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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Realiza-se em 24 de Julho de 2022 uma Assembleia Geral Comum Ordinária do Sporting CP, no Pavilhão João Rocha, desde as 9h15 até às 18h30. Têm acesso à Assembleia os sócios que efectuaram o pagamento das suas quotas até Junho de 2022. É Ponto Único da Ordem de Trabalhos a “Apreciação e votação do orçamento dos rendimentos, gastos e investimentos do Sporting Clube de Portugal, para o exercício de 1 de Julho de 2022 a 30 de Junho de 2023, elaborado pelo Conselho Directivo, acompanhado do Plano de Actividades e do Parecer do Conselho Fiscal”.
A documentação referente a este ponto está à disposição dos sócios para consulta no Centro de Atendimento, no Estádio de Alvalade, na Loja Verde e no sítio oficial do Sporting. As alterações propostas no orçamento “têm como objectivo a preservação da sustentabilidade do Clube, a necessidade de resiliência a choques externos, com o objectivo final de manutenção da competitividade desportiva e organizativa do Sporting Clube de Portugal”.
Está previsto um aumento mensal do valor da quota do Sócio Efectivo A no valor de 1 euro. Nos restantes escalões efectivos, proporcionalmente, será de 50 cêntimos no escalão B, de 33 cêntimos no escalão C e de 17 cêntimos no escalão D. As alterações não irão incidir sobre os escalões infantis e juvenis. A última alteração de quotas dos sócios sportinguistas verificou-se em 2006, apesar da inflação que depois se verificou, o que segundo a Direcção leonina torna inevitável proceder ao aumento em causa.
No próximo dia 23 de Outubro o Sporting Clube de Portugal irá ter nova Assembleia Geral.
Este, que deveria ser mais um momento de felicidade por reunir a família Sportinguista, é na realidade um momento de tensão face às absurdas crispações existentes. Para mim, é profundamente lamentável que um Sócio não se sinta seguro, livre e feliz na sua própria casa, independentemente das suas opiniões e convicções.
Aparentemente alheados desta realidade, a MAG lançou uma convocatória para a próxima AG, que pela ausência do ponto relativo à discussão e aprovação do Orçamento para o ano desportivo 2021/2022, levou muitos sócios a questionar, qual o motivo deste ponto ter caído da convocatória.
Para compreender esta situação, temos primeiro de lembrar que a época desportiva se iniciou em Julho, motivo pelo qual o orçamento deveria ter sido apresentado e aprovado em Junho. Excepcionalmente e pela situação vivida em Portugal e no Mundo, ao abrigo da Lei, a MAG decidiu adiar para Setembro a aprovação do dito Orçamento (eu não o teria feito!) que veio a ser chumbado como todos sabemos.
Significa isto que o Clube tem vindo a ser gerido em regime de duodécimos (com base no orçamento 2019/20) desde Julho até Setembro e com o recente chumbo, Outubro também foi gerido nessa base.
Assim, dos 12 meses de gestão, 4 meses (ou 1/3) foram geridos em duodécimos, pelo que na minha opinião se perde todo o sentido em se votar um orçamento que na realidade só iria ser cumprido em pequena parte. Acredito eu que a Direcção do Sporting tenha feito esta mesma leitura e tenha decidido continuar a gestão do Clube em duodécimos (como fez nos últimos 16 meses) e retirar da discussão este ponto que em termos práticos, pouco ou nada afectaria a vida quotidiana do Clube.
Por fim, chamo a atenção que a reprovação de um orçamento não exige de modo algum a apresentação a discussão e/ou aprovação de um novo orçamento, sendo que, legalmente, a única consequência prática é o impedimento da Direcção de o executar e ter de efectuar uma gestão por duodécimos, com base no último orçamento aprovado.
Cabe à Direção decidir como pretende gerir o Clube e esta decidiu fazê-lo em duodécimos.
NOTA: Entre economistas, as opiniões dividem-se sobre este tipo de gestão em regime de duodécimos, que, em termos simples e generalizados, significa que, neste caso os serviços do Clube, terão apenas à disposição o valor correspondente a um dozeavos do "bolo" geral do orçamento anterior, embora sem causar problemas graves ao seu funcionamento.
Há quem argumente, no entanto, que como o Mundo mudou, e também o Clube, passado o tempo, devia então haver um novo Orçamento para fazer face às diferenças existentes e não operar num regime do passado. Em termos práticos, isto tem maior impacto no País, e menor num clube, onde quase metade da economia é o Orçamento do Estado, no caso de Portugal.
Uma reportagem do jornal Negócios, em que divulga o orçamento de todos os clubes da I Liga portuguesa.
A Liga NOS arrancou esta sexta-feira com um reforço de 9,7% no orçamento do conjunto dos clubes. O Benfica aumentou o valor em 20 milhões de euros, igualando o FC Porto no topo dos maiores valores para atacar a temporada: 90 milhões de euros. Mas foi o SC Braga que mais subiu o orçamento em termos relativos, com um incremento de 56%.
