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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Norte-americanos sempre foram muito inovadores; na vida, no desporto e, neste caso concreto, no futebol. Para aqueles que ainda se lembram da antiga North American Soccer League (NASL), onde Pelé, Franz Beckenbauer, Johan Cruyff, Carlos Alberto e Johan Neeskens, entre outros, terminaram as suas brilhantes carreiras, devem igualmente recordar as regras inovadoras que foram então implementadas, ao ponto da FIFA se sentir ultrapassada e ameaçar classificar a Liga como clandestina, caso não aderisse às regras do futebol Mundial. O litígio perdurou algum tempo, mas a Liga acabou por abdicar.
Uma dessas regras, que ainda hoje considero válida, sem ser uma solução perfeita, tinha a ver com o fora de jogo. Todos os relvados da NASL tinham uma linha azul, sensivelmente a dois terços de cada metade do campo, e o fora de jogo só era aplicável a partir desse ponto. O resultado foi que simplificou as tomadas de decisão dos árbitros auxiliares e "abriu" o jogo, tornando-o mais ofensivo.
De qualquer modo, não é este o ponto principal deste meu artigo. A época oficial da Major Soccer League (MLS) teve o seu início este fim de semana e no jogo entre New York Red Bulls e Toronto FC - que terminou com uma vitória da equipa canadiana, por 2-0 - houve uma jogada que vai implicar a intervenção do Conselho de Disciplina, intervenção esta em que o objectivo é teoricamente semelhante ao processo que em Portugal é denominado "sumaríssimo", mas assente em regras muito diferentes.
O Conselho de Disciplina da MLS consta de três ex-jogadores, um ex-treinador e um ex-árbitro. Este organismo revê automaticamente todos os lances de cada jornada em que houve decisões controversas de arbitragem, em contexto, lances em que houve excesso de agressividade física por parte de um jogador, lances em que um jogador saiu do terreno lesionado e ainda lances em que faltas foram assinaladas e que levaram os árbitros a mostrar o cartão amarelo.
Temos aqui a parte mais importante da função deste Conselho de Disciplina: tem a autoridade, e o dever, de aplicar punição adicional se, no seu entendimento, um qualquer lance que apenas resultou num cartão amarelo, for merecedor do cartão vermelho, onde o jogador agressor ameaçou a integridade física de um adversário, indiferente se o lance em questão provocou ou não lesão. Por outras palavras, o processo "sumaríssimo" português, num enquadramento mais alargado.
É por de mais óbvio que esta questão surgiu-me e motivou este post, pela entrada com os pitões em riste de Renato Sanches sobre Bryan Ruiz. O lance foi ajuizado pelo árbitro in loco e de acordo com as regras do futebol português mais nada há para fazer. Na MLS, no entanto, o jogador "encarnado" estaria sujeito a punição adicional pela iniciativa do Conselho de Disciplina da Liga, sem necessitar de queixa por parte do clube do jogador agredido.
A MLS ainda tem uma outra regra interessante e merecedora de consideração. Envia um comunicado aos clubes a fim de alertar que um jogador vai estar sob observação, por reincidência de entradas excessivamente agressivas, em que considera que a integridade física de um qualquer atleta foi severamente ameaçada. Não dá para imaginar esta regra em Portugal, mas nem por isso deixa de ser válida.
Nota: O título do post, em inglês, pode ser interpretado de diversas maneiras em português. Uma dessas interpretações é "cada louco com a sua mania", ou ainda, "cada um ao seu".
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