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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Durante a batalha de La Lis, na Primeira Guerra Mundial, o soldado Milhais do Exército Português teve um desempenho de grande mérito, razão pela qual o seu comandante lhe disse. "tu és Milhais mas vales milhões". Passou desde então a ser condiderado um herói, conhecido como o soldado Milhões.
No Sporting também temos um "milhões", que quer ser herói, mas que não passa de um "soldadinho de chumbo" porque pauta o seu comportamento, não pelo heroísmo, mas pela vigançazinha, aliada à ambição de poder pessoal. Chama-se Ricciardi.
Ricciardi, há muito ligado ao Sporting CP, de uma forma algo obscura, quer ser presidente, com toda a legitimidade. Por essa razão concorreu às últimas eleições, tardiamente, e com uma equipa pouco recomendável, tendo sido derrotado por "goleada" em relação aos dois primeiros candidatos.
Foi um derrotado que nunca aceitou a derrota. De tal modo assim, que ainda o vencedor não tinha sido empossado já se considerava oposição, legitimamente. O que parece menos legítimo, é ter enveredado de imediato por uma guerrilha constante contra a Direcção eleita, movendo influências para a prejudicar, o que significa prejudicar o Sporting.
Varandas, desde a sua posse, não teve um minuto de paz, estando permanentemente a ser colocado entre a proverbial espada e a parede. De um lado, pressionado pelos 'brunistas' que continuam a acreditar na ressurreição do seu "salvador", e por outro, da oposição de Ricciardi, que tudo tem feito para criar condições para o derrubar. No fundo são duas faces da mesma moeda. Não será por acaso que o "soldadinho" apoiou o destituído até ao limite do razoável.
O "soldadinho milhões" pede a demissão da actual Direcção e, para convencer os mais distraídos, acena com paletes de dinheiro, treinador de top e jogadores de alto gabarito. Este soldadinho de chumbo, está nos antípodas do verdadeiro Milhões. Não age em função dos interesses de um colectivo, o Sporting, mas antes no interesse do seu projecto pessoal de poder, e na vingança a um ódio de estimação, gerado durante os debates da campanha.
Está provado que a acção dos homens providenciais quase sempre conduz ao desastre. O Sporting já teve a sua dose. Precisa mais de homens comuns, como todos nós, que agem dentro da normalidade, e algumas vezes cometem erros. Mas que devem merecer respeito e esperar-se que façam o trabalho que precisa de ser feito.
O Sporting está num beco difícil há muito tempo. Precisa de sair desse beco para uma rua aberta onde tenha espaço para andar e progredir. E essa rua é longa e cheia de escolhos, que é preciso ultrapassar, com tempo e segurança. Se assim não for, o Sporting, iludido por charlatães, não conseguirá sair do beco.
P.S.: Este texto pode não ser, aparentemente, muito oportuno, no sentido em que não se deve ligar a cantos de sereia. Mas a verdade é que há sempre quem não resista a esses cânticos. Este texto justifica-se porque a desestabilização que existe de forma constante há seis meses, não contribui para a recuperação do Clube, e os sportinguistas devem estar atentos e perceber que é impossível ter, ao mesmo tempo, sol na eira e chuva no nabal.
Os sócios votantes escolheram, por maioria, Frederico Varandas para dirigir o Sporting. Se foi a melhor escolha entre as disponíveis só o tempo o dirá. O Presidente Varandas está no exercício das suas funções há cerca de trinta dias. Ainda nem teve tempo para conhecer os cantos à casa, de estudar os complicados dossiês que tem que resolver, e já andam no ar poeiras de contestação.
O Presidente e a Direcção têm nas mãos, entre outros dossiês urgentes, o problema das rescisões, o lançamento do empréstimo obrigacionista, e a necessidade de conseguir meios financeiros para gerir o dia a dia. A importante questão da resolução das rescisões é, no imediato, a melhor forma de conseguir dinheiro para satisfazer compromissos. O pior que pode acontecer, é deixar arrastar, por anos, os processos nos tribunais, sem ter a certeza de os poder ganhar.
