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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Numa extensa e interessante entrevista de Rui Miguel Tovar, publicada no site do “Mais Futebol” na passada quinta-feira, o conhecido antigo chefe do Restaurante Churrasqueira no Campo Grande, João Dinis (cozinheiro do Sporting Clube de Portugal nas deslocações da sua equipa ao estrangeiro nos anos 70 a 90), desfiou um longo somatório das suas memórias, recheado de curiosas revelações e inéditos relatos de episódios pessoais com protagonistas históricos como, entre outros, Yazalde, João Rocha, Bobby Robson, José Mourinho, John Toshack, António Oliveira, Rui Jordão, Manuel Fernandes, Meszaros, Carlos Queiroz, Luís Figo, Balakov, Carlos Xavier, Futre, Mário Jardel, Jaime Pacheco, Jorge Jesus ou o massagista Manuel Marques (o inesquecível “mãos de ouro”).
Mas, indubitavelmente, a mais surpreendente revelação do chefe João Dinis incida no fervoroso sportinguismo demonstrado pelo actual presidente do Sport Lisboa e Benfica:
“O Luís Filipe Vieira era um sportinguista ferrenho. Trabalhava numa casa de pneus e o seu patrão ia muito à Churrasqueira nessa altura com os seus empregados. Todos nós, no restaurante, tínhamos carros do seu 'stand'. Foi então que conheci o Luís Filipe Vieira. Um sportinguista ferrenho. Nem imagina... sócio e tudo. Se não deixou de pagar as quotas, deve ser o número dois-mil-e-tal. A gente falava muito do Yazalde, dos seus golos, das suas jogadas”.
Na mesma entrevista, João Dinis confessou que, depois de sempre ter assistido aos jogos do Sporting, em casa e fora, deixou de o fazer a partir do trágico incidente do very-light no Estádio do Jamor, em 1996, na final da Taça de Portugal com o Benfica, em que um adepto do Sporting foi mortalmente atingido. “O very-light passou mesmo por cima de nós. Aquilo fez-me desistir de ir à bola”.
E não terminou a longa entrevista sem relatar mais um episódio ”picante”, daqueles que, na sombra, contribuíram decisivamente para a obscuridade, a suspeição e a desconfiança que hoje envolve o tão martirizado futebol português:
“Lembrei-me de uma outra história, esta, passada há 30 anos, com o Jaime Pacheco. A Churrasqueira fechava ao domingo à noite e convidei-o para ir comer a minha casa. Já bem bebidos, tive então a coragem de lhe perguntar sobre a força do Porto no futebol português. E ele disse-me 'João, vou contar-te, não digas a ninguém: quando o delegado ao jogo entrava no balneário do árbitro, entregava as fichas dos jogadores titulares e uma nota de 100 dólares'. (…)
Ainda quanto a Luís Filipe Vieira:
Após uma passagem pelo FC Alverca (onde julgou ter descoberto a sua “mina de ouro” no futebolista angolano Pedro Mantorras) e complicados problemas com a Justiça, tornou-se, na sua actividade de empresário da construção civil e da imobiliária, um notório grande devedor... ao Fisco e à Banca, tendo-se refugiado finalmente, e comodamente, como presidente do Benfica.
Texto da autoria de Leão da Guia
No passado dia 26 de Outubro foi apresentado o “Almanaque do Leão”, da autoria do jornalista Rui Miguel Tovar, onde consta que o Sporting foi 18 vezes Campeão Nacional. Esta afirmação desagradou a Bruno de Carvalho que defende a conquista de 22 títulos nacionais. Mas, em lugar de demonstrar institucionalmente que o Sporting conquistou esses 22 campeonatos nacionais e não 18, o presidente do Clube anunciou a reedição da obra depois de ser corrigida a seu gosto. Rui Miguel Tovar informou que, assim, o seu nome não estará na capa da reedição. Isto é, como a mensagem não agradou, atira-se o mensageiro pela borda fora.
Rui Miguel Tovar é um estudioso e investigador da história e estatística do futebol português e, como é sabido, sempre considerou que o antigo Campeonato de Portugal, sendo uma prova disputada por eliminatórias, teve continuidade competitiva na Taça de Portugal. É esta a posição da Federação Portuguesa de Futebol e, consequentemente, de organismos internacionais como a UEFA ou a FIFA.
Na realidade, em 1938 houve uma decisão federativa de reforma do futebol português onde, formalmente, tudo parece estar correcto, e que foi exarada em acta e sancionada pelo Ministério da Educação Nacional que tinha a tutela do desporto. Para se alterar uma decisão destas têm de se apresentar argumentos comprovativos de vício formal ou conceptual. A Direcção do Sporting possui fácil acesso aos documentos originais e oficiais da Federação e do Clube da época da reforma do futebol. Se há alguma falha é por aí que se deve avançar.
Todos nós temos a obrigação de recordar quem era o presidente do Sporting em 1938. Trata-se de Joaquim Oliveira Duarte que esteve na origem do período áureo do Clube e um dos maiores presidentes leoninos. É uma ingratidão intolerável e uma ignorância vergonhosa desmerecer de alguém como ele. Não se conhece qualquer divergência deste presidente relativamente à reforma do futebol português dessa época. Dele, ou de outros sportinguistas com grandes responsabilidades na altura, como Retamoza Dias, Salazar Carreira, Barreira de Campos e Ribeiro Ferreira, entre outros.
Bruno de Carvalho parece estar convencido, que antes dele, o Sporting era um deserto e que está destinado a resgatar o Clube das humilhações passados e abrir o caminho celestial do futuro. Ora, ele ainda tem de comer muito pão para chegar aos calcanhares de alguém como o presidente Joaquim Oliveira Duarte. É bom que os sportinguistas lhe digam isso !
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