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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Rúben Amorim claramente exagerou quando disse que quem ganha leva nota 10 e todos os outros levam zero. Há perder e perder. O Sporting termina o campeonato com os mesmos pontos do ano passado, garantindo a presença na próxima edição da Champions, numa temporada em que venceu a Supertaça, a Taça da Liga e chegou aos oitavos de final da Liga dos Campeões. E a garantia de ter a mão em mais milhões da UEFA permite também aos leões – e a Amorim – preparar o futuro com tranquilidade e sem pressas.
Excerto da crónica de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
"Tal como se esperava, Frederico Varandas foi reeleito com maioria esmagadora. Este era um resultado mais do que anunciado, mesmo que ele tivesse ficado quietinho e calado durante toda a campanha. Apesar disso, o líder dos leões não resistiu a um toque de populismo, patente no anúncio da compra de VMOC na véspera da ida às urnas e nos novos ataques a Pinto da Costa. Não havia necessidade".
Sérgio Krithinas, em Record
Acabo por não perceber bem se o supracitado "toque de populismo" de que o presidente do Sporting CP está a ser acusado é referente ao timing das VMOCs ou ao ataque a Pinto da Costa.
Não tenho acesso a informações confidenciais, mas não me parece que Frederico Varandas precisava das VMOCs para assegurar a sua reeleição. Por outro lado, muito embora seja verdade que é desnecessário uma "dieta" diária de ataques ao líder do FC das Antas, certas questões não devem ser ignoradas. Neste caso concreto, o recém-anúncio de um juiz de instrução do Tribunal Judicial da Comarca do Porto que o presidente do Sporting CP foi pronunciado pelo crime de difamação.
O Sporting encerrou um 2021 perfeito com uma vitória que deu trabalho diante do Portimonense. Para a história fica o primeiro hat trick de Paulinho pelos leões, que deve ter enterrado de uma vez por todas a fama de pé frio do avançado por quem o Sporting partiu o mealheiro em Janeiro 2021. Paulinho foi uma exigência de Rúben Amorim, contra toda a lógica de um clube sem dinheiro, mas ninguém, agora, ousa questionar o preço. Mesmo que tenha passado longos períodos de seca (nos primeiros 19 jogos desta temporada apontou apenas 4 golos), foi sempre um futebolista que ajudou a equipa a chegar às vitórias. E, mais importante de tudo, entrou em todos os jogos a saber que tinha a confiança do treinador, marcasse ou não marcasse.
Paulinho é o exemplo bem perfeito de que os contextos fazem grande parte do que são os jogadores. Noutra equipa que não este Sporting de Rúben Amorim, um avançado de 28 (agora 29) anos contratado ao Sporting de Braga por um valor recorde, já estaria sob o fogo escaldante das bancadas e da crítica. Olhe-se para o lado, para o deprimido Benfica, e não faltam exemplos de futebolistas de qualidade inegável que, de repente, parecem ter-se tornado banais. E nenhuma equipa pode ser boa se não fizer melhores os seus jogadores.
Artigo de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
A desmedida lavagem de roupa suja entre a Liga e Belenenses SAD, com informação e contra-informação ao longo de todo o dia, e ainda hoje, pinta um quadro ainda pior sobre o que se passou no Estádio Nacional. Empurram-se responsabilidades de um lado para o outro e ninguém parece ter feito a pergunta essencial: "O que posso eu fazer para ter um futebol melhor, mais credível e atractivo?"
A atitude de Rui Pedro Soares é/foi inexplicável. Na manhã de sábado, supostamente já depois de saber que tinha quase todo o clube em isolamento, veio anunciar de peito feito que não iria pedir adiamento do jogo. Depois, cala-se até ao pontapé de saída.
Mas quem acaba por ficar pior na fotografia é a Liga, a responsável pela promoção de toda a indústria. Por muito que não tenha havido um pedido formal, e mesmo que o Belenenses SAD tenha rejeitado o adiamento na reunião preparatória, ninguém pode ficar descansado ao saber que há um jogo da principal competição que se vai disputar por 11 craques contra 9 miúdos, entre os quais dois guarda-redes.
Aliás, mesmo que os azuis exigissem jogar, competia à Liga de Clubes tudo fazer para os travar, em nome de uma competição íntegra para todos. Se os regulamentos não lhe dão essa hipótese, que use a influência. Se não a tem, o problema é bem mais grave.