A situação financeira do Sporting é muito difícil. Exige medidas imediatas. Contudo, os adeptos concentram-se num mar de discussões - com todo o respeito - de "lana caprina", com questiúnculas à volta da prestação da equipa principal de futebol, que apesar da situação existente, vai fazendo o seu percurso. Compreendo a ansiedade do adepto por títulos, mas não se pode ignorar a situação real em que se encontra o Clube.
O ex-candidato Ricciardi, passado um mês, sublinhe-se, veio a terreiro pôr mais achas na fogueira. A sua intervenção tem duas faces. Uma em que descreve a situação financeira do clube, que tem o condão de alertar os associados para as sérias dificuldades que existem, e que parecem ignorar, outra, onde ataca o Presidente eleito, quase o responsabilizando pela situação de que não é responsável. Como sportinguista, melhor faria, em se disponibilizar, para ajudar esta Direcção, com o fez em relação a anteriores. Mas o espírito de vingança prevalece. Mesquinho. E digo-o com toda a propriedade, pois cheguei a ter simpatia pela sua candidatura.
O Sporting é um Clube mesmo muito grande. Só assim se explica que vá resistindo, a este permanente espírito de "harakiri".
Muitíssimo pior do que os nossos adversários, são os amigos internos, que consciente e inconscientemente, se degladiam em lutas fratricidas. Não é hora de dissensões, é hora de união para recuperar o Clube. Não há bons resultados no plano desportivo, sem finanças sólidas e sem unidade na acção. Era aí que se deviam concentrar as energias. O sucesso desportivo é uma consequência.
É mesmo conversa para inglês ver, mas não só, também para consumo dos sócios do Sporting nestes últimos dias de campanha eleitoral.
Refiro-me ao artigo de hoje no Record, obviamente encomendado pela candidatura de José Maria Ricciardi, sobre as supostas démarches em curso para devolver Adrien Silva a Alvalade na próxima janela de transferências de Janeiro.
Ele tanto vai regressar como Slimani regressou. Foi contratado pelo Leicester há um ano por 24,5 milhões de euros. Devido aos problemas de registo com a sua inscrição, só começou a treinar em Janeiro 2018. Tem contrato até Junho de 2021 e apesar do seu passe ter sofrido alguma desvalorização, ainda bate nos 20 milhões de euros. Além disso, nem sequer vale a pena falar do seu salário, muito distante das capacidades orçamentais do Sporting.
No entanto, indica o referido jornal que os "homens fortes" de Ricciardi, José Eduardo e Marco Caneira, já conseguiram um suposto "princípio de entendimento" com o jogador e, posteriormente, abordarão a sua entidade patronal, caso, evidentemente, Ricciardi seja eleito presidente.
Tudo conversa "fiada" sem o mais pequeno fio de verdade, que visa apenas caça ao voto. Ironica e lamentavelmente, há quem acredita em toda a "banha da cobra" que surge no mercado. Não há mais de duas horas tive uma conversa com um amigo meu sportinguista que defende veemente a fábula.
José Maria Ricciardi e João Benedito defrontaram-se esta quarta-feira à noite em mais um debate para as Eleições que terão lugar no dia 8 de Setembro.
José Maria Ricciardi
"Concordo que todos nós temos os nossos pontos de vista, temos de saber respeitar e apresentar os nossos argumentos e deixar à consideração dos sócios.
O Sporting, ao longo dos tempos, a sua fragmentação tem vindo a aumentar. Foi muito desenvolvido nos últimos tempos, pela direcção que teve... Costumo dizer que o maior adversário do Sporting temos sido nós próprios. Temos de saber reconhecer isso.
No meu entendimento já tivemos belíssimas equipas, jogadores e treinadores... e não ganhámos. Acho que esta fragmentação também se transmite à equipa, ao balneário. Tenho falado a muitos que já foram campeões nacionais, que me disseram que na altura havia união. Ou conseguimos, como achamos que podemos, voltar a isso, ou corremos o risco - e não quero vir com mensagens negativas - de ficarmos arredados de uma realidade que se está a transformar num fosso, entre os que conseguem ir às provas europeias e os que não. Não temos mais tempo para isso. Temos de ter um clube com coesão. Estamos aqui e achamos que podemos fazer isso.
