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Guerra suja

Naçao Valente, em 04.01.20

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Nota introdutória:

Um texto aqui publicado sobre o poder da maçonaria com base nas afirmações de um político,  levou-me a fazer esta reflexão sobre a natureza do poder na sociedade, no desporto e no futebol profissional.

A natureza do poder

O poder é desde os primórdios da humanidade exercido por grupos restritos de homens, no sentido genérico. Acontece que o homem, independentemente da sua evolução, é um ser imperfeito. É constituído por algumas virtudes, mas também por muitos defeitos. Destaco o egoísmo, a inveja, a prepotência, a desonestidade, entre outros.

Deste modo, o exercício do poder sempre constituiu uma forma de opressão de grupos minoritários sobre grandes maiorias, nomeadamente quando demagogos, portadores de utopias igualitárias o conquistaram, como nos regimes comunistas. E não podia ser de outro modo porque, voltando à proposição inicial, isso está de acordo com a natureza humana, mesmo depois de milhares de anos de algum aperfeiçoamento.

Está provado, no registo histórico, que todo o poder corrompe, seja em que nível for. Corrompe desde os pequenos poderes até ao poder total. Assim sendo,  o mundo do desporto em geral e do futebol em particular não foge, antes pelo contrário, à tendência geral.

Poder e futebol em Portugal

Durante o período que podemos considerar o da inocência o nosso futebol, constituído por atletas que competiam por prazer e amor à camisola, este manteve  alguma integridade na forma como encarava a competição, na maneira como a disputava, no "desportivismo" como aceitava vitórias e derrotas.

O Sporting, foi o primeiro clube,  graças à reunião de um grupo de atletas do melhor que havia em Portugal, a conseguir vitórias constantes e consecutivas, conseguidas no espaço das quatro linhas. Quando estes atletas foram saindo de cena, e porque não existia formação organizada, e não os conseguiu substituir por outros de igual valia, foi perdendo capacidade de conseguir os mesmos resultados.

A transformação do futebol numa indústria, que gera e movimenta muitos milhões, trouxe para o futebol os malefícios do capitalismo. Dinheiro e poder são duas faces da mesma moeda. Quem tiver mais dinheiro consegue mais poder, e consequentemente mais dinheiro. Dinheiro e poder são sinónimo de corrupção seja de forma descarada ou subtil.

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A guerra suja

Nuno Pinto da Costa, com tanto de inteligência quanto de capacidade de agir sem olhar a meios para atingir os fins, foi o primeiro a instalar, com o seu pequeno e fiel grupo, um esquema para dominar o mundo do futebol, infiltrando os seus homens de mão, em todas as instâncias ligadas ao controle desse novo mundo de poder. 

Durante anos, com a passividade e ingenuidade de outros clubes, montou a sua teia de modo a que quando não se conseguia ganhar apenas com as armas que actuavam dentro do campo, de fora viesse o devido empurrãozinho. Este domínio a que Dias da Cunha denominou de "sistema" acabou por ser denunciado, levando ao seu desmoronamento, mas onde apenas o "peixe miúdo" caiu na rede e serviu de bode expiatório.

Nos anos sessenta o Benfica, devido à constituição de uma equipa de grande valor que foi a base de um terceiro lugar no campeonato do mundo de selecções, dominou o futebol em Portugal e teve êxitos em provas europeias. Com o fim desta equipa voltou a cair na vulgaridade, quando os "homens do Norte" já tinham em marcha o seu programa de hegemonia.

A queda do "sistema do Norte" e depois de anos à deriva, em que o desespero levou o Benfica a embarcar na aventura de demagogos populistas, tal com o Sporting mais recentemente, acordou para a realidade e percebeu que o êxito desportivo, nestes novos tempos, era indissociável do controle das instâncias que superintendem esta indústria. Ocupar o vazio deixado exigia tempo e paciência.

