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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Os sportinguistas, tirando um ou outro desaire, só podem estar bastante satisfeitos com a prestação da sua equipa de futebol profissional. Desde que Rúben Amorim, em boa hora, foi incumbido de dirigir o futebol do Clube, há cerca de dois anos, que se conquistaram quatro títulos, incluindo um campeonato nacional. Acresce a importante participação na Liga dos Campeões, onde ainda continuamos. É um registo bem assinalável, considerando o ponto de partida.
No entanto, não podemos esquecer, que este é um processo de renovação, que está a dar os primeiros passos. Assim sendo, é preciso continuá-lo com firmeza e com a consciência que não passamos de bestas a bestiais, num ápice. Há ainda quem defenda que agora temos obrigação de ganhar tudo. Com realismo, tenho vindo a dizer, que devemos lutar por todas as provas, que poderemos ganhar ou não. O objectivo imediato é ganhar mais do que era habitual
Nesse sentido, ainda estamos a disputar a conquista do campeonato, a conquista da Taça de Portugal e ainda a improvável conquista da Liga dos Campeões. Está tudo em aberto. É bem verdade que no nosso campeonato demos dois passos atrás e que complicámos a sua conquista face a um adversário que está à nossa frente que tem uma grande equipa, muito motivada e concentrada. Mas é igualmente verdade, que numa prova longa, há sempre momentos menos bons. Não dependemos apenas de nós, mas no jogo das probabilidades temos que continuar a acreditar.
Seja como for, precisamos, no mínimo, de assegurar o plano B, ou seja, a manutenção do segundo lugar, fundamental para entrarmos na Liga milionária. E estou convencido que a equipa vai dar tudo para ganhar a Taça de Portugal, troféu que ainda falta a estes jovens. Vai ser fácil? Seguramente não, até pela competência do adversário. Mas se tivermos querer e confiança, podemos conseguir.
Partindo das realidades, as perspectivas são muitíssimo melhores do que já foram. E não devemos ficar pelo curto prazo. Construir uma equipa vencedora, de forma sistemática, é o objectivo. Ainda não a temos, mas estamos nesse caminho. Assim haja determinação para o seguir, sem vacilar, perante uma ou outra adversidade.
Este assunto, o desfecho do caso "Alcochete", já aqui foi debatido ontem, especificamente sobre o ponto de vista jurídico. Não é propriamente nesse aspecto que o vou abordar. Nem vou pronunciar-me, em relação ao caso concreto, sobre as decisões específicas tomadas pelo tribunal. Sabemos que a justiça é aplicada por pessoas com formação adequadas, que agem de acordo com as provas que forem reunidas e com as normas jurídicas. Deste modo, num processo colectivo, e algo complexo, é normal que tenham sido condenados os que foram apanhados a cometer os actos conhecidos, ou seja os que designamos como arraia miúda, ou soldados rasos.
Mas em qualquer batalha existe sempre uma cadeia de comando, que começa nos generais e acaba nos cabos. Neste processo, da linha de comando apenas um cabo foi condenado, porque se sabe que dirigiu as tropas na acção directa. Toda a restante cadeia de comando ficou oculta na penumbra. Nem sargentos, nem capitães, nem generais deram a cara. Mas meus amigos, se quisermos ser sérios, temos que admitir que uma operação com estas características, não se podia fazer, de improviso, e sem conhecimento e consentimento de altos comandos. O histórico de este tipo de acções também nos mostra que elas, sem a mesma gravidade, aconteceram após autorização de cúpulas dirigentes.
O certo é que tais comandos não assumiram a operação, especialmente depois de ter tido repercussões que não seriam esperadas. Mas tenho a convicção, que sem saberem que a acção resultaria em actos violentos, tiveram amplo conhecimento que se realizaria. Há vários indícios que apontam nesse sentido e que são bem conhecidos, nomeadamente a facilidade com que os operacionais entraram e agiram em instalações privadas. E mesmo que assim não tivesse sido, deviam ser responsabilizados por negligência na segurança de bens e pessoas.