É um dos aspectos mais decisivos para o futuro do Sporting."
João Benedito
"Já disse várias vezes, tivemos esta clivagens entre croquetes, Brunistas e outras definições... Somos todos sportinguistas, sócios e adeptos! É importante que este clima deixe de existir. Aculturou-se este clima de ódio entre nós próprios. Esta situação irá deixar de existir depois das eleições.
Não vamos gastar um único cêntimo nas redes sociais para potenciar o relacionamento hostil entre os nossos adeptos. Queremos cativar toda a gente a estar no Sporting, com opiniões divergentes. As pessoas têm naturalmente ideias e formas de actuar diferentes, mas debatamos aquilo que são as ideias e projectos e que sejam tidas em conta. Temos é de perceber quando estamos a prejudicar o Sporting e quando nos estamos a beneficiar a nós próprios. Temos de identificar formas de ajudar o Sporting. A estratégia tem de falar a uma só voz, institucional".
Se o leitor não assistiu ao debate na Sporting TV, referimos esta extensa reportagem do jornal Record.
José Maria Ricciardi apresentou a sua lista de candidatura esta quarta-feira e, na minha opinião, deu um tiro no pé, porventura fatal, ao anunciar que José Eduardo é o seu "homem-forte" para o futebol.
Nos elogios de apresentação, Ricciardi evocou o "grande sportinguismo" de José Eduardo, homem com "experiência extraordinária", "campeão nacional pelo Sporting" como jogador e presidente do Sindicato dos Jogadores.
Com tudo isto, é uma pessoa que carece significativamente de credibilidade e que não merece o meu respeito. Por isto, não posso, de boa consciência, apoiar esta candidatura, que eu esperava que fosse forte em termos de estrutura humana.
Uma outra inclusão na lista, que não "aquece nem arrefece", é Zeferino Boal, que desistiu da sua própria candidatura para se juntar a José Maria Ricciardi. O homem que procura eternamente o protagonismo mediático em actos eleitorais, mas que nunca chega a lado algum.
Embora reconheça que falta mais de um mês até os sportinguistas irem às urnas, começo a ficar preocupado com as apresentações dos candidatos. Muito do politicamente correcto, muito do que eles pensam que os sócios e adeptos gostam de ouvir (e de comer, pelos vistos), muito adorno superficial, mas muito pouca substância.
Nutro alguma simpatia por três dos candidatos, mas nenhum ainda me verdadeiramente convenceu que é merecedor de ser líder do nosso Clube.
Deveras intrigante como José Maria Ricciardi está a tornar-se cada vez mais numa figura central na campanha eleitoral em curso, em apoio a Bruno de Carvalho. A sua resposta à muito reveladora carta aberta de Godinho Lopes, foi lançar a acusação que o antigo presidente "está por trás de Pedro Madeira Rodrigues". Muito além da ausência de fundamento factual e palpável, é por de mais óbvio que a imputação visa desviar atenções do que realmente merece reflexão.
Antes de referir a reacção do candidato da lista "A", não podemos deixar de adiantar uma consideração que nos confrontou desde que tivemos ocasião de ponderar o conteúdo da referida carta: se alguma parte desta não corresponde inteiramente à verdade - e isto também é aplicável à tão badalada reestruturação financeira - era de esperar que Sikander Sattar (KPMG) viesse a público desmentir Godinho Lopes, especialmente considerando o seu apoio a Bruno de Carvalho, verificável pela sua inclusão na notória comissão do ainda presidente do Sporting. Como tal não aconteceu até ao momento, só nos parece lógico assumir que é tudo verdadeiro. Nenhum outro argumento faz sentido, por muito que se pretenda adornar o caso.
Tudo isto não obstante, a candidatura de Pedro Madeira Rodrigues reagiu em comunicado à acusação de José Maria Ricciardi, classificando esta como uma "mentira intencional e deliberada".
Leia o comunicado na íntegra:
"Só há uma verdade...