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Luís Filipe Vieira, um 'self made man', um expert em "chico espertismo" , que bebeu da experiência dos "homens do Norte" em curva descendente, propôs-se ocupar esse vazio. Respaldado nos milhões de adeptos de todas as classes sociais, transversais a toda a sociedade, iniciou o processo de domínio, lento mas seguro, e com a paciência que estes demonstraram durante anos de reduzidos êxitos desportivos, levou a água ao seu moinho.

Montado o "novo sistema" começaram a colher-se os frutos. Hoje o poder dos "homens da Luz" está entranhado, nas diversas estruturas desportivas e políticas. Contando com a influência de adeptos em todas as instâncias, principalmente no poder judicial, dão-se ao luxo de passarem à margem das malfeitorias cometidas.

Dizer como o político referido que têm mais poder que a maçonaria não passa de uma "graçola". Têm mais poder que o próprio poder que os venera e os receia, assim como ao seu "exército" de milhões de adeptos, sempre prontos, com as devidas excepções, a dar cobertura a todas as ilegalidades cometidas, desde que elas representam a hegemonia no futebol nacional.

O Sporting impreparado para entrar nesta guerra de domínio, desde o seu início, nos anos sessenta e setenta, tem ficado fora do "sistema". João Rocha um dirigente íntegro e fundamentalmente honesto, apesar de um ou outro êxito desportivo, deixou-se ultrapassar pelos acontecimentos. Sousa Cintra, um expert do "chico espertismo" mas muito ingénuo, continuou na mesma linha.  Roquete e Dias da Cunha, que quiseram trazer dignidade para o clube e para o futebol, foram derrotados pela "hidra de sete cabeças" e pela impaciência dos adeptos. A demagogia brunista baseada mais no espalhafato do que na inteligência, foi uma pêra doce para o "sistema" acabando por afundar mais o clube.

Reflexão conclusiva

O poder é de quem o conquista. Na sua conquista não há princípios, nem valores, nem se olha a meios. Com o poder, com a sua conquista, está desonestidade e corrupção. Acredito que muitos sportinguistas, porque não fogem à natureza humana, não se importariam de ver o nosso Clube usar as mesmas armas para conseguir o domínio. Pela minha parte interrogo-me se vale a pena vencer sem olhar a meios. Sei que este é o mundo que temos. Mas sem  pretensão de qualquer tipo de superioridade, enoja-me, e gosto de ver o meu Clube fora desta guerra suja.

P.S.: Costumo ler comentários a dizer que o Sporting, nos seus tempos áureos, era o clube do regime. Discordo. Todos os clubes tiveram nas suas direcções gente do regime. Nunca vi nenhum ser, nessa altura contra-poder. Todos foram clubes do regime, de acordo com as conveniências desse poder. O que não foram foi um poder dentro do poder, até porque este não precisava deles para o exercer. Neste momento se há clube que se possa considerar do regime é o Benfica.

publicado às 04:33

Quem exerce o poder no Sporting ?

Naçao Valente, em 19.11.18

 

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Todo o Mundo é feito de mudança. A frase que visa representar a evolução da humanidade deve-se a Camões. A mudança, no sentido do progresso, é muitas vezes feita com boas intenções, isto é, com o intuito de tentar tornar melhor a vida das pessoas. Mas mesmo feita com sentido positivo, houve sempre quem se servisse de boas intenções em sentido negativo.

 

A introdução vem a propósito do aparecimento das claques no futebol. Não é seguramente um assunto dos mais prioritários, neste momento, na vida do Sporting, mas não deixa, por isso, de ser relevante.

 

A claque, como grupo organizado, em sentido restrito, teve a sua origem na presidência de João Rocha, e trazia consigo o objectivo de constituir um grupo que animasse as bancadas, o décimo segundo jogador "dentro do campo". O bom princípio evoluiu paralelamente à evolução da sociedade, que nalguns aspectos, relacionados com certos valores, regrediu.

