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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Continuando a minha análise à auditoria, faço este post destacando apenas um assunto: a relação com a empresa Sigma Trust International, do Luxemburgo.
O contracto com a SigmaTrust é algo que à primeira vista seria normal e razoável, pois compreendia um contracto onde esta empresa iria tentar obter um financiamento mínimo de 150M€ para o Sporting com uma taxa de juro máxima de 6,5% ao ano.
Adicionalmente o Sporting pagaria à SigmaTrust no mínimo 1M€ caso ela conseguisse um haircut (redução) na divida da banca nacional, e mais um valor de 25 mil euros mensais durante 2 a 6 meses.
Em princípio, não aparenta haverem indícios de anomalias neste contrato, no entanto, o auditor entendeu dar relevo a algumas peculariedades, nomeadamente:
Estas são as considerações do auditor, no entanto acho que neste caso o auditor podia e devia ter ido mais longe, senão vejamos:
O contrato foi assinado por Riccardo Moraldi e Jorge Cunha, pese embora a empresa seja “apenas” de Riccardo Moraldi.
Apesar de não ter encontrado informação que ligue algum Jorge Cunha à SigmaTrust, é fácil perceber que na realidade se trata do mesmo Jorge Cunha que trabalha na Goldreds que possui sede no mesmo local da SigmaTrust e que também pertence a Moraldi.
E qual a importância disto?
É que este Jorge Cunha foi um dos principais portugueses envolvidos no escândalo dos Panamá Papers, estando ligado à gestão de algumas fortunas, incluindo à de Manuel Vilarinho, antigo Presidente do Benfica.
Após o escândalo dos Panamá Papers (em 2016) Jorge Cunha afastou-se (ou foi afastado) do Banco do Luxemburgo e ter-se-á juntado a Riccardo Moraldi.
Isto até poderia não ter especial importância, mas temos de ter em consideração que BdC sempre se mostrou paladino da verdade, da ética e mostrava-se como sendo um cruzado contra fundos de origem duvidosa e contra todos os interesses obscuros que rodeiam o futebol…
Sendo ele essa pessoa, então o que o fez juntar-se (e pagar) a uma empresa que se fazia representar precisamente por um dos rostos que a nível mundial, mais está ligado a “esquemas altamente duvidosos”?
Faz-se de santo e vai dar dinheiro ao diabo?
Curiosidade final: Apesar de Moraldi ser um Italiano que faz carreira no Luxemburgo é curioso perceber que o domínio da SigmaTrust foi registado em Portugal e o próprio site terá sido desenvolvido por pessoa e/ou empresa portuguesa, bem como está sediado em servidores portugueses (tal como a Goldreds). Será que existem aqui mais coincidências?
Deixo ao leitor o desafio de comentar este contrato, nomeadamente os dois pontos que o auditor levantou, bem como da idoneidade (ou falta dela) aparente da empresa em causa.
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