O Sporting manteve os 70 milhões de euros que tinha na época anterior. Contas feitas, os três "grandes" dispõem de 250 milhões de euros, mais de 72% do total dos orçamentos dos clubes da I Liga, que aumentou no conjunto 9,7% face à temporada passada, cifrando-se em 346 milhões de euros.
No conjunto dos quinze clubes que já disputavam a principal competição no ano passado os orçamentos aumentaram em cinco, estabilizaram em seis e diminuíram nos restantes quatro. O referido aumento de 30,6 milhões de euros na soma dos orçamentos é quase na totalidade decorrente do reforço de 20 milhões no Benfica e de nove milhões de euros dos bracarenses.
O Sporting emitiu ainda mais outro comunicado - desta vez à CMVM - relativamente a poupanças orçamentais. O comunicado pode ser lido aqui, mas limitamo-nos a transcrever o último parágrafo:
«No âmbito da reestruturação levada a cabo, foram solucionados 57 processos: 19 dos quais relacionados com renovações contratuais de jogadores e 13 com a contratação de novos jogadores (equipas A e B).»
Em primeiro lugar, preza-me verificar que a informação que foi aqui avançada pelo nosso bem informado leitor Miguel e confirmada por nós verifica-se: o Sporting para esta época já contratou 13 jogadores, em princípio 9 para a equipa principal e 4 para a equipa B: Cissé, Jefferson, Magrão, Maurício, Montero, Piris, Slimani, Vítor Silva e Welder; e Everton Gonçalves, Hugo Sousa, King e Samba.
As 19 renovações são todas relacionadas com os jovens da equipa B, mas dos 57 processos ainda ficam 25 por explicar. Serão relacionados com técnicos da formação e outro Staff da Academia ?
«Concordo com a ideia expressa antes, segundo a qual a falta de sucesso desportivo (que vem de longa data no Sporting) é em grande medida responsável por essa diferença de receitas. (...) O dinheiro não é tudo mas é muito importante e sobretudo, o patamar competitivo, que leva, quase automaticamente, a um upgrade das receitas. (...) É fundamental o Sporting não descer abaixo de um determinado patamar competitivo sob o risco de o clube ver cavar-se um fosso com os seus adeptos.
Neste caso haverá um downgrade quase automático, a todos os níveis, de receita, alguns com repercussão imediata, outros a prazo. Entraremos num ciclo vicioso em que teremos cada vez menos receitas e competitividade. Para evitar isso é fundamental a entrada de investidores, o que poderá permitir a manutenção de uma equipa competitiva, que poderá dentro de 2-3 anos lutar pelo título e passar a um nível competitivo superior (e maiores receitas). Quero acreditar que há soluções para o Sporting. Mas a solução do orçamento minimalista não é solução.»
* Leitor: António
Muito embora os detalhes do recém-acordo com a Banca ainda não sejam conhecidos, tudo indica que o futebol do Sporting para a próxima época - salvo pela intervenção de investidores - terá de se sujeitar a um orçamento muito reduzido que implicará cortes significativos no plantel, além da realização de mais-valias no valor de 10 milhões de euros no verão, através de rescisões e acordos com jogadores e até funcionários. Admite-se, ainda, a transferência de alguns dos activos com maior procura no mercado. Sendo mera conjectura, por enquanto, está previsto que o próximo orçamento do Sporting será inferior a 20 milhões de euros, comparados aos do Benfica e do FC Porto que andam entre os 75 e 100 milhões de euros e o do SC Braga que ronda os 15 mlhões.
A incómoda realidade do momento, é que as receitas do Sporting são muito inferiores às dos seus mais directos rivais: na época de 2010/11, o Sporting realizou proveitos operacionais de 40,8 milhões de euros, comparados aos 72,2 milhões do FC Porto e aos 91,2 milhões do Benfica.
Muito embora o Sporting já tenha melhorado as suas receitas desde 2010, continua em vincada inferioridade, com menos bilheteira: 8,8 milhões de euros, FC Porto: 10,6 milhões e Benfica: 16,1 milhões - patrocínios e publicidade de 7,7 milhões de euros, FC Porto: 13,2 milhões e Benfica: 17 milhões. As diferenças em relação a quotização, merchandising e prémios em competições europeias também são significativas.
No outro lado da moeda, o Sporting, pela aposta risco no futebol, aumentou os custos com activos entre 2009/2010 e 2010/2011 de 23,2 milhões para 42,5 milhões de euros, significando isto que a soma dos salários para atletas, técnicos e outros é superior ao total das receitas. O passivo da Sporting SAD é de 220 milhões de euros, que abrange as dívidas ao clube e 95,6 milhões de euros à banca. O saldo dos capitais próprios é negativo, 75,6 milhões de euros, comparados com os 14,2 milhões de Benfica e 12,7 milhões do FC Porto.
Conclusão final: o Sporting vai ter de «apertar o cinto» por todos os meios possíveis e, mais ainda, se os prometidos investidores não surgirem num futuro muito próximo. As exactas implicações relativamente à competitividade desportiva - e respectivos resultados - só o passar do tempo esclarecerá mas, confirmando-se estes números, irá ser impossível ao Sporting aspirar a um nível competitivo compatível com a sua histórica grandiosidade e fica ainda por esclarecer qual o impacto nos escalões de formação.
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