Muito pensei e hesitei antes de decidir intervir em plena campanha eleitoral do Sporting Clube de Portugal. E isto porque me considero um indivíduo isento, que gosta muito do seu Clube e que naturalmente segue com atenção, ainda que à distância, este momento eleitoral.
Na verdade, desde cedo intuí que não me surpreenderia com o facto de que qualquer um dos candidatos falasse de mim ou usasse indevida ou abusivamente o meu nome. Afinal, já mesmo fora do contexto deste processo eleitoral foram a meu respeito proclamadas calúnias várias que, a seu momento e no devido local, os tribunais, esclarecerão os Sportinguistas e o público em geral sobre a verdade.
Posto isto, o que me levou a escrever estas palavras é, por um lado, a revelação de uma gravação; e, por outro, a invocação do meu nome por parte de José Maria Ricciardi num tom e numa linguagem que considero, no mínimo, ligeiros e abusivos.
Já muita gente irresponsável me destratou na televisão do Sporting e em outros meios de comunicação social. Mas sim, é gente irresponsável e sobre a qual não nutro qualquer respeito - tenha essa gente o lugar que tiver no clube... Gente que se considera maior do que o Sporting e que, por uma estrita questão de ego, acredita estar acima do Clube. Mas essa gente simplesmente ignoro-a e não dou resposta.
No entanto, crendo ainda ser José Maria uma pessoa de bem, entendo que devo repor a verdade em duas frentes:
- sobre a gravação, ouvi com atenção, telefonei a Sikander Sattar (pessoa em que acredito) e fiquei sem dúvidas de remontar a 2013. Não posso deixar de criticar veementemente a forma como se grava uma "reunião" e se usa a mesma, como se os presentes tivessem sabido e concordado na sua divulgação. Sobre o conteúdo, seguramente, quem esteve presente explicará;
- no que se refere ao propalado Plano de Reestruturação, não é natural que José Maria Ricciardi, embora não participando nas reuniões, ignorasse que se fizeram em 2012 e nos princípios de 2013. Embora Sportinguista dos "quatro costados", mas isso somos todos, prejudicou e sobremaneira o Clube pelas suas atitudes de querer controlar os candidatos. E não gostei das afirmações que ouvi.
José Maria "empurrava" Sikandar Sattar (e este sim, deu a cara vezes sem conta pelo Clube) para que convencesse os bancos a ajudar o Sporting. E também é verdade que José Maria me apoiou depois e que me acompanhou nas reuniões do Conselho Directivo.
Mas também no seu modo de querer controlar, recordo que Daniel Sampaio, em entrevista ao Diário de Notícias, revelou jantares com Eduardo Barroso nos quais diz que José Maria o incitava a ser Presidente - quando eu ainda era o Presidente. E já fora assim em 2009, com José Eduardo Bettencourt, quando se hesitava entre este actual administrador do Novo Banco e Eugénio Dias Ferreira como candidatos.
Não foi assim comigo pois, quando me pediu para ir a uma reunião, no início de 2011, convencido de que me iria condicionar, tratei de, taxativamente, o informar de que seria candidato às eleições.
Caro José Maria, sabes que a Reestruturação financeira estava pronta. Pronta, mas não por ti nem contigo. Pronta, sim, numa reunião final na KPMG, com os administradores dos dois bancos credores, Millennium e BES, Sikander Sattar e comigo.
Caro José Maria, quem salvou o Sporting foram os Sportinguistas, não algum Salvador ou milagre.
O tempo encarregar-se-á de repor a verdade e não é por tantas vezes invocares o meu nome que o "milagre" se vai fazer.
Cumprir com os bancos no primeiro ano não foi obra de um grande gestor, foi apenas obrigação, para sobreviver. A partir daí basta olhar para as contratações e o desatino total.
Agora, caro José Maria, tanta preocupação e interesse, para mais consubstanciados ao longo de tantos anos de intervenções na sombra, não crês que estaria na altura de te candidatares e de, assim, demonstrares o teu amor, que conheço, pelo Sporting Clube de Portugal? E demonstrares que, como eu, não precisarias de te servir do Clube nem do Clube para viver? Ou será que nunca o farás por teres a perfeita noção, por fora claro, dos prejuízos pessoais, familiares, económicos, empresariais e de imagem que tal decisão acarreta - como em mim acarretou?
