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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O leitor/comentador que aqui no blogue se apresenta como Perry é, na minha apreciação, excessivamente crítico em relação aos jogos do Sporting, tendo já criado anticorpos em relação a alguns adeptos, que põem em causa o seu sportinguismo.
Uma das vítimas mais comuns da sua análise é o treinador Rúben Amorim, o seu bode expiatório preferencial. Depois de um jogo menos conseguido, o senhor Perry questionou as suas decisões, o que já é recorrente, concluindo que a sua competência como treinador seria avaliada no jogo com o clube das Antas, no que ele designou como prova dos nove. Essa presunção de prova deu azo às reflexões que aqui faço.
Na altura referi que a minha preocupação eram os jogos mais próximos. Ganhámos um e perdemos outro, em Guimarães, com clara influência da arbitragem. Mas como Rúben Amorim ganhou ao Antas de forma bem categórica tiro uma conclusão: o nosso treinador passou na prova dos nove e está de parabéns, o que coloca o senhor Perry num grande dilema em relação aos restantes jogos. Qual será a próxima prova? A prova real, ainda mais rigorosa? Não seria mais sensato fazer esse tipo de provas no final da época?
Numa outra vertente, os árbitros mais mediáticos, como Duarte Gomes, Pedro Henriques e os do Correio da Manhã, foram lestos a apoiar o árbitro e o VAR, na invalidação de dois golos do Sporting no jogo da prova dos nove. E se em relação ao segundo golo pode haver alguma discussão, em relação ao primeiro há apenas má-fé, em defesa da corporação da arbitragem, ao considerar que há uma falta do Eduardo Quaresma. A questão já foi muita debatida e escalpelizada e tudo aponta, se quisermos ser verdadeiramente honestos, para falta nenhuma. Portanto, a prova dos nove sobre a arbitragem que temos é clara: árbitros de muito má qualidade e de duvidosa honestidade; analistas de arbitragem incapazes de se libertar da mentalidade corporativa. Gente sem verticalidade.
O campeonato é longo e quando vai a meio é bom ir em primeiro. Muitas provas dos noves ainda se farão, mas a absolutamente decisiva será a final. Até lá vamos estar atentos ao decorrer do campeonato e de outras provas, vamos ver se os adeptos continuam firmes e se a arbitragem passa na prova dos nove da competência, da honestidade e da seriedade.
P:S: Este leitor do “Zé Ninguém” é o LEO, grande sportinguista e companheiro nos jogos que vejo pela televisão. O livro pode encontrar-se online na Chiado Books, Bertrand, FNAC, Wook. Também envio por correio se for pedido para as3559225@sapo.pt.
BOAS FESTAS
Segundo se lê e ouve, o Sporting foi grosseiramente beneficiado no jogo com o Casa Pia, houve um erro do árbitro que o VAR devia ter corrigido. Aconteceu nos primeiros minutos e aquele golo condicionou o resto do jogo. O Sporting não precisa, não quer este tipo de “benefícios”, e eu detesto que isto aconteça com quem quer que seja. Foi isso que pensei e escrevi a propósito desse lance no jogo em Rio maior.
Entretanto, mais tarde, observei esta fotografia com atenção, tendo as linhas definidoras do posicionamento dos jogadores. E analisei com interesse um determinado pormenor. Lá se vê a bota branca de Paulinho, mas também é visível um ombro do defesa casapiano. No caso de Paulinho, como se verifica na imagem, estão em causa 9 centímetros, mas parece que o ombro do jogador do Casa Pia põe em jogo o avançado sportinguista. Ou não?
Infelizmente não podemos ter acesso ao diálogo entre o árbitro Nuno Almeida e o VAR Hugo Miguel. O VAR terá fundamentado a sua decisão ao árbitro, como é natural. Assim, ficamos a conhecer apenas o comunicado do Conselho de Arbitragem redigido ainda com o jogo a decorrer.
Se há actividade humana onde a paixão se manifesta, sem barreiras, de forma coerciva, é no desporto, com grande incidência no futebol. Daí que as nossas reacções pautadas por atitudes extremistas, onde o raciocínio se enclausura, muitas vezes inconscientemente. Esta é a regra através da qual nos regemos, embora como em todas as regras, existam excepções.
Estas considerações genéricas servem de introdução às nossas reacções enquanto adeptos às peripécias dos jogos, que vemos sempre pelo prisma do nosso posicionamento. Em todos os jogos há situações que geram polémica, com grande incidência na actuação das arbitragens. E talvez se possa ainda afirmar que, com algumas raras excepções, não há arbitragens sem erros, grandes ou pequenos, e que prejudicam ou beneficiam todos os clubes. Admito-o, desde que esses “erros” não sejam deliberados, porque também os há.
