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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A edição deste sábado do jornal 'Sol' avança que os contratos milionários para a compra dos direitos televisivos dos clubes de futebol vão ser anulados. De acordo com este semanário, a Autoridade da Concorrência vai chumbar os acordos da NOS com Benfica e Sporting e da MEO com o FC Porto, por considerar que violam as regras do mercado.
Os contratos são todos de longa duração, com Benfica a receber 400 milhões de euros por 10 anos, enquanto o FC Porto terá direito a 457 milhões pelo mesmo período. O Sporting foi o último dos três emblemas a fechar a venda dos direitos dos jogos de campeonato em casa, garantindo um bolo total de 515 milhões, embora este valor seja referente a um total de 12 temporadas.
O futebol tem sido uma arma de arremesso entre plataformas de televisão, que ofereceram aos clubes valores nunca antes praticados no futebol português.
A Autoridade da Concorrência já tinha manifestado algumas dúvidas sobre o tema e agora, de acordo com o jornal Sol, prepara-se mesmo para chumbar os contratos e obrigar a uma renegociação.
Numa primeira apreciação, o acordo estabelecido entre o Sporting e a NOS parece constituir um bom negócio para o Sporting, sendo revelador da relevância do Clube no contexto do futebol nacional. No entanto, a blogosfera leonina foi invadida por acalorados debates por persistirem dúvidas relativamente à verdadeira dimensão das contrapartidas estabelecidas de parte a parte. O presidente do Sporting caiu na armadilha de mostrar irritação e impaciência por algumas questões que foram levantadas. A própria diatribe ao associado Sérgio Abrantes Mendes revela grande incómodo.
Na verdade, sem uma análise atenta e segura dos termos do contrato estabelecido entre o Clube e a NOS corremos o risco de mandar para o ar morteiros de pólvora seca. Bruno de Carvalho ajuda à festa ao encher a boca com 515M€ quando todos sabemos que o que se contratou agora com a NOS e a PPTV não corresponde em rigor a esse montante. Mas, o presidente do Sporting habituou-se a lançar cortinas de fumo para melhor baralhar as cartas e distribui-las de novo.
Da leitura dos comunicados do Sporting e da NOS à CMVM mantenho determinadas dúvidas que, por enquanto, não vejo esclarecidas:
- a concessão dos “direitos de transmissão dos jogos em casa por 10 anos” da equipa A de futebol refere-se apenas à Primeira Liga ou é mais abrangente?
- a concessão dos “direitos de exploração da publicidade estática e virtual no Estádio José Alvalade” implica em concreto os painéis publicitários e écrans ou alarga-se, por exemplo, ao naming das bancadas nascente e poente?
- a concessão do “estatuto de patrocinador principal do Sporting por 12 épocas e meia” inclui apenas a camisola da equipa principal ou estende-se às outras equipas (B e Formação) de futebol do Clube?
- a “revisão dos valores do contrato com a PPTV” em quanto é que de facto beneficia financeiramente o Sporting considerando que se acrescentou agora a concessão de três anos de publicidade estática e virtual do Estádio e que havia valores já contratualizados?
- desconhecendo-se os termos da evolução do mercado audiovisual e do impacto financeiro dos novos formatos como o streaming estão previstas fórmulas para reavaliar e renegociar no futuro o acordo com a NOS?
- verificando-se uma significativa valorização da “marca” Sporting estão estabelecidos processos que permitam a devida adequação dos termos financeiros do acordo?
- confirmando-se uma revisão em alta do contrato entre o Benfica e a NOS está previsto algum mecanismo compensatório para o Sporting?
- havendo desinteligências contratuais em que termos está prevista a cessação do contrato por uma ou pelas duas partes?
Quando Bruno de Carvalho se candidatou em 2013 à presidência do Sporting sublinhou com frequência o valor da “transparência” nos actos de gestão do Clube. Por essa razão, muitos sportinguistas esperam que o presidente do Clube seja coerente com aquilo que apregoou no passado em determinado momento.
/Fotografia de Yves Lecoq/
Bruno de Carvalho aproveitou a conferência de imprensa pós-jogo para falar do negócio com a NOS e também da decisão do TAS no caso Doyen. Limitei-me a escolher duas frases suas que me despertaram maior interesse, para comentar:
1.ª - O Sporting não tem três dias para pagar absolutamente nada. Se o Rojo um dia for vendido, aí sim terá três dias para pagar. O Sporting está a preparar um recurso, não terá efeitos suspensivos mas existem outros mecanismos.
