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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting tinha no final de Setembro um encargo de 6,72 milhões de euros por liquidar em comissões para intermediários em negócios de compra e venda de passes de jogadores. É um montante 35% superior ao saldo que se verificava a 30 de junho (4,98 milhões).
Os números constam do relatório e contas que a Sporting Clube de Portugal Futebol SAD publicou esta segunda-feira na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde reporta um lucro de 24,7 milhões de euros no período de julho a Setembro. Os ganhos do primeiro trimestre da época 2017/2018 caíram face aos 62,9 milhões de lucro no ano passado, devido, fundamentalmente, à queda no encaixe com a venda de jogadores.
No Relatório e Contas agora publicado, o Sporting apresenta um saldo por liquidar com fornecedores externos no valor total de 16,5 milhões de euros, 21% acima do verificado em junho. Daquele montante há uma parcela de 9,8 milhões de euros não discriminados. Os restantes 6,7 milhões estão identificados e respeitam a empresários e empresas que participaram na aquisição de passes de futebolistas.
Recorde-se que o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, foi uma das vozes mais críticas aos gastos dos clubes de futebol com intermediários. Em 2013, numa entrevista ao "Jornal de Negócios", o presidente dos leões foi contundente: "O Sporting pagava comissões de tudo! Se fazia compras ainda pagava adicionalmente uma comissão, se fazia vendas – e aí faz todo o sentido – pagava uma comissão, muitas vezes também poderia pagar uma comissão sobre os próprios ordenados. E é fácil perceber que essa é uma das causas que faz com que vários clubes estejam na situação financeira em que estão".
Há quase três meses o Sporting enviou à CMVM uma lista detalhada dos seus gastos com comissões nos negócios feitos durante o Verão, para recomposição do seu plantel para a presente temporada. Globalmente, essas transações implicaram comissões da ordem dos 8,5 milhões de euros.
Muitos dos negócios e comissões que surgem agora na lista de pagamentos a fazer (à data de 30 de Setembro) já estavam referenciados na lista de transações reportada ao mercado a 21 de Setembro.
O fornecedor que no final de setembro tinha o maior valor a receber do Sporting era a Team Spirit Football Consulting, empresa que intermediou a entrada de Jérémy Mathieu para os leões. O passe foi adquirido a custo zero, mas com uma comissão para a Team Spirit de 2 milhões de euros. Em setembro o Sporting tinha por pagar a esta empresa 1,22 milhões.
Há outros intermediários de relevo na lista de pagamentos a fornecedores do Sporting, como a Buttonpath, que em Setembro tinha por receber 852 mil euros do Sporting, e que esteve envolvida nas saídas dos jogadores Rúben Semedo, Paulo Oliveira e Marvin Zeegelaar.
O terceiro intermediário na lista de pagamentos era Marcelo Simonian, com 800 mil euros por receber. Simonian participou na aquisição do passe de Marcos Acuña, a mais cara contratação do Sporting esta época (quase 10 milhões de euros). Estes 800 mil euros de comissão já haviam sido reportados à CMVM a 21 de Setembro.
A lista de empresas fornecedoras de serviços, nas contas do primeiro trimestre, incluem ainda a Pasqualin D'Amico Partners, LMP Bomore, Hency Trading Limited, For Gool, Gondry Financial Services, Laco Investments, Positionumber, Universal Management, Football Capital, Proeleven e Soccer Club Properties.
Entre os intermediários que deixaram de estar na lista de fornecedores dos leões está a Energy Soccer, empresa fundada por Alexandre Pinto da Costa, mas da qual o filho do presidente do Futebol Clube do Porto se desvinculou ainda em 2016, alienando a sua participação à empresa Pesarp.
Se os montantes a pagar a intermediários cresceram no primeiro trimestre da temporada 2017/2018, os encargos por saldar com clubes baixaram: caíram de 27,5 milhões de euros em junho para 20,8 milhões em Setembro.
Neste capítulo, o maior credor do Sporting era a Sampdoria, que tinha 4,25 milhões de euros por receber, seguida do Racing Club, com 3,3 milhões a seu favor, e do Wolfsburg, com 2,5 milhões por receber.
Braga, Real Madrid, Estoril-Praia e Corinthians constam também da lista de outros clubes aos quais o Sporting ainda tinha pagamentos a realizar no final de Setembro.
A Sporting SAD apresentou os resultados relativos ao 3º trimestre de 2015/2016 à Comissão de Mercados e Valores Mobiliários. Segundo o diário A Bola esta apresentação de contas foi feita com atraso. Sabe-se que há sanções previstas no caso deste tipo de incumprimento.
