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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Fechou o (enganador) mercado de inverno e são conhecidos os resultados. O Sporting contratou Rui Silva e Biel, mas perdeu apenas Marcus Edwards. Nos nossos rivais, há quem tenha contratado jogadores mais para o imediato, como também há quem tenha prescindido de jogadores fundamentais. No que nos diz respeito, parece-me que se podia ter ido mais longe, mas o mais importante é não ter saído ninguém. Admito que se recusou a estratégia de contratar quem não fizesse de facto a diferença. Para isso, é melhor continuar com os que temos, recuperar os lesionados, com a convicção de que com este plantel é possível a renovação do título de campeão nacional.
Em determinado momento do mês de Janeiro, Rui Borges recusou o propósito de se contratar por contratar. Até porque se sabe que bons jogadores não estão disponíveis, e muito menos são comprados em saldo. Reafirmou que acredita muito na qualidade e na capacidade dos seus jogadores e, pragmaticamente, concluiu que é pago para “arranjar soluções”, não para “se lamentar”. Com um discurso positivo, simples e sem rodeios, considera que os jogadores têm de estar cientes de que há muito trabalho pela frente, qualidade todos têm, não são campeões nacionais por acaso. Agressividade, intensidade e competitividade, eis a máxima já inscrita no balneário.
Nós, os adeptos, ora ajudamos, ora complicamos. Há uma lógica poderosa no mundo do futebol: por causa dele as nossas faculdades críticas ficam diminuídas, quando a nossa equipa vence parace que está tudo bem, quando perde cai o Carmo e a Trindade. É o poder do envolvimento emocional que determina isso mesmo. No entanto, observando o que se passa no Sporting sabemos que não está tudo bem, muito longe disso. Mas, também não está tudo mal.
O Sporting venceu o jogo frente ao Boavista, e com isso João Pereira talvez tenha ganho tempo. Dentro de poucas semanas veremos se foi tempo perdido de forma inglória. Como escreveu o Julius Coelho, “a linha que separa o céu do inferno nesta equipa é de facto muito fina”. O responsável disso, em primeiro lugar, só pode ser o treinador. Não tenho dúvidas. Como a generalidade dos sportinguistas, não estou satisfeito com o trabalho da equipa técnica e questiono se alguma vez terá capacidade para orientar o actual plantel leonino.
Aqui no Camarote Leonino, num interessantíssimo diálogo com o Leão do Norte, Nação Valente considerou que um problema complexo não se resolve com soluções simples. Tem razão, a solução simples é o despedimento do treinador, exigência de tantos (a maioria?) adeptos. A Direcção dispõe de todos os dados. Conhece o desempenho de João Pereira, a condição física dos jogadores, o ambiente no balneário, os treinadores disponíveis, entre outros factores determinantes. Se correr mal, o presidente Frederico Varandas será a cara do fracasso, e isso ficará na memória de todos os sportinguistas.
O presidente Frederico Varandas está confrontado com a situação mais complexa do seu mandato. Rúben Amorim teve sucesso graças ao seu talento, mas também em virtude das condições que lhe foram proporcionadas. Ninguém se esquece do que era o Sporting antes dele e como conseguiu transformar o Clube. Mas, Amorim quebrou um compromisso e com ele também saíram processos de liderança, organização, planeamento e comunicação, para além de uma equipa técnica inteira.
Nós não conhecemos a realidade no interior do plantel, como é que de um ponto de vista pessoal, desportivo e emocional, os jogadores viveram a saída do seu líder. Todos eles são profissionais, mas sabe-se que estes acontecimentos são complicados e que podem alterar o foco e o compromisso individual e colectivo. Agora, sem conhecermos o que se passa lá “dentro”, sabemos de ciência certa que a saída teve um efeito demolidor na equipa. No fim de contas, podíamos ter previsto isso, Amorim era mais do que um treinador, foi o criador da estrutura, e a sua substituição nunca se faria por uma simples troca por troca.
Ao contrário de alguns sportinguistas, não coloco a principal responsabilidade do que se passa nos jogadores. Se os adeptos sofrem profundamente com as derrotas, os jogadores são prejudicados (e muito) na sua imagem e carreira profissional. Eles querem vencer, se não conseguem é porque lhes faltou engenho para isso, e não vontade. Em primeiro lugar, a responsabilidade tem de estar em quem dirige o Clube, pois deve prevenir as situações futuras, a seguir no técnico e só depois é que responsabilizo os jogadores. Neste momento, no Sporting, coloco a questão nestes termos.