Fomos eleitos para resolver as questões em função dos nossos timings. Neste caso, vou manter até ao fim que o Sporting tem toda a razão. Quem vai para os tribunais não é um fora da lei. O Sporting não rasgou qualquer contrato, já respeitámos muitos maus contratos para o Sporting. Do nosso ponto de vista o contrato com a Doyen não cumpre a lei.
Nada radical aqui, salvo confirmar o que argumentei há dias no intenso debate que teve lugar sobre a decisão do TAS. A questão dos três dias só fez confusão a quem não compreendeu a informação divulgada, já a ausência de efeitos suspensivos caso o Sporting recorra da decisão, também vem a confirmar os meus argumentos. No que diz respeito ao suposto recurso - cujo fundamento me ilude completamente - ainda está a ser preparado. E, claro, ninguém venha acusar o presidente de rasgar contratos, conceito inimaginável !
2.ª É preciso perceber que diziam que o Sporting era um clube que estava falido, que só durava três meses. Era um clube desmoralizado, conformado, abatido. Aquilo que começámos a fazer é a perceber o que temos em mãos. Agir com calma, sem stress. Estávamos a observar, a ver. Tem a ver com audácia. Dizem que a sorte protege os audazes. Trabalha-se e depois tudo vem por acréscimo. O que é importante é que, de uma vez por todas, compreendam a dimensão do negócio. O Sporting é uma marca de referência a nível nacional e internacional.
Há muitas coisas que me irritam sobre Bruno de Carvalho e perto do topo da lista está esta sua patética expressão que ele usa repetidamente: "Agir com calma, sem stress" !!!
A conclusão é óbvia: tudo fez parte de uma muito bem elaborada estratégia à espera que os rivais negociassem primeiro com as operadoras de televisão, para depois surgir o Sporting a colher os proveitos. Isto explica a inexistência de patrocinador nas camisolas e outras considerações. Tudo se fica a dever à audácia de Bruno de Carvalho. Nem é possível qualquer outra explicação e quem somos nós para duvidar da palavra do presidente do Conselho Directivo do Sporting. Ao fim e ao cabo, ele não mente todos os dias, apenas quando lhe surge a conveniência.
Assim chegamos à conclusão que os acordos para a exploração das mesmas coisas (Canal do Clube + Direitos TV) ficam como abaixo indicados:
Benfica: 400M
Porto: 219,5M
Sporting: 183,5M
*Uma análise de Francisco Ribeiro:
"Façamos contas e não olhemos apenas para o número grande apresentado!
Contrato NOS + Benfica (Total: 400M€):
– Direitos televisivos equipa sénior A (Contrato revisto após 3 anos, podendo ser renovado por mais 7 anos) – A partir de 2016;
– Direito transmissão e distribuição da BTV em sinal aberto (10 anos).
Contrato MEO + Porto (Total: 457M€):
– Direitos televisivos equipa sénior A (10 anos) – A partir de 2018;
– Direito transmissão e distribuição do Porto Canal (12,5 anos);
– Principal Patrocinador das camisolas (7,5 anos);
– Direito de Exploração Comercial de Espaços Publicitários do Estádio do Dragão (10 anos).
Contrato NOS + Sporting (Total: 446M€):
– Direitos televisivos equipa sénior A (10 anos) – A partir de 2018;
– Direito transmissão e distribuição da SportingTV (12,5 anos);
– Principal Patrocinador das camisolas (12,5!!!! anos);
– Direito de Exploração Comercial de Espaços Publicitários do Estádio Alvalade XXI (10 anos).
No que toca ao Sporting, houve de facto um grande negócio que foi a renegociação do contrato em vigor com a PPTV para os jogos até 2018 e publicidade do estádio, sendo que este último ponto foi adicionado ao contrato pois não fazia parte do contrato anterior.
Há ainda a suposta cláusula no contrato do Benfica com a NOS de aumento de 10% caso haja negociação dos rivais por valores superiores, contudo não sabemos se esta cláusula de facto é real.
Mas podemos perceber aqui que o FCP e o SCP se venderam por completo, à excepção do naming do Estádio, contudo, tendo a NOS e a Altice os direitos de Exploração Comercial de Espaços Publicitários dos Estádios, estes vão estar tão identificados com estas empresas que será difícil a negociação deste activo (Naming).
O Benfica deixou esta possibilidade em aberto para um potencial negócio e, já tinha o seu principal Sponsor nas camisolas (Fly Emirates).
