Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




É óbvio que o treinador tem que transmitir a mensagem que não há titulares, que qualquer um pode entrar ou sair da equipa. A mensagem dita para fora e para dentro é essa e terá que ser essa mesmo, mas na prática sabemos que não é bem assim. É fácil percebermos quem são os titulares, os testes são feitos na pré-época e a equipa titular ganha aí os seus contornos decisivos, o plantel vai sendo dividido em 3 grupos: os titulares que podem até ser 12 ou mesmo 13, 5/6 elementos que rodam na hora de substituir e por último, o dos menos utilizados.

1050px-23-24.jpeg

Campeão será sempre a equipa que conseguir maior regularidade durante toda uma época, que se torna desgastante para todos, para isso terá forçosamente que rodar o seu plantel. Num grupo mais limitado em número e com tantas competições, fica mais fácil para todos os jogadores do plantel sentirem-se úteis e importantes, porque irá sempre chegar a vez deles. Só a qualidade técnica de cada elemento no grupo dos menos utilizados não chega, no precisam de ter também grande capacidade mental, de perceber o seu real papel na equipa, mantendo a concentração máxima nos objectivos que definiram para a época.

Uma das particularidades do sistema que o Rubén utiliza nos jogos, muito trabalhada de forma exaustiva há várias épocas consecutivas, tem um grau muito elevado de exigência física. Os jogadores que começam de início têm uma carga disponível muito equiparada entre todos, podem dar, mantendo a mesma intensidade e velocidade perto dos 60/65 minutos. Tudo o que tiverem que fazer a partir desse ponto, principalmente nos casos de esforço extra, quando na procura de ultrapassar resultados adversos, entrará em desgaste acelerado. É nesse momento que começa a necessidade de gestão dos titulares, saírem de cena e substituídos por outros colegas e terá que ser assim em todos os jogos.

A temporada é longa e estamos todavia no início, ainda nem iniciaram 2 das 4 competições e todos querem seguramente chegar ao último terço da época bem colocados em todas elas e ainda com as energias necessárias para discutir os jogos finais, que acabarão por decidir os objectivos.

O treinador do Sporting prefere ter um grupo mais pequeno, mesclado na maioria com jogadores novos que ainda procuram chegar às ribaltas e por isso com mais paciência de esperar a sua vez, quando se sentam no banco. Desde a pré-época que cada um conquistou o seu lugar hierárquico no grupo, o treinador fez as suas escolhas e agora só terá que manter a justiça e a coerência das mesmas para que ninguém se venha a sentir injustiçado. No treino diário a disputa continua pela hierarquia, segurar o lugar que ocupam para uns, ou no caso dos menos utilizados, tentar conquistar uma posição mais acima nessa lista de escolhas do treinador.

Na hora das substituições, há vários aspectos que influenciam o rendimento da equipa: o resultado do jogo no momento da decisão define em muito as instruções que lhes são dadas, o que lhes é solicitado, depois a condição física dos que jogam os 90 minutos e a sua disponibilidade para ajudar os que entram, porque não é só os que entram que têm que ajudar os que lá ficaram, a ajuda terá que ser recíproca, o único factor que os une a todos é o objectivo da equipa que terá que estar sempre acima de tudo.

Texto da autoria de Julius Coelho

publicado às 03:03

Comentar

Para comentar, o leitor necessita de se identificar através do seu nome ou de um pseudónimo.


19 comentários

Imagem de perfil

De Leão do Norte a 29.09.2023 às 08:35

Amigo Julius,

Sem discussão a sua dissertação teórica.
Mas o que me incomoda, na práctica, é verificar que alguns jogadores quando são chamados a entrar durante o jogo parecem não ter a ambição de subir nessa hierarquia.
Quantas vezes, nas suas notas, já se referiu a alguns com a frase "desperdiçou uma oportunidade de demonstrar ao treinador que pide contar com ele"?
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 12:20

Amigo Leão do Norte,

Alguns casos querem tanto demonstrar que até podem ser titulares que esquecem a equipa individualizando excessivamente as suas ações quando lhes chega a bola aos pés e é verdade que por vezes não a procuram, é preciso também acompanhar o processo defensivo, de fechar. A defender ou a desgastarem-se nesse processo pensam eles que ficam mais invisíveis e dessa forma não sobem na hierarquia do treinador, puro engano ele vê tudo e por vezes até dá valor acrescido a quem se esforça a fechar, deve falar isso mesmo todos os dias aos jogadores.

Não sabemos do comportamento do Marcus nos jogos futuros mas o que vimos principalmente no último foi ele fazer vários sprinters a fechar o adversário que procurava espaço no nosso meio campo, assim com essa atitude ganham todos mas ganha principalmente a equipa, fica muito mais forte e não será por acaso que só tem 4 golos sofridos.
Sem imagem de perfil

De P. Vasconcelos a 29.09.2023 às 11:15

Julius, parabéns pela lúcida análise feita.
Concordo que o sucesso do futebol pedido por Amorim depende da rapidez e capacidade física, com poucos papeis estanques: o central tem de construir jogo, o avançado tem de trabalhar para os colegas, etc.
Não será por acaso que, no ano do título, a equipa teve apenas um jogo por semana.
Seria preciso ter um plantel de 22 jogadores prontos a serem titulares, o que não é possível. Daí a aposta em dois reforços, Hjulmand e Gyokeres, com forte capacidade física, o que implicou um grande investimento. Também Diomande assenta nessas características.
Apenas uma opinião pessoal: estou convencido de que se aposta em jovens demasiado jovens. Hoje pede-se a um jovem de 17 ou 18 anos para estar à altura quando, há 10 anos, o paradigma era rodar em empréstimos para chegar à equipa principal aos 21, 22 anos. E entre os 17 e os 21 anos há uma grande diferença, física e mental.
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 12:41

