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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Rei morto, rei posto, ou quase. O Presidente do Sporting, recentemente eleito, tem todo o direito de despedir treinadores, de acordo com as normas laborais. Entendo que foi um despedimento precoce, embora tivesse vindo a ser anunciado. A gratidão não é um acto unânime entre os humanos, mas é completamente desconhecido pela tribo do futebol. O que se passou com Peseiro é disso exemplo claro.
Pouco falador, o que nem sempre é mau, o Dr. Varandas vai mandando uns "bitaites" aqui e ali, mas de concreto de objectivo não diz nada. Sobre o despedimento, fixei duas frases: Peseiro "é um bom homem" e "tenho coragem". Nem uma, nem outra afirmação colam com a realidade.
Das duas uma, ou é um bom homem, e é tratado com respeito, ou é um biltre, e leva um pontapé no rabo, durante um sonho nocturno que se tornou real. Como Sousa Cintra, que despediu Robson, um treinador que poderia ter sido campeão, numa viagem de avião, o Dr. Varandas despediu Peseiro, após um mau resultado numa taça de baixo gabarito. Pior, mandou-o despedir através de um mero director de serviço. E isso leva-nos à questão da coragem.
Será o Dr. Varandas um Homem corajoso? Se o é, e se pelo que consta, Peseiro nunca foi o seu treinador, porque não o disse na campanha eleitoral? Isso foi coragem ou estratégia eleitoral?
Se Peseiro não era o seu técnico, porque não o despediu após ter ganho as eleições? Estava a ver por onde paravam as modas, nomeadamente à espera que crescesse a vaga de fundo, na qual se respaldasse?
Se o Dr. Varandas queria despedir José Peseiro porque só o fez quando teve as costas bem quentes pelo ambiente irracional das bancadas?
A coragem demonstra-se em actos frontais. Decidir um despedimento, numa noite de um pesadelo tornado realidade, não é coragem. Pior, mandar despedir o treinador por um subordinado, não é coragem, tem outro nome, e faz lembrar tempos idos de má memória.. Coragem teve Peseiro, quando pegou num barco à deriva e o pôs a navegar mesmo com com altos e baixos. A frontalidade dificilmente vence a manhosice.
José Peseiro cometeu um erro capital. Cometeu o erro de colocar uma equipa com atletas de menor valia, sem competição, sem rotinas e sem entrosamento, como é natural, nos jogos de competições de segundo plano, para ter sempre, em boas condições, a equipa principal nos jogos importantes que se estão a disputar. Ao tomar esta opção, "entregou o ouro ao bandido", prejudicou-se a si próprio, mas favoreceu o Clube.
Passaram pelo Sporting depois da conquista do último campeonato dezoito treinadores. Caramba, são todos maus? Parece-me que o problema está mais acima, umas vezes na falta de coragem, outras na coragem de fazer disparate, ou por decisão própria, ou por pressão de quem não pensa com a cabeça.
Nunca disse que Peseiro era o melhor treinador para o Sporting. Sempre tive a consciência que era um técnico transitório. O que foi possível encontrar numa situação bastante difícil. Assumiu o cargo sabendo que era uma missão de muito risco. Quis assumir esse risco com a percepção que poderia dar volta à situação, e provar os seus méritos técnicos. Ao que me informaram, terá prescindido de um contrato nas "arábias", possivelmente bem mais interessante financeiramente.
Sabia que tinha um plantel desfalcado e muito inferior ao dos adversários mais directos. No entanto, arrumou a casa e conseguiu manter a equipa na luta em todas as competições, estando a dois pontos da liderança. Nunca se desculpou com a evidente falta de qualidade do plantel, com a agravante de não ter podido contar com jogadores insubstituíveis, como Mathieu, Bas Dost e Raphinha.
Com um plantel de segundas linhas, que quando chamadas a intervir não mostraram competência, foi mantendo a equipa na luta nas provas secundárias. A equipa que jogou contra o Estoril, possivelmente, não se aguentava na Segunda Liga. A decisão, tomada a quente, depois de uma derrota numa prova secundária, que ainda não está perdida, não abona em favor da postura racional que se exige a um Presidente. O presidente Varandas, no aspecto desportivo, mostrou ser mais do mesmo. Mostrou estar ao nível do mau dirigismo português. Um Presidente, tipo "pato bravo".