Ao longo dos anos da história judiciária houve sempre erros que incriminaram inocentes ou desculpabilizaram culpados. As provas nem sempre são fáceis de reunir. A propósito, vem-me à mente um caso que teve lugar na cidade de Lisboa na década de setenta, que ficou conhecido como "o estripador de Lisboa", sobre um indivíduo que assassinou cinco prostitutas. Embora a polícia tivesse referenciado vários suspeitos, nunca acusou nenhum por não ter encontrado quaisquer provas no local do crime. Mas o facto é que estes crimes aconteceram.Inteligência do criminoso ou incompetência da polícia?
No evento de Alcochete, a polícia também não conseguiu reunir provas claras e palpáveis. Apenas um ou outro indício, insuficiente para fazer acusação. Está claro que a autorização para que o ataque se realizasse só poderá ter passado de boca em boca, sem qualquer outro registo. Depois bastou protegerem-se uns aos outros, sem ninguém a dar com a língua nos dentes. E até me presto a admitir que os intervenientes directos, que receberam o plano da baixa patente, desconhecessem quem deliberou, ao mais alto nível, que aquilo acontecesse.
Dois anos depois, o veredicto final condenou os executantes, mas não conseguiu condenar, por acção ou inacção, os mandantes. E em termos de aplicação de justiça a montanha pariu um rato.
Isto foi bom para o Sporting... como já vi defender? Não me parece. Bruno de Carvalho, do alto da sua "inocência", já começou a apresentar a factura. Que foi uma mera vítima... que fez muito pelo Clube, que quer uma AG para ser readmitido como sócio, e eventualmente voltar a candidatar-se à presidência. Não me parece que essa pretensão tenha viabilidade, mas acredito que continuará a assombrar o Sporting CP com o grupo, ainda numeroso, de fanáticos que o seguem, e que cada vez fala mais alto.
A actual Direcção não pode fazer nada uma vez que não foi ela que o incriminou... nem lhe competia. Quer que o caso se encerre de vez para conseguir alguma paz e estabilidade. Mas na minha perspectiva, que desejava errada, não vai ter da parte do "brunismo" qualquer trégua. Para mal do Sporting.
P.S.: Para os que consideram que a destituição de Bruno de Carvalho foi injusta, quero aqui lembrar que ela não decorreu directamente do ataque à Academia. Resultou de actos ilegítimos, como não respeitar a marcação de uma AG, e consequentemente ter criado órgãos ilícitos paralelos, à revelia dos Estatutos.
Admite-se que Godinho Lopes pode ter sido um mau presidente. Pode ter gerido mal, financeira e desportivamente, o nosso Clube. Não foi o primeiro nem o único responsável. Quando chegou este já estava como se sabe. Mas de uma coisa não o podem acusar: de ter cometido ilícitos relacionados com o cumprimento dos Estatutos. Antes pelo contrário, quando estava para ser marcada uma Assembleia destitutiva, decidiu demitir-se, para dar voz aos sócios na escolha de outra direcção, sem perda de tempo.
Godinho Lopes não foi expulso de sócio, pela sua incompetência governativa. Aliás, com base nesse critério, muitos presidentes deveriam ter sido expulsos. Godinho Lopes foi expulso por revanchismo, por uma Direcção que logo aí deu os primeiros sinais de fumo da sua natureza, mostrando ao que vinha. Quem vivia num mundo de ilusão paralelo é que não percebeu. É curioso constatar que essa expulsão fosse aceite como uma coisa natural sem significado, sem protesto, sem indignação
Godinho Lopes que até tinha dinheiro seu no Sporting, aceitou a decisão e retirou-se para a sua vida privada, porque a tinha, sem qualquer alarido. Deixou de ser sócio, mas não deixou de ser sportinguista, nem andou pela comunicação social a fazer-se de vítima, que na minha perspectiva e em certo sentido, até foi.
O presidente que agora foi expulso e os seus fanáticos apoiantes, são (serão) um caso de estudo na história do Sporting. Com ilusionismo mascarou a realidade e pintou-a com as cores do arco-íris. Após um processo de destituição, durante o qual violou os Estatutos, procurou inviabilizar uma AG legalmente marcada, e criou órgãos paralelos. Já depois de destituído, recusou sair de Alvalade, boicotou contas e procurou impedir a entrada da Comissão de Gestão. Quando saiu não deixou um Clube mais sólido, antes pelo contrário.
