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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Num campeonato de 34 jogos, por equipa, é prematuro e porventura irrealista clamar que a liderança podia de algum modo estar solidificada à 10.ª jornada, mas pela soma dos pontos nessa altura, pode ser considerado que o Sporting deixou passar uma oportunidade de se manter numa posição de significativa vantagem.
Precisamente à 10.ª jornada, quando se realizou o «derby" de Lisboa, em Alvalade, para a Taça de Portugal, o Sporting liderava o campeonato com 26 pontos, dois de vantagem sobre o FC Porto e quatro sobre o Sp. Braga. O Benfica era o quarto classificado, com 19 pontos.
Da décima jornada para cá, o Sporting somou 33 pontos (10 vitórias, três empates e uma derrota), o Benfica somou 39 pontos (13 vitórias e uma derrota).
À entrada deste «derby» da segunda volta do campeonato, o Sporting tem a vantagem mínima de um ponto e este jogo é decisivo para a liderança: ou reforçada para quatro pontos, ou na posse das águias – se houver um vencedor do jogo, claro está.
Fiz a pergunta há dias, mas nenhum leitor me respondeu. A última vez que o Sporting ganhou três pontos ao Benfica e ao FC Porto na mesma jornada foi precisamente há dez épocas.
Em 2004/05, na 28.ª jornada, o Sporting venceu o Beira-Mar por 1-0 - golo de Liedson - enquanto que o Benfica foi derrotado pelo Rio Ave (1-0) e o FC Porto perdeu pelo mesmo resultado diante do Boavista.
Na altura, com a vitória do Sporting e a derrota dos dois rivais, o Benfica mantinha o primeiro lugar com 54 pontos, mais três que o Sporting, segundo classificado. Já o FC Porto ocupava a 5.ª posição, atrás do SC Braga e do Boavista, com 48 pontos.
No final do campeonato, o Benfica acabou por conquistar o título, com 65 pontos, o FC Porto recuperou o segundo lugar, com 62 pontos, e o Sporting acabaria no terceiro posto com 61 pontos.
Este é um período muito conflituoso para os adeptos sportinguistas. Se, por um lado, queremos que aqueles que também lutam por um lugar europeu percam os seus jogos, pelo o outro, encaramos a difícil dilema de querer ver o eterno rival sofrer mais um pouco pela sua persiguição do título. Seja mera antipatia ou profundo anti-benfiquismo, não é uma emoção fácil de ajustar. Já tive ocasião de debater esta temática com amigos e nenhum exibe forte convicção. Ontem só me foi possível assistir aos últimos minutos do embate no Funchal, mas sem deliberada reflexão dei-me por mim a querer o sucesso do Marítimo. É um instinto dentro de nós com muitos anos de vida e não é de um momento para o outro que se desvia as emoções para dar lugar à lógica. No caso do jogo na Madeira, eu teria ficado muito satisfeito com o empate. Um ponto para o Marítimo não nos prejudicava muito, mas a perda de dois pelo Benfica proporcionaria uns dias de muita aflição para os lampiões.
Dentro de dias voltaremos a ter outro exame de consciência do género, pela visita do Estoril à Luz. Partindo do princípio que o Sporting tem de vencer os seus jogos, o Estoril, com dois pontos de avanço, terá de sofrer uma derrota, e que melhor lugar para isso acontecer se não perante a equipa encarnada em sua casa. Esta será, porventura, a última e mais provável oportunidade para o Estoril perder pontos - três, já que dois não chegam - porque a seguir recebe o Beira-Mar e no último jogo visita o Gil Vicente. Da forma como eles estão a jogar, não contaria com desaires nestes dois jogos. A pergunta crucial para os sportinguistas é: vão querer a derrota do Benfica para satisfazer as eternas emoções ou vão torcer para que vença e contribua, indirectamente que seja, para o Sporting chegar à Europa ?
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