Mostrou que está refém das claques, das bancadas. Os adeptos pensam (ou não pensam) o Clube na base da irracionalidade. O Presidente não o pode fazer. As claques venceram. O Presidente foi derrotado. Se considera que é esse o caminho começa muito mal. A irracionalidade venceu o bom senso. Seja qual for o treinador que substitua Peseiro, mesmo que seja Mourinho ou Guardiola, ou até os dois, não será campeão com este plantel. Ao que parece, os adeptos ficam satisfeitos com boas exibições. Eu, sou do contra, prefiro comemorar títulos.
Mas o problema do Sporting não é apenas de plantel ou de equipa técnica. O problema é de estrutura e de organização. A construção de uma equipa vencedora, não se faz de um dia para o outro. A anterior Direcção, mau grado, a situação em que deixou o Sporting, até esteve no bom caminho, desportivamente, nos dois primeiros anos. Depois começaram as loucuras do Presidente destituído e deu no que deu. Este Presidente que viveu o Sporting por dentro parece que não aprendeu nada. E de uma outra forma quer seguir as mesmas "pisadas".
Esta má decisão, pode ser o pronúncio de uma caminhada que levará ao insucesso. E poderão ser mais 16 anos sem títulos. Na campanha eleitoral afastei-me de Varandas, pelo seu posicionamento de querer agradar a gregos e troianos. Nos debates surpreendeu-me pela negativa, nomeadamente pelos ataques de personalidade que fez a alguns adversários. Foi o escolhido pelos sócios, como o anterior. Começo a duvidar que tenha sido uma boa escolha. Rendeu-se às claques. Estas hoje rejubilam, como se vê por aqui. Amanhã quem estará na linha da frente, será o próprio Varandas.
E se no final do campeonato, a manter-se este plantel, a equipa ficar a mais de dois pontos do primeiro lugar e afastada de todas as competições, quero ver como vai justificar este despedimento, decidido numa noite mal dormida. Afinal, Frederico Varandas vem para unir ou desestabilizar?
P. S. : Achei alguma graça, sem a ter, aos obsessivos anti-Peseiro, que hoje voltaram em força, ausentes depois da exibição razoável e da vitória clara sobre o Boavista. Tiveram uma vitória que pode ser de Pirro, mas não sei se para o Sporting não terá sido uma derrota.
ADENDA : Um leitor defendeu nos comentários, que Peseiro não foi despedido por pressão das claques. Talvez faça sentido. Segundo os ultimos desenvolvimentos na Comunicação Social, sempre foi intenção de Varandas despedi-lo. E não o fez, no imediato, porque a equipa estava invencível e no primeiro lugar. Diz-se que até já teria treinador "apalavrado". Apenas esperou que se criasse o ambiente propício. A ser assim, e digo-o com todas as reservas, ainda me parece mais grave. E leva-me a questionar o carácter do cidadão Varandas.
A profissão de treinador é das mais precárias. Vive e sempre viveu de resultados. Poucos, muito poucos, fizeram a carreira sem serem dispensados. E esses poucos, para além da sua qualidade, foram os que tiveram a sorte de estar em clubes, onde não vencer é a excepção.
Os adeptos querem que a sua equipa ganhe sempre. É a natureza do adepto. Mas o adepto do Sporting é especial: ganhar não chega, é preciso muito mais, dar espectáculo. Mas se a equipa der espectáculo e acumular derrotas, o treinador, vai também de vela. Ou seja, preso por ter cão e preso por não ter. É muito difícil contentar a tribo do futebol.
Um dos responsáveis por esta situação, é Sousa Cintra, que apesar dos bons serviços que prestou ao Sporting, criou altas expectativas, quando não havia condições para tal. Dizer que com os retalhos de uma equipa destroçada ,iríamos ser campeões, colocou pressão desnecessária na estrutura, e ilusões na mente dos adeptos, que reagem pela emoção e não pela racionalidade, e muito menos pela razoabilidade.