Artigo de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
NOTA: Curiosamente, ou talvez não, o SL Benfica nem sequer é mencionado neste artigo, como se não tivesse quota-parte decisória na vergonhosa ocorrência. Contudo, o artigo não obstante, parece que o clube do outro lado da Segunda Circular está sempre metido nestas "salsichadas" do futebol português.
Contrariando todos os princípios do jogo, os prémios e distinções individuais ganharam uma dimensão perniciosa no futebol. A sociedade criou a necessidade de hierarquizar, de definir uma ordem para tudo, de simplificar as avaliações através de um número; aplicado ao futebol, o que se verifica é uma discussão excessiva sobre Bolas de Ouro, sobre dados individuais, desde golos marcados a assistências, chegando ao ponto de os colocar em contratos de jogadores, muitas vezes esquecendo o mais importante, que é a conquista dos objectivos da equipa.
Sebastián Coates foi eleito o melhor jogador da Liga portuguesa na temporada passada. Como não liderou nenhum ranking de golos e assistências, a distinção que recebeu acaba por ser a distinção da unidade base do futebol: toda a equipa, neste caso a do Sporting, inequivocamente a melhor em 2020/21.
E o caso de Sebastián Coates acaba por ser uma demonstração bem irónica da forma como o contexto muda tudo. Desde que chegou a Portugal, em Janeiro de 2016, o uruguaio até já pareceu o pior central do Mundo, acumulando autogolos e penáltis cometidos, e agora parece o melhor... avançado. Mais um duro golpe para quem tem uma visão simplista de um fenómeno tão complexo como é o futebol.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
E, ainda, Diogo Faro, em Tribuna Expresso, com humor à mistura...
"Começo a perder a conta às vezes que, nestas crónicas, deixo sugestões de homenagem que o Sporting, e o país no geral, deviam fazer ao Coates. E não me cansarei de o fazer até que isso aconteça. Uma estátua, o nome do estádio, o nome do aeroporto, todos os sportinguistas que tenham filhos este ano darem-lhes o nome de Sebastião, ou mesmo Coates. Há inúmeras hipóteses. Só é preciso vontade".
Os números de Rúben Amorim desde que chegou ao Sporting são avassaladores – hoje, diante do Marítimo, tem oportunidade de conseguir um registo que não se vê em Alvalade desde a década de 50. Frederico Varandas e Hugo Viana tiveram o mérito da decisão corajosa de pagar 13 milhões ao Sp. Braga pelo treinador, mas a verdadeira transformação no clube deve-se a Rúben Amorim, quer seja pelos resultados e títulos, quer seja pela aposta nos miúdos ou até na forma como comunica. Todo o Sporting agradece: as bancadas acalmaram-se, o clube vai-se unindo, as receitas aumentaram graças à valorização de jovens e entrada na Champions.
Mesmo que não seja um tema muito urgente, seria algo benéfico para o próprio Sporting pensar desde já num futuro pós-Amorim. Mais tarde ou mais cedo (provavelmente cedo...), o técnico irá deixar Alvalade rumo a uma liga de topo e deixará um vazio difícil de preencher. Por essa altura, Frederico Varandas e Hugo Viana terão de ter montado uma estrutura com bases muito sólidas para conseguir dar continuidade ao projecto de aposta e valorização de jovens jogadores. Com uma certeza: não há ‘Amorins’ ao virar de cada esquina. Não foi assim há tanto tempo para que nos esqueçamos do que era o Sporting (de Varandas e Hugo Viana) no pré-Amorim.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
*** O leitor fica com a ideia que já querem ver Rúben Amorim fora do Sporting?
Os resultados das três equipas portuguesas na primeira jornada da Liga dos Campeões acabam por ser um espelho adequado da actual dimensão europeia de cada uma delas. O Benfica empatou em casa do campeão da Ucrânia, um resultado que não envergonha mas que está longe de ser uma demonstração de força; o Sporting está longe do andamento da Champions League e a goleada sofrida diante do Ajax mostrou o quão curta é a manta à disposição de Rúben Amorim; por fim, o FC Porto, que tinha o jogo (e o grupo) mais difícil, jogou de faca nos dentes e bateu-se de igual para igual em casa do Atlético Madrid, não chegando à vitória por causa de uma mão de Taremi no sítio errado.
