Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A PSP de Lisboa confirmou ontem uma agressão a um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina, que foi transportado ao hospital, por parte de um grupo de mais de 30 indivíduos com camisolas dos ‘No Name Boys’.
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, através da Divisão Policial de Cascais, teve a informação de um caso de agressão a um homem de 32 anos, “alegadamente pertencente ao grupo organizado de adeptos conhecidos por Juve Leo”, que ocorreu na tarde de terça-feira, em São João do Estoril.
“Segundo foi possível apurar, o homem foi agredido por um grupo de cerca de 30 a 40 indivíduos, os quais tinham o rosto tapado com camisolas de cor preta, com as letras vermelhas alusivas à claque de futebol ‘No Name Boys’”, refere a PSP em comunicado.
Segundo as autoridades policiais, o homem vitimado, que se encontrava sozinho, estava a ser agredido quando um agente da PSP, em patrulhamento de prevenção criminal no local, se apercebeu da situação e interveio.
“Os suspeitos cessaram as agressões e se colocaram em fuga em várias direcções, não tendo sido possível interceptar nenhum deles”, salienta a nota.
Apesar da oportuna intervenção do agente policial, a vítima sofreu várias lesões, sendo por isso transportado para uma unidade hospitalar, com a PSP a referir que foram evitadas “consequências mais graves”.
“De referir que apesar dos suspeitos estarem de rosto tapado, a vítima reconhece-os em virtude de existir uma rivalidade antiga entre os mesmos”, conclui.
C O M U N I C A D O
O Sporting Clube de Portugal vem mais uma vez alertar para os episódios de violência que são frequentes no futebol nacional e o mancham, por vezes de sangue e morte.
Desta vez, outro adepto do Sporting CP foi hospitalizado na sequência de episódios de violência gratuita – segundo foi noticiado, o adepto terá sido espancado e esfaqueado por 20 elementos de um clube rival, que fugiram do local com a chegada da polícia. O episódio aconteceu na zona do Estoril.
Com o aproximar da data do reatar da competição (I Liga) é urgente agir sobre este tipo de comportamento que ameaça o bem-estar do adepto comum do Desporto em Portugal.
A violência não pode fazer parte do Desporto e da Sociedade portuguesa do século XXI.
O Sporting CP solicita, por isso, às autoridades competentes acção e consequência sobre estes actos.
E ainda apela a que todos os clubes, agentes desportivos e adeptos venham a terreiro, sem receios, travar, de frente, esta luta contra a violência no Desporto.
____________________________________________________
Reportagem do jornal Record sobre o incidente em questão, assente, pelos vistos, numa outra reportagem do Correio da Manhã.
Tarja supostamente da claque Torcida Verde. Não é claro se se relaciona com este episódio de violência ou se é dirigida, na generalidade, à retoma do futebol competitivo.
***Este texto é da autoria de Nação Valente.
Já tive ocasião de escrever num outro texto que estes tempos extraordinários que vivemos, com condicionamentos e reflexos imediatos, nomeadamente na economia mundial, não vão mudar nada nos comportamentos e atitudes.
Se agíssemos de acordo com bons princípios e reflectíssemos à luz do que se está a passar, perceberíamos que a nossa condição humana é extremamente frágil, e deveríamos chegar à conclusão que, para bem de todos, devemos ser mais solidários, mais humildes, mais racionais.
Mas nós somos o que somos... egoístas, arrogantes,com baixos níveis de formação cívica, porque é essa a genética da natureza humana. Muitos pensadores através dos séculos têm defendido que a natureza humana pode ser melhorada através da educação, mas até agora a evolução é muito reduzida.
Tudo isto e mais se reflecte na incapacidade de nos colocarmos no lugar do outro para o compreender e respeitar. Estes jovens que praticam agressividade gratuita, mostram até que, em certas camadas populacionais, estamos perante uma séria involução. As claques dos clubes são um refúgio de jovens sem valores, que se associam, não tanto em função do apoio ao desporto, mas muito mais para formarem grupos radicais, que funcionam com gangues violentos.
Desta vez foi (supostamente) um grupo associado ao SLB que atacou adeptos do SCP, possivelmente a comemorar publicamente, sem autorização, em tempos de confinamento. Foram os agredidos. Mas, noutra altura, poderão ser agressores. Quando é que os adeptos ordeiros percebem, de uma vez por todas, que esta gente não faz falta ao futebol?