O que aconteceu no jogo Casa Pia/Sporting, com um erro considerado grave, na validação pelo VAR de um golo em fora de jogo, que beneficiou o nosso Clube, é a comprovação dessa realidade. E se este beneficiou o Sporting, outros houve, praticados pelo mesmo árbitro/VAR, que nos prejudicaram. O erro é humano, e têm sido feitos esforços para minimizá-lo, com a introdução de novas tecnologias. Apesar disso, os erros persistem porque estas tecnologias são criadas e dirigidas pelo homem.
Nas excepções às regras da “clubite”, e a propósito do erro tão badalado na CS, quero salientar duas atitudes exemplares que não vi muito referidas, nestes debates, com excepção do leitor Leão de Porto Salvo, que saúdo. Trata-se da reacção do treinador Rúben Amorim, que salientou que apesar de não comentar arbitragens, ia abrir uma excepção, para reconhecer que o Sporting foi beneficiado com esse erro. O outro, veio do treinador do Casa Pia, Filipe Martins, ao gelar a polémica pretendida pelos jornalistas, afirmando que esses erros acontecem, e que também poderia ter acontecido a favor o seu clube, tendo ainda acrescentado que conhece muito bem as pessoas em causa e que lhes reconhece total honestidade.
Estes dois exemplos, que passaram quase despercebidas, mas que devem ser salientadas como comportamentos que honram e dignificam a vida desportiva, pois é assim que a vejo para além da paixão clubística. Duvido que muitos outros, no seu lugar, tivessem tal atitude. Ao invés, houve reacções na pantalha social, por comentadores “cartilheiros”, que não têm memória nem vergonha, e que devem ser denunciados como maus exemplos,
P.S.: Têm sido feitas interpretações sobre a actuação do Conselho de Arbitragem. Parece que ficou claro que o VAR errou e quando se apercebeu do erro já era tarde. O golo estava validado. Daí não ter apresentado, as habituais imagens. Depreendo que terá havido comunicação com o CA, tendo sido decidido que o erro só seria divulgado no fim do jogo, para não gerar perturbações. No final da partida teria de ser feita a correcção, sobretudo depois de estar constantemente a ser questionada pela Sport TV. Lamento que o castigo dado ao VAR, naturalmente justo, tivesse sido anunciado com pompa e circunstância, desrespeitando os protagonistas.
No editorial do Jornal Sporting, Miguel Braga, Responsável de Comunicação do SCP, voltou a apontar à urgência do Conselho de Arbitragem da FPF tornar públicos os áudios do VAR, dando o exemplo que chega de Inglaterra.
"Nem dois meses depois do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol ter rejeitado as propostas do Sporting Clube de Portugal para que os áudios do VAR fossem públicos, argumentando que 'as normas propostas afiguram-se ilegais, naturalmente face à Lei, e inadmissíveis face às orientações vinculativas do IFAB e da FIFA', a Premier League fez saber publicamente que pretende que as conversas entre os árbitros e o VAR estejam disponíveis para o mundo no final de cada jogo, através da plataforma do YouTube. (...) Não foi apenas o CA a estar contra a disponibilização pública dos áudios do VAR: SL Benfica e FC Porto também votaram contra as propostas Leoninas, dizendo-se a favor das mesmas, mas utilizando argumentos etéreos para justificar a oposição através do voto contra. Enquanto que em Inglaterra luta-se para mudar e melhorar o futebol, em Portugal faz-se um esforço tremendo para que fique sempre tudo na mesma. A não mudança protege quem manda e o poder instalado, instalado quer ficar".
Miguel Braga, Responsável de Comunicação do SCP, reagiu às críticas do clube da Luz sobre a arbitragem da partida de domingo com o Gil Vicente:
"Em caso de derrota ou objetivo não cumprido [do Benfica], faça-se um comunicado. Este ano é sobre as arbitragens. Para mim a estratégia em tratar os adeptos como tolos é patética. É patético estar a insistir nesta tendência contra o VAR. Ninguém está a dizer que é uma ferramenta que não precisa de ser melhorada. Não é a ferramenta perfeita. Quando fomos campeões, na época passada, falámos bem alto na necessidade de serem conhecidos os áudios do VAR porque ajuda as pessoas a perceber as decisões. Devemos todos trabalhar para a melhorar. Estarmos todas as semanas a criticá-la [à ferramenta] para disfarçar os nossos erros parece-me patético".
