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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Para o Sporting a época de 1973-74 seria de sonho se as circunstâncias desta fotografia não tivessem ocorrido. Aconteceu no jogo Magdeburgo - Sporting, para a 2ª mão das meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças, disputado em 24 de Abril de 1974. A três minutos do fim Tomé falhou o que parecia ser um golo certo e a presença na final em Roterdão. E tornou-se impossível repetir o esplêndido triunfo de Antuérpia.
Foi um dia muito triste para todos os leões e também para Tomé que, mais tarde, afirmou que aquele foi o golo que mais desejou ter marcado. Agora, em cada dia 24 de Abril que passa o antigo jogador ainda ouve dos seus amigos sportinguistas que “faz hoje anos que o Tomé falhou, a três minutos do fim, o golo em Magdeburgo que nos levaria à final da Taça das Taças”.
Tratou-se de uma eliminatória muito injusta para a equipa leonina. O jogo da 1ª mão em Alvalade foi azarado, com bolas nos postes, um penálti falhado e um empate (1-1) sem correspondência ao domínio leonino. Há jogos assim, parece que está escrito nas estrelas. Depois, na 2ª mão esteve à vista o acesso à final. O Magdeburgo conquistou a Taça das Taças ao derrotar o Milan em Roterdão por 2-0.
A Taça de 1972-73
Mário Lino, Vítor Damas, Nelson, Yazalde e Tomé seguram a Taça de Portugal de 1972-73. O treinador, o capitão de equipa e os três marcadores dos golos na final com o Vitória de Setúbal (3-2). Uma conquista que chegou a parecer impossível de tão desastrosa que foi a época. Longas digressões aos Estados Unidos da América, a Moçambique e à Europa de Leste, o fracasso logo na primeira eliminatória da Taça das Taças frente aos escoceses do Hibernian, a invasão de campo num Sporting-Leixões, a interdição do Estádio de Alvalade, a agressão a Damas por adeptos do Montijo, o fracasso de Ronnie Allen como treinador do Sporting, a demissão do presidente Brás Medeiros e um péssimo 5º lugar no Campeonato Nacional.
A Taça foi salvação da época. No final do mês de Abril, Mário Lino passou de adjunto a técnico principal e Osvaldo Silva dos juniores avançou para adjunto. Organizaram a “casa” e conquistaram a Taça de Portugal frente ao perigosíssimo Vitória de Setúbal. Yazalde fez um jogo soberbo, assistiu Nelson no 1-0 e fez ele próprio o 2-0 num remate que fulminou Torres. Depois, Tomé elevou para 3-0. O último quarto de hora foi de grande sobressalto por causa dos dois golos sadinos, mas Damas segurou as pontas lá atrás. Com este triunfo, Mário Lino conseguiu o direito de preparar a equipa para a 4ª dobradinha de história do Sporting em 1973-74 e para o percurso vitorioso na Taça das Taças até às meias-finais com o Magdeburgo.
Ficha de jogo:
Final da Taça de Portugal, 1972-73
Sporting 3 - Vitória de Setúbal 2
Estádio Nacional, 17 de Junho de 1973
Árbitro - Fernando Leite (AF Porto)
Sporting - Vítor Damas, Bastos, Laranjeira, Carlos Alhinho, Manaca, Tomé (Hilário, 80m), Vagner, Nelson, Marinho, Yazalde (Chico Faria, 80m) e Dinis
Treinador - Mário Lino
Golos - Nelson (23m), Yazalde (34m) e Tomé (66m)
Vitória de Setúbal - Torres, Rebelo, João Cardoso, José Mendes, Carriço, Amâncio, José Maria, Câmpora (Vicente), José Torres e Jacinto João (Arcanjo)
Treinador - José Maria Pedroto
Golos - Duda (76m) e Vicente (84m)
O Sporting na Cidade Luz
É uma fotografia histórica. Foi a primeira vez que uma equipa portuguesa de futebol exibiu daquela maneira publicidade nas camisolas. E foi a última vez que Hector Yazalde jogou pelo Sporting. Aconteceu no Torneio Internacional de Paris, em 17 de Junho de 1975, num jogo com o Paris Saint-Germain.
Em Portugal, naquela altura, conhecia-se o nome de patrocinadores nas camisolas do ciclismo, mas isso não se verificava no futebol. Até aquela noite parisiense em que a equipa sportinguista entrou em campo com a expressão “France-Soir Sport 4”. Depois, foram necessários doze anos até chegar a publicidade à “FNAC”.
Mas, a fotografia tem ainda uma outra dimensão histórica, pois aquele foi o último jogo do inesquecível Chirola com o leão rampante ao peito. É que no dia seguinte, Fernand Méric, presidente do Olympique de Marseille, confirmou a proposta de 12 500 contos e ‘levou’ o goleador argentino.
Há um exemplar desta camisola devidamente conservada e exposta no “Museu do Sporting”, em Leiria. Em boa hora foi oferecida a Bernardes Dinis, o organizador do Museu, pelo antigo jogador leonino Fernando Tomé que participou no jogo com o Paris Saint-Germain na Cidade Luz.
Na fotografia estão os seguintes atletas:
Em cima - Fraguito, Bastos, Manaca, Tomé, Alhinho e Damas;
Em baixo - Paulo Rocha, Yazalde, Nelson, Dinis e Marinho.
Magdeburgo, 1974
A época de 1973-74 seria de sonho para os leões se esta fotografia tivesse sido impossível. Aconteceu no jogo Magdeburgo - Sporting disputado em 24 de Abril de 1974. A três minutos do fim Fernando Tomé falhou o que parecia ser um golo certo e a presença na final da Taça dos Vencedores das Taças, em Roterdão. Perdeu-se uma oportunidade soberana para repetir o esplêndido triunfo de Antuérpia.
Foi uma derrota injusta para a equipa leonina e um dia muito triste para todos os leões. E também para Tomé que, mais tarde, afirmou que aquele foi o golo que mais desejou ter marcado. Agora, em cada dia 24 de Abril que passa o antigo jogador ainda ouve dos seus amigos sportinguistas que “faz hoje anos que o Tomé falhou, a três minutos do fim, o golo em Magdeburgo que nos levava à final da Taça das Taças” (1). Um mal nunca vem só!
(1) in Fernando Tomé, “Relato – Histórias de Futebol”.
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