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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Nani foi um dos maiores e mais talentosos jogadores formados na Academia do Sporting. Actualmente nos EUA, ao serviço dos Orlando City, o internacional português esteve à conversa no Instagram da MLS (liga norte-americana de futebol) e abordou a importância da Academia leonina, inaugurada em 2002, não só para o Sporting, como também para o futebol português.
"Já formou os melhores jogadores. Cristiano Ronaldo, Luís Figo, Simão, Quaresma, eu, João Moutinho… Muitos jogadores que viraram estrelas do futebol mundial.
Depois de alguns anos a Academia não esteve tão boa em termos de gestão, devido à saída de alguns responsáveis. Tiveram de encontrar outros. E isto é muito importante. Os treinadores, os directores... No fundo, quem define a mentalidade e a forma como preparar os jogadores a cada dia.
Têm de cuidar dos jogadores não apenas no foco do jogo, mas também da escola. É uma das melhores coisas da Academia, a de teres a possibilidade de estudar lá. Eu tive essa oportunidade, mas durante pouco tempo, pois entrei um pouco tarde na Academia.
É muito importante ter tudo isto para dar a possibilidade às crianças de se prepararem muito bem, sobretudo terem a mentalidade para ser o melhor. Terem o foco em melhorar as capacidades no campo, mas sabendo que têm de cuidar de coisas muito importantes como a escola".
Nani concluiu a formação no Sporting, clube onde também se estreou como profissional e se deu a conhecer ao mundo do futebol, mas a história poderia ter sido bem diferente. Isto porque, na altura em que rumou ao clube verde e branco, poderia também ter assinado pelo... Benfica.
Em entrevista concedida ao portal "The Players' Tribune":
"No final da primavera de 2003, comecei a treinar no Sporting. Mas também estava a treinar no Benfica, porque o treinador deles deixou-me ir para lá. Era de loucos: às segundas-feiras treinava num dos dois maiores clubes de Lisboa, às quartas e quintas treinava no noutro.
No final do meu período de testes no Sporting, um dos técnicos disse-me que não podiam ficar comigo. Mas que poderia voltar para fazer a pré-época com eles. Não queria ser mal-educado e, no final do verão recebi uma mensagem do Sporting que dizia para reunirmos às 10h00. E também recebi uma do Benfica: 'Reunião às 10h00 de amanhã'. Eu respondi, que sim aos dois.
Talvez devesse ter escolhido o Benfica, uma vez que ainda não me tinham mandado embora. ..mas tinha muitos amigos no Sporting e conhecia o treinador. Então voltei e joguei muito bem num torneio de pré-época. Dois dias depois, o treinador deu-me uma palmada nas costas e disse, a sorrir: 'Nani, sempre soube que ias ficar connosco'".
Nani, antigo jogador do Sporting e do Manchester United, está a realizar uma excelente época ao serviço do Orlando City, equipa que milita na MLS, e da qual ele é o «capitão» e verdadeiro líder.
Até ao momento já participou em 30 jogos, 25 dos quais como titular, acumulando 2034 minutos de jogo (média de 68 minutos por jogo), com 12 golos marcados e 5 assistências. E isto, numa equipa muito fraca que luta para assegurar uma das posições que dá acesso aos play-offs, o que é muito improvável.
O seu contrato com o clube norte-americano é válido até 2021, sendo muito provável, portanto, que permaneça mais uma época nessa Liga.
***O vídeo é do jogo de ontem à noite frente ao New England Revolution (3-3), com Nani a marcar dois excelentes golos.
Considerações interessantes de Nani, em entrevista, especialmente no que se refere à ausência do título de campeão nacional de há uns anos a esta parte:
"Tem de ser um Clube mais fechado. Todos os que estão lá dentro têm de querer a mesma coisa e também correr para o mesmo lado. Quando isso acontecer o Sporting voltará a ser campeão.
Se olharmos para o relvado o que vemos é que a equipa consegue sempre competir, só que há momentos em que parece que já não o faz como fazia há duas ou três semanas atrás e nos momentos decisivos volta a cair.
