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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Frederico Varandas tinha garantido - a 23 de Fevereiro, no debate entre candidatos às eleições do Sporting - que os leões estavam a executar a recompra dos VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis), processo parcialmente concluído esta sexta-feira, informou o Clube em comunicado.
Em causa estavam os títulos detidos por um dos seus deus credores, o Millenium BCP, num valor nominal de 83,417 milhões de euros, a vencer em Dezembro de 2026 (há, ainda, 51,5 milhões nas mãos do Novo Banco).
Ao mesmo tempo em que era lançado este comunicado, na CMVM era anunciada uma operação de 'factoring' (antecipação de receitas), relacionada com o contrato de direitos televisivos com a NOS, neste caso de 38,5 milhões de euros e em colaboração com o grupo investidor Sagasta Finance, parceiro do SCP desde 2019 - antecipou a verba adicional e supracitada, em troca com parte dos créditos do vínculo televisivo.
Não sendo oficialmente relacionadas as duas operações, entende-se que a SAD financiou-se com os direitos televisivos para recomprar parte dos VMOC emitidos entre 2010 e 2014, num montante de 135 milhões, mas com valor de recompra renegociado em 2019 e em que cada título passou a valer 30 cêntimos em vez de 1 euro - o Sporting garantia, assim, que o global do investimento não ultrapassaria os 40,5 milhões de euros.
A recompra dos títulos ao Millennium BCP acontece na véstera do sufrágio para os órgãos sociais do Sporting CP relativamente ao mandato de 2022-2026 e permitirá aumentar a sua participação na SAD para muito perto dos 84% (83,9). Actualmente, e entre Sporting (26,66%) e Sporting, SGPS (37,16%), a participação fixava-se nos 63,82%.
Eis o que o presidente Frederico Varandas teve para dizer...
"Hoje é um dia histórico para o Sporting, que fechou o acordo para comprar os VMOC do Millennium BCP, permitindo esta operação garantir a maioria do capital da SAD. O Sporting tinha hipótese de comprá-las até Dezembro de 2026 e caso não o fizesse perdia o controlo da SAD. Quatro anos antes, o Sporting garante a maioria do capital da SAD. Foi uma operação complexa e dura, sem ruído, com discrição e eficácia. Era um dos nossos grandes objetivos no nosso mandato e ficamos muito felizes por ter cumprido. Amanhã há eleições e quem quer que seja o vencedor terá este problema resolvido. O Sporting é detentor da maioria da SAD. Agradeço aos nossos parceiros e à equipa que trabalhou neste longo processo. Hoje o Sporting tem grandes equipas desportivas mas também grandes equipas nos nossos quadros. À equipa financeira e jurídica, muito obrigado por esta fantástica operação".
A Sporting SAD comunicou esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que não irá pagar juros referentes à emissão de Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC), explicando que tal se fica a dever ao facto de "não se verificaram lucros distribuíveis".
Os VMOC, recorde-se, foram emitidos pela SAD leonina em 2011 e 2014 num total de cerca de 135 milhões de euros, tendo o Novo Banco e o BCP sido os subscritores. Este será, portanto, o quarto ano consecutivo no qual a sociedade anónima desportiva não paga juros dos VMOC, já que não apresenta lucros distribuíveis há quatro exercícios.
A SAD pagou juros da emissão de VMOC de 2011 durante os cinco primeiros anos.
Infelizmente o Sporting está a viver um momento que poderia dar o enredo de uma qualquer novela de qualidade duvidosa, no entanto os sócios têm de perceber que existe vida para lá das novelas a que temos assistido diariamente na TV e cujos protagonistas já todos conhecemos.
Para “aligeirar” o ambiente, proponho-me falar de finanças, de forma clara, simples e espero eu, ao alcance da compreensão de todos.
Uma das bandeiras de BdC é a recuperação financeira encetada em 2014 e relançada recentemente. Um grande feito aos olhos dos Sportinguistas que endeusaram um BdC que nunca teve a honra de admitir que a recuperação já estava desenhada antes dele assumir funções e no fundo a ele coube apenas o “papel” de assinar o documento final. A esta recuperação, muito pode o Sporting agradecer a Ricciardi que nos bastidores permitiu que a banca ajudasse o Sporting num momento em que Portugal atravessava uma crise devastadora. O mesmo Ricciardi a quem BdC sempre “beijou a mão” pela ajuda dada e que até como é publico, levou BdC a convida-lo para o seu casamento. O mesmo Ricciardi que após criticar BdC, ganhou o estatuto de inimigo publico nº1 para os Brunistas.