José Peseiro, que na passagem anterior pelo Sporting, tinha uma equipa que jogava bom futebol, e perdeu tudo por uma unha negra, construiu uma equipa mais preocupada com o resultado do que com a exibição. E enquanto teve à sua disposição todo o plantel, foi conseguindo esse objectivo. Jogar sem Mathieu e sem Bas Dost é jogar sem a mesma consistência na defesa e sem presença na área. Não se pode dissociar as más exibições da qualidade individual. E quando se colocam as segundas linhas, o problema amplia-se.
Portanto, na minha perspectiva, o problema de José Peseiro, para além das limitações do actual plantel, é estar amarrado à obsessão do resultado. Isso reflecte-se na estratégia, na alteração do onze, na ousadia de arriscar. Isto tem-se vindo a verificar de jogo para jogo. Uma vez conseguido o resultado positivo, procura-se defendê-lo, dando oportunidade ao adversário de crescer. Quando jogou sem medo, como na visita ao Estádio da Luz, esteve quase a ganhar.
Voltando aos adeptos, estão a demonstrar uma falta de paciência preocupante e a revelar uma memória muito curta. Ainda na época anterior, uma equipa, bem mais apetrechada de valor, perdeu com o Estoril (desceu de divisão) e para ganhar a final da Taça da Liga ao Vitória de Setúbal, viu-se obrigada a ir a penáltis. E outros exemplos poderia dar. Essa falta de memória alarga-se aos acontecimentos do final da época e das suas consequências, que ainda se reflectem no que se passa neste momento, nomeadamente no plantel.
Esta equipa tem jogado mal? Tem. Está afastada de alguma competição? Não. Vai estar no futuro, como aqui auguram profetas da desgraça? Não sei. Vivo de realidades, não de especulações. Alguns adeptos têm estado mal, neste contexto? Têm. Se não querem ajudar, que não ajudem, mas deixem a equipa jogar e ganhar. Com a contestação, porque sim e porque não, só estão a contribuir para piorar.
P.S: Os meus fervorosos parabéns a Rui Patrício, que mostrou a sua gratidão, ao Sporting, prescindindo de muitos milhões, para facilitar o acordo da sua saída. Uma bofetada de luva branca a quem a merece. Duvido que os que o crucificaram, fizessem tal acto na sua vida privada.
Uma derrota, e cai-nos o céu em cima da cabeça. Até parece que o Mundo vai acabar. E sem considerar quaisquer circunstâncias relevantes, só há um culpado. O treinador. Está encontrado o proverbial cordeiro do sacrifício. É um frouxo , vale zero e outros epítetos, sem consistência, que tenho pudor em reproduzir. Compreendo que a vida seja difícil, que se acumulem frustrações, mas não descarreguem no elo mais fraco. Usem-nas no sentido positivo.
Para as memórias curtas relembro: estamos a quatro pontos dos primeiros, e a dois do campeão em título, no início do campeonato, começámos bem a Taça da Liga, estamos, praticamente apurados para a fase seguinte da Liga Europa. Empatámos na Luz, perdemos em Braga. Quero ver se outros grandes vão lá ganhar. No entanto, primeiro de fininho, agora, após a esta derrota, em crescendo, pede-se a imolação do técnico. Quero crer que a amostra, que passa neste blogue, e de forma mais activa nas redes sociais, não passe de uma minoria ruidosa. Para bem do Sporting.
Observo, ouço, leio, leigos da bola, e analistas profissionais de futebol, imparciais, e tiro das suas palavras a seguinte conclusão: Peseiro foi corajoso ao pegar na equipa, e está a fazer um bom trabalho, com a sua reconstrução, paulatinamente. Precisa de tempo e não lho querem dar.
Para as memórias mais curtas volto a relembrar. No pós Alcochete, saíram nove jogadores, sendo uma maioria, titulares. Dessas saídas, foram recuperados apenas três. Na actual equipa, do plantel titular da época anterior sobram: Coates, Mathieu (lesionado), Bruno Fernandes, (em baixa de forma), Acuña, Battaglia, Bas Dost (lesionado). Destes, os que jogam, contam-se pelos dedos de uma mão.
Dos que foram contratados esta época jogam Gudelj, Nani, Raphinha e, aos soluços, Diaby. Ainda sobra um dedo de outra mão. A maioria são segundas linhas, que não jogavam na equipa anterior. É com esta equipa de segunda linha que querem milagres? A culpa de piores prestações é só do treinador?