Nos momentos decisivos peca quase sempre. Se há um momento em que, por exemplo, o Benfica caiu e o Sporting pode aproveitar para dar um ou dois passos em frente… o Sporting cai também.
A instabilidade do Clube faz com que isso seja assim. Uma das coisas de que me apercebi é que Benfica e FC Porto são muito fortes nesses momentos vitais: se tiverem de passar por cima, eles não pensam duas vezes, vão e atropelam. Seja a ganhar por 1-0 ou a golear, mas ganham.
É esse tipo de experiência que o Sporting também tem de ter. E isso tem de vir de dentro. Uma das falhas dos últimos anos é que internamente, muitas pessoas que trabalham no Sporting são o problema do Sporting... Fico por aí".
Nani tem razão?
Nani foi escolhido para integrar a equipa "All-Star" da Liga Norte-Americana de futebol.
O organismo anunciou, esta quinta-feira, que o internacional português, de 32 anos, foi eleito pelos adeptos para participar no jogo das estrelas, frente ao Atlético de Madrid, marcado para 31 de Julho no estádio do Orlando City, equipa que Nani representa.
“Estou muito feliz neste momento por ter sido eleito. Tenho a certeza que vai ser um dia fantástico e espectacular. Obrigado a todos".
Em declarações à Rádio Renascença, Nani partilhou os seus sentimentos pela sua saída de Alvalade em Janeiro e seu afecto pelo Sporting. Agora no Orlando City da MLS, admite que nas circunstâncias foi a melhor decisão para as duas partes:
"Custou-me muito deixar o Sporting, porque é o Clube do meu coração. É um clube de que gosto muito, vibro muito, quero sempre que tenha sucesso, mas apareceu uma nova oportunidade.
E devido à conhecida situação financeira do Clube, e após uma conversa particular com os responsáveis, tudo indicava que tinha de partir para esta nova aventura. Acho que foi melhor para as duas partes", explicou o internacional português, em declarações à Rádio Renascença.
Saí a bem com o Sporting, queria ajudar no que fosse possível. Nesse caso, ter de abdicar de continuar no clube devido a um salário alto. Mas é como digo, terei sempre o Sporting no coração, com muitas saudades já dos adeptos e de todos aqueles que me receberam e continuam a apoiar-me, mesmo de longe.
Continuo a acompanhar a época do Sporting. Ainda faço parte desse plantel e quero que tenham muito sucesso. Torço pelos meus companheiros, por todos aqueles com quem compartilhei o balneário, os jogos e o clube.
Para mim está a ser uma época bem conseguida, depois daquilo que se passou. Muitas mudanças, muita adaptação de muitos jogadores, troca de treinadores, de presidentes. Era um ano muito complicado, e toda a gente o sabia, e - afinal - acho que a equipa se tem comportado muito bem.
Tenho muito apreço por todos aqueles, em Portugal, que me apoiaram no meu regresso ao Sporting. E que continuam a apoiar, mesmo já não estando a representar o Sporting e já não estando sequer a jogar em Portugal.
Agradeço a todos do fundo do coração, porque essas pessoas têm sido muito importantes para mim. Têm-me dado muita força para continuar a acreditar nos meus sonhos."
Nani já foi oficializado como reforço do Orlando City SC, da MLS, tendo assinado um vínculo contratual de três anos, sob o estatuto de "designated player", o que significa que vai receber um salário acima do tecto salarial da Liga. Cada equipa é permitida dois jogadores sob esta designação.
O Sporting já terá participado a transferência à CMVM, mas desconhecem-se os detalhes. O emblema norte-americano indica que foi uma aquisição a "custo zero". Recorde-se que o Valência tinha direito a 40 por cento de uma futura mais-valia.
Tudo leva a crer que a decisão do Sporting de deixar sair Nani prende-se, principalmente, com a redução da folha salarial, de algum modo a exemplo do que ocorreu com Montero. Os órgãos noticiosos reportam que Nani recebia 4 milhões de euros por época, mas não sabemos se esse valor corresponde à realidade.
Boa sorte nesta nova aventura Nani. Os sportinguistas gostaram de te ver de "leão ao peito" novamente. Lamenta-se que não tenha sido uma estada coroada com maior sucesso.