Integrando-se estes resultados no contexto do exercício anual de Julho de 2015 a Junho de 2016, verifica-se que a Sporting SAD obteve até esta data um prejuízo no valor de 17,1 milhões de euros. O prejuízo é justificado com os "gastos associados a situações não recorrentes, no caso em apreço devido ao processo Doyen", que obrigou a constituir uma provisão no valor de 14,1 milhões de euros. No entanto, não havendo valores oficialmente confirmados, consta-se que será paga à Doyen uma quantia superior à que foi provisionada.
Se confrontarmos este prejuízo de 17,1 milhões de euros com o lucro de 22,1 milhões de euros que foi alcançado no período homólogo anterior, constata-se que existe uma preocupante perda de 39,2 milhões de euros.
No período restrito de Janeiro a Março de 2016, a Sporting SAD apresentou um lucro de 1,04 milhões de euros, fazendo com que o resultado do exercício anual até este momento se situe nesses 17,1 milhões de euros de dano.
Houve um crescimento acelerado nos custos com o pessoal. Nos primeiros nove meses, a Sporting SAD gastou 35,7 milhões de euros em salários e seguros, praticamente o dobro em relação ao período precedente. Neste aspecto, suscita alguma apreensão o facto de se prever ainda um maior investimento no futebol nos próximos meses.
Na rubrica dos gastos com pessoal fica-se, ainda, a saber que as remunerações dos órgãos sociais contemplaram um crescimento muito significativo: pagaram-se 320 mil euros, quando no período homólogo anterior foram 130 mil euros (um aumento de 146%).
No primeiro trimestre do actual exercício, a SAD obteve rendimentos de 7,6 milhões de euros com a venda de passes de jogadores, muito inferior aos 21,7 milhões de euros obtidos no mesmo período do desempenho antecedente. Conseguiu-se um saldo positivo de 1,5 milhões de euros na diferença entre a compra e a venda de passes desportivos de jogadores (16,1 no ano anterior). Excluindo eventos extraordinários, os resultados operacionais foram positivos (637 mil euros), muito abaixo do que foi registado no período do exercício transacto (23,8).
Ao contrário do que chegou a constar, a SAD do Clube continua a pagar elevadíssimas comissões a empresários. Houve lugar ao pagamento de mais de 1,8 milhões de euros em comissões pela contratação de cinco jogadores no mercado de transferências em Janeiro. Desta quantia, 1,3 milhões de euros referem-se a Bruno César. No que diz respeito às saídas de jogadores no mercado de inverno gastaram-se 400 mil euros em comissões. Portanto, pagam-se comissões a empresários em situações de venda e de compra de direitos desportivos de jogadores. Ironicamente, este valor é superior ao que consta no último R&C de Godinho Lopes.
Foram alienados passes desportivos de alguns jogadores, sem haver lugar à entrada de qualquer verba financeira. Foi o caso de Marcelo Boeck, Valentin Viola e Diogo Salomão, ficando a Sporting SAD com direito a uma determinada percentagem quando se verificar uma futura transferência de clube.
Há no presente relatório outros resultados que permitirão uma avaliação mais favorável, mas os que são realçados neste texto, pelo seu carácter e grandeza, suscitam uma séria apreensão. Nomeadamente pelas seguintes razões:
- A reestruturação financeira que foi anunciada em 2013 ameaça revelar-se inconsequente;
- O passivo cresceu de forma significativa, estando agora nos 245,5 milhões de euros (228,5 em 30 Junho de 2015);
- A Sporting SAD continua pagar aos empresários elevados valores em comissões;
- Serão vendidos os passes de jogadores nucleares para ser possível cumprir o que está determinado no Fair-Play Financeiro da UEFA;
- Persiste a prática antiga de recorrer à venda de direitos desportivos de jogadores para acorrer a situações de desespero financeiro.
A Sporting SAD comunicou à CMVM os resultados do 1.º semestre de 2012/13 ( 1 de Julho a 31 de dezembro de 2012) que apresentam um montante líquido negativo de 21,8 milhões de euros - mais 2,8 milhões do que no mesmo período da época passada - com o passivo a fixar-se em 243,5 milhões de euros e o total de activos em 145,9 milhões de euros. Números alarmantes, indicativos da já reconhecida má gestão desportiva. Não me vou pronunciar sobre as contas, por ser uma área que não é da minha maior perícia e considerando, ainda, que o documento em questão consta de 43 páginas. Extraí alguma informação mais relacionada com o movimento de jogadores:
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