Por outro lado, o Rui Gomes diz que o mal não está só nos dirigentes, mas também está nas autoridades. Veja-se o que se passa a propósito da utilização dos estádios no recomeço do campeonato. Não aprenderam nada e nem sequer vão aprender. O nosso futebol, com raras excepções, está inundado por mau dirigismo. E é também graças a isso que estas situações violentas continuam.
Confrontos entre adeptos marcaram a noite de domingo, no Lumiar, em Lisboa. Membros do Directivo Ultras XXI festejavam o seu 18.º aniversário quando foram surpreendidos por um grupo de 15 homens, supostamente membros de uma claque afecta ao Benfica.
Três dos adeptos do Sporting sofreram ferimentos, dois deles obrigando a internamento hospitalar em estado grave, consequência de agressões a murro e pontapé.
O Sporting já reagiu através de comunicado:
""O Sporting Clube de Portugal repudia, mais uma vez, os episódios de violência que continuam a marcar a vida do Desporto em Portugal. Neste caso, as agressões que tiveram lugar ontem à noite, perto das imediações do Estádio José Alvalade, na zona do Lumiar, que resultaram na hospitalização de dois adeptos.
A visão do Clube assenta no princípio basilar de que o desporto é um meio para atingir um fim – e que tem como objectivo melhorar o bem-estar da vida das pessoas.
No dia em que faz 24 anos da morte de um adepto do Sporting CP, no estádio do Jamor, vítima de um very-light, é lamentável e preocupante que estes episódios continuem a acontecer.
O Clube vai continuar a liderar o processo e debate de promoção de um clima saudável e de melhoria do espectáculo desportivo em Portugal e apela por isso, mais uma vez, à intervenção rigorosa das autoridades num problema que extravasa o âmbito meramente desportivo".
As autoridades locais já estão a investigar o incidente, mas, ao que consta, a PSP ainda não identificou nenhum dos intervenientes:
"Foi accionada para a zona do Lumiar, no dia 17 de Maio pelas 22h19, por haver notícia de alegadas agressões entre indivíduos. Foram encontrados três feridos, dois dos quais estão hospitalizados.
Terão sido agredidos por um grupo de cerca de 15 indivíduos, desconhecendo-se a sua identidade neste momento. Está-se a desenvolver diligências no sentido de apurar a identidade dos intervenientes.
Violência gratuita nunca precisa de razão de ser, mas é deveras perplexo o propósito desta ocorrência. Por ser o 24.º aniversário da morte de Rui Mendes, adepto do Sporting, depois de ter sido atingido com um very light no Jamor?
"Trabalhar e vencer no manicómio que é o estádio de Alvalade é obra. Chapeau."
Alexandre Pais, a propósito do jogo Portimonense/SportinCP
Record
"Isto é uma tentativa de homicidio ao Sporting"
Rui Santos
Quem pensava que quase dois anos depois do assalto a Alcochete que este episódio estava arrumado, enganou-se redondamente. Alcochete continua bem vivo e presente na vida do Clube. Já é e continuará a ser um infame caso de estudo. Como é que uma minoria de associados/adeptos continua a perturbar o funcionamento normal do Sporting Clube de Portugal? Alguém já lhe chamou um clube de malucos. Pelo menos em relação a alguns a designação parece correcta. O facto é que utilizando outras formas o ataque ao Sporting vai tendo novos episódios.
O que se verificou na recém-manifestação de "antis" com violência gratuita à mistura, é apenas e tão só mais um desses episódios recorrentes. Quem são eles e o que pretendem? Numa aliança oportunista, distingo três grupos que se entrecruzam: as claques Juve Leo e Directivo XXI, os brunistas radicais com alguns descontentes ocasionais, os "abutres" sedentos de poder que na sombra manejam os seus fantoches, sem dar a cara.
Estão unidos num único objectivo em comum... derrubar a Direcção eleita há ano e meio. Mas têm objectivos próprios que os distinguem. As referidas claques com privilégios especiais há anos, que foram reforçados pela Direcção anterior, não se conformam com a sua perda. Lutam pelas regalias que possuíam em relação aos outros sócios, e que para alguns constituía um modo de vida. Lutam pelo poder de "governar" o Sporting CP, sem mandato legal. Muito para além do apoio ao Clube são antros de vícios, onde se inclui a droga.