Esperamos mais informações sobre a reacção do Sporting, mas não nos surpreende dado que nós próprios abordámos estas questões ontem, aqui no Camarote Leonino.
Tal como referimos, o epicentro da queixa leonina recai sobre a inacção, ou melhor, a falta de comparência do VAR João Pinheiro, nomeadamente nos dois lances em que Coates sofre faltas para grandes penalidades e o cartão vermelho directo a Pepe por agressão.
O momento para abordar questões polémicas não será o melhor, uma vez que a equipa prepara-se para o jogo inaugural da Champions, na próxima quarta-feira, frente ao Ajax.
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Infelizmente o VAR é uma ajuda tecnológica que não favorece uma melhor visão dos lances, porque não depende unicamente da visão de quem o usa, mas também da vontade, da isenção, da liberdade de quem o usa. A mesma ferramenta consegue ser usada para anular um golo por um "microtoque" no braço de um GR, mas não consegue ver um soco, numa imagem em ângulo aberto, na cara de um jogador! Com tamanha disparidade, ao nível da acuidade visual, por parte do utilizador, não há como confiar nesta "evolução" tecnológica.
Texto da autoria de Leão do Norte
ADENDA
O Sporting endereçou nas últimas horas à Comissão de Instrutores (CI) da Liga um pedido para a elaboração de um auto de flagrante delito a Pepe, central do FC Porto.
A CI tem, segundo os regulamentos, um prazo de três dias para responder à solicitação, ou seja, para verificar se existe matéria de facto para a abertura de um processo sumário, posteriormente analisado pelo Conselho de Disciplina da FPF.
Este pedido passa, assim, pelo ponto 2 do Artigo 258.º do Regulamento de Disciplina da Liga, no qual é explicado que uma infracção é flagrante quando "detectada através de objectos ou sinais percepcionados directamente, ainda que através da visualização de imagens televisivas, que mostrem claramente que a infracção foi cometida e o agente nela participou".
O número de golos anulados sofreu um acréscimo de 165 por cento desde a introdução do videoárbitro (VAR) no futebol português, na época de 2017/2018, segundo um estudo divulgado esta sexta-feira pelo Portugal Football Observatory, ascendendo a uma média de 77 golos anulados por época.
"O videoárbitro tem contribuído para reduzir os erros e, ou, infracções passíveis de escapar ao escrutínio imediato no campo. Em todas as épocas VAR houve subida dos golos anulados", lê-se nas conclusões publicadas pela Federação Portuguesa de Futebol.
Os dados demonstram que, nas últimas quatro épocas, o VAR tem sido "essencial" para reverter cada vez mais decisões iniciais do árbitro, sublinha o estudo, exemplificando que, em 2020/2021, o VAR permitiu detectar irregularidades que levaram à anulação de 40 golos e 18 penáltis inicialmente validados e assinalados, respectivamente.
Da comparação entre os dados relativos aos golos anulados antes e após a utilização desta ferramenta tecnológica, verifica-se um aumento significativo por época desportiva: antes do VAR a média era 29 por época, e depois do VAR esse valor aumentou 165 por cento.
Mais, sem o recurso ao videoárbitro, nas últimas quatro épocas, teriam sido validados 119 golos, 56 penáltis e seis cartões vermelhos directos.
Os dados indicam também que, de época para época, o árbitro tem vindo a aceitar mais vezes a análise do VAR.
Na época de 2020/2021 o árbitro seguiu o parecer do VAR em 96 por cento dos lances, mesmo tendo decidido inicialmente de forma diferente. O impacto na queda das reversões decorreu de penáltis e da amostragem de cartões vermelhos, ao passo que os golos não tiveram influência relevante nessa descida.
Estas são algumas de várias conclusões do recém-estudo do Portugal Football Observatory (PFO), que analisou o "Impacto do VAR nas decisões dos árbitros e no Jogo".
Segundo o actual protocolo, o VAR emite a sua opinião sobre os lances em que entende ter havido erro claro e óbvio, mas a decisão final é do árbitro de campo.
O cartoonista Henrique Monteiro - benfiquista assumido - sublinha essa sua condição com este cartoon de Nuno Almeira, árbitro ontem na final da Taça de Portugal.
O clube da Luz está a ter muitas dificuldades em digerir o insucesso da época, depois da promessa do treinador que iriam jogar o triplo. Nesse sentido, vi recentemente um outro cartoon muito engraçado cujo foco era uma garrafa de Triple Sec.