O presidente que agora foi expulso, continuou e continua a assombrar a vida do Clube. Depois de ter decidido de tarde que já não era sportinguista e de manhã que voltava a ser, depois de querer ser candidato à presidência quando já não podia, depois de insultar os associados que votaram a sua destituição, depois de continuar a insultar os que o iam expulsar, ainda tem o apoio de uma minoria ruidosa.
Esta gente que demonstra estar refém do culto a uma pessoa como um salvador, não pode ser verdadeiramente sportinguista. E se o for, tem de optar entre a adoração fanática a uma personalidade, ou o apoio incondicional a uma Instituição com 113 anos de história e dezenas de presidentes. Esta Instituição continuará, e a actual Direcção e as que vierem a seguir, cumpridos os seus mandatos, não passarão de meras notas de rodapé. Porque o que continuará a persistir é o Sporting Clube de Portugal, obra de milhões de anónimos, passados e vindouros.
Este Clube urge estabilidade e união. Sem elas nunca se conseguirão grandes vitórias. Mas a estabilidade e a união não podem ser construidas em constante confronto. E para isso há momentos em que é imprescindível fazer rupturas. Nenhuma planta cresce no meio de ervas daninhas. Receio que este corte, necessário, ainda não tenha eliminado a raiz.
Entretanto, a nova época está à porta. O Sporting, que em condições difíceis, conquistou mais títulos na campanha que terminou, que nas cinco anteriores, vê a sua Direcção vaiada por uma minoria deveras fanatizada. Os nossos dirigentes e atletas merecem respeito. Se a cegueira não deixa alguns ver isso, os que põem o Sporting acima de líderes transitórios, devem mobilizar-se no apoio ao Clube.
Não tenho por hábito escrever sobre jogos de futebol ou outras modalidades, em concreto. Raramente comento, porque reservo a minha análise pessoal de técnico de bancada para conversas de café. Esse assunto é abordado, e bem, pelo Rui Gomes, e faz parte da função do Camarote Leonino. Por isso, também quero deixar claro que a minha posição não pode e não deve ser interpretada como crítica a quem gosta de dar opinião, legitimamente, sobre as "peripécias" dos Jogos.
Mas hoje, excepcionalmente, quero expressar-me sobre o último derby, não sobre aspectos técnico/tácticos que já foram aqui abordados, mas sobre a importância desta vitória para a estabilização de que o Sporting precisa. Foi uma vitória limpa e quase "épica" sobre um adversário directo e que vinha de uma situação de equipa quase "galáctica".
O Sporting precisava desta vitória como de pão para a boca. Ultrapassou um obstáculo que para muitos, incluindo até sportinguistas, era quase impossível, e conseguiu emudecer a caterva de adeptos, que rezam a todos os santos, para que o Clube tenha maus resultados. Fiquei feliz, pelo Sporting, por ver que nas redes sociais os fiéis de um passado recente, e os ressabiados da derrota eleitoral, perderam o pio.
Deste modo, a noite das "facas longas" e das "línguas afiadas" está muito mais distante. O Sporting irá disputar a final com um adversário considerado superior, mas tem, como teve neste jogo, possibilidades de vencer, pela crença, pela vontade, pela dinâmica. E se se conquistar esta Taça de Portugal, esta Direcção consegue mais títulos em seis meses, que a anterior em seis anos, apesar das condições em que encontrou o Clube.
A tarefa não vai ser fácil e precisa da unidade dos que põem o Sporting acima de agendas pessoais. E é preciso ser pragmático para perceber, que mesmo que a Taça seja nossa, há muito trabalho a fazer para continuar a reestruturação do Clube, com passos firmes e consistentes.
Esta vitória foi um importante balão de oxigénio para uma Direcção que ainda não pode ter um só momento de algum descanso e paz. Mais do que necessário é absolutamente fundamental que as vitórias continuem, porque só assim é que os contestatários, saudosos de um triste passado, sejam eles os moderados que por aqui intervêm, ou os radicais e mal-educados que andam pelas redes sociais, se calem de vez, moderem a "língua afiada" e percam a esperança de sonhar com uma escura noite de "facas longas". Para bem do Sporting !
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