A droga, como substância alucinogénia para produzir uma realidade omniparalela, pode assumir outras formas, a que se chamaria de droga psicológica, e que está presente desde os alvores da humanidade na forma de religiões radicais e alienantes. É responsável por ódios e guerras trágicas. Condiciona mentes humanas fracas, criando fantasias que as façam viver numa euforia permanente.
Um analista televisivo inseriu este comportamento recorrente dos brunistas nesse estado de felicidade artificial, criado pelos seu lider, durante o seu consolado. De facto, Bruno de Carvalho, recorrendo a um veículo viperino de populismo e demagogia, criou um ambiente eufórico, como uma religião, mantendo os seus seguidores constantemente "embriagados" numa felicidade sem correspondência com o dia a dia, e sempre dependente de um paraíso futuro. Embora como psicólogo de bancada a tese parece fazer sentido.
E sendo assim, o que acontece quando se tira a droga a quem dela depende?... Entra-se em período de carência e procura-se readquirir a droga perdida. Daí esta golpada permanente para restituir ao poder quem o faça, assuma a forma que assumir. Para isso, está provado, recorre-se a todos os meios incluindo a violência, inerente a estados de espírito alienados.
O que é que isto tem a ver com o Sporting e os seus interesses? Nada. O que é que tem a ver com resultados? Nada. O que é que tem a ver com o presidente se chamar Varandas ou outra coisa qualquer? Absolutamente nada. Apenas tem a ver com a recuperação da droga perdida, metaforicamente falando. O vício da droga sendo uma doença não se cura com paliativos.
Na sombra encontra-se, cinicamente, o grupo de oportunistas que apostam na degradação do ambiente do Clube, esperando que o poder caia na rua para o apanharem. Que é que isto tem a ver com a recuperação do Sporting? Nada. Tem haver com os seus interesses, e tudo têm feito para desestabilizar, como se provou aquando do lançamento do empréstimo obrigacionista.
É esta oblíqua convergência de interesses que gera o 'caldo de cultura' que alimenta este golpismo. O golpismo tem de ser combatido com muita coragem, mas só isso não chega. É preciso desmacará-lo, com verdade, com transparência, com provas irrefutáveis. É preciso agir com firmeza. Se não for assim é difícil ganhar esta batalha. E quem perde não é a Direcção eleita e com mandato legítimo por quatro anos. Quem perde é o Sporting CP e o futebol em geral. Como no antigo PREC está em causa a democracia. Por ela todos os sportinguistas de boa fé devem lutar.
P.S. : Nos últimos 25 anos o Sporting teve sete presidentes, cinco que não completaram o mandato, e 30 treinadores. Caso para reflexão. Será que o Sporting aguenta muito mais este percurso destrutivo?
As claques como grupos organizados, e constituídos por jovens, têm a sua origem nos anos sessenta. O seu objectivo era apoiar as equipas, dando-lhes motivação na sua acção em campo. Agiam por amor ao clube e nada recebiam para além da satisfação de participar e receber bons resultados desportivos.
As claques evoluíram acompanhando os tempos, mas evoluíram no pior sentido. Passaram de grupos de adeptos que davam, com generosidade, o seu apoio, para grupos subsidiados, como uma espécie de animadores profissionais, que começaram a extravasar o motivo para que foram criadas. São hoje um contra-poder que se arroga a intervir na gestão do próprio clube, pressionando decisões dos dirigentes.
Enfeudadas no Sporting Clube de Portugal à Direcção que foi destituída, tornaram-se na sua guarda pretoriana. Com a queda dessa Direcção, assumiram-se como oposição aos novos dirigentes eleitos, ao ponto de irem para os jogos criticar e insultar o Presidente, à boleia de maus resultados negativos. A situação atingiu tal dimensão, que Varandas teve de agir com firmeza, tomando as medidas, impopulares, que se exigiam.
Passados meses,Varandas mantém a mesma firmeza mas está só. Os presidentes de outros clubes, que de forma clara ou até encapotada, se servem das claques, nas quais se apoiam, como um grupo que utilizam para a luta contra os adversários, assobiam para o lado. E enquanto estas não se virarem contra a sua autoridade não irão mexer uma palha. Deste lado, não pode esperar Varandas qualquer solidariedade.