Mensagem emocionante de despedida de Nani, publicada no Instagram:
"Caros Sportinguistas,
É com um misto de sentimentos que deixo o clube do meu coração. Por um lado, estou entusiasmado por enfrentar mais um novo desafio na minha vida, mas por outro sinto-me verdadeiramente nostálgico ao deixar uma casa que me deu tanto. O Sporting significa tudo para mim. Foi aqui que cresci, que de criança me fiz homem, e foi também aqui que sempre me senti em casa quando tive oportunidade de regressar.
Senti-me mais uma vez em casa esta época e foi para mim um verdadeiro orgulho usar a braçadeira de capitão. Todas as vezes que entrei em campo com as nossas cores, dei tudo o que tinha.
Vencer a Taça da Liga foi uma alegria imensa... e como todos os meu colegas, lutei para que o clube alcançasse todos os seus objetivos ao longo desta temporada. Não posso negar que tivemos altos e baixos durante este ano, mas para ser sincero nunca pensei em sair.
Contudo, por vezes a vida proporciona oportunidades que são boas para todos. E esta de rumar à MLS é interessante para mim e para a minha família e muito apelativa para o clube também. Poderia dizer adeus, mas não o farei. Digo até logo, porque voltaremos a ver-nos em breve. Porque o verdadeiro amor nunca morre e este dá-me a certeza que nos voltaremos a encontrar.
Um grande obrigado a todos os sócios e adeptos do Sporting, aos meus colegas e a todo o staff que nos ajuda todos os dias a trabalhar melhor.
Forte abraço para todos,
Nani".
Nani, 101 jogos na 1ª Liga de leão ao peito
Luís Carlos da Cunha, mais conhecido por Nani, alcançou no último Sporting - FC Porto uma marca relevante como futebolista ao participar no centésimo jogo da Liga portuguesa. Considerando o Sporting - Moreirense de ontem disputou 101 jogos na 1ª Liga. O facto de o ter feito sempre de leão ao peito torna esta marca muito especial, particularmente para os sportinguistas. É o único jogador do actual plantel leonino com uma centena de jogos no escalão principal. Vestiu 137 vezes a camisola verde e branca e marcou 33 golos.
Nani começou a jogar futebol no Real Sport Clube, em Massamá, e chegou ao Sporting em 2003, com dezasseis anos de idade. Foi promovido à equipa principal na época 2005-2006, com o treinador José Peseiro. Teve a primeira presença em 25 de Julho de 2005 num Sporting - West Bromwich, para o Troféu Albufeira, quando substituiu Douala aos 66 minutos. Esteve no jogo de apresentação Sporting - Sampdoria, em 3 de Agosto de 2005, entrando aos 87 minutos para o lugar de Liedson. Estreou-se oficialmente com a Udinese, para a 3ª pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, ao substituir Custódio aos 72 minutos. Estreou-se na 1ª Liga no jogo Marítimo - Sporting, em 28 de Agosto de 2005, substituindo Deivid aos 76 minutos. Foi titular pela primeira vez num Gil Vicente - Sporting, em 23 de Outubro de 2005. Marcou o seu primeiro golo no Boavista - Sporting, em 30 de Outubro de 2005 (dados da Wiki Sporting).
Nani é um jogador completo, muito tecnicista, bastante combativo e com uma visão de jogo notável. Dinâmico e flexível, com uma agressividade adequada, desempenha com eficácia tarefas defensivas e de transição de jogo pois possui elevada cultura táctica. Destaca-se pela forma como recupera a bola e consegue criar situações de apoio e de construção ou opta por diagonais em slalom, sempre sereno e seguro como se tudo aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Possui um remate forte e bem colocado a meia distância. É o capitão da equipa.
Na fotografia, Nani quando marcou o seu primeiro golo na equipa principal do Sporting em 30 de Outubro de 2005.
Nani concedeu uma entrevista ao jornal Record, publicada esta quarta-feira. Eis algumas das suas considerações que considero de maior interesse:
Regresso ao Sporting
"O que aconteceu no clube deu-me ainda mais força para vir. Queria estar tranquilo e desfrutar de jogar futebol. Tinha mesmo de ser aqui, em casa, no meu clube. Foi aqui que cresci e saltei para grandes palcos. Deixei muito dinheiro para trás, mas já não é a primeira vez. Quando fui para o Valência tinha propostas milionárias da China, que bateu muitas vezes à porta.