A outra grande bandeira de BdC é a recuperação dos passes dos jogadores. Um grande feito aos olhos dos Sportinguistas que endeusaram um BdC que nunca teve a honra de admitir que esta recuperação só foi conseguida graças à boa vontade da Holdimo, que aceitou 20% do Capital Social do SCP em troca de partes dos passes de 20 jogadores, onde se incluíam Cedric, Adrien e João Mário, num claro péssimo negócio para as finanças da Holdimo. A mesma Holdimo que BdC sempre viu como um parceiro amigo e que agora, após criticar BdC, ganhou o estatuto de inimigo publico nº1 para os Brunistas.
Goste-se ou não de Ricciardi e Sobrinho (eu não sou fã deles) a verdade é que ambos ajudaram a salvar o SCP no momento que o SCP mais precisava. BdC sabe disso, tal como sabe que foi graças a essas intervenções que ele apresentou os seus “brilharetes”. A retirada de apoio destas duas personagens foi porventura a maior perda de BdC, dai os ter atacado com toda a sua fúria e os ter colocado como “os cabeças” de um plano qualquer para tramar o SCP.
Mais recentemente BdC anunciou uma nova reestruturação que passava por recomprar as VMOC’s e pelo adiar do reembolso de um empréstimo obrigacionista. O que BdC nunca disse é que isto não é uma reestruturação, mas sim um resgate face à eminência da falência da SAD, senão vejamos.
As VMOC de forma simples:
O SCP tinha vários empréstimos a bancos que não conseguia pagar pelo valor de 135 milhões de euros. Como o SCP não podia pagar, fez-se um acordo onde se estabelecia que o SCP tinha até 2026 (após adiamento em 2014) para pagar a divida. Para os bancos este era um risco, pois bastava que as acções estivessem a menos de 1€ para perderem dinheiro, no entanto entre isso ou não receber nada, mais valia assumirem o risco. Ora, recentemente BdC anunciou a recompra das VMOC por cerca de 40,5 milhões após negociação com os bancos. O que ninguém perguntou é: se ainda faltam 8 anos até ao fim do prazo, porque aceitam os bancos vender já, perdendo assim 94,5 milhões de euros. Ou seja, por cada 1000€ emprestados ao Sporting, os bancos só vão recuperar cerca de 300€. Este é um negócio que aos olhos de qualquer pessoa parece altamente lesivo para os bancos e tendo em consideração que os bancos são entidades financeiras que visam o lucro, apenas encontro 2 possíveis justificações; os bancos acreditam que em 2026 as acções valerão menos de 30 cêntimos cada uma, ou os bancos acreditam que o SCP SAD está em sério risco de insolvência e como tal preferem receber já alguma coisa, do que não receberem nada no futuro. TODAS as outras justificações que têm vindo a publico são simplesmente incongruentes.
O reembolso do Empréstimo Obrigacionista
Obrigações são empréstimos que entidades não bancárias fazem às sociedades, ou seja, são empréstimos onde o dinheiro provem de fundos de investimento e de pessoas particulares. Por norma são considerados investimentos relativamente seguros e com uma boa rentabilidade. São bons para as sociedades porque conseguem empréstimos de dinheiro a menor custo do que se fosse através da banca e é bom para os investidores que ganham juros superiores aos depósitos ditos tradicionais. Estes empréstimos são altamente analisados pela CMVM e pelos bancos emitentes por forma a estabelecer um nível de risco que é comunicado aos potenciais investidores. São estas análises que dão segurança a este tipo de investimentos e por isso é altamente anormal que ocorra um incumprimento ou um atraso no reembolso. Pois, o SCP atrasou o reembolso, e porquê? Porque não tinha dinheiro para pagar.
Ao se confirmar que não havia dinheiro para pagar o empréstimo, BdC veio anunciar que a causa era porque o SCP pagava sempre os empréstimos em Novembro. Pura demagogia. Nenhuma sociedade séria entra em eminente incumprimento apenas e só por uma questão de datas, o real motivo é sempre o mesmo, falta de dinheiro. Foi feita uma assembleia de obrigacionistas e BdC veio a público, de forma triunfante, mostrar que tinha sido adiado o reembolso, ou seja, os obrigacionistas apoiavam-no. Pura, pura mentira.
Tal como os bancos, os obrigacionistas (entidades e pessoas que procuram lucrar) viram-se na eminência de não receber nada, por isso acederam ao adiamento, pois assim pode ser que ainda tenham hipótese de receber alguma coisa. A questão é que muitos obrigacionistas não acreditam que o SCP consiga cumprir em Novembro e por isso, tal como os bancos fizeram com as VMOC’s, eles estão a vender as obrigações ao desbarato, sendo que ao dia de hoje há obrigacionistas que aceitam perder cerca de 15%, isto é, por cada 1.000€ investidos, há quem aceite recuperar já 850€, assumindo 150€ de perda mais os juros que ia ganhar. Haver quem aceite perder dinheiro num empréstimo obrigacionista quando estamos apenas a 5 meses do seu vencimento é extremamente preocupante.
