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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Por estranho que pareça, há adeptos de futebol que mantêm um registo dos sistemas tácticos de treinadores, designadamente aqueles que militam nos principais campeonatos europeus. Um devoto sportinguista e regular comentador na blogosfera, teve a gentileza de me enviar o historial de François «Franky» Vercauteren, treinador do Sporting que, curiosamente, enquanto jogador, era conhecido por «o pequeno príncipe».
Analisando apenas três dos seus consulados - Anderlecht, Selecçção da Bélgica e Genk - é possível verificar as suas preferências e também a sua diversidade, algo que ainda não demonstrou no Sporting, porventura, pela instabilidade da equipa:
* Anderlecht (Épocas de 20005/06 e 2006/07)
Enquanto neste clube, o registo indica claramente que privilegiava o jogo ofensivo, daí a sua maior preferência pelo sistema 4x3x3, embora tenha utilizado diversos outros, do 4x4x2 ao 3x4x1x2 e até o 4x1x3x2. Depreende-se que tinha um plantel com bons talentos, confirmado pela conquista do campeonato belga, entre outras competições, dois anos consecutivos.
* Seleccionador da Bélgica Interino (Maio a setembro de 2009)
- Com a equipa nacional privilegiou o 4x2x3x1 e o 4x4x2 com regularidade. Não verifiquei os adversários durante esse período, mas é lógico concluir, pelas suas precauções, que eram teoricamente superiores.
* Genk (Épocas de 2009/10 e 2010/11)
Neste clube, de dimensão inferior e onde o título não era exigido nem esperado - mas que foi inesperadamente conquistado - Vercauteren demonstra a preferência por um sistema mais defensivo, designadamente o 4x4x2 e o 4x2x3x1, apesar de terem existido jogos com outros variáveis.
Como qualquer treinador prontamente confirmará, mais importante do que a disposição táctica dos jogadores no relvado, é o seu movimento em função da estratégia de jogo e, evidentemente, as características dos adversários. Embora tenha a carta de treinador (incompleta), nunca exerci a função e não pretendo ser perito na matéria, salvo pela minha fascinação pelo desafio intelectual. A «bíblia» dos treinadores estipula que um técnico deve delinear o seu sistema táctico e modelo de jogo mediante as características dos jogadores à sua disposição. Esta consideração é somente teórica, já que a vasta maioria da profissão já tem um preconceito quanto à disposição de preferência e, então, procuram enquadrar os jogadores nesse sistema. Paulo Bento, a exemplo, enquanto no Sporting, utilizou quase exclusivamente o 4x4x2 - em losango - não só pelos jogadores à sua disposição mas também porque era essa a sua preferência, assente na sua personalidade como homem e enquanto jogador. Não tinha extremos que lhe permitissem utilizar o 4x3x3 e um que chegou a estar na equipa - Varela - foi prontamente dispensado por ele. Deve ser um desafio difícil para Paulo Bento na Selecção, considerando que os alas ao seu dispor quase não lhe dão opção.
Voltando a Franky Vercauteren, atrevo-me a sugerir que muito embora o Sporting da actualidade tenha diversos extremos, o sistema ideal não é, na minha opinião, o 4x3x3 que se tem utilizado quase exclusivamente. Isto, porque esse extremos - salvo Capel - não têm a capacidade para fazer a cobertura defensiva exigida com regularidade pelo uso do 4x3x3 e, também, pela ausência de um #10, acrescida por uma defesa muito permeável. Embora não seja fã do 4x4x2, será um sistema mais adequado a esta equipa ou, então, a minha maior preferência, o 4x1x3x2. Quatro defesas à escolha - não há muita, infelizmente - Rinaudo ou Daniel Carriço a trinco, três médios - dois com capacidade para dar cobertura ao campo inteiro e às manobras nos dois sentidos e o tal imprescendível #10. Com a saída da Matia Fernandez, contava-se com Izmailov, que raramente joga. Schaars é o outro médio e, porventura Capel mais na ala. À frente, Ricky van Wolswinkel suportado por Carrillo, Labyad ou Viola. Mas indiferente das opções pessoais do treinador, o sistema que mais promete, na óptica deste adepto, é definitivamente o 4x1x3x2. Claro, da bancada é tudo fácil...
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