Nasci para jogar futebol, é a minha paixão, se não tivesse já ganho muito dinheiro, poderia ir para a China, mas como já ganhei algum, posso dar prioridade à família e a mim, como jogador".
A derrota em Guimarães e o título
"A derrota não vai afectar o nosso crescimento porque os processos continuam a ser assimilados, e esse crescimento não vai sair beliscado. O treinador já nos tinha dito que não iríamos ganhar sempre, não há drama. Vamos trabalhar para voltar às vitórias.
Ainda é muito cedo para se falar em corrida ao título. A meio da segunda volta sim, se estivermos nessa posição, a dois pontos do líder, por exemplo. Aí sim poderemos falar de título. Por agora, há muita corrida pela frente e temos é que mostrar qualidade, evolução e humildade".
José Peseiro
"Acho que fez um bom trabalho, não era nada fácil estar no seu lugar. Segurou o plantel, juntamente com os jogadores mais experientes. O nosso objetivo inicial era ganhar pontos e autoestima e foi isso que conseguimos. Só que houve sempre uma contestação em relação à forma como ganhávamos. Não era bonito, sempre no esforço, na raça. Mas eu sempre disse que mais valia ganhar mal, porque poderíamos e iríamos melhorar.
Nunca pensei que pudesse sair. Foi uma decisão que nos surpreendeu a todos porque foi muito rápido, mas as razões foram explicadas e tivemos de concordar. Somos jogadores, e não somos nós que tomamos as decisões e por isso não temos de opinar sobre nada".
Alcochete
“Já ninguém se lembra disso! Quem gosta e vibra com o futebol já esqueceu. As pessoas que sofreram mais com essa situação já não se lembram. Não vale a pena falar mais sobre isso, pois a maioria tenta ao máximo que não se fale. Se falarmos, recordamos”.
Bruno Fernandes
“Não foi o Bruno que tomou esta decisão [de rescindir contrato]! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola”.
O anti-jogo em Portugal
“Não sou a favor do antijogo, não gosto de ver um jogador a ficar no chão a reclamar. Aqui, em Portugal, é uma pouca-vergonha, desculpem-me dizer isto, mas é uma coisa que temos de melhorar.
Fomos jogar com o Santa Clara e o lateral-esquerdo, o Mamadu, um gajo cheio de músculos que até me enervou. Cada vez que lhe tocava era ‘ahhh’! Eu só lhe disse: ‘Estás sempre a gritar, mano’…. Até o árbitro disse que era verdade e pediu-lhe para parar com os gritos. Qualquer toque com a mão na cabeça, por trás, ouve-se um ‘ahhh’! Também grito, não digo que sou um santinho, mas não é em todos os lances. É só sentir que estão pressionados e sentem um toquezinho. Não dá para jogar futebol assim!”.
A saída de José Mourinho do Manchester United
“É um grande treinador, com um excelente currículo e que já demonstrou, várias vezes, que é um dos melhores do Mundo. Os resultados não aconteceram, mas sabemos que este tipo de processos levam tempo.
O problema é que um clube como o United não pode, nesta altura, esperar tanto tempo como há uns anos, quando Ferguson pegou na equipa. Ele esteve 10 épocas sem ganhar o título!”
Manchester United não esqueceu o 32.º aniversário de Nani, enviando uma mensagem de parabéns e publicando um vídeo de alguns dos seus feitos enquanto 'Red Devil'.
"Quando o aniversariante Luis Nani se entusiasmava, entusiasmava-se mesmo!"
Em 2005, ainda com 18 anos, Nani fazia o primeiro golo da carreira profissional diante do Boavista, ao serviço de um Sporting orientado por José Peseiro. Treze anos depois, os mesmos protagonistas e o agora capitão leonino a bisar numa noite especial em que voltou a celebrar... com mortais, ele que havia dito que apenas o faria quando os golos fossem importantes.