O futuro
Sejamos honestos. Com ou sem BdC o futuro financeiro do SCP SAD é negro, muito negro. Todos os credores (bancos e obrigacionistas) estão neste momento a aceitar ter perdas em troca de não ter mais relações com o SCP. A CMVM não deixa, e dificilmente deixará, o SCP emitir novas obrigações sem que existam garantias de terceiros. O auditor externo (PWC) alerta para o risco eminente de falência da SAD. E para piorar, a sociedade vive uma guerra interna. Uma autêntica tempestade perfeita.
Com ou sem BdC, o SCP só sobreviverá se existir alguém que dê a mão ao SCP, tal como fizeram os mal-amados Sobrinho e Ricciardi em 2014.
O que será melhor para o futuro do SCP? Com ou sem Bruno de Carvalho?
Deixo ao leitor tomar essa decisão, com base nos dados que expus acima, no entanto eu pessoalmente jamais investiria 1€ com BdC no comando. Além de todos estes alertas que a banca e os obrigacionistas nos enviam, BdC mente aos investidores e não só. Não acredito que existam investidores neste momento com coragem de colocar dinheiro nas mãos de BdC, e a história indica isso mesmo. BdC prometeu em 2013 investimentos Russos que nunca se concretizaram, em 2014 prometeu um novo investidor em comunicado à própria CMVM e o mesmo nunca apareceu e agora mais recentemente ainda se lançaram noticias acerca de um possível investidor chinês (?), mas rapidamente a notícia arrefeceu dado que a mesma não recolheu qualquer credibilidade. Assim pergunto: sem investimento externo, sem crédito por parte da banca e sem possibilidade de obter empréstimos obrigacionistas como pensa BdC financiar o SCP? Será que vai “dar o barrete” a todos os credores e tentar gerir o SCP com as receitas do Clube? Receitas essas que não chegam sequer para as modalidades quanto mais para o Futebol sénior?
Negro, muito negro.
Nota final: a falta de liquidez do SCP é evidente, não só pelo adiamento do reembolso das Obrigações mas também pelo que tem vindo a publico, tal como o incumprimento de alguns pagamentos. A situação tende a piorar, pois estamos num período em que não existem receitas imediatas e a venda de jogadores ficou "suspensa" com as rescisões. Acredito e antevejo que a reunião de amanhã com os funcionários seja mesmo um "aviso à navegação" acerca de possíveis incumprimentos de pagamento de vencimentos, onde BdC tentará uma vez mais passar a responsabilidade para outros que não ele próprio.
A reestruturação financeira estabelecida em 2013 consistiu numa “engenharia” que implicou medidas draconianas decorrentes do acordo com a banca credora. Que se trata de uma “engenharia financeira” parece-me ser uma verdade inquestionável, o que não invalida que tenham sido tomadas decisões úteis e oportunas. Devo sublinhar que a origem dos males do Sporting não está nesta reestruturação, mas na má gestão do Clube levada a cabo durante muitos anos por diferentes corpos directivos.
O estado financeiro do Sporting não se alterou profundamente, continuando numa situação de falência técnica pelo valor elevado dos capitais próprios negativos e onde a insolvência permanece como um risco. Na dívida financeira não está incluído valor do financiamento dos VMOC, no entanto ele existe e é de 127,9M€. O Sporting continua a ter fluxos de caixa negativos supridos com empréstimos bancários e ainda não há meios para pagar os juros da dívida, recorrendo-se a mais dívida. Entretanto, acrescentou-se a outros, o risco do capital da Sporting Clube de Portugal, Futebol SAD passar a ser detido em maioria pelos credores.
A situação é conhecida pelos sportinguistas: a Sporting SAD tinha-se comprometido com o BES e o BCP a proceder até 17 de Janeiro de 2016 ao pagamento dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) contratualizados por José Eduardo Bettencourt, em 2010, quando negociou a dívida que o Clube tinha com os referidos bancos. Agora, seriam necessários no mínimo 27M€, mas a SAD não tem capacidade financeira para cumprir o estabelecido, tendo requerido a extensão dos VMOC até 2026 a troco do pagamento de juros no valor 4% sempre que sejam distribuídos dividendos.