A equipa joga com um defesa central de qualidade, e dois laterais fracos. Tem um meio campo que vai defendendo, mas que tem medo de ter a bola e não tem apetência para atacar. Na frente, salva-se Nani pela experiência, Raphinha pela qualidade, Jovane pelas potencialidades, mas em aprendizagem. Ponta de lança zero. Montero não desempenha essa função. E querem milagres?
Perdemos com o último classificado? Foi um mau jogo, e numa prova longa, outros haverá, para todas as equipas.Sugiro que acompanhem esta equipa do Portimonense. É das equipas ditas pequenas, a que joga melhor futebol. Tem jogadores de boa qualidade no ataque. O lugar onde está é mentira. Está a melhorar dia a dia. E estou curioso para ver os outros, ditos grandes, quando jogarem em Portimão.
A crítica a uma equipa de futebol, deve ser feita num todo coerente. Não depende apenas de quem a treina, de quem a dirige, depende da sua qualidade, das circunstâncias que envolveram a sua constituição, do tempo que teve para assimilar processos e rotinas, dos adversários que defronta, das condições físicas de cada momento e por aí fora. Atribuir responsabilidades apenas ao treinador., é como analisar a floresta a partir de uma única árvore.
Esta perseguição cega ao actual treinador não é crítica, séria e honesta. É maldizer, bota-abaixismo, preconceitos em relação a uma pessoa que se chama Peseiro. Como disse um comentador televisivo, deve ter sido o único treinador que não teve estado de graça. Não merece este julgamento.
Aceitou pegar numa "não equipa", e com o que lhe foram facultando, aos bochechos, foi-a construindo, e muito pragmaticamente. Sabendo do que dispunha, foi jogando para os resultados. Não merece a sanha dos catedráticos de futebol que por aqui pululam, e que espremida toda a sua sapiência futebolística, apresentam uma mão cheia de nada, e outra de coisa nenhuma.
O treinador merece, destes adeptos, mais respeito, até porque, ao contrário do que pensam nas suas convicções persecutórias, com fundamento duvidoso, também não respeitam o Sporting.
P.S.: Na página de Facebook do Clube, a máquina de propaganda brunista continua activa, dominando o debate. Está a fazer trabalho de sapa para o regresso do destituído, como já tinha feito antes. E o que fazem os nossos adeptos? Concentram-se nas guerras de alecrim e manjerona, e embarcam na propaganda pré-programada. Na minha modesta opinião, o destituído não é carta fora do baralho. Estou a ficar preocupado. Pelo Sporting.
Admito, desde já, que esta temática é muito subjectiva, como aliás muito ao que concerne o jogo de futebol é, mas enquanto assistia ao jogo do Benfica no Dragão a imagem que me veio constantemente à mente foi a do Sporting em 2005, no desafio em que surgiu o infâme golo de Luisão a dar a vitória aos encarnados. Reconheço que ninguém melhor do que Jorge Jesus sabe a condição física da sua equipa e que a final da Liga Europa o terá incomodado mas, à semelhança do que José Peseiro fez em 2005, não compreendo a razão do Benfica se afastar do modelo de jogo que o conduziu até este ponto: audaz, destemido e agressivamente atacante, perante um FC Porto que, na minha opinião, está longe de ser uma equipa dominadora, em contrário. Ambos, Jesus e Peseiro, jogaram cautelosamente, conscientes de que o empate serviria os seus objectivos, e não obstante o golo milagreiro ao cair do pano, quem assim joga quase sempre sai derrotado. O "clássico" foi um jogo emotivo mas de fraca qualidade, muito por um Benfica descaracterizado e sem o nível de envolvência ofensiva que é a sua marca. O FC Porto teve muito posse de bola, mas esteve lento e as oportunidades criadas foram escassas.
Apesar da época notável do Paços Ferreira, acredito que o FC Porto não vai deixar fugir o título e Jorge Jesus, a exemplo de José Peseiro em 2005, sujeita-se a ver a sua equipa cair sem ânimo perante um Chelsea muito motivado e a necessitar da vitória para justificar uma campanha aquém da expectativa.
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