Renan Ribeiro receberam os prémios de "Homem do Jogo" e de "Fair-Play", respectivamente, no final da partida no Jamor.
Mathieu
"Obrigado a todos. Foi um jogo muito tenso e difícil para nós. Voltar aqui para ganhar esta Taça é incrível para este grupo".
Renan
"Tenho um treinador muito chato. [Risos] Sou muito grato ao Nélson [Pereira], que me motiva e me torna um atleta melhor todos os dias. Treino força, explosão, concentração. Graças a ele e a Deus consegui fazer essa defesa".
Jérémy Mathieu a manifestar alguma preocupação no seu comentário no final do jogo com o Moreirense:
Análise ao jogo: "Foi uma partida difícil, complicada. O mais importante é a vitória. Não tenho palavras. Temos de falar no balneário. Tivemos posse de bola na primeira parte, mas na segunda parte não jogámos muito."
Cansaço com o acumular de jogos? "Há um pouco de cansaço, de tudo. Jogamos de três em três dias e às vezes é difícil. Esta noite foi difícil. Temos de recuperar bem porque temos muitos jogos importantes pela frente."
Na luta por quatro competições? "Vamos lutar por tudo. Estamos bem e vamos ver o que acontece."
Jérémy Mathieu e Moussa Marega
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