O poder político foge do mundo do futebol e da sua irracionalidade como o diabo da cruz. Tem medo de meter-se com gente que se apoia em milhões de adeptos, que enquanto tal, consideram os dirigentes do seu clube, como cidadãos acima da lei, inatacáveis e dispostos a guerrear em seu nome. Deste lado, tirando umas promessas vãs de alguns governantes de segunda linha, Varandas dificilmente terá qualquer apoio.
Os vários acontecimentos de comportamento selvagem de adeptos, utilizando artefactos pirotécnicos proibidos num jogo de futebol, trouxe para a actualidade, um assunto que é transversal a todos os clubes. Esta violência gratuita não tem a ver com rivalidade, e devia preocupar a sociedade. O poder político ao mais alto nível, devia ser pressionado para agir de forma drástica. A escumalha, para usar as palavras de Varandas, não pode continuar impune a espalhar o medo pelos recintos desportivos.
Como é possível que os dirigentes desportivos vejam os seus adeptos a causar distúrbios num jogo que devia acontecer dentro das quatro linhas e não tome nenhuma medida, para além de algumas lágrimas de crocodilo? No combate a esta situação Varandas está só, mas está no bom caminho. A indústria do futebol agradece num país que se quer civilizado.
Nota: título utilizado na coluna de opinião do Director de Record.
A violência e os crimes nos estádios de futebol aumentaram 26% da época 2015/2016 para a época 2016/2017. É nesse sentido que apontam os dados revelados pela PSP ao Jornal de Notícias, só relativamente ao futebol profissional.
Nesses dois anos, a PSP e a GNR contabilizaram um total de 5628 casos violentos – 2505 no primeiro ano e 3177 na época seguinte -, numa média de 54 ocorrências semanais em estádios e recintos desportivos.
Os crimes mais praticados são posse ou uso de artefactos pirotécnicos, roubo, arremesso de objectos ou desordens entre adeptos e a venda ilegal de bilhetes, que levou à detenção de 198 pessoas em duas temporadas. Ao mesmo jornal, PSP e GNR consideram que o crescimento de participações criminais se deve a um aumento de policiamento que se tornou mais proactivo e preventivo.
Segundo o Jornal de Notícias, existem duas dezenas de pessoas proibidas de entrarem em estádios de futebol, por terem sido condenadas em tribunal ou como acção preventiva por ordem do Instituto Português do Desporto e da Juventude. As autoridades assumem a dificuldade de aplicar a medida, principalmente se for possível aos visados misturarem-se com a multidão. "Normalmente são indivíduos referenciados e conhecidos e todas as semanas são enviados relatórios actualizados. Mas não é fácil, no meio de três ou quatro mil pessoas, ou 200 ou 300 que sejam, identifica-los", disse fonte da GNR ao JN.
Desde o início da presente temporada e até Março de 2018, avança o jornal diário, a PSP registou um total de 2578 incidentes em recintos desportivos – 2394 em eventos relacionados com o futebol. Números que apontam para um novo possível aumento da violência no final da presente época.
A Associação Uruguaia de Futebol (AUF) anunciou que decidiu suspender a 11.ª jornada do campeonato da I Divisão após a morte de um adepto do Peñarol, que foi atacado por ultras do Nacional, no final de Setembro. "Face ao lamentável falecimento do jovem Hernán Fioritto, a AUF resolveu suspender todas as suas actividades previstas para o fim de semana.
O jovem foi um dos três adeptos do Peñarol baleados no dia 28 de Setembro na localidade de Santa Lucía, na província de Canelones, segundo a imprensa local.
Um das vítimas recebeu alta hospitalar no mesmo dia, enquanto outro permaneceu internado um mês até se recuperar, enquanto o terceiro morreu então na sexta-feira no Centro de Tratamento Intensivo de Montevideu, onde estava internado.
Até ao momento, 12 ultras do Nacional foram condenados a penas de prisão pelos incidentes, enquanto três outros aguardam em preventiva uma decisão judicial.
O Sporting instalou uma caixa de segurança no Estádio José Alvalade que já foi usada no jogo com o CSKA de Moscovo, em 18 de Agosto. A estrutura é semelhante à que o Benfica estreou na Luz, num derby em 2011, e que foi incendiada. O Estádio do Dragão também já tem uma caixa de segurança instalada.
A construção de caixas de segurança passou a ser obrigatória em estádios com capacidade para mais de 35 mil pessoas em Portugal, desde a revisão dos estatutos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, entrando em vigor na época desportiva de 2016-17. Os clubes nessas condições têm, de acordo com o regulamento, um ano para proceder à mudança.
