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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quando vejo jogar a equipa principal de futebol do Sporting, vem-me à memória a frase, “joguem à bola”, usada pelos adeptos, quando a equipa que apoiam não joga bem e sobretudo quando os resultados são negativos. É uma daquelas frases que para mim não faz nenhum sentido, porque não ajudam quem está dentro de campo e porque não há nenhuma equipa que queira mesmo jogar mal. Nestas circunstâncias, seria mais correcto incentivar os jogadores, mas sabemos como reagem as multidões num contexto de jogos.
Esta equipa do Sporting não pratica apenas bom futebol, pratica um futebol que “enche o olho” o que todos reconhecem, com excepção de adversários fanáticos. Como tem sido referido, a equipa leonina joga como um bloco articulado e mecanizado, mas com uns pozinhos de criatividade e imprevisibilidade. Quando vejo uma jogada de ataque, nunca consigo saber como ela se vai desenvolver. O mesmo penso que se passa com a equipa adversária. Evidentemente que não é uma equipa perfeita. Também tem debilidades e também comete erros. Para além de uma ou outra desconcentração a defender, vejo que é necessário melhorar a eficácia de finalização, para não desperdiçar golos praticamente construídos, como aconteceu no último jogo.
O volume de informação que temos de absorver, não tem lugar na limitação da memória, daí que se recuarmos no tempo, não me lembro de uma equipa (das que vi) a jogar assim. Com todas as suas valências, não jogava deste modo a última equipa que ganhou o último campeonato. E se recuarmos até ao inicio do século, quando ganhámos dois campeonatos, não tenho ideia de ver jogar com tanta competência as equipas que os ganharam, se a memória não me atraiçoa.
Apesar do que aqui abordei, mantenho os pés bem assentes na terra. Estamos em todas as frentes, o calendário vai ser mais apertado e há factores que não controlamos. E como disse Rúben Amorim, para além da competência dentro do campo, precisamos do que se chama sorte. Entretanto, anseio, como não acontecia já há muito tempo, que venha o próximo jogo, para ver jogar à bola.
P.S.: Quero acrescentar que esta equipa é a consequência de um processo iniciado por uma estrutura bem articulada, da qual se destacam, um grande presidente, um treinador de excelência e um conjunto de atletas de qualidade. Todos a remar na mesma direcção. E espero que seja a base de um projecto sólido, que se mantenta por muito tempo.
Tenho vindo a notar, e com justificação, alguma euforia dos adeptos sportinguistas com o comportamento da equipa de futebol durante esta época. Na verdade, aos bons resultados, têm-se juntado boas exibições. Todos aqueles que, de boa-fé, se interessam pelo futebol, o reconhecem. E parece-me correcto reconhecer que o Sporting, pratica neste momento, o melhor futebol do nosso campeonato.
Como qualquer adepto também estou satisfeito com a boa prestação da equipa. Estamos em primeiro lugar no campeonato, e continuamos vivos em todas as competições em que participamos. Mas a época vai a meio e quero lembrar que no futebol, muitas vezes por factores que não dominamos, tudo muda de um momento para o outro, como costuma dizer Rúben Amorim. Daí que me esforce por mesclar a natural euforia de momento com uns pozinhos de realidade.
No campeonato, os nossos adversários directos, continuam a morder-nos os calcanhares. Umas vezes com sorte outras com algumas ajudas estranhas, vão-se mantendo na luta. E se é certo que começaram por fazer maus jogos, também é certo que os foram vencendo, tendo vindo a melhorar, esperando ganhar novo fôlego com alguns reforços.
Acreditar que a equipa tem competência para vencer títulos e dar-lhe todo o apoio para se manter motivada é o papel que cabe ao adepto. Acreditar em todos os atletas do plantel, sem excepções, confiar na equipa que os dirige, é fundamental para o sucesso. Por isso, não me parece que seja altura de palpites sobre mexidas no plantel, condenando jogadores ou pedindo a aquisição de reforços. Deixemos essa tarefa à estrutura desportiva, bem mais conhecedora das necessidades do plantel.
Embora não passem de meros desabafos, fico apreensivo quando vejo adeptos pedir este ou aquele jogador, ou criticar a aquisição de outros que são referidos na comunicação desportiva. Lembro, como exemplo, de um médio do Estoril, já condenado, por supostos catedráticos, na praça pública leonina, com base numa avaliação pessoal que desconhece todas as razões que podem estar na base das contratações.
O momento é de ter os pés muito bem assentes na terra e de apoiar os que estão e os que chegarem. O momento é de confiar na estrutura técnica e nas suas eventuais contratações, para o presente ou para o futuro. É altura de unir fileiras no apoio aos que dentro das quatro linhas defendem o Clube, sem excessos de euforia e com a convicção que temos condições para grandes feitos.
Depois de ler tantos comentários nesta muito irrequieta segunda-feira para sportinguistas, veio-me à ideia esta frase que li em tempos, algures, da autoria de Antoine de Saint-Exudéry:
«Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas
que matam, outras que despertam»
Veremos, muito em breve, o real efeito da derrota de ontem, neste Sporting !
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