Mas podemos concluir que se a Exploração Comercial de Espaços Publicitários dos Estádios rende em média 20M por ano, hipotecando 10 anos desta fonte de rendimento, são 200M que devem ser retirados aos 457M e 446M do FCP e SCP respectivamente, sobrando assim 257M no caso do Porto e 246M no caso do Sporting para as camisolas, Canal do clube e Direitos de TV.
Se tomarmos por base os 5M por ano que a PT pagava aos clubes pelo patrocínio nas camisolas e, se for o mesmo valor atribuído, retiramos 37,5M (7,5 anos) aos 257M que sobram no FCP e 62,5M (12,5!!! anos) aos 246M que sobram no SCP.
Agora para o Canal do Clube e direitos televisivos sobra 219,5M para o FCP e 183,5M para o SCP.
Assim chegamos à conclusão que os acordos para a exploração das mesmas coisas (Canal do Clube + Direitos TV) ficam como abaixo indicados:
Benfica: 400M
Porto: 219,5M
Sporting: 183,5M
A verdade dos números, essa não engana ninguém."
SPORTING CLUBE DE PORTUGAL – FUTEBOL, S.A.D.
Sociedade Aberta Capital Social: € 67.000.000 Capital Próprio aprovado em Assembleia Geral de 30 de Setembro de 2015: € 7.043.000
Sede Social: Estádio José de Alvalade – Rua Professor Fernando da Fonseca, Lisboa
Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa com o número único de matrícula e de identificação fiscal 503.994.499
COMUNICADO
A SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, Futebol SAD informa, nos termos do art. 248.º, n.º 1 do Código de Valores Mobiliários, que chegou hoje aos seguintes acordos:
1) com NOS LUSOMUNDO AUDIOVISUAIS, S.A. um contrato para a cessão dos seguintes direitos:
(i) direito de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa da Equipa A de Futebol Sénior da Sporting SAD e direito de exploração da publicidade estática e virtual do estádio José Alvalade pelo período de 10 épocas desportivas com início em 1 de Julho de 2018;
(ii) direito de transmissão e distribuição do Canal Sporting TV, pelo período de 12 Épocas desportivas, com início em 1 de Julho de 2017;
(iii) direito a ser o seu Principal Patrocinador, pelo período de 12 épocas e meia, com início a 1 de Janeiro de 2016.
2) com a PPTV – Publicidade de Portugal e televisão, S.A. um aditamento ao contrato actual pelo qual foram revistos os valores a pagar pelos direitos de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa da Equipa A de Futebol Sénior da Sporting SAD e direito de exploração da publicidade estática e virtual do estádio José Alvalade para as épocas 2015-2016, 2016-2017 e 2017-2018.
As contrapartidas financeiras globais resultantes do valor dos contratos, incluindo as épocas 2015-2016, 2016-2017 e 2017-2018, o referido no ponto 1 e o aditamento referido no ponto 2 ascendem ao montante de € 515.000.000.
Lisboa, 29 de Dezembro de 2015
O comunicado da NOS permite fazer contas mais detalhadas
A NOS SGPS, S.A. informa que foi hoje celebrado entre a SPORTING CLUBE DE PORTUGAL -FUTEBOL SAD, a SPORTING COMUNICAÇÃO E PLATAFORMAS, S.A. e a NOS LUSOMUNDO AUDIOVISUAIS, S.A. um contrato para a cessão dos seguintes direitos:
(i) direito de transmissão televisiva e multimédia dos jogos em casa da Equipa A de Futebol Sénior da Sporting SAD;
(ii) direito de exploração da publicidade estática e virtual do estádio José Alvalade;
(iii) direito de transmissão e distribuição do Canal Sporting TV;
(iv) direito a ser o seu Principal Patrocinador.
O contrato terá uma duração de (a) 10 épocas no que se refere aos direitos indicados em (i) e (ii) supra, com início em 1 de Julho de 2018, de (b) 12 épocas no caso dos direitos mencionados em (iii) com inicio em 1 de Julho de 2017 e (c) 12 épocas e meia no caso dos direitos mencionados em (iv) com início no dia 1 de Janeiro de 2016, ascendendo a contrapartida financeira global ao montante de 446.000.000, repartida em montantes anuais progressivos.
Esta informação está também disponível no site de Apoio ao Investidor da "NOS" em www.nos.pt/ir.
Lisboa, 29 de Dezembro de 2015
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