Para inúmeros adeptos do futebol a instalação da referida caixa é contraproducente por razões de visibilidade, de bem-estar e de segurança pessoal. Há quem recorde que as vedações nos estádios começaram a ser retiradas na sequência da tragédia do Estádio do Heysel em 29 de Maio de 1985, discordando da instalação de uma mini vedação e muitos garantem que ali nunca assistirão a um jogo.
É verdade que o futebol sempre coexistiu com determinadas formas de violência. Em Portugal há notícias de se verificarem distúrbios desde a década de 20 do século passado. A própria linguagem futebolística possui algo de agressivo (ataque, táctica, vitória, derrota) e o desporto substituiu os torneios medievais ou outras demonstrações de força e de valor. Os futebolistas quando regressam de uma vitória importante são recebidos como heróis. Por vezes diz-se, para exaltar o esforço físico que envolve um jogo de futebol, que é para “homens de barba rija”. Mas, tudo isso, o futebol foi capaz de integrar e sublimar pela extraordinária dimensão humana, estética, cultural e atlética que decorre de um desporto praticado por grandes atletas.
Nos dias de hoje a violência no desporto adquiriu outra dimensão e coloca-se a um outro nível da pulsão agressiva aceitável em seres humanos. É algo teorizado, organizado e planeado que não decorre essencialmente da paixão e da emoção do jogo, mas que resulta da incorporação de valores de identidade exacerbados e estereotipados que predispõem para a luta simbólica ou explícita e surgem associados ao ódio e à vontade de estabelecer outras regras que estão para além daquelas que decorrem da organização social e desportiva. Este fenómeno é potenciado pela reprodução autónoma das rivalidades violentas através de acções conflituantes determinadas por solidariedades grupais e instintivas. Aquilo a que R. Giulianotti designa por “thick solidarity”.
Esta realidade constitui um dos problemas mais graves que se verifica no futebol hoje em dia, independentemente das diferentes características e intensidades que assume em diversos países. Alvalade é, ainda, um oásis comparativamente com o que se passa em vários outros locais, mas a um observador minimamente atento não escapa que, em qualquer momento, podem acontecer situações de elevada conflitualidade.
As tochas atiradas para o relvado do Estádio do Bessa são de um patamar muito diferente da abordagem deste texto, mas continua-se a aguardar que a Direcção se pronuncie sobre o ocorrido na bancada com adeptos leoninos. É do interesse do Clube (e do próprio Futebol) uma mensagem cristalina sobre este tipo de acontecimentos.
O Sporting tem todo o interesse em demarcar-se de forma clara e veemente das manifestações violentas no futebol, repudiando as sub-culturas que promovem o sectarismo e a xenofobia, para depois possuir autoridade moral para criticar eventuais acontecimentos dessa ordem.
No entanto, a caixa de segurança é questionada por muitos adeptos do futebol e consideram que uma estrutura daquele género ainda tornará o ambiente nos estádios mais conflituante e opressivo, concluindo que, tal como se verificou com as vedações, chegará o dia da sua demolição. Em Alvalade já foi inaugurada, sendo presidente o mesmo Bruno de Carvalho que em Novembro de 2011, a propósito da inauguração da jaula no Estádio da Luz num Benfica-Sporting, afirmou que "quando se tomam medidas como a de colocar uma rede à volta dos adeptos, não é para refrear ânimos, mas sim para agudizá-los".
P.S.: A morte continua a rondar os estádios de futebol. Iniciou-se no Tribunal de Varas Mistas de Guimarães o julgamento de um indivíduo de 20 anos suspeito de esfaquear dois adeptos do Sporting, numa rua de Guimarães, no final do jogo Vitória-Sporting realizado em 1 de Novembro de 2014. Outro indivíduo, de 18 anos, vai responder no mesmo processo por agressões. A acusação de homicídio qualificado refere-se ao caso do sportinguista que foi esfaqueado no tórax. Na próxima sessão, em 1 de Outubro, vão ser ouvidas as testemunhas de defesa e de acusação.