Depois das inúmeras queixas de Jorge Jesus sobre o factor Covid-19 e como o coronavírus afectou o Benfica como a nenhum outro clube - segundo ele -, surge hoje um ataque à arbitragem em que é peça central "Não vamos tolerar que VAR só funcione para uns".
Admite-se que há problemas com a funcionalidade do VAR no futebol português - já o referimos muitas vezes neste espaço -, contudo, é pura hipocrisia o Benfica apresentar-se como a única vítima de decisões adversas. Vejamos o que tiveram para dizer:
"Não andamos a condicionar arbitragens antes dos jogos, com ameaças mais ou menos veladas. Recusamos a refrega permanente em prol de uma suspeição nociva e tóxica para o Campeonato português. Refutamos tudo isso, mas exigimos respeito. Confiamos nas instituições que têm responsabilidades, mas não aceitamos impávidos que nos prejudiquem sistematicamente em momentos decisivos. Não vamos tolerar que o VAR só funcione para uns, ignorando os penáltis que sofremos e as más decisões que nos diminuem. É tempo de quem tem esse dever – nomeadamente, a Federação Portuguesa de Futebol – mudar o que tiver de mudar a bem do futebol e assumir as suas falhas. Nós saberemos assumir as nossas, corrigindo o que tiver de ser melhorado para a próxima época".
O comunicado completo está disponível aqui.
O SC Braga, uma vez mais, recorreu à Newsletter semanal do clube para tecer algumas críticas sobre matérias de arbitragem. Desta vez concretamente sobre o vídeo-árbitro, que o emblema minhoto considera já ter tido "intervenções tóxicas".
"O VAR deveria ser uma ferramenta de essencial auxílio à verdade desportiva, mas já por várias ocasiões mostrou ter uma intervenção tóxica no jogo".
Entre outras considerações, disponíveis aqui, pode-se ler esta a terminar o artigo na referida Newsletter:
"Por último, o número de câmaras presentes em cada um dos estádios e a influência que estas podem ter na boa utilização do VAR. Não se entende, nos dias de hoje, como é que ainda existe uma desigualdade entre Sporting, FC Porto e Benfica e todos os restantes clubes, SC Braga incluído.
Como é que nos jogos disputados entre 15 clubes o número de câmaras nunca é superior a 8, e em contrapartida, naqueles em que participam os três clubes acima mencionados, este número passa, no mínimo, para 12 câmaras? Mas será que há dois campeonatos diferentes? Exigimos igualdade na aplicação e cumprimento das regras e este propósito só poderá ser alcançado se a conjuntura de análise disciplinar for igual para todos. Sem excepção".
Reportagem de André Gonçalves, Record
O sistema de videoárbitro (VAR) em funções na I Liga portuguesa de futebol registou 534 incidentes nos jogos das primeiras doze jornadas desta época, com 43 lances revistos, revelou ontem a Federação Portuguesa de Futebol. Segundo os dados divulgados, dos 43 lances revistos, 95% resultaram numa reversão da decisão original.
A divulgação pelo Conselho de Arbitragem foi decidida para "contribuir para o melhor esclarecimento de todos os agentes desportivos e adeptos".
Pois... "para melhor esclarecimento". Siga...
Com uma média próxima dos cinco incidentes por jogo na primeira dúzia de jogos da temporada 2020/21, há um aumento de 100 minutos, ou 14%, dedicado a revisões e outros momentos de actuação do VAR.
Se apenas 5% das decisões se mantiveram após a revisão do VAR, 51% dos momentos de revisão incluíram a visualização do lance pelo árbitro principal, no relvado.
Por outro lado... o grosso dos incidentes prende-se principalmente com a verificação da validade de um golo, seguida dos momentos de possível grande penalidade.
O Conselho de Arbitragem destaca que foram já promovidas, esta época, um total de 133 horas de formação específica, apontando para um total de 610 até ao final da temporada, além da utilização de um simulador que permite aos árbitros recorrer a jogos para poder decidir em cada vez menos tempo.
"No âmbito do investimento no treino e desenvolvimento dos árbitros, o Conselho de Arbitragem intensificou a relação com o consultor independente David Elleray, cuja colaboração data de 2017, ano em que foi introduzido o VAR em Portugal", acrescenta a nota federativa.
E o relatório sobre os erros cometidos?... Podem começar com o jogo em Famalicão!!!