Apesar de não ter gostado do jogo realizado em Moreira de Cónegos, e de determinados erros individuais inconcebíveis, considero que a equipa melhorou significativamente em relação à partida com o Santa Clara. O Sporting perdeu apenas por culpa sua, é um facto, mas também porque lhe faltou a “sorte do jogo”. Pelas próprias circunstâncias temporais, penso que João Pereira ainda tem espaço para dirigir a equipa com o Brugge e o Boavista, tomando-se depois uma decisão de acordo com a avaliação que se fizer. A contratar um novo treinador terá de ser alguém com um estatuto que mobilize os jogadores para as provas que estão em disputa e nas quais o Sporting está na luta pela vitória. A era Amorim terminou, mas a época não está perdida.
Detesto perder mas a vida ensinou-me a saber perder na perspectiva do competidor que não perde por acaso, embora por vezes com algum azar, que não foi o caso, e que tal como o boxeur que levou um soco e caiu, erguendo-se do chão para voltar ao combate não se auto derrotando, também a nossa equipa voltará para competir afastando erros e pontos fracos e acumulando pontos fortes.
Rúben Amorim esteve no "olho do furacão" mas a suas palavras de defesa dos jogadores marcaram o princípio da reviravolta que será empreendida e concretizada.
Com 67 anos de idade já passei por tudo como Sportinguista, do melhor e do pior, mas a dedicação, devoção e esforço para seguir em frente permanecem e permanecerão intactos até morrer.
Viva o Sporting!
SPORTING SEMPRE!
Comentário do leitor João Amorim na página no Facebook do Camarote Leonino.
Estou confiante com o Sporting em versão 2024-25. Mantendo o núcleo “duro” da equipa, com uma ou até duas contratações, acredito que vamos lutar pelo sucesso em todas as competições nacionais e sonhar com uma boa figura na Champions. Rúben Amorim referiu que, apesar de uma certa renovação, “foi contínuo o nosso crescimento, criámos alguns laços e isso era importante porque saíram peças importantes da liderança do grupo”. E sublinhou que há uma liderança nova, um ambiente muito saudável e muito talento na juventude.
A equipa procura ser versátil, mais imprevisível, para poder surpreender o adversário. A defender com uma linha de cinco ou de quatro, a jogar mais directo a pedir profundidade ou curto a ligar sectores conforme as circunstâncias, revela já uma boa coordenação de movimentos a defender ou a criar oportunidades de golo. Não sei se vamos conquistar a Supertaça, mas parece-me que a equipa está a ser muito bem trabalhada, organizada, com alterações oportunas ao tipo de jogo da época passada.
Estamos mais fortes. Na baliza vamos ter luta pela titularidade entre Israel e Kovacevic, Debast tem muita qualidade (e ainda vai ter mais), no meio campo temos quatro jogadores para dois lugares e só falta um avançado para acompanhar Gyokeres. Gostei muito de Debast no centro da defesa, não obstante algumas situações de apuro que criou. É um vértice de um triângulo que tem Hjulmand e Morita nos outros dois vértices e que dá segurança e consistência no processo defensivo e na primeira fase da construção. Bragança e Mateus Fernandes não vão baixar os braços, Geny à esquerda não é o mesmo jogador, Pote e Trincão arrancam a época em forma, Gyokeres continua a ser Gyokeres. Os jovens são muito promissores.
Em Julho de 1983 o jornal Sporting (nº 1858) exclamava com entusiasmo que "a bola já salta"! Pudera, com Manuel Fernandes e Rui Jordão na linha avançada, Oliveira e Kostov como médios e na defesa jogadores como Carlos Xavier e Venâncio tínhamos razões para confiar no sucesso da equipa.
O defeso tinha sido quente porque o Sporting foi às Antas contratar Gabriel, um jogador formado na escola azul e branca, e ainda Romeu. Para a baliza veio o húngaro Bela Katzirz que teria uma noite para esquecer em Glasgow. Como é habitual, havia vários jogadores oriundos da Formação no plantel: Mourato, Zezinho, Venâncio, Mário Jorge e Futre, entre outros. O técnico era o checo Josef Venglos.
A época de 1983-84 não seria feliz para os sportinguistas. No entanto, o futebol possui a condição excepcional de permitir sempre a renovação da esperança. Agora, tanto tempo decorrido, com a vontade férrea de repetir a conquista do título de campeão nacional, ainda com acertos por fazer na composição do plantel, todos sonhamos com uma equipa que nos galvanize como aconteceu na época anterior. Todos ao Marquês, outra vez!