Sabes bem que o Sporting está acima de mim e que eu, por ele, me tenho mantido calado. Mas quando falam de mais de mim e me destratam de forma vil e mentirosa, não me calo. Nem hoje, nem nunca!"
Análise Financeira por Bruno de Carvalho. A razão pela qual a RTP negou o Serviço Público...
Este é o verdadeiro projecto em curso no Sporting
Um documento-audio recentemente tornado público através das redes sociais, onde José Maria Ricciardi e Sikander Sattar – quais agentes administrativos da nossa SAD – refutam intenções de privatização/aquisição do Capital Social da SAD do Sporting, merece a devida reflexão por parte de todos os adeptos, em menor ou maior grau de familiaridade com a real situação económica do Clube. Trata-se de um dos maiores tabús leoninos – perder a maioria do Capital Social do Sporting para uma entidade privada. Um tema que conheço, sob o qual tenho já “assobiado” de soslaio em diversos textos pelo Camarote. Um dia estimado leitor, este será um tema obrigatório. Seja enquanto continuarmos nas mentiras presidencialistas que não revelam a verdade, seja quando acontecer a bancarrota voluntária/involuntária do Sporting, ou no dia em que estes dois senhores tomarem conta do nosso Clube – que ninguém duvide que existem pessoas a aguardar pelo momento certo para entrarem no Sporting. Bruno de Carvalho ainda não percebeu. E mesmo que tenha percebido, sabe que não tem arcaboiço para os dois anteriormente referidos. A “Restruturação” foi a pior coisa que poderia ter acontecido ao Sporting. Em Abril de 2016 mencionei algo a respeito. Ficámos à mercê.
O que valem as pessoas.
O Sporting está virtualmente erguido, mas estruturalmente de rastos. A minha modesta contribuição como redactor no Camarote, fundamentada com insistência em assuntos de ordem económica, intenciona o direito como sportinguista – de convicção e carácter – que me assiste, em alertar para o que se anda a passar de facto no Clube. Algumas reacções sensíveis à discussão destes temas, que aqui e além se foram manifestando embora engolidas pelo tempo, demonstram que infelizmente estamos pouco preparados para entender a verdade sobre algo inadiável. Para tal, muito contribui esta mentira que nos vendem todos os dias relativamente à “consagrada” salvação do Clube.
Conheço e acompanhei com consonante proximidade a ascensão de Sattar até à cerca de 10 anos. Um homem cuja remansada presença não revela a ubiquidade que detém em diversos quadrantes da nossa sociedade – a superior inquietação deste senhor foi desde sempre o poder da comunicação social, e per si, o desmantelamento ao abrigo da lei do que será a desresponsabilização de um "mero" auditor numa falência de milhões. Multiplique-se Sattar por 5, e obtemos a génese dos “donos disto tudo”, nesta nossa Nação tanto portuguesa, como sportinguista. Tudo isto começa quando o vazio se torna em heroísmo, ou quando o apedeuta se revê no mais talentoso dos seres.
Ontem mentira, hoje verdade. Amanhã ninguém se lembra.
Um exemplo em como a pouca-vergonha está instalada. O recente debate presidencial foi um lamentável exemplo do vazio no qual o nosso Clube se encontra, no que respeita a uma matéria humana crítica e conhecedora, capaz de impedir que o Sporting tenha os seus dias contados. Ignorando que outros detenham igual acesso ao conhecimento das reais contas do Clube como o próprio, Bruno de Carvalho teve a ousadia de – através da apresentação de prints feitos a mando ou pelo próprio – mentir em relação a números:
– “Redução do Passivo em 88 Milhões”, desconhecendo que o mesmo foi transformado em Valores Convertíveis e transportado para uma diferente secção do Relatório & Contas.
– “Melhoria dos Capitais Próprios em 90 Milhões”, quando na realidade se trata de uma consequência directa da medida acima descrita.