Miguel Braga, Responsável de Comunicação do Sporting CP, considera, com plena razão, que ficaram por marcar dois penáltis a favor do Sporting na partida com o SC Braga, mais concretamente sobre Feddal e Tiago Tomás, ambos na primeira parte. E criticou ainda o facto de apenas ter sido mostrado cartão amarelo ao guarda-redes bracarense por entrada violenta sobre Sporar:
"Bom jogo contra uma boa equipa e mais três pontos, porém o VAR deveria ter auxiliado na marcação de dois penáltis. Não há razão para que o VAR não tenha visto. Não há razão alguma para que o VAR não tenha assinalado. O amarelo ao Matheus é também inexplicável. Próxima paragem: Nacional da Madeira".
Mais uma vez, o Conselho de Arbitragem da FPF evidenciou-se pelo seu silêncio. Veremos ainda se deste jogo ainda vai sair mais algum processo disciplinar contra o Sporting e seu treinador.
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Carlos Carvalhal, no entanto, tem outra visão das coisas:
"Não falo de arbitragens. Os jogadores do Sporting queixaram-se? Espectacular (risos). Tenho uma visão diferente, do jogo. Foi um jogo disputado. Duas equipas que tentaram fazer o seu melhor. Fizemos um bom jogo e tivemos qualidade para sair do espartilho táctico que estava o jogo. Tivemos as três oportunidades flagrantes, na segunda parte podíamos ter marcado, com uma excelente defesa. Marcámos e foi invalidado. Polémicas não é para mim".
Foi invalidado, com dois jogadores em clara posição irregular. Mas será pedir muito para ele admitir este simples facto.
O Sporting Clube de Portugal promoveu, esta segunda-feira, o 'VAR Future Challenges', um webinar (seminário através da internet) que reuniu vários especialistas internacionais para auscultar os problemas e debater possíveis soluções para uma melhor utilização da ferramenta que chegou para ficar no futebol: o videoárbitro (VAR).
O Clube Leonino reuniu um painel diverso de oradores constituído por figuras ligadas à arbitragem, como Paddy O'Brian e Nigel Owens, árbitros internacionais de râguebi (modalidade com a sua muito própria versão do VAR, designada TMO – Televison Match Official), Keith Hackett, antigo árbitro inglês de futebol, e ainda Greg Barkey, árbitro da MLS (Liga Norte-Americana de futebol), bem como personalidades em representação de organizações de grande relevo no futebol europeu, como Gijs de Jong, secretário-geral da Federação Holandesa de Futebol, Alexander Ernst e Jochen Dree, da Federação Alemã de Futebol, Helena Pires, da Liga Portugal e também José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Pode ler aqui, algumas das considerações em debate.
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Em nota separada, mas ainda relacionada com a conferência do SCP, José Fontela Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF admite abrir as comunicações entre árbitro e videoárbitro em tempo real, mas sublinha que é preciso "tempo, treino e aprendizagem" para dar esse passo:
"Neste momento é muito difícil colocar em prática as comunicações em tempo real. No futuro, esta é a forma de dar maior transparência e credibilidade ao VAR. Precisamos de tempo, treino e aprendizagem. Talvez se no início colocarmos uns 'clips' nos média, só para os adeptos perceberem bem que não há ali quaisquer segredos, para as pessoas perceberem bem como trabalhamos com o VAR. Temos muito trabalho para fazer nesta área. A nossa opinião, neste momento, é que precisamos de muitas horas de treino antes de podermos dar este passo".
Treino e aprendizagem para quê? Para ensaiar os discursos? Parece-me que o componente principal é do foro tecnológico. A partir desse ponto é apenas fazer o que fazem agora, com a distinta diferença que toda a conversa será pública. Por outro lado, até é de admitir que é precisamente isto que será muito inconveniente e exige ser bem treinado.
Ainda, a explicação de Fontela Gomes para as decisões erradas do VAR:
"As pessoas que estão no VAR sofrem pressão para tomar a decisão certa. Há situações de interpretação, o que para um é claro em termos de erro, para outra pessoa não é. O stress e a pressão são os principais problemas que levam a decisões erradas do VAR. Temos de treinar muitas horas e educar a implementação do VAR. Não temos de mudar muito as leis de jogo. Algumas ligeiras mudanças".
Stress e a pressão são "os principais factores"?... Acho que Fontela Gomes deve puxar mais pela sua imaginação para dar uma explicação/justificação mais coerente e realística.
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, saiu em defesa do VAR, considerando que o novo sistema “está a ajudar o futebol”, e rejeitou que esteja a “prejudicar ou danificar” o desporto.
“É preciso ter em conta que o VAR só foi introduzido há dois anos e não há vinte anos. Está a ajudar o futebol, não o está a prejudicar ou danificar. A importância do VAR não pode ser confundida por algumas decisões erradas que podem ter sido tomadas em determinado momento.