É ainda cedo para antecipar o futuro de cada uma das equipas nesta edição da Champions. O Sporting, que integraria o grupo com menos tubarões por metro quadrado, complicou bastante as contas depois da goleada sofrida em Alvalade. O Benfica jogará muito do seu futuro no próximo duelo, em casa, com um Barcelona que, apesar de não parecer, continua a ter uma equipa bem recheada de craques. Quanto ao FC Porto, é o mais fácil de prever: aconteça o que acontecer na próxima jornada frente ao Liverpool, vai estar na luta pela qualificação até ao fim. São muitos anos a este nível.
Artigo de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Contratado por um valor recorde na história do Sporting, e logo num período de crise, Paulinho foi a carta de apresentação dos leões à candidatura ao título. Três meses depois, com a vantagem a encolher-se perigosamente, as dúvidas adensam-se: será que Paulinho é, afinal, o grande problema?
No futebol, as análises mais simples começam sempre pelo final. São os resultados que dizem aos adeptos se as coisas estão a ser bem ou mal feitas e, no fim de contas, ninguém se lembra daquela bola que bateu na trave. Tremedeira não obstante, a qualidade de jogo do actual Sporting não é radicalmente diferente da apresentada pela equipa que venceu quase todos os jogos da primeira volta da Liga. Os elogios exagerados nessa altura... esses passaram a críticas deveras exageradas.
A grande mudança foi a entrada de Paulinho na equipa e isso faz com que o avançado seja a explicação para a quebra de resultados das últimas semanas. E, pelo meio, parece que já ninguém se lembra do penálti falhado por João Mário ou do erro colossal de Adán diante do Belenenses SAD, factos que estão directamente ligados à perda de dois pontos...
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Aqui há uns anos, numa conversa informal, um antigo presidente de um clube português dizia-me: “Se pedir opinião a três juristas diferentes, vai ter quatro opiniões”. As leituras que se fizeram do acórdão do TAD relativo ao caso João Palhinha fizeram-me lembrar essa conversa. Quer pela interpretação dos diversos especialistas ouvidos por diferentes órgãos de Comunicação Social, quer pelas dúvidas geradas junto das partes interessadas: a decisão anula o quinto amarelo ou anula o jogo de castigo pelo quinto amarelo?
Há, na forma como se aplicam as Leis, uma vincada tendência para utilizar uma linguagem complexa e densa, quase sempre imperceptível à maior parte dos cidadãos (há quem diga que isso só é assim para justificar a existência de advogados). No caso concreto, o TAD elaborou um acórdão de 147 páginas e chegámos ao fim sem resposta clara a uma das perguntas mais importantes.
Independentemente da conclusão, que ainda está longe, o caso Palhinha está a ter um efeito de cascata na pirâmide da disciplina, obrigando a mudanças nos procedimentos do CD e, para já, com uma decisão que estabelece de forma mais clara os procedimentos de intervenção disciplinar sobre decisões erradas assumidas pelos árbitros. O que andámos para aqui chegar.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Os planos da UEFA para reformular as provas europeias, e que, em princípio, vão ter efeitos práticos a partir de 2024/25, vão constituir uma revolução completa no futebol tal e qual como o conhecemos actualmente. Se a Champions actual já é um factor de desequilíbrio financeiro em quase todos os campeonatos domésticos, imagine-se o que será uma Champions com esteróides, a garantir um prémio de presença mínimo próximo dos 100 milhões de euros – mais do dobro do que os maiores clubes portugueses recebem actualmente pelos direitos de transmissão de todos os jogos da Liga. Não haja ilusões: cada dez minutos de um jogo da Champions vão valer mais, financeiramente falando, do que um jogo inteiro do campeonato nacional.
Pode ser de facto um caminho difícil para os românticos, mas as rivalidades atravessaram fronteiras, gerando um interesse global que era difícil de imaginar até há 20 ou 30 anos – hoje em dia, sobretudo entre os mais novos, há quem vibre mais com Haaland ou Mbappé do que com as figuras do respectivo campeonato. Para as ligas domésticas, mesmo para a rica inglesa, querer travar isto seria como tentar parar o vento com as mãos. Por isso, a solução é cada uma delas adaptar-se à nova realidade. Mesmo que isso tenha custos, como a redução do número de equipas.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Quando, a 25 de Novembro último, Record noticiou que o Tribunal Constitucional tinha julgado inconstitucional o artigo n.º 241 do Regulamento Disciplinar, o mesmo que prevê castigos em processo sumário sem dar o direito de audiência aos visados, pouca gente reparou. Depois disso, houve mais uma decisão no mesmo sentido. Eram casos de multas por mau comportamento de adeptos, antigos, que voltaram ao Conselho de Disciplina, e que têm uma importância nula na vida actual dos clubes.