– “Resultados sempre acima de 3 Milhões…”, o que por redundante lapso, apenas acontece em 2015 (2014 foi positivo mas apenas nos €368 Mil, e não €3 Milhões), com um 2016 a terminar nos €31 Milhões negativos…
– “Resultados da SAD sempre positivos 2 anos”, assumindo posteriormente a versão correcta, sem se aperceber.
– “Direitos de TV em 2012 de €12,500 Milhões, 2013 de €11,5 Milhões, 2014 cerca de €15,300 Milhões, 2015 de €20,5 Milhões, 2016 de €26,218…”, extrapolando os números sob sua gestão – em 2015 foram €17,353 e 2016 foram €24,809 Milhões.
– “Passámos os patrocínios e publicidade de €9,5 Milhões para €12 Milhões”, quando na realidade o Sporting baixou de €10,181 Milhões de 2015 para €9,921 Milhões em 2016.
Que nos tenha passado ao lado por mero desconhecimento, considera-se aceitável. Mas vergonhoso foi, quando em pleno directo com 1h30 de debate, Bruno de Carvalho omite a brutal ascensão dos seus custos operacionais em Junho de 2016, através de um gráfico onde a linha dos custos se submete visualmente à referência dos proveitos, empolando a verbalização dos ganhos, encobrindo a mais do que duplicação de custos com imparidades de 2016 (€80,110 Milhões) em relação a 2014 (€31,081 Milhões). Se o leitor tiver interesse em fazer estas contas, facilmente percebe que Markovic, Elias e Meli são dispensados para evitar a apresentação de Custos com Pessoal em Junho de 2017, na ordem dos… €62,950 Milhões/estimativa, tendo como base os valores apresentados no último trimestre.
Existem Óscares para gestão financeira em Portugal?
Estamos a falar de um valor em ordenados que supera em 400% o Orçamento Anual desejado para o Futebol – temos de entender que só com Ofertas Públicas de Subscrição e Cash-Advance o Sporting pode ombrear com orçamentos de SL Benfica e FC Porto – por enquanto esta é a realidade que temos de aceitar, a bem ou a mal. Estamos a falar que só em vencimentos da estrutura do Futebol, os Rendimentos Operacionais são absorvidos em quase 93%. Qualquer aluno de Ensino Secundário, com razoável conhecimento de Matemática, sabe que isto é o mais aproximado a uma tragédia – fazer contas a transacções de atletas para desculpar esta alarvidade, é o caminho que Ricciardi e Sattar desejam que os adeptos façam.
Uma palavra para Pedro Madeira Rodrigues
Pedro Madeira Rodrigues, independentemente da apreciação que cada um de nós faça ao talento para o cargo a que se candidata, merece o respeito de todos os sportinguistas. Para lá de um homem calmo ou acutilante, diplomático ou acusador, está um ser humano que tem uma família e uma carreira, e que em prejuízo destes, tomou a decisão que tomou – arriscar por aquilo que acredita. Em 2 meses, Madeira Rodrigues estruturou uma equipa e uma campanha, viajou e reuniu. Seguramente que nem tudo lhe correu bem, mas de certeza que neste período, fez mais trabalho institucional que Bruno de Carvalho em 4 anos. E tudo isto, sempre de sorriso e olhar amigo, não por benefício pessoal, mas pelo Sporting.
Se ganhar, merece o apoio de todos. Se não vencer, todos lhe devemos uma palavra de amizade por aquilo que ofereceu, de livre vontade.
O que ontem era verdade hoje é mentira... e vice-versa.
Falando no Núcleo Sportinguista de Vendas Novas, Pedro Madeira Rodrigues respondeu à letra a Ricciardi, pela ameaça deste de avançar com um processo-crime em Tribunal, por difamação:
«Uma pessoa dessas colocar-me um processo é um prazer. Ele de facto já deve ter levado com muitos, é a primeira vez que levo um.
Jaime Marta Soares também me ameaçou. É uma das medalhas que levo desta campanha. O que disse ontem é verdade. Disse o nome dele, mas devia ter dito BESI ou Haitong. Eles ganharam comissões, tenho provas disso.