As cenas de violência gratuita a que assistimos ontem cerca de duas horas antes do clássico do Dragão não é representativo do Sporting, do futebol e muito menos ainda de uma sociedade civil e respeitadora. Recorrendo às palavras de um leitor, "Depois da batalha campal que se seguiu pela televisão, os três pontos em disputa em qualquer jogo passaram de imediato para segundo plano. Há coisas mais importantes que exigem ser investigadas urgentemente."
Esperamos que o Sporting se pronuncie publica e oficialmente a repudiar estes lamentáveis actos e, sobretudo, que os prevaricadores dos mesmos - indiferente da sua associação clubista - sejam devidamente identificados e severamente punidos pela Justiça, disposição esta, em Portugal, mesmo muito duvidosa, infelizmente.
Um breve apontamento noticioso sobre os incidentes:
«Viveram-se momentos de grande tensão duas horas antes do clássico entre o FC Porto e o Sporting. Um grupo de cerca de 100 adeptos não identificados, vestindo roupa preta e cinzenta e munidos de capuchos - alegadamente afectos ao Sporting - resolveram sair fora da caixa de segurança formada pela polícia e irromper pela Alameda do Dragão causando o verdadeiro pânico, ao lançarem pedras e garrafas na direcção dos simpatizantes do FC Porto.
O medo apoderou-se de muita gente, que decidiu fugir para longe, ao passo que os prevaricadores continuaram a sua cruzada até ficarem encurralados e começarem a ser agredidos por adeptos do FC Porto.
As cenas de pancadaria não tomaram maiores proporções, já que os adeptos, em pânico, precipitaram-se para as baias de segurança, correram em direcção à entrada 25 do Estádio do Dragão e pularam os torniquetes para escapar à ira dos portistas.»
A recorrência de incidentes de violência gratuita na cidade minhota, dá azo à expressão que será melhor ver jogos de futebol em Braga...por um canudo. Os adeptos leoninos que se dirigiram ao Estádio 1.º de Maio para assistir ao embate entres as equipa B dos dois clubes, foram alvo de arremesso de pedras de dentro para fora do estádio logo à chegada. Pela imediata intervenção da PSP, a situação não atingiu maiores e mais graves proporções. O jogo acabou por terminar sem golos. Regista-se este eloquente comentário de um adepto sportinguista:
«Tenho boas recordações de Braga e das suas gentes que sabiam receber. Os tempos mudaram e as pessoas também. Já começam a ser agressões a mais. Não acredito que esta linda cidade tenha virado um acampamento de selvagens e arruaceiros.»
O SC Braga - Paços de Ferreira de segunda-feira, foi palco para mais uma deplorável cena de desordem e incivilidade no futebol português. Pela celebração do segundo golo do seu clube, os adeptos pacences viram-se atacados por algumas dezenas de energúmenos bracarenses, que arremassaram cadeiras e chegando mesmo a perpretar agressões. A polícia e as forças de segurança viram-se obrigadas a intervir para proteger os «refugiados». Uma acção que se condena veemente e que merece a identificação dos principais intervenientes para punição exemplar, numa sociedade democrática que não pode tolerar violência gratuita nos recintos desportivos, em qualquer parte do País.
Mais dois incidentes deploráveis de violência no futebol, um em Portugal e o outro na Holanda, este último a acabar em tragédia. Todos aqueles que insistem neste tipo de conduta, têm de ser chamados à justiça e punidos severamente, de modo a servir de exemplo, de uma vez por todas. É absolutamente inadmissível que estas ocorrências tenham lugar em sociedades supostas civilizadas, em geral, e em recintos desportivos, em particular:
* O encontro de futebol de juniores C entre o Desportivo Candal e o Lusitano de Vildeminhos, em Vila Nova de Gaia, terminou em confrontos entre pais dos atletas das duas equipas, registando-se, pelo menos, um ferido. Segundo o que foi noticiado, assim que árbitro deu o jogo por terminado, começaram a «chover» placas de alumínio dos camarotes, resultando num ferido mais grave que teve perda de consciência quando levou com uma das placas na cabeça.
* Um assistente que dirigia um jogo de camadas jovens na Holanda, faleceu depois de ter sido violentemente agredido por jogadores. A vítima, Richard Nieuwenhuizen, faleceu no hospital depois de ter sido espancado - com murros e pontapés na cabeça - por jogadores do Nieuw Sloten, após o final do encontro com o Buitenboys. Três jogadores, entre os 15 e 16 anos, foram detidos pelas autoridades por alegado envolvimento nas agressões.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.