Por isso, e tirando alguns juristas mais atentos, ninguém pareceu dar muita importância, continuando como se nada fosse. Mas a brecha estava criada e ficou à disposição de quem a quisesse aproveitar para uma questão realmente relevante; como foi a de garantir a utilização de um jogador suspenso em vésperas de um jogo importante. Dois meses depois de ser público o entendimento do Tribunal Constitucional.
Ainda sobre as recém-ameaças sofridas por Luís Godinho e outros árbitros, bem como respectivos familiares: uma vergonha. Para dirigentes, para treinadores, para jornalistas, para todos os que contribuem para isto. Nada, mas mesmo nada, justifica que um erro de um árbitro, por mais grave que seja, se transforme numa razão para colocarmos em causa a vida de pessoas.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Rúben Amorim é feito da fibra dos reais animais de competição: obcecado por resultados, perde muitas vezes o controlo durante os jogos – a expulsão de ontem, até pelo contexto e pelo minuto, foi um exagero do árbitro Tiago Martins, mas não é uma história inédita da (curta) carreira do técnico. Fora de campo, sobretudo em momentos de descontração, torna-se uma pessoa sorridente e cativante, como se viu ontem no extraordinário momento pós-jogo na Sport TV. Mas Amorim é mais do que isso: sabe muito bem o que diz e procura rentabilizar cada uma das palavras que lhe saem da boca.
Amorim não foi puro inocente ao falar da sua própria estrelinha. Em futebol, estrelinha é sinónimo de sorte. E parece que é dessa maneira que o treinador do Sporting quer que todos o vejam, como um treinador com sorte.
A sorte de Amorim é ter uma inteligência muito acima da média. É ter aprendido durante toda a carreira com vários treinadores – e não foi só com Jorge Jesus, como muitas vezes se diz. É ter-se preparado, estudando, ouvindo especialistas, passando tempo com os melhores. E ter um clube que apostou tudo nele, dando-lhe total liberdade na gestão da equipa. A estrelinha de Amorim não é para todos.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
A conferência digital que o Sporting organizou ontem para falar sobre o VAR dificilmente terá mais efeitos do que ajudar a esclarecer os adeptos que querem ser esclarecidos. Porque a chave do cofre do VAR e das Leis do Jogo está nas mãos do IFAB e da FIFA, dois organismos por vezes cegos e surdos ao que se passa à sua volta.
Ilude-se quem pensa que a divulgação das comunicações entre árbitros é a solução para os males do VAR. Apesar das exageradas expectativas criadas por clubes e adeptos aquando da sua introdução, o VAR está a ser tudo aquilo que era suposto ser, uma ferramenta de correcção da maioria de erros óbvios de arbitragem (não de todos), que nada resolve em lances que cada um vê com as cores da respectiva paixão clubística.
Tem havido erros graves? É óbvio. Tem havido erros difíceis de compreender? Também. Mas são uma pequeníssima parte dos erros que foram evitados se não houvesse VAR. No dia em que cada um souber fazer estas contas, a discussão tornar-se-á mais saudável.
Texto da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Qualquer clube tem toda a legitimidade para se queixar da atuação de um árbitro num jogo, mas entra por caminhos estreitos quando pretende tirar conclusões sobre toda uma competição a partir da atuação de um árbitro em determinado jogo. O Sporting achou que foi prejudicado pela atuação de Luís Godinho (e do VAR Artur Soares Dias) em Famalicão – e até foi, embora não tanto como alega –, mas isso não devia dar aos leões o direito de colocar em causa toda a veracidade de uma prova que neste momento até lideram e onde também já foram beneficiados por erros de arbitragem, em mais do que uma ocasião. Nessas alturas, estava “lá o VAR para isso” e fazia “parte do jogo”. Pimenta no rabo dos outros não pode ser refresco para ninguém.
A reacção do Sporting após um mau resultado é tudo menos original e é idêntica a outras antes de Benfica, FC Porto, Sp. Braga e por aí adiante. Aliás, há poucas coisas tão certas no futebol português: a culpa de um mau resultado começa inevitavelmente no árbitro ou no vídeo-árbitro mais à mão. Ao fim de nove jornadas, já vimos vários erros de arbitragem inaceitáveis, mas pior do que isso é, sem razões sólidas para tal, alimentar junto dos adeptos a convicção de que o campeonato está decidido antes de ser jogado. Se está, mais vale nem sequer começar.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Nota: O sr. Director Adjunto faz um esforço para dar a aparência de imparcialidade, mas depois perde-se na subjectividade ao afirmar que o Sporting já foi "beneficiado por erros de arbitragem, em mais do que uma ocasião".