 

Quando vivia em Lisboa e era presença habitual no estádio demolido, os adeptos estavam presentes em grande número e não regateavam apoio às equipas, desde o princípio ao fim do jogo. Nunca senti a necessidade de qualquer grupo específico para animar as bancadas. Por isso, assumo-me com anti-claquista, em qualquer clube.

 

Hoje, as claques dispõem de regalias que não são atribuídas a outros associados, mas não podem ser todas colocadas no mesmo saco. Quero aqui distinguir a Juve Leo, pela gente que atrai, pelas regalias especiais de que dispõe, e pelo poder que foi ganhando dentro do Clube, sobretudo desde a presidência anterior. Foi transformada pelo ex-presidente numa guarda pretoriana, que garantia o seu poder. O poder que a sustentava caiu, no entanto, esta continua a exercer a mesma influência, e de certo modo a mesma arrogância.

 

O novo presidente, se quer ter independência, tem de se impor a esta situação. A Juve Leo não pode ser um poder e/ou contra-poder, conforme as conveniências, na estrutura do Sporting. Frederico Varandas se diz ter coragem, tem de a mostrar nos dossiês difíceis, e encontrar uma solução.

 

Para mim, que não quero ser politicamente correcto, era extinta, mas admito que possa haver outras soluções. Não se pode dissociar o comportamento das claques da vontade do dirigismo, sobretudo do mau dirigismo. Tem que se definir, claramente, quem exerce o poder legítimo no Sporting.

 

publicado às 04:49

Síndrome do pequeno poder

Rui Gomes, em 05.10.14

 

 

A síndrome do pequeno poder, segundo a psicologia, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder, usa-o de forma absoluta e imperativa, exorbitando a sua autoridade, sem se preocupar com os problemas periféricos que possa vir a ocasionar.

 

Foi Abraham Lincoln que disse:

 

"Se quiser por à prova o carácter de um homem, dê-lhe poder."

 

Só os mais distraídos é que não reconhecem que Bruno de Carvalho lida muito mal com quem tem opinião própria, e pior ainda, quando essa opinião colide com a sua, e... "Deus nos livre"... se a opinião ousa a crítica.

 

A sua mais recente oratória em Braga, durante o 4.º Mega Almoço de Convívio de Sportinguistas do Minho:

 

"Alguns sportinguistas, não muitos, ainda não perceberam que o símbolo do Sporting não são pessoas, é o leão. Esse é o verdadeiro símbolo do Sporting Clube de Portugal. O leão não ataca o seu grupo, o leão ataca quem lhe faz mal. O Sporting felizmente tem muitas figuras, mas há uma figura que não pode nunca fazer: é a figura triste. Temos que nos orgulhar do nosso passado, de todos aqueles que nos serviram. Não nos podemos dar ao luxo de atacar o Sporting."

 

Por outras palavras, "faz o que eu digo mas não faças o que eu faço".

 

E ainda: "Qualquer pessoa, seja qual for, de dentro ou de fora, que atacar a equipa ou atleta do Sporting, seja de que modalidade for, terá sempre em mim um inimigo."

 

Pior do que confundir o Clube com ele próprio, Bruno de Carvalho confunde o poder da cadeira da presidência do Sporting Clube de Portugal com o poder da sua insignificante pessoa. Reconhecemos, no entanto, que esta disposição será de difícil compreensão para quem clama frequentemente, nos corredores de Alvalade, por vezes ao berros, perante quem no momento está mais à mão: "No Sporting, eu sou Deus !"

 

Segundo alguns psicólogos, há três principais usos do poder:

 

Poder sobre: aquele usado para fazer outra pessoa agir de determinado modo, que pode também ser chamado de dominação,

 

Poder para: que dá aos outros os meios para agir mais livremente por si mesmos, também chamado de capacitação, e

 

Poder de: que nos pode proteger do poder dos outros, também chamado de resistência.

 

O homem "pequeno", na exorbitância da ilusão de autoridade, acredita somente que o "poder sobre" é seu direito absoluto para exercer absolutamente.

 

publicado às 01:19

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