Os erros que têm acontecido são sobretudo por falta de experiência. Eu acredito que o VAR está em boas mãos. É preciso evoluir através das informações que são recebidas em todos os jogos. Com essas informações, é possível discutir melhorias".
Gianni Infantino abordou ainda o actual calendário de competições, formatado devido à pandemia da Covid-19, com praticamente todos os clubes a terem de disputar dois jogos por semana.
“No futuro próximo, será necessário que todas as partes envolvidas no futebol discutam e debatam a criação de um calendário harmonioso que tenha em consideração a saúde dos jogadores. É preciso proteger selecções, clubes e o futebol mundial”.
Bem... um discurso muito positivo, mas há determinadas realidades que contrariam o seu optimismo.
Admite-se que o VAR tem tido alguns aspectos muito benéficos, mas não podemos ignorar que cada país lida com as suas próprias circunstâncias, e em Portugal tem-se verificado que os erros de registo não se devem apenas a falta de experiência dos homens do apito. Há vários casos de pura incompetência e ainda outros que, como sempre, nos levam a suspeitar a imparcialidade e objectividade das decisões tomadas.
No que ao calendário competitivo diz respeito, a realidade é que o número de jogos tem vindo a aumentar ano após ano, nomeadamente devido ao alargamento de algumas provas e à criação de outras, e ainda há escassos dias a UEFA revelou que pretende aumentar significativamente o número de jogos da Liga dos Campeões. Relativamente a selecções, a razão de ser da Liga das Nações é muito discutível.
Ao que consta, o vídeo-árbitro do Sporting-Moreirense vai ficar afastado das nomeações durante várias semanas. A decisão do Conselho de Arbitragem em colocar Rui Oliveira na jarra tem a ver com o erro no primeiro golo do Sporting, que deveria ter sido anulado devido ao contacto da bola com o braço de Pote, momentos antes de este marcar.
O CA irá manter o critério que já levou ao afastamento de alguns juízes esta época, entre os quais Nuno Almeida e André Narciso, referente ao P. Ferreira-FC Porto. O algarvio e o setubalense não voltaram a dirigir jogos profissionais desde então, tendo apenas estado na Taça de Portugal por não haver árbitros suficientes para os duelos envolvendo equipas da Liga NOS.
Para o CA, Rui Oliveira cometeu um erro grave ao não dar indicação da falta ao árbitro Vítor Ferreira. O portuense não respeitou as directrizes fornecidas aos árbitros na função de VAR e será punido por isso. Até porque se tratou de uma falha com consequências no resultado, vitória do Sporting por 2-1.
Nota: Deve haver uma outra imagem muito mais especial, porque neste vídeo da jogada do golo não se consegue ver infracção alguma.
Uma versão mais simples do videoárbitro (VAR) e uma abordagem que se estenda "a todos os níveis do futebol" está a ser estudada por um grupo de trabalho da FIFA, informou esta terça-feira o organismo, em comunicado, acrescentando a possibilidade de redução nos requisitos mínimos tecnológicos.
O grupo denominado 'Inovação e Excelência' apresentará brevemente à FIFA e ao IFAB - órgão regulador das Leis do Jogo - recomendações para colocar em 'marcha' a reforma pretendida, no sentido de simplificar o VAR.
"Existe a necessidade de criar sistemas mais acessíveis e que permitam o recurso ao assistente de vídeo na arbitragem a todos os níveis do futebol".
Na mesma nota, o organismo diz também estar a estudar um desenvolvimento tecnológico semiautomático para a questão do fora de jogo, no sentido de tornar a análise dos mesmos o mais eficaz possível.
Tudo muito bem..., mas teremos de esperar para ver as medidas inovadoras que vão ser propostas e eventualmente implementadas. Não há dúvida alguma que o recurso ao VAR necessita urgentemente de ser melhorado, mas também é igualmente verdade que estes "grupos de trabalho" da FIFA nem sempre vêm à luz com inovações de excelência. Aliás, há aspectos das leis do jogo que urgem há anos ser alteradas mas que a FIFA e/ou o IFAB recusam efectuar.
Não sendo novidade alguma, há em tudo isto uma realidade incontornável: enquanto o ser humano participar no processo decisional vamos ter erros e quaisquer novas medidas que venham a aumentar a participação humana, em vez de a reduzir, tornar-se-ão ainda mais susceptíveis ao erro, especialmente em países como Portugal onde os critérios de decisão são inconstantes e vulneráveis a influências alheias.