Caso se confirme o processo, Ricciardi não tem qualquer chance de ganhar. Vai ser muito bom vencermos estas eleições e vermo-nos livres de Ricciardi. É um putativo presidente do Sporting, que nunca teve a coragem que eu tive de se lançar para presidente. Pode ser que daqui a quatro anos seja um adversário meu».
(...) "É extraordinário [o desempenho do Sporting esta época], pois a equipa é praticamente a mesma."(...)
J.M. Ricciardi
Creio que Ricciardi não vê um jogo do Sporting há uns meses bastante largos... A equipa é praticamente a mesma!? Só se o "praticamente" for com a excepção de todos os reforços recebidos na era Jesus, claro está! Bem diz Leonardo Jardim que, para ser melhor do que ele, Jesus vai ter de ganhar o título.
Quem desejar saber a verdade, toda a verdade, e nada menos do que a verdade, deve ler a crónica de hoje de José Eduardo, no jornal "A Bola", intitulada:
«História - A revolução no SCP (XLVII)»
(O acordo entre Ricciardi e Bruno de Carvalho)
Aparentemente, o "Zé dos Tachos" continua a ser o papagaio de serviço, mesmo com o "blackout" em vigor.
Muito especial, apenas hoje, pode ler aqui a edição deste sábado do jornal "A Bola". Na realidade, não devia promover este diário e menos ainda o artigo do acima referido. Enfim...
Respondendo a um desafio do nosso comentador HY, que apesar de muitas vezes estar em desacordo connosco, sempre o fez com enorme inteligência, respeito e educação, permitindo um debate civilizado de ideias - ao contrário de outros que parecem ter inclinações mais belicosas -, passarei aqui a dar a minha interpretação sobre as palavras do Dr. Ricciardi:
“O que eu penso que se conseguiu foi uma reestruturação que foi positiva, não só para os dois bancos (BCP e BES) como para o Sporting, mas também muito dura. Estávamos a falar há pouco da consolidação das nossas contas públicas, ora o que isso representa para o Sporting também é muito duro [...] O Sporting passou a ter de ter um orçamento que é talvez menos de metade daquele que tinha anteriormente, mas, como se vê, no futebol profissional não é só o dinheiro que faz com que os clubes consigam ter melhores ou piores desempenhos. Basta olhar para exemplos como o Braga ou o Paços de Ferreira, que, no ano passado ficou em terceiro lugar. Foi uma boa reestruturação, acho que se conseguiu que o Sporting ficasse com a situação financeira estabilizada, mas, por outro lado, para que isso fosse possível, foi preciso que o Sporting fizesse um trabalho extremamente duro e corajoso na diminuição dos seus custos [...] Fiquei surpreso, não por ser este presidente, mas porque a tarefa seria muito difícil para qualquer um”.
No que concerne às palavras finais, de louvor ao trabalho duro e a capacidade para enfrentar a dificuldade da tarefa da reestruturação, penso
que essa será a opinião geral, e também nós aqui já o havíamos louvado e referido. Passo a citar parte do meu post de análise aos primeiros 6 meses de vigência desta Direcção Leonina:
“- Gostei da reestruturação financeira. Quem não tem cão caça com gato e foi o que a nova Direcção fez. Ameaçou não pagar e, aproveitando a fraqueza estrutural dos nossos credores (BCP e BES estão com graves prejuízos que não podem deixar agravar ainda mais), conseguimos um acordo que nos permitiu sobreviver, se bem que limitados e dentro de baias extremamente curtas.
- Gostei que tivesse avançado a redefinição de meios – incluindo meios humanos - do Clube e SAD. Apesar de não ter sido feita nos moldes que me pareciam mais adequados, houve a coragem de reestruturar e mexer com hábitos e direitos adquiridos, o que é de louvar.
