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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Rúben Amorim, numa mensagem de ambição, pode sublinhar que o ano 2 da sua era não foi satisfatório, mas, para quem que se habituara ao caos e à política de terra queimada, terminar uma temporada sabendo que para o ano se construirá em cima de trabalho feito é uma grande vitória para o projecto do Sporting. E, como falar em projecto do Sporting é falar no projecto de Rúben Amorim, essa construção com vista para o futuro é o grande triunfo pessoal do homem em quem assenta o edifício do futebol leonino.
Para um clube que há bem pouco tempo vivia saltando de projecto em projecto, fazendo de cada temporada uma história terminada sem ligação com a que se seguiria, acabar uma época com um ponto e vírgula e não com um ponto final é uma boa notícia.
Excerto da crónica de Pedro Barata em Tribuna Expresso
Depois de 100 minutos de queixas generalizadas, de rodas e rodinhas, de mais acusações do que futebol, os episódios que se seguiram ao apito final resumem melhor o panorama global do FC Porto – Sporting do que o ocorrido anteriormente: uma sucessão de ofensas, empurrões, corridas para aqui e para ali, conflitos entre jogadores, entre jogadores e dirigentes, entre membros exteriores ao jogo e jogadores, tudo pontuado por um árbitro perdido que ia distribuindo expulsões.
O FC Porto – Sporting teve um prólogo de elogios de parte a parte, revestidos das “canções de embalar” de que ambos os técnicos falaram. Mas o 2-2 final produziu-se no contexto mais próprio de uma “canção da canção triste”, como diria Manuel Cruz. Além dos 11 amarelos e das expulsões de Coates, Pepe, Marchesín, Tabata e Palhinha — estes quatro últimos já após o final da partida —, a sensação que fica é de mais um jogo que, podendo ser uma promoção do futebol português, acabou por ser uma lamentável sucessão de incidentes.
O clássico terminou, mas o sucedido posteriormente evidencia que o jogo quase parecia algo secundário naquele contexto, tal o empenho geral em sair por cima de uma situação em que todos ficaram a perder — desde logo, a imagem do futebol português. O corrupio de atitudes lamentáveis e infantis colocou um ponto final num espetáculo triste. As cantigas de embalar do encontro do título foram canções tristes da partida em que o jogo não foi destaque.
Excerto do artigo da autoria de Pedro Barata, em Tribuna Expresso
Não é preciso ser um observador muito atento para notar que, no Sporting de Rúben Amorim, há uma abundância e preponderância dos jogadores canhotos que raras vezes são vistas. Não é nada incomum que os campeões nacionais tenham em campo mais esquerdinos do que destros, sendo que casos já houve — como na última visita ao reduto do Belenenses SAD — nos quais os leões já tiveram, ao mesmo tempo, oito canhotos entre os seus 11 futebolistas em campo.
Esta preponderância contradiz a tendência normal na sociedade: um canhoto de mãos não tem, necessariamente, de ser também um canhoto de pés, mas os estudos mais recentes e consensuais indicam que cerca de 10,6% das pessoas são canhotas de mãos. Ora, entre os esquerdinos do Sporting, três assumem, recorrentemente, especial destaque, e esse trio voltou a ser fundamental no triunfo, por 2-0, contra o Famalicão.
Praticamente no último lance do jogo, Adán evitou o 2-1 com uma boa defesa, num muito raro momento de perigo ao cair do pano. O guarda-redes do Sporting, um canhoto numa equipa de canhotos, é assim: intervém pouco e com pouco espalhafato, mas quase sempre com segurança e muitas vezes de maneira decisiva. Na antecâmara de um clássico que muito pode esclarecer na luta pelo título, o Sporting voltou a apoiar-se na sua maioria absoluta de esquerda para ganhar.
Achei piada a este excerto do artigo de Pedro Barata, em Tribuna Expresso
*** Na imagem, Adán consola Banza após defender o penálti.
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