Apesar da modesta exibição, há alegria nos «capitães».
Miguel Garcia, antigo jogador do Sporting e ex-colega de equipa de Nani, comenta, entre outras coisas, as invenções do quasi oficioso porta-voz do clube da Luz, que reportou que o capitão do Sporting "soltou insultos bem ruidosos", o que "não caiu bem junto da estrutura leonina", ao ser substituído por Jovane Cabral frente ao SC Braga:
"Estive no Sporting-Qarabag e vi união. Lalei com algumas pessoas e contaram-me que estavam felizes. O Nani é uma mais valia, com grande experiência. Foi contratado para capitão, líder, e como todos temos visto tem sido um exemplo. Acho estranho um alegado descontentamento de Nani pela maneira como tem jogado e puxado pelo grupo.
Ele só está com a cabeça no Sporting. Foi uma pena não ter ido à selecção, porque tem ainda ainda muito para dar ao futebol. Dinheiro ou continuar a competir a mais alto nível? O Nani tem qualidade para continuar no Sporting, mas não sei se preferirá o dinheiro ou uma nova experiência. Cada jogador é que sabe de si e o que é melhor no momento. (Isto, sobre o alegado interesse de David Beckham em levar Nani para a sua equipa na MLS, o Inter Miami, que começa a competir em 2020).
Uma derrota nunca é bem vinda, mas até ao jogo de Braga o Sporting estava a fazer uma época fantástica. São derrotas que se calhar vão fazer crescer o grupo e certamente que os jogadores vão dar uma resposta positiva já na próxima jornada".
Infelizmente, esta página não é nossa (do Sporting) mas não deixa de ter algum significado para sportinguistas por ser um registo da conquista da Liga dos Campeões, em 2008, por dois formados de "leão ao peito" enquanto ao serviço do Manchester United.
Cristiano Ronaldo, agora na Juventus, onde vai tentar repetir o feito alcançado tanto na equipa então liderada por Sir Alex Ferguson, como subsequentemente no Real Madrid, e Nani, actual capitão do Sporting, que considera que esta conquista de 2008 ocupa um lugar de distinção na sua carreira, logo a seguir ao título europeu de 2016 pela Selecção Nacional.
Além de antigos companheiros de equipa, Cristiano Ronaldo e Nani são grandes amigos.
Há quatro anos, quando Nani regressou pela primeira vez ao Sporting, os meus amigos sportinguistas exultaram. Creio que alguns terão mesmo ido ao aeroporto para uma daquelas recepções tipicamente otomanas a jogadores de futebol. Devo dizer que tinham razão para o entusiasmo. O regresso de um jogador como Nani ao futebol português ainda no auge das suas capacidades, mesmo que por empréstimo, justificava festejos precoces e abraços aeroportuários. Para os sportinguistas, por estarem habituados a assistir à distância ao regresso das suas antigas estrelas para os clubes rivais, ainda mais. “É o regresso do filho pródigo!”, dizia-me um amigo meu, eufórico, embora muito ignorante em matérias bíblicas.
Desta vez, com a nação leonina parcialmente soterrada debaixo dos escombros jurídicos e emocionais deixados pela passagem do furacão Bruno, o regresso de Nani já não motivou metade das comemorações. Não só o jogador tem mais quatro anos, como um segundo regresso tem aquele sabor plastificado das refeições de micro-ondas. O que acaba por ser uma tremenda injustiça para Nani. Num verão em que jogadores como Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Rafael Leão e Podence, todos formados em Alvalade, abandonaram o clube, o seu regresso tem uma força simbólica cuja desvalorização só pode ser explicada pela profunda depressão e incerteza espiritual em que vive o comum adepto sportinguista. Enquanto outros mantêm em relação ao clube uma distância asséptica, como se não quisessem ficar contaminados pelo mal invisível que o assola, Nani, uma vez mais, chegou-se à frente e assumiu responsabilidades, como se estivesse a cumprir um destino. E falamos de um jogador que deu muitos milhões a ganhar ao clube numa época em que este formava como nunca e vendia como quase sempre: mal.
