Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Os boletins de voto por correspondência recolhidos ontem e que estavam selados em duas caixas, acabaram por chegar a Alvalade em mau estado por que a estação dos correios em causa sofreu uma pequena inundação provocada pela chuva. Foi necessário secar os boletins - cerca de 3000 votos - antes de os contar. Está em linha com muito do que tem ocorrido com este Sporting.
Perante o resultado eleitoral, deveria agora escrever uma qualquer «declaração de desinteresse» para manifestar o meu respeito e a minha lealdade para com o novo presidente do Sporting. Como não sou hipócrita e não me escondo atrás de escritos finórios que só denotam a velhacaria do autor - a exemplo de outros - limito-me a reiterar, muito simplesmente, que muito embora Bruno de Carvalho seja o aparente novo presidente do meu clube, não é e nunca será o meu presidente, porque não me revejo na sua indecorosa conduta - a qualquer preço e por todos os meios ao alcance - para assegurar o poder que tanto o obceca.
Começo por ficar intrigado com as suas declarações inaugurais: «Chegámos aqui com o vosso apoio, o Sporting somos nós e eu sempre disse isso. A partir de agora mandamos nós. Para que toda a gente oiça, o Sporting é nosso outra vez.»
Qual é o significado destas suas palavras?... Que «nós» é somente aqueles que o apoiaram?... Que o Sporting na sua história centenária não tem pertencido a sportinguistas?... Ou que agora o poder caiu na rua e quem vai agora governar e mandar no Sporting é a falange militante que o tem vindo a apoiar, fanaticamente, desde 2011 ? Perguntas pertinentes, penso eu.
De qualquer modo, o novo lema aparenta ser a «união». Um sentimento e consideração severamente atraiçoados de há uns tempos a esta parte, pelo próprio, que sempre insistiu em nunca querer compreender os constantes apelos à união. Como agora serve um outro fim, o seu, é por de mais útil que a divisão entre sportinguistas, que foi por si e pelos seus provocada, se torne num terno abraço à causa comum.
E, por fim, uma questão que é deveras fascinante: os resultados anunciados são provisórios, uma vez que a totalidade dos votos por correspondência ainda não chegaram, no entanto, a eleição do novo presidente é dada como um facto consumado. Não, não pense o leitor que alimento falsas esperanças de um qualquer milagre à última da hora. Sou realista de mais para isso. Mas analisando o cenário, verifica-se o seguinte: boletins para o voto por correspondência foram enviados para 7,500 sócios e somente 1,500 foram recebidos até sexta-feira. Signifcando isto que, potencialmente, ainda poderão estar por chegar 6,000 boletins com um indeterminado número de votos. Atendendo ao elevado nível de abstenção, não é de prever que nem 3000 desses 6000 sejam devolvidos, mas se fossem, com uma média de apenas 3 votos por sócio, significaria 9,000 votos. A diferença entre Bruno de Carvalho e José Couceiro é precisamente 7,000 votos (45,327 e 38,327). Fascinante, não é ?
P.S. Sinto-me bastante «confortado» pela disponibilidade de Carlos Severino para ajudar este «novo» Sporting. Ele e Freitas Lobo, claro.
A arrogância deste candidato à presidência do Sporting não tem limites. Tem andado em campanha eleitoral a fazer precisamente aquilo que fez ao longo de dois anos, após a sua derrota nas eleições de 2011: rebaixar tudo e todos e a privilegiar acusações sobre soluções. Hoje, durante o almoço, disse-me um amigo meu de longa data que é parcial ao clube encarnado: «O Bruno de Carvalho vai ganhar porque ele anda a dizer aquilo que aqueles que não pensam com a cabeça querem ouvir.»... Não respondi, mas são palavras que dão azo a reflexão. A sublinhar esta tese, disse hoje o candidato:
«O José Couceiro apresentou uma lista 48 horas antes para ser o meu adversário, significa que há pânico que eu vença. 90% dos votos dele são votos anti Bruno. Há interesses que eu não seja presidente do Sporting, sabem que eu conheço o clube e tenho soluções, por isso sou um alvo a abater. As pessoas que se servem do clube, já entenderam que comigo isso não irá acontecer.»
Perante este pequeno exemplo, entre tanto mais do mesmo, tenho de admitir que o meu amigo até terá razão, excepto, espero eu, quanto a ele vencer as eleições. Pasma qualquer mente sensata que ele atribua tanta importância à sua pessoa, um mero sócio que saiu do anónimato apenas há dois anos e que nenhum passado digno de se ver apresenta no clube que ele clama conhecer, inferindo, com isto, melhor do que muitos ou de que todos. Mas qual é a origem deste extraordinário conhecimento ?... Ao longo dos anos já passei centenas de horas em tudo quanto é Sporting, como é possível ele ter-me passado despercebido ?... Qual é a real importância, relativamente aos interesses superiores do Sporting, José Couceiro ou qualquer outro candidato, apresentar a sua candidatura 48 horas ou 48 dias antes do prazo ?... Em que contexto é que este argumento avança soluções para os problemas que confrontam o Sporting ?... «Diz o que eles querem ouvir»... a estratégia bem definida.
A terminar e ao que concerne os votos por correspondência, atendendo ao que Bruno de Carvalho afirmou hoje nesse contexto, preza-me informar que foram enviados ontem umas boas dezenas desses votos para o Sporting - e estão mais a caminho - por um grupo de amigos com 30, 40 e mais anos de associativismo que, garanto eu, não têm interesses alguns que não o bem estar do Sporting, e além de sentirem que José Couceiro é a pessoa indicada para liderar o Sporting neste momento, uma pequena parte desse sentimento também é «anti Bruno», mas não pelas razões que ele citou.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.