Devia ter ido um pouco (muito) mais além e descrever os casos de registo para nosso total esclarecimento. Assim, ficamos em suspense sobre tudo aquilo que factualmente sustenta esta sua afirmação/acusação.
Uma das melhores armas de Rúben Amorim é a sua capacidade de expressão, que lhe permite comunicar como poucos treinadores. O discurso é bastante calmo, assertivo e sempre com uma intenção. Na conferência de ontem, o técnico foi capaz de atirar em várias direcções sem levantar grandes ondas ou polémicas. Mas fez saber aos miúdos que não podem pensar em ir para o estrangeiro por tuta e meia ao fim de meia dúzia de jogos, ao mesmo tempo que disse à administração da SAD que não está disposto a perder jogadores importantes a troco de nada.
Rúben Amorim acabou de chegar a Alvalade mas sabe muitíssimo bem o que deve ser o Sporting CP: um clube formador e potenciador de talento, mas que só retirará verdadeiros benefícios disso se conseguir conquistar títulos, até numa perspectiva de valorização dos passes dos seus jogadores.
Pelo meio, e por meias palavras, Amorim respondeu às recém-críticas do FC Porto às arbitragens do Sporting. "Já temos algum conhecimento do que vai acontecer no futuro", atirou, provavelmente pensando na pressão sobre a arbitragem que vai continuar a ser colocada por todos os lados (até do Sporting...). Com tanta coisa para ganhar esta época – e ainda mais a perder... –, os decibéis vão voltar a subir. E nisto não há inocentes. Nem sequer os bem-falantes.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
A que se deveram as dificuldades sentidas pelo Sporting?
Houve algum mérito do Moreirense e muita falta de inspiração do lado dos leões. A equipa de César Peixoto começou o jogo em 3x4x3, a condicionar muito bem a construção do adversário, mas à medida que os minutos foram passando foi-se vestindo de 5x4x1, com uma linha recuada bastante baixa, bem definida, tirando ao Sporting a possibilidade de lançar bolas em profundidade nas suas costas. Se na primeira parte, Sporar e Nuno Santos tiveram algumas oportunidades através de passes diagonais, após o intervalo foi preciso haver erros individuais do Moreirense para se ver o leão.
Faltou banco a Amorim?
O treinador do Sporting pouco conseguiu mudar com as substituições, o que quer dizer que... sim. Num jogo que foi tão bloqueado pela defesa contrária, faltou ao Sporting quem conseguisse furar as apertadas linhas contrárias, fosse através de lances individuais ou de combinações rápidas. Jovane está longe de ser esse jogador.
A pressão da liderança poderá ter pesado nos jogadores?
Não pareceu. Porque até mesmo antes do segundo golo, e mesmo sem grandes ideias, o Sporting não se descontrolou ou desposicionou defensivamente. Aliás, o Moreirense nunca esteve perto de marcar o segundo golo, nem sequer causou nervosismo nos jogadores do Sporting. Acabou por cair por causa de erros motivados pelo cansaço.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
O Sporting vive uma fase luminosa, em que tudo corre como nos melhores sonhos. Depois de verem os rivais, muito em particular o Benfica, estrearem-se sem brilho na Taça de Portugal, os leões trucidaram o Sacavenense por 7-1, beneficiando muito do sangue na guelra dos vários miúdos lançados ontem por Rúben Amorim. A imagem de Pedro Marques a pedir a bola das mãos de Tiago Mota, após marcar o seu segundo golo da noite, o sexto do Sporting, diz tudo: há ali uma equipa com sede de afirmação e vitórias. O que, nesta altura, é o maior trunfo que o clube de Alvalade tem para jogar no futuro.
