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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Segundo o que é noticiado esta quarta-feira, o FC Porto recusa-se pagar os cerca de 4,7 milhões de euros ao Sporting pela transferência de João Mountinho para o Mónaco - 3,5 milhões dos 25 por cento das mais-valias e 1,187 milhões pelos direitos de formação - clamando que só tem de pagar 2,9 milhões de euros, que corresponde aos tais 25 por cento menos as comissões de empresários, e alegando que pela transferência original o Sporting abdicou dos direitos de formação.
Confirmando-se, esta postura portista não surpreende - especialmente pelo corte de relações - e o impasse poderá ter de ser resolvido pela FIFA, resultando, no mínimo, em um atraso significativo no pagamento.
Pinto da Costa reagiu às declarações de Bruno de Carvalho, que considerou a transferência de João Moutinho para o Mónaco um "mau negócio":
«O Sporting deve estar muito satisfeito pelo valor que conseguimos vender o Moutinho. Venderam-no por 11 milhões. consideraram-no uma "maçã podre" e, ao fim de dois anos, conseguimos que essa "maçã podre" fosse comprada por 25 milhões. O Sporting deve graças a Deus por nós termos conseguido fazer este negócio."
O gozo arrogante de um homem que reconhece que conseguiu efectuar uma sua típica negociata à vista do Mundo, sem que algo seja possível ser feito para comprovar os prováveis contornos delituosos da mesma. Está errado quanto aos dois anos, foram três, mas até tem razão quando clama que o FC Porto conseguiu valorizar uma "maçã podre" - precisamente o que é João Moutinho, como homem, não obstante a sua excelência como jogador.
Não fico indiferente - embora não surpreendido - aos pareceres de alguns mal informados ou mal-intencionados sportinguistas que surgem na incompreensível defesa do formado do Sporting e com acusações várias dirigidas a José Eduardo Bettencourt, com pequena ou nenhuma noção do «complot» que foi cuidadosa e maliciosamente orquestrado - inclusive da cumplicidade do então seleccionador nacional - para forçar a saída do jogador rumo ao Norte. Isto não obstante, nada altera o facto de que João Moutinho é um homem ingrato e desonesto, em suma, um sem carácter que atraiçoou quem durante 11 anos lhe providenciou a oportunidade de se formar para o futebol. Nada fez no FC Porto nos seus três anos de estadia que não tinha já feito, vezes sem conta, no Sporting. A expectável e incontornável diferença é que a maior competitividade portista permitiu a sua valorização de modo que talvez não tivesse sido possível no Sporting. No final das contas, com ou sem negociata obscura, já era, e agora ainda mais é, a maior transferência de sempre de um jogador nacional no mercado doméstico, com nunca menos de 14,500 milhões de euros de lucro. Em termos financeiros, um excelente negócio.
Mais uma enorme trapaça à Pinto da Costa, a venda ao Monaco de João Moutinho por 25 milhões de euros e de James Rodriguez por 45 milhões, de acordo com o que foi comunicado à CMVM pelo clube do Norte. O que isto significa é que o Sporting está a ser ludibriado de muitos milhões, recebendo apenas 3,5 milhões pelo seu 25% da mais-valia da transferência, quando poderia - e deveria - ter recebido 7,250 milhões se o jogador foi na realidade vendido pela valor da cláusula de rescisão - 40 milhões - ou, mesmo admitindo uma verba inferior - 35 milhões - segundo o que era mais expectável, 6 milhões de euros.
Não é surpresa alguma e já aqui se sublinhou esta forte hipótese em outros escritos. Na realidade, João Moutinho foi teoricamente vendido por muitos menos do que o Tottenham ofereceu no verão de 2012, negócio esse que não foi aceite por Pinto da Costa precisamente pela inexistência de venda em pacote que permitisse a negociata que foi agora efectuada.
Desconheço os mecanismos que a UEFA e/ou a FIFA providenciam em matéria desta natureza mas, de qualquer modo, o Sporting deveria fazer queixa/exposição tanto do FC Porto como do clube de Monaco - óbvio cúmplice neste negócio. É totalmente inacreditável que o FC Porto vendesse o seu principal e mais importante activo por 15 milhões de euros abaixo da sua cláusula de rescisão. Este é um importante desafio para o novo presidente do Sporting e veremos como ele lida com os "big boys".
P.S. Em antecipação dos variados comentários, deixo desde já claro que não devemos aceitar o argumento de que "fez o FC Porto muito bem, que o Sporting fizesse o mesmo no seu lugar". É totalmente inaceitável, porque é o mesmo que dizer que os fins justificam todos e quaisquer meios. Para isto ser possível, o Monaco teve que concordar declarar a transferência com o jogador deliberadamente subvalorizado. Por falta de evidência, o processo não estará ferido de legalidade, consideração que não anula o que está à vista de todos. É a minha modesta opinião que o Sporting deveria fazer uma exposição à UEFA/FIFA, mesmo sem provas. No mínimo, para chamar a atenção a este tipo de negociatas.
Segundo Pinto da Costa, as negociações com as transferências de João Moutinho e Jaime Rodriguez para o Mónaco ainda não estão concluídas, daí que ainda não conste qualquer comunicação oficial no site dos dois clubes nem por parte do FC Porto à CMVM. É de admitir que existe enorme curiosidade - e alguma ansiedade à mistura - em saber os pormenores do negócio, pela percentagem (25%) que o Sporting detém sobre a mais-valia da verba atribuída ao ex-médio sportinguista. Há muitos meses - quase desde que ele se transferiu para a Invicta - que insisto que João Moutinho nunca seria vendido sem ser em pacote e até acredito que não houve negócio com o Tottenham na época passada precisamente por isso. Como é evidente, a percentagem do Sporting poderá vir a ser significativamente reduzida se parte do que lhe compete for habilmente transferida para o outro jogador.
Dito isto, também existirão outras considerações que poderão complicar a computação dos números. Não posso garantir que a informação está actualizada, mas mediante o que me foi possível apurar, o FC Porto - em Outubro de 2010 - vendeu 37.5% do passe de Moutinho à Mamers B.V. por 4.125 milhões de euros e 35% do passe de James Rodriguez à Gol Football Luxembourg por 2.2550 milhões de euros, considerando, ainda, que pela transferência original do colombiano, o FC Porto só adquiriu 70% dos seus direitos económicos. Perante este complexo cenário, vai ser interessante analisar os números que serão comunicados oficialmente em um negócio que ficará condicionado à aceitação do Monaco na Liga francesa, algo que ainda está por confirmar.
Adenda: O que está a ser noticiado já a hora tardia - mas não confirmado - é que contrário aos desejos do FC Porto, o Monaco recusou declarar 25 milhões de euros por João Moutinho e 45 milhões por James Rodriguez, insistindo em 35 milhões por cada. Sendo verdade - e esperamos que seja - isto significa que o Sporting terá direito a 25% de 24 milhões, ou seja, 6 milhões de euros, a adicionar aos 11 milhões que recebeu pela venda original.
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