- Gostei da reestruturação informada das actividades amadoras – contra a qual antes batalhei e do aqui faço um mea culpa. O presidente referiu que as diminuições de orçamentos estariam em linha com o que os outros grandes iriam fazer e, tanto quanto fui lendo, parece que tal se confirmou. Foi pois bem pensado e estrategicamente correcto reduzir os orçamentos quando a concorrência também o fez, não desperdiçando os muito escassos meios de que vamos dispondo.”
Pergunta depois o HY porque é que, estando o Dr. Ricciardi no CFD há tanto tempo, nunca se lembrou de que talvez este caminho, do corte radical de custos, fosse o mais correcto. E posso-lhe responder aqui que estou certo de que, muitas vezes, se terá lembrado disso. No entanto, houve sempre a convicção de que assumir um orçamento de 20 milhões, contra cerca do triplo ou quádruplo dos nossos rivais, Benfica e Porto, nos condenaria a uma situação de subalternidade competitiva permanente, pontuada aqui e ali por um ou outro sucesso, obtido de modo não sustentável. Assumiu-se que a sustentabilidade de um Clube que terá cerca de metade da massa crítica do seu maior rival (Benfica) só poderia advir de uma gestão semelhante à do outro rival (Porto), em que os sucessos desportivos, propiciassem receitas (via TV, Champions, bilheteira, patrocínios, venda de jogadores e outras), que por sua vez permitiriam reforçar a componente desportiva, para se gerarem mais sucessos, e assim sucessivamente. Esta aposta precisaria de um esforço inicial de investimento, que foi o que vários presidentes tentaram fazer – o Dr. Soares Franco com a venda do património e as VMOCS iniciais, o Dr. Bettencourt com crédito (até lho cortarem...), e o Eng. Godinho Lopes com recurso a crédito e recursos diversos de Fundos -, para depois se colherem os frutos em vitórias. Um Clube vencedor atrairia também investidores externos e, com as essas injecções de capital, liquidar-se-iam os créditos iniciais, deixando o Clube a gerir tranquilamente os seus activos vencedores, sob controlo de profissionais do desporto e finanças.
Esta estratégia de risco nunca resultou, fundamentalmente porque nunca houve uma gestão desportiva capaz no Sporting. Centenas de jogadores entraram e saíram sem sequer se saber sequer se eram bons ou maus. Mas também porque, sejamos justos para quem passou pelo Clube, nos foram cortadas as pernas em momentos críticos da ultima década e meia... E sim, estou a falar de arbitragens “frutadas” que nos arredaram da compita, geralmente logo antes do Natal. Estas, não só nos destruíram campeonatos, como nos impediram de solidificar equipas e jogadores, transformando os bons em médios e os médios em medíocres. Como referi no meu primeiro post neste blogue, só durante três épocas houve sorteio nas nomeações de árbitros em Portugal, tendo, curiosamente, o Sporting sido campeão em duas delas.
Gostava ainda de aqui recordar que também o actual presidente do SCP advogava essa política mais “pró-investimento”, há dois anos e meio atrás. Foi ele que apareceu com um Fundo de 50 milhões de euros para comprar jogadores para o Sporting que, naturalmente, comparticiparia dessas compras e pagaria os salários e os outros custos. Ou seja, as filosofias de gestão que nos foram propostas aos longo dos últimos anos não diferiram muito, até o Clube chegar a uma situação em que já não havia dinheiro (nem crédito) para nada. Chegados aí, quer BdC quer Couceiro prometeram fazer uma redução das despesas e adaptar o Clube à sua realidade. BdC ganhou e fê-lo, não se notando quebras de competitividade, pelo menos até esta altura. Só podemos aplaudir e desejar que se consiga manter o mesmo nível ao longo de toda a época, quer no futebol (SAD), quer nas modalidades a cargo do Clube.
Apenas uma última nota para a posição do Dr. Ricciardi, que sempre se “esticou” muito pelo SCP. Os montantes investidos pelo BES no Clube foram, constantemente, objecto da discordância da generalidade do Conselho de Administração (o que, aliás, é público), sendo o Dr. Ricciardi a, de uma forma quase pessoal, insistir para que fosse permitido o aumento de exposição da Banca ao Clube (com taxas de juro e condições invejáveis), nos momentos em que este mais precisou.
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