Amorim, por necessidade ou convicção, lança sem medo ou pressão extra miúdos ainda a cheirar a leite na primeira equipa. Em pouco mais de meio ano, estreou sete. Mas não é só lançar num joguito para inglês ver: Nuno Mendes já é titular indiscutível; Matheus Nunes, Tiago Tomás, Daniel Bragança ou até mesmo Eduardo Quaresma, têm-se revelado muito úteis à equipa, evitando desperdício de recursos no mercado. Amorim sabe onde está, sabe que o Sporting CP precisa de um treinador com esta coragem, até mais do que títulos no imediato. E se puder juntar a isso tudo resultados – como neste arranque, pelo menos em provas nacionais – o casamento é perfeito.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
A liderança isolada do campeonato não é, seguramente, o maior mérito de Rúben Amorim no Sporting CP. Mais do que resultados parciais ou imediatos, que ninguém festeja no Marquês ou nos Aliados, o trabalho do técnico já permitiu valorizar muitíssimos jogadores até há pouco tempo desconhecidos dos adeptos e dos olheiros dos grandes clubes europeus. Nomes como Nuno Mendes, Eduardo Quaresma, Matheus Nunes, Daniel Bragança ou Tiago Tomás devem a Amorim o lançamento na primeira equipa; a SAD deve a Amorim que tenha feito disparar o seus valores de mercado. E o mesmo se pode aplicar a outros futebolistas, reforços para esta temporada, como Pedro Porro, Pedro Gonçalves ou Nuno Santos.
Quem olha para este leão não pode deixar de abrir a boca de espanto. Há um ano, o Sporting arrastava-se longe dos primeiros lugares da classificação, humilhado na Taça de Portugal (perdeu em Alverca...), apesar de ter um plantel bem mais caro e ainda mais cotado: eram os tempos de Bruno Fernandes, Acuña e Vietto, bem como dos flops Jesé Rodríguez ou Bolasie. Sem essa matéria-prima, o Sporting de Amorim gastou o que tinha com critério e, além de fazer os adeptos sonhar, permitiu ao clube finalmente assentar os alicerces para a sua recuperação económica. É não estragar.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Dificilmente há golpe pior para uma competição de futebol do que arbitragens como a de Nuno Almeida (e videoarbitragem de André Narciso) no Paços de Ferreira-FC Porto. O juiz algarvio – na minha opinião, um dos mais competentes do actual quadro – teve uma noite para esquecer na Mata Real, o que fez levantar as tradicionais suspeitas que parecem dar a preencher as necessidades dos adeptos portugueses. Com a sexta jornada em andamento, a Liga NOS 2020/21 já assistiu a várias decisões de arbitragem difíceis de explicar – o golo que Manuel Oliveira anulou ao Farense no jogo com o Rio Ave está no topo desta lista.
Muito mais do que a atribuição dos pontos desses jogos, cria-se, até pela amplificação que os clubes fazem (às claras e às escondidas...) destes casos, um manto de suspeita que fará com que jogos como o de Faro ou de Paços de Ferreira venham a ser usados como arma de arremesso durante largos meses. Ninguém poderá fazer nada em relação aos erros já cometidos, pelo que todo o barulho que está a ser feito agora (e o que ainda está para ser feito) visa o mesmo de sempre: garantir que os próximos erros sejam para o lado certo, que é sempre o ‘nosso’ lado. Uma forma de encarar o problema que provoca os danos colaterais do costume: dá-se aos adeptos cada vez menos em que acreditar.
Artigo de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
Não tendo nem o nome nem a fama de outras equipas, o LASK Linz é extremamente competente. Com bloco alto, muito pressionante e sempre agressivo (com imensas faltas, a maioria no meio-campo ofensivo), o conjunto austríaco asfixiou completamente o Sporting durante muito da primeira parte. Os leões raramente conseguiram virar-se de frente para o jogo com bola controlada, sendo por isso incapazes de aproveitar o imenso espaço nas costas da linha defensiva contrária. E tal só aconteceu na fase final da primeira parte, quando o pressing dos austríacos ficou mais aliviado.
Faltou ao Sporting coragem nos duelos, agressividade e mais capacidade para ter bola em situação de criação. Os dois laterais do Sporting raramente conseguiram surgir em zonas adiantadas e deixaram os homens da frente sem grandes soluções para combinar. Estes foram obrigados quase sempre a jogar para trás à procura de apoios.
As consequências para o clube não sendo dramáticas, são péssimas. A Liga Europa não representa receita financeira significativa, mas não estar lá prejudica imenso a valorização de jogadores. Para a equipa, é um golpe na confiança, mas permitirá pelo menos um foco total em competições domésticas – algo que FC Porto, Benfica e Sp. Braga não terão.
Artigo de Sérgio Krithinas, Director Adjunto Record
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