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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Alfredo Di Stéfano teve uma brevíssima passagem, quase esquecida, pelo Sporting como treinador. Com a época de 1974-75 à porta, o presidente João Rocha e o avançado Hector Yazalde foram a Benidorme e convenceram-no a treinar os leões. Antes, já tinha treinado o Elche, o Boca Juniors e o Valência, com sucesso, e a sua vinda gerou grande expectativa.
Apesar do entusiasmo, quase nada correu como se esperava, e tudo ficou comprometido logo na pré-temporada. Derrotas com o Bétis (3-1) e o Sevilha (4-1) no Troféu Cidade de Sevilha e uma fracassada digressão ao Brasil com um empate com o Atlético Mineiro (2-2) e derrotas frente ao Vasco da Gama (1-0) e Cruzeiro (6-0). A equipa leonina apresentou-se mal preparada e a desmotivação instalou-se.
Carlos Pereira descreveu ao jornalista Luís Castro Martins (“Mais Futebol”, 12.11.2016) um episódio que se verificou após o jogo com o Vasco da Gama em 30 de Agosto de 1974:
“Os tempos eram difíceis e não seguiu um roupeiro na viagem para ser substituído pelo Osvaldo Silva. Nós, jogadores, prescindimos que fosse o roupeiro e assumimos a parte dos equipamentos. Estávamos no Estádio do Vasco da Gama, começámos a arrumar a roupa e o João Rocha por uma questão de colaboração também estava a pôr a roupa e as toalhas nos sacos. O Di Stéfano estava mais à parte e disse para o Yazalde, houve jogadores que ouviram: ‘Este é o único clube do mundo em que o presidente também é roupeiro’. Foi caricato e a nós não nos caiu bem porque tínhamos feito aquilo de uma forma singular porque gostávamos muito do Osvaldo Silva. Isto não veio nos jornais, é verídico.”
Di Stéfano não terá ficado satisfeito com a qualidade do plantel. Fernando Tomé contou ao jornal O Jogo que “Di Stéfano queria um bom guarda-redes - tínhamos o Damas - e um avançado - havia o Yazalde. E as coisas degradaram-se”. A 1ª jornada do Campeonato ditou um Olhanense - Sporting, em 8 de Setembro, mas Di Stéfano, que nem almoçou com os jogadores, não foi para o banco porque o seu contrato ainda não tinha sido assinado, estava só apalavrado. O Sporting perdeu por um 1-0, o argentino já não assinou e três dias depois o Diário de Lisboa escreveu que “a velha ‘saeta rubia’ diz adeus a Lisboa e vai-se embora”. Osvaldo Silva assumiu o comando da equipa até à chegada de Fernando Riera.
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