Consta que a Assembleia Geral da SAD, em 8 de Janeiro, chegou a ser muito tensa e em determinado momento as posições pareceram extremadas. Finalmente, chegou-se a um acordo que foi aprovado por unanimidade: os titulares de VMOC têm cinco dias úteis para decidir se aceitam uma extensão do pagamento até dez anos ou se pretendem convertê-los em acções da SAD. Optando pela primeira hipótese ficam com o direito de exercer a opção de conversão antecipada em qualquer data de pagamento de juros a partir de 26 de Dezembro de 2016.
A perda da maioria da SAD constitui para muitos sportinguistas uma alteração dramática da natureza do Sporting Clube de Portugal como sempre o conheceram e imaginaram. Para além da identidade leonina, põe também em causa a capacidade dos sócios intervirem na política decisória do Clube. Aliás, Bruno de Carvalho, nas eleições de 2013, assumiu o compromisso de manter a maioria do Clube na SAD, fez constar esse propósito no seu programa eleitoral e reivindicou para si a condição de ser o único candidato à presidência com essa posição inequívoca.
Decorre durante esta semana até 15 de Janeiro o período de ponderação dos detentores de VMOC. Acredito que a SAD e a banca credora alcançarão um acordo conveniente para as duas partes, sabendo-se que se isso não se verificar o Sporting-Clube perderá o controlo maioritário da SAD e o NB e o BCP passarão a ter a maior percentagem do capital. Neste caso, os bancos poderão assumir a gestão da Sporting Clube de Portugal, Futebol SAD.
A situação que se vive é complexa, revelando que a Sporting SAD não acautelou as suas obrigações financeiras e que continua prisioneira das exigências dos bancos. O acordo de 2010 prevê a possibilidade de emissão de novos VMOC que absorvam os actuais, mas agora não parece haver condições para isso. De tudo isto resta a lastimável constatação que situação financeira do Sporting permanece periclitante, a banca continua com o Clube nas mãos e que este corre o sério risco de ver alterada a sua natureza mais profunda.
Os accionistas da SAD do Sporting aprovaram, esta sexta-feira, o alargamento do prazo de pagamento de VMOC's (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) por mais 10 anos. A decisão não é ainda vinculativa, mas garante praticamente a manutenção do controlo do capital social da SAD nas mãos do próprio Sporting.
Em assembleia-geral de accionistas realizada ao final da tarde, em Alvalade, a proposta de Bruno de Carvalho, líder da sociedade, foi aprovada por unanimidade, com o aval de todos os detentores de VMOC's. Numa segunda reunião, esta já com os bancos à mesa, o projecto da administração da SAD voltou a passar, desta feita com os votos a favor do Novo Banco, ao contrário do que era perspectivado e, ainda, do Millennium BCP.
O Novo Banco, que hoje era dado como um dos opositores ao projecto de alargamento do prazo de pagamento da dívida, acabou por aceder às pretensões de Bruno de Carvalho.
Importa referir, ainda assim, que os bancos têm uma semana para optarem, ou não, pela reconversão das VMOC's em acções da SAD. Todavia, Bruno de Carvalho acredita que os accionistas vão cumprir o que foi decidido hoje:
«A Assembleia-Geral foi rápida, não foi um dia fácil. Está aprovado por unanimidade, por todos os bancos e pequenos 'vmoquistas'. Existe ainda a possibilidade de até ao final da próxima sexta poderem dizer que querem converter na mesma. Mas estamos satisfeitos porque a proposta passou por unanimidade. Acredito que os bancos vão cumprir o resto do acordo, de não fazer a conversão. Até sexta vão chegar as cartas a dizer que não querem fazer a conversão. Temos de cumprir todos com o que se acorda. Novo Banco? Não foi um dia fácil, mas a decisão foi aprovada e este processo só acabará na próxima sexta e os bancos têm de cumprir. Os bancos estavam aqui hoje, aprovaram por unanimidade a prorrogação e deram este primeiro passo. Não faria sentido que não dessem o segundo.»
A não-concretização do adiamento obrigaria, no imediato, a SAD sportinguista a pagar 27 milhões de euros para poder continuar a deter mais de 50% das acções da sociedade, conservando assim a maioria, ainda que longe de absoluta.
Em 2010, aquando da reestruturação financeira levada a cabo pela a SAD do Sporting, foi renegociada a dívida que a sociedade tinha para com os bancos BES (transformado em Novo Banco) e BPI através da emissão das famosas VMOC's, no valor de 55 milhões de euros.
Agência Lusa
O Sporting anunciou esta terça-feira, em comunicado enviado à CMVM, ter procedido à emissão de "80 milhões de valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis em acções da sociedade, ao valor nominal de 1 euro cada, com prazo de 12 anos."
O comunicado à CMVM pode ser lido aqui.
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