Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Oceano Cruz, antigo capitão do Sporting e actual adjunto de Carlos Queiroz na selecção do Irão, em entrevista à Rádio Renascença, teceu algumas considerações sobre a equipa do Sporting e a nova época que se aproxima:
«O Sporting está a pôr a fasquia mais uma vez bem lá em cima. Ouvi até pelo discurso do Sr. Presidente, quando promete o título nacional e promete que vão festejar no final da época. Um clube grande e em condições tem de pôr essa fasquia elevada, agora vamos ver como é que as coisas vão correr neste início de época, vamos ver quando a equipa fechar finalmente o seu plantel. Aí será a melhor altura para ver as opções que o clube terá no campeonato.
Nada vai mudar em relação aos últimos anos no que à corrida ao título diz respeito. Penso que vamos continuar com as três equipas a lutar para ganharem o título nacional. Até este momento, parece que o Benfica em termos de contratações é que tem as coisas mais avançadas, mas ainda a procissão vai no adro, ainda falta muito até ao final da janela de contratações. Mas penso que em relação à ambição das equipas nada irá mudar, vai tudo manter-se como antes.
Eu acho que é difícil manter os melhores jogadores, tanto para o Sporting como para o Benfica e o Porto. Somos um país vendedor e os tubarões da Europa andam à "caça" dos nossos melhores jogadores. O Sporting tem grandes talentos e jogadores como Adrien, William, Gelson, o próprio Rui Patrício, é normal que haja uma cobiça muito grande dos clubes da Europa. Vamos ver se consegue mantê-los, até porque para melhorar o nível no campeonato seria óptimo manter os melhores jogadores, mas às vezes isso não é possível».
Quando Oceano foi à baliza
FC Porto e Sporting encontraram-se nas Antas, em 23 de Agosto de 1995, para o jogo da 2ª mão da final da Supertaça. Aos 82 minutos de jogo, o defesa Naybet fez falta sobre Domingos… mas, o árbitro António Rola expulsou o guarda-redes Costinha. O treinador Carlos Queirós mandou Oceano para a baliza.
A verdade é que Oceano não sofreu nem sequer um golo e perto do final do jogo fez uma defesa a um remate de fora da grande área. Com ironia, alguns sportinguistas disseram que deu maior confiança do que Costinha. E redimiu-se da grande penalidade que cometeu aos 53 minutos por rasteirar o portista José Carlos.
Houve empate nos dois jogos, 0-0 em Lisboa e 2-2 no Porto, e a Supertaça decidiu-se numa finalíssima no Parque dos Príncipes, em Paris, que os leões venceram (3-0). Nesta finalíssima, Oceano voltou a jogar na sua posição habitual de médio defensivo, mas ficou para a história o dia em que nas Antas calçou as luvas de guarda-redes.
«Sempre gostei de ter uma braçadeira personalizada. Quando conheci a Marina Mota esse sonho concretizou-se, ela fez-me uma, exclusiva ! Era uma braçadeira com as cores das shacras - representando a energia, as vibrações positivas. O mais engraçado é que essas cores coincidiam com as cores do Sporting. A Marina perguntou-me se eu tinha uma imagem que gostasse de colocar na braçadeira. Lembrei-me imediatamente de uma imagem da Nossa Senhora de Fátima que a minha mãe tinha num quadro. Sempre gostei dessa imagem... transmitia-me calma.
A Marina tanto procurou que conseguiu encontrar a dita imagem. Fez um bolsinho na parte exterior da braçadeira e colocou-a lá. "Vais ser campeão com esta braçadeira", foi a frase da Marina quando me deu a braçadeira. Infelizmente isso nunca aconteceu.
Alguns anos mais tarde, no célebre jogo de Paranhos com o Salgueiros, em que o Sporting se sagrou campeão ao fim de 18 nos, emprestei a braçadeira ao Pedro Barbosa e disse-lhe: "O Sporting tem que ganhar este jogo. Já que eu não consegui ser campeão, tu, como meu grande amigo, vais ser por mim". Ele jogou com a braçadeira, o Sporting ganhou o jogo e ganhou o campeonato. Durante o jogo o Barbosa foi substituído e, sem ninguém far por isso, deu a volta ao estádio, subiu ao telhado da bancada central, onde eu estava a fazer os comentários para a SportTV e ofereceu-me a camisola com a braçadeira que eu lhe tinha emprestado. Afinal ele tinha conseguido e o Sporting também. Com aquela braçadeira.»
Do livro Estórias d'Alvalade por Luís Miguel Pereira
É hoje noticiado que Oceano Cruz - visto aqui na foto ainda enquanto adjunto de Jesualdo Ferreira - vai deixar a estrutura técnica do Sporting. O que não é claro é se a saída é por sua própria iniciativa - muito improvável - ou exigida pela nova liderança da SAD. Consta que um dos que está a ser considerado para o lugar é Francisco Barão, ex-jogador e treinador já com experiência da II B e III divisões.
Não critico esta decisão, embora seja admirador de Oceano Cruz pelo jogador que foi e pelo seu sportinguismo. Isto não obstante, o que se vem a notar com o passar dos dias é que tudo e todos que têm o "dedo" de Godinho Lopes - indiferente da área de função - estão a ser "rasurados" do Sporting. Cá estaremos para avaliar os resultados globais no fim.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.