Gastaram-se litros de tinta, usaram-se uns quantos quilos de palavras, passe o exagero, com interpretações, tão ou mais subjectivas, que o lance de penálti revertido no jogo Sporting-FC Porto. Do que foi dito e escrito, resulta um denominador comum: o homem do apito, esteve certo na sua decisão em função do que observou directamente, mas, ao mesmo tempo, esteve errado, de acordo com as imagens televisionadas, que lhe foram apresentadas pelo VAR. Assim sendo, a reversão acabou por ser correcta, ou por outras palavras, "escreveu-se direito por linhas tortas". Quando o assunto cair no esquecimento, a banda continua a tocar.
Imagens televisionadas? Começam aqui as contradições. Porque razão o VAR meteu o "bedelho" onde não devia. Sobre tudo o que li e ouvi, há uma posição unânime: o lance em causa não constituía um erro grosseiro do árbitro. E mesmo perante as imagens que têm aparecido, a intervenção do defesa portista na acção do avançado é susceptível de diversas interpretações. Também não se nega o contacto, o que se discute, fundamentalmente, é se teve ou não influência no seguimento da jogada.
Para não acrescentar mais litros ou quilos à polémica, coloco algumas interrogações: o que se passou na comunicação, que não devia ter existido, entre o VAR e árbitro? O que viu este nas imagens televisivas que o levou a mudar a sua anterior decisão? Não viu contacto? Se viu, calculou então a sua intensidade? Com que certezas mudou a decisão? Será que não os tem no sítio? Tem medo de quê ou de quem?
Em conclusão, o homem do apito foi célere na marcação da infracção, mas depois de uma conversa de "pé de orelha", mudou de agulha. Acredito que quando foi ver as imagens já tivesse a reversão decidida.
Vimos vários comentadores encartados a dizer que não era caso para VAR, mas que a sua intervenção repôs a verdade, a partir da dita conversa, que não podia ter existido. Que raio de coerência é esta? A verdade é que é fácil bater num clube sério como o Sporting CP, ainda por cima com o acordo de certas facções internas. Na realidade, não me lembro de ver estes comentadores mexer uma palha, contra as falcatruas que beneficiam outros clubes. A verdade é que não se "escreveu direito por linhas tortas" mas escreveu-se "torto por linhas direitas".
Um muito breve esclarecimento para complementar o debate que decorre neste momento sobre o VAR e a sua actuação no jogo de ontem entre Sporting e FC Porto.
Em Dezembro 2019, Lukas Brud, secretário-geral do International Football Association Board (IFAB), em declarações ao jornal L'Équipe, esclareceu que "o VAR só deve actuar em situações claras e óbvias".
"Se uma situação não é clara ao primeiro olhar, então não deve ser considerada. Olhar para uma câmara de um ângulo é uma coisa, olhar para quinze câmaras, procurando encontrar algo que pode estar ou não ali, essa não era a ideia original. Não estamos à procura da melhor decisão, mas sim a tentar livrar-nos de erros claros e óbvios".
Isto não vem do IFAB, mas nem por isso deixa de ser interessante que na Austrália ouve-se na TV a conversa entre o árbitro e o VAR. Dá para imaginar que esta prática em Portugal não seria vista de bons olhos pelos principais intervenientes do futebol português.
O que é que Luís Godinho viu no monitor - com a cumplicidade de Tiago Martins (VAR) - diferente do que viu no relvado no momento real do lance?
O facto de ser o mesmo VAR que agiu na época passada em Moreira de Cónegos, tal como Frederico Varandas refere nas suas declarações, deve ser "mera" coincidência, decerto?!?
O árbitro assinalou falta de Zaidu sobre Pote na área numa primeira instância e exibiu o 2º cartão amarelo ao lateral-esquerdo portista. No entanto, reavaliou o lance no monitor e reverteu a decisão.
(O vídeo do lance disponível aqui)
Frederico Varandas, em conferência de imprensa, manifestou a sua indignação:
"Hoje o Sporting CP está triste porque perdeu dois pontos e acho que o futebol português também está triste porque teima em não mudar. Já vi o lance várias vezes, e só faço uma pergunta: este mesmo lance, este possível penálti, sabem quando é que era revertido no Estádio do Dragão ou na Luz? Nunca, nunca. O árbitro vê empurrão nas costas, assinala penálti, depois o VAR surge a analisar se há intensidade, se é dentro ou fora da área. É o costume... o VAR só deve analisar num erro clamoroso. Para mim é penálti, é. O jogador leva um encosto no ar, para mim é penálti. Foi marcado, em Alvalade, é revertido. Mas também vi em Tondela o Doumbia ser pisado, o árbitro bem a mostrar o vermelho, o VAR chamou e reverteu em amarelo. Também vi um penálti claríssimo em Moreira de Cónegos que o mesmo VAR de hoje não viu. O VAR chamou o árbitro, viu, mas o árbitro continuou a achar que não era penálti.
