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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O génio de Cândido de Oliveira
A Taça de Portugal salvou a época leonina de 1945-46. Tudo o que tinha de correr mal no Sporting aconteceu nos meses que precederam a chegada de Cândido de Oliveira em Maio de 1946. O treinador Joaquim Ferreira foi assassinado numa rixa no Verão de 1945, falharam a contratação de Fernando Cabrita e o regresso de Eliseu, o guarda-redes Azevedo esteve suspenso pela Direcção devido a divergências quanto ao salário, Jesus Correia, Canário e Armando Ferreira tardaram a adquirir a boa forma em virtude de lesões e o novo treinador, o antigo avançado António Abrantes Mendes, revelou dificuldades na organização do jogo da equipa. O fracasso no Campeonato de Lisboa e no Campeonato Nacional, e uma goleada por 7-2 imposta pelo Benfica, fizeram soar as campainhas de alarme.
O presidente Ribeiro Ferreira entendeu que só a Taça de Portugal salvaria uma época que se aproximava do fim e que se revelava desastrosa. Convidou Cândido de Oliveira, que aceitou as funções de orientador técnico, ficando Abrantes Mendes como treinador de campo.
Cândido de Oliveira considerava que o ponto fraco da equipa leonina residia na incapacidade dos dois interiores de proporcionarem o devido apoio a Peyroteo. Ao mesmo tempo era um admirador das qualidades de Sidónio, o eterno suplente do avançado-centro sportinguista. Por essa razão, no primeiro jogo que ele orientou, em Olhão em 12 de Maio, apresentou uma táctica invulgar para a época, com Peyroteo e Sidónio lado a lado numa linha de quatro avançados, fazendo recuar António Marques, o interior esquerdo, para a linha média. Um 3-3-4 pouco usual, o que implicou outra ideia de conjunto e de organização e uma grande coordenação de movimentos dos jogadores.
A verdade é que o novo sistema funcionou. Em sete jogos (três para o Campeonato e quatro para a Taça de Portugal) os leões venceram seis e empataram um, marcaram 40 golos e sofreram 16, assinalando Peyroteo e Sidónio 14 golos cada um. Surpreendido, o jornalista Tavares da Silva reconheceu que assim, com menos avançados, se reforçou o futebol ofensivo. Na final da Taça de Portugal, em 30 de Junho de 1946, perante a fortíssima equipa do Atlético que tinha eliminado o FC Porto e o Benfica, o Sporting ganhou com relativa facilidade por 4-2, ficando a vitória decidida perto do final da primeira parte.
Na fotografia, a equipa leonina que venceu a Taça de Portugal em 1945-46:
De pé - Álvaro Cardoso, Roqui (suplente), Veríssimo, Juvenal, Manuel Marques, Octávio Barrosa e Azevedo;
Em baixo - Armando Ferreira, Sidónio, Peyroteo, António Marques e Albano.
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