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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Comité Executivo da FIFA anunciou esta sexta-feira que decidiu acabar com o direito de propriedade dos passes de futebolistas por parte de terceiros, nomeadamente fundos de investimento.
A interdição entrará em vigor no dia 1 de Maio de 2015, no entanto, os acordos já existentes serão mantidos até à data da sua expiração contratual, e os novos acordos assinados entre 1 de Janeiro e 30 de Abril de 2015, estarão limitados à duração máxima de um ano.
Na realidade, esta decisão foi tomada em Setembro de 2014 e era esperado um muito mais longo prazo para a sua implementação. As razões que levaram o organismo a agir mais cedo não foram explanadas.
Este é um assunto muito complexo e impossível de abordar, completamente, em um só post, no entanto, vou tentar ser breve e explicar as razões que me levam a opor esta medida.
Na minha opinião, a decisão da FIFA fundamenta-se muito menos na sua preocupação com o endividamento dos clubes que contratam jogadores em parceria com fundos de investimento, e muito mais com proteger a integridade do jogo. Como está a ter problemas graves nesse sentido em diversas frentes - basta analisar as candidaturas para os Mundiais - optou por esta medida como um dos meios que visa reduzir a influência obscura - ilegítima mesmo - de terceiros. Poderá eventualmente contribuir para esse fim, mas ficará longe do que é necessário e desejado.
Quem mais tem recorrido a fundos de investimento são clubes da América do Sul, Portugal e Espanha. No caso concreto do futebol português, verificam-se os três grandes: Sporting, FC Porto e Benfica, como os principais protagonistas destas parcerias para reforçar os seus plantéis em termos desportivos e através da valorização dos activos, efectuar transferências muito lucrativas. Neste último contexto, é público que o Benfica e o FC Porto são os que mais têm beneficiado.
Sou e sempre fui apologista de novos e rigorosos regulamentos para gerir este processo e não a sua proibição total. Isto, porque vislumbro a dificuldade futura dos clubes portugueses em provas europeias, sem acesso a um certo nível de futebolistas que lhes só são acessíveis via a parceria com os fundos. Também terá impacte no quadro nacional, porque o tipo de jogador com a capacidade para fazer a diferença deixará de competir na Liga portuguesa. Em geral, o abismo entre os que têm e os que não têm, sofrerá um aumento considerável. É apenas lógico e inevitável.
A muito propagada visão da Direcção de Bruno de Carvalho peca por ser ingénua, e por se fundamentar principalmente nos maus e até irresponsáveis investimentos assumidos pelo Sporting em anos recentes. Estes exemplos apenas servem para ilustrar, esclarecidamente, os extremos negativos do processo, mas não justificam a sua extinção total.
Com tudo isto, é importante compreender que a medida da FIFA não obrigará os clubes a desistir de recorrer a parceiros ou a linhas de crédito para contratar jogadores, apenas proíbe os passes dos mesmos de servirem como garantia para o investimento feito. Não tenho quaisquer dúvidas, que quem é perito nesta matéria já terá em mente outros meios para contornar a interdição.
O Sporting enviou um Comunicado à CMVM, esta sexta-feira, em que divulga a assinatura do "Acordo Quadro de Reestruturação Financeira" entre, por um lado, a Sporting SAD, o Sporting Clube de Portugal (SCP), a Sporting GPS, SA e Sporting Património e Marketing, SA (SPM) e, por outro lado, o Banco Comercial Português, SA e o Novo Banco, SA.
O mercado também foi informado que a Sporting SAD exercerá o direito de opção de aquisição da totalidade das Unidades de Participação (UP's) do Sporting Portugal Fund, que lhe permitirá recuperar a totalidade dos direitos económicos relativos a 17 jogadores, pelo montante total de 12,65 milhões de euros.
O Comunicado, que inclui a lista dos 17 jogadores, está disponível aqui.
Também se encontra disponível aqui, uma outra lista que divulga os detalhes sobre os passes de 25 jogadores, inclusive dos 17 acima referidos no Comunicado à CMVM.
Ainda relacionado com a mesma temática, pode ler aqui o anúncio de Bruno de Carvalho durante a "Noite Verde na Batalha" que decorreu esta sexta-feira.
Vou fazer um enorme esforço para evitar comentar mais declarações do candidato da lista A, Carlos Severino, tão absurdas que são:
«Não sei com que direito é que esta Direcção decidiu renovar com o Zezinho até 2018. Não é que não queiramos o Zezinho, mas esta Direcção não pode criar encargos à futura Direcção. É uma falta de respeito. Neste momento não sei que jogadores são do Sporting. Em Dezembro, o Sporting tinha 100 por cento dos passes do Izmailov e do Pereirinha, agora só tem 100 por cento do Boulharouz. Dos outros desconheço as percentagens.»
Há poucos dias, atribuiu incompetência aos dirigentes cessantes do Sporting por não terem renovado os contratos de alguns jovens atempadamente, agora considera que é uma falta de respeito fazerem-no. E até admira não comentar as renovaçõres de Ricardo Esgaio, Luís Pereira e João Mário. Mais uma vez dispara em todas as direcções sem conhecimento dos factos. A informação sobre o estado dos direitos económicos de todos os jogadors do Sporting estão disponíveis no foro público, se ele se der ao trabalho de averiguar antes de criticar. Aliás, já aqui publicámos a informação em diversos posts. Em resumo, uma candidatura totalmente inútil que apenas serve para o candidato andar de gravata ao pescoço na passarela da vaidade a distrair os menos atentos.
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