Agora, que "a bola já salta", observamos quem é quem nos jogos da pré-época, se os jovens têm aquela mentalidade que se exige. Um novo Nuno Mendes? Ou Mateus Nunes? Esperanças, certezas, dúvidas, suposições. Gyökeres vai ou não vai, Ioannidis vem ou não vem, Trincão deixa as "duras" para o Nuno Santos, Rúben Amorim adapta Quenda a ala, Hjulmand, o novo capitão, já está quase a chegar, Travassos estreia-se a marcar, Mateus Fernandes é mesmo craque, Edwards acorda de vez, Kovačević fecha a baliza… E, sem o "captain", como é que será a defesa?
Venha a bola que o defeso já vai longo!
O golo que Diogo Travassos marcou a abrir a vitória (3-0) perante o Torreense fez com que os sportinguistas reparassem nele com mais atenção. Com 20 anos, é um defesa direito que se evidenciou nos escalões de formação, mas que uma grave lesão no joelho direito obrigou a uma longa paragem. Lesionou-se em Março de 2023, regressou aos treinos, teve uma recaída em Janeiro de 2024, que implicou segunda intervenção cirúrgica, voltando a jogar oficialmente em Abril de 2024.
Diogo Travassos começou como ponta de lança, mas descaiu para a ala direita, primeiro como extremo e mais tarde como lateral, aproveitando as suas características ofensivas. Trata-se de um jogador rápido, tecnicamente evoluído, com boa qualidade de passe e de remate e eficaz nos cruzamentos. Está no “radar” de Rúben Amorim há bastante tempo, no entanto a lesão não permitiu que tivesse alcançado maior protagonismo. É internacional português sub 18, sub 19 e sub 20.
Mateus Fernandes regressa a Alvalade para reforçar o meio campo. Em 2023-24 esteve em foco na pré-época no Algarve, mas o potencial que revelava associado à composição do meio-campo leonino aconselhou o empréstimo ao Estoril, o que constituiu um sucesso. Observado semanalmente por elementos da estrutura sportinguista, o jogador ganhou notoriedade e regularidade a competir no principal escalão nacional. Aumentou os seus índices físicos, aprofundou rotinas no 3x4x3, adquiriu ritmo, protagonismo e confiança, alinhando como segundo médio com alguma semelhança ao papel desempenhado por Morita e Bragança no Sporting.
Com 19 anos (faz 20 em 10 de Julho), a maturidade e a competitividade agora adquiridas podem fazer que se torne numa aposta firme a curto prazo, lutando por uma vaga no meio-campo na próxima temporada. Mateus Fernandes destaca-se pela sua boa visão de jogo, intensidade e agressividade, qualidade de passe e capacidade de transporte da bola, com chegada a zonas de finalização. Pelas suas características, por ser tecnicamente evoluído e tacticamente abrangente, daqui a algum tempo poderá jogar numa posição interior mais adiantada no terreno, numa função semelhante à de Pedro Gonçalves. Se irá já ser titular, o tempo o dirá, mas num futuro próximo certamente vai conquistar um lugar na equipa sportinguista.
Nós, os sportinguistas, o que queremos é que a nossa equipa seja competitiva, vencedora, que nos encha a todos de orgulho e o nosso Clube de glória. Vibramos sempre quando os jogadores entram em campo com o leão ao peito, num labirinto vivencial de memórias e de sentimentos. Para muitos, não é indiferente a camisola leonina que os atletas envergam, considerando que deve respeitar a simbologia centenária própria do Sporting.
Por vezes, a Nike não é feliz quando "mexe" com camisolas tradicionais e simbólicas dos clubes europeus. A camisola estreada no jogo com o Chaves é apresentada como sendo de homenagem a Francisco Stromp, numa "fusão" entre passado e futuro, entre a camisola bipartida e a que se seguiu às riscas em 1928. Admito que, apesar de tão disruptiva, isso faça sentido, mas sendo aceitável para camisola alternativa, a principal deve ser às riscas horizontais verdes e brancas, de preferência com 6 cms cada como ficou estabelecido nos Estatutos de 1929.
Penso que na camisola às riscas deve verificar-se um certo conservadorismo e guardarem-se as inovações para as alternativas. No entanto, devo dizer, gosto desta camisola, é bonita, conjugando bem as cores tradicionais do Sporting. Uma coisa é certa, se este for o "jersey" principal, na próxima época terei saudades das belas riscas verdes e brancas que com o leão rampante sempre associei aos atletas leoninos em competição.
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