Por estas razões, se alguém não merece o epíteto de filho pródigo esse alguém é Nani. Aqui vai um bocadinho de catequese de segunda-feira, que espero que aquele meu bom amigo possa ler. A parábola do filho pródigo é talvez a mais universal e conhecida de todas as que o mestre da Galileia usou para se fazer entender junto dos que o ouviam. Está no evangelho segundo Lucas, e em nenhum outro.
O “filho pródigo” é o mais novo dos dois filhos de um rico lavrador. Certo dia, pede ao pai o quinhão da fortuna que lhe cabe, parte para uma terra distante e por lá esbanja todo o dinheiro “de forma isenta de salvação.” Nessa terra longínqua, passa fome e vê-se obrigado a guardar porcos. Lembra-se então dos jornaleiros que trabalham nas terras do pai: nem eles conhecem semelhante miséria. Faminto e infeliz, decide voltar à casa paterna e pedir perdão ao pai. Este, ao vê-lo, fica tão feliz que manda os criados matar um vitelo para que possam festejar e alegrar-se.
O filho mais velho ressente-se do gesto do pai: “Eis que há tantos anos te sirvo como um escravo e nunca transgredi uma ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com prostitutas, mataste-lhe o vitelo gordo.” O pai aproveita então para lhe explicar como é que as coisas funcionam. Ele sempre tinha estado ali, mas o outro filho tinha morrido e agora voltava à vida, perdera-se e agora fora encontrado. A alegria do pai era a alegria justificada de recuperar a ovelha tresmalhada, o filho pródigo.
O leitor certamente já terá reparado que sempre que alguém usa a expressão “filho pródigo” o faz como se o adjectivo fosse laudatório. Talvez o curioso facto se deva à contaminação de outra expressão popular – “o bom filho a casa torna” – talvez se associe o pródigo a prodigiosos prodígios, talvez baste o “pró” para se pensar em vantagens, ganhos, lucros. E, no entanto, pródigo é aquele que esbanja, que desperdiça, que gasta. Como se percebe, um verdadeiro regresso do filho pródigo seria se João Moutinho, a chamada “maçã podre”, voltasse a Alvalade contrito e disposto a fazer as pazes com os adeptos do Sporting. O regresso do filho pródigo teria sido o de Simão Sabrosa depois de brilhar no Benfica. O regresso de Nani é o regresso do bom filho a um clube habituado a que os filhos cuspam no prato onde comeram.
Dir-se-á que Nani não é Cristiano Ronaldo, asserção que nem eu me atreverei a contestar. Mas esse azar de ser contemporâneo de um extra-terrestre, e o percurso algo errático e desafortunado dos últimos anos, não deve obliterar os seus méritos e qualidades, que são muitos e raras. São certamente mais do que suficientes para fazer dele o líder do balneário do Sporting e das mais brilhantes estrelas do nosso cada vez mais apagado firmamento futebolístico. Com os seus dois golos na noite de sábado, Nani lembrou aos adeptos que, mais do que o filho pródigo, ele é, na verdade, o filho que nunca transgrediu. O público, a corrigir o lapso da falta de entusiasmo, retribuiu-lhe com uma justa ovação. Como se festejasse o regresso de um filho que nunca abandonou a casa.
Bruno Vieira Amaral, Tribuna Expresso
O leão vai começar a rugir !
Eis a lista dos 21 convocados por José Peseiro para o jogo de amanhã:
Guarda-redes: Viviano, Salin e Luís Maximiano
Defesas: Ristovski, Bruno Gaspar, Coates, Mathieu, André Pinto e Jefferson;
Médios: Petrovic, Battaglia, Misic, Bruno Fernandes, Acuña e Nani;
Avançados: Bas Dost, Montero, Carlos Mané, Matheus Pereira, Raphinha e Jovane Cabral.
Nani realizou o primeiro treino na Academia desde da sua última estada em Alvalade e após uns dias de estágio na Suíça. Eis algumas das suas considerações, em declaraçõs à Sporting TV:
"É sempre bom, traz uma energia positiva, é uma alegria voltar a casa. Conheço bem esta Academia, senti-me bem hoje e isso é o mais importante. Estou feliz por voltar a treinar em casa e espero que os próximos treinos continuem com esta boa disposição.
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