São estas coisas que acontecem frequentemente no futebol português, mas sobretudo ao Sporting. O mesmo VAR não vê o vermelho directo ao Zaidu, qual é a dúvida? E é por isso que acho que o futebol português devia estar triste. Infelizmente, em Portugal, para triunfar só por mérito, é muito difícil. No futebol ainda mais. Não interessa se a pessoa foi apanhada em escutas, se tem processos judiciais, interessa é se tem poder, se ganhou e aí todos prestam vassalagem.
O Sporting dá todo o apoio ao presidente da arbitragem mas já disse isto três vezes: Se os soldados não prestam, encostam-se. E se virmos, há um denominador comum muitas vezes. Há valores que o Sporting não abdica, não vamos fazer o que se fazia, não vamos jogar sujo. Mas se tivermos de gritar, vamos gritar bem alto. Custe o que custar, vamos vencer."
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ADENDA
Faltava, neste post, os pareceres de alguns "peritos" cá do burgo...
Jorge Faustino (nota 3) - Arbitragem que confirmou a maturidade de um "jovem" internacional onde alguns erros de critério não influenciaram o resultado. Trabalho globalmente positivo.
- Zaidu, na tentativa de jogar a bola, mas numa abordagem muito negligente, acertou com a sola da bota no pé de Pedro Porro. Vantagem bem aplicada e correta a exibição do amarelo na interrupção seguinte.
- Existe contacto do braço de Zaidu nas costas de Pedro Gonçalves que parece não ter impacto na movimentação deste. Lance de interpretação de intensidade onde se aceita a decisão de não sancionar penálti.
Marco Ferreira (nota 3) - Cometeu alguns lapsos a nível técnico e disciplinar. Errou em assinalar o pontapé de penálti com o VAR a intervir correctamente. Acusou a pressão do jogo acabando por não influenciar o resultado final.
- Zaidu aborda tarde a bola e pisa o pé do adversário de forma negligente, Árbitro aplica a lei da vantagem e adverte na interrupção. Boa decisão.
- Zaidu e Pedro Gonçalves tentam disputar a bola dentro da área do Porto com o avançado a cair, Árbitro assinala pontapé de penálti. VAR aconselha o árbitro a verificar o monitor e reverte a decisão correctamente. Lance normal sem infracção.
**** Surpresas?... Nenhuma!!!
Aleksander Ceferín, presidente da UEFA, defendeu a necessidade de se encontrar uma alternativa à interpretação da regra do fora de jogo feita com a tecnologia de linhas do VAR. O líder do organismo europeu não quer que "as equipas sejam arruinadas por uma má decisão".
"Um centímetro fora de jogo não é fora de jogo... Essa não é a intenção ou o significado da regra. Tem de ser um erro óbvio e decisivo para o VAR intervir", afirmou Ceferín em entrevista à Sky Sports.
De referir que a UEFA prepara-se para introduzir linhas virtuais mais grossas nos lances de possível fora de jogo analisados pelo VAR. Esta mudança deve entrar em vigor a partir de 2020/21, nos jogos da Liga dos Campeões e Liga Europa.
"Linhas mais grossas são mesmo essenciais, porque a linha é colocada subjectivamente. Não existe precisão exata e um centímetro pode arruinar a época de um clube. A mão na bola também é problemática, mas não sei o que fazer acerca disso", observou.
Pierluigi Collina, antigo árbitro italiano que actualmente chefia a comissão de arbitragem da FIFA, reflecte sobre a introdução da tecnologia no futebol e defende que o VAR não pode ser encarado como um decisor, mas como um auxiliar ao árbitro de campo.
"O árbitro deve decidir como se a tecnologia não existisse. O objectivo é não precisar do VAR porque as decisões são tomadas de forma correcta de acordo com a preparação que os árbitros fazem", começou por dizer em entrevista à La Gazzetta dello Sport o antigo árbitro, que apitou uma final da Liga dos Campeões (1999), uma final de um Mundial (2002) e uma final de um Europeu (1998).
"O árbitro sabe bem que está ali um para-quedas que pode ajudar a corrigir um erro. É preciso conhecer tudo acerca do jogo, analisar vídeos para conhecer as tácticas e as características dos jogadores. No meu tempo, isso era feito ocasionalmente, agora faz parte da preparação integral dos árbitros".
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