P. Vasconcelos

Todos os sistemas são exigentes, o do Benfica que jogam sempre muito subidos, o do Porto que são obrigados a defender todos, o nosso tem a particularidade das piscinas que os laterais têm que fazer sempre, a jogar 2 vezes por semana será aí nesse setor que haverá forçosamente maior rodagem, é impossível conseguir correr tanto de 3 em 3 dias, os laterais no sistema do Rúben ganham cada vez mais protagonismo, se estão bem fisicamente os objetivos da estratégia da equipa para o jogo são mais facilmente conseguidos, à direita temos o Esgaio, o Fresneda e o Geny, à esquerda o Nuno Santos, o Matheus Reis muita gente para garantir muito andamento nas laterais.

Na frente a equipa ganhou bastante com a chegada do Gyo que coloca o Paulinho mais dentro do seu limite fisico, um dos problemas do Paulinho na época passada foi andar constantemente desgastado, notava-se bastante diferente e com mais eficácia quando vinha de alguns dias de descanso, por isso não surpreende o que tem feito esta época e será para continuar, agora consegue gerir melhor as suas energias.

Dos jovens ou mais jovens depende de quem se trata, falo por mim próprio quando tinha 15 anos e era chamado aos treinos da equipa principal do Benfica, partia-os a todos, levei muitos calduços do Carlos Manuel que não queria que os fizesse correr tanto

Tem jovens que com 17 anos já estão preparados para fazer parte de uma equipa principal do Sporting, depende de quem se trata, da mentalidade que tem, aí é o treinador que vê e analisa e....arrisca.
Sem imagem de perfil

De P. Vasconcelos a 29.09.2023 às 12:49

Concordo que cada jovem é diferente e cada caso é um caso. Mas veja-se o caso de Geny que, parecendo uma carta fora do baralho, tornou-se uma solução do plantel após empréstimos.
Quaresma pareceu, na pré-época, ir no mesmo sentido, embora não tenha tido espaço no campeonato.
Ou seja, o talento pode estar, mas é competindo que se adquirem hábitos de trabalho diários, aprendizagem tática, paciência para se saber parte de uma equipa no seu todo.
Espero que M. Fernandes, Nazinho e S. Justo se tornem, nos próximos anos, outras soluções para o plantel.
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 13:00

Quaresma ficou muito pela necessidade da equipa, ficou de prevenção, Luís Neto e St. Juste a recuperar de lesões era arriscado arrancar só com o Diomande. Mas se for inteligente perceberá a oportunidade e fazer de tudo nos treinos para ganhar o seu espaço.

Sinceramente já não espero muito do Nazinho, creio que não chega ao patamar exigido, St.Juste é dos melhores centrais do Mundo, não fosse o histórico das lesões e não estaria no Sporting, nem tinha vindo. M. Fernades é uma incógnita, tem tido umas partidas em falso e terá que continuar a amadurecer e esperar outras oportunidades, na equipa não se pretende jogadores de tabuleiro (recebe e passa a bola rapidamente) pretende-se jogadores que assumam o jogo que também peguem nele e arrisquem com qualidade.
Sem imagem de perfil

De P. Vasconcelos a 29.09.2023 às 14:14

Eu pretendia dizer Samuel Justo, emprestado ao Casa Pia.
Quanto a St. Juste, espero que se torne uma solução ainda esta época!
Sem imagem de perfil

De RCL a 29.09.2023 às 14:03

O Julius quando jogou no Benfica, à noite, em casa, vestia a camisola verde e branca .
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 14:36

A minha alcunha lá já dizia tudo, posta pelo próprio Ãngelo, "lagartinho", até o velho Biri me chamava de lagartinho

Suava a camisola pelo Benfica e depois ía para o balneário discutir em defesa do Sporting os jogos dos seniores , a minha sorte é que achavam piada aquilo. Era um miudo adolescente, ainda sem noção de muitas coisas, era genuíno por isso achava graça, por não ter noção da maldade.
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 14:37

"por isso achavam graça, por eu não ter noção da maldade"
Sem imagem de perfil

De De Perry a 29.09.2023 às 11:45

Há um jogador que não dá uma para a caixa Francisco Trincão, na minha opinião perderia dar mais oportunidades ao Afonso Moreira com 18 anos do que a ele. Nunca traz nada á equipa , nem garra.
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 12:52

Perry,

O Francisco é bom rapaz, sente muito a camisola e faz de tudo para que as coisas lhe corram bem, esforça-se muito nos treinos e mais do que ninguém ele próprio deve sentir-se frustrado por ainda não conseguir chegar ao patamar que todos desejamos. O tempo deveria jugar a seu favor, porque o treinador nunca o abandonou, mas na sua cabeça o tempo joga contra ele, deixa-se dominar por um turbilhão de coisas que o faz entrar em clima de grande ansiedade, de querer mostrar de qualquer forma e depressa a toda a gente que pode fazer muitas coisas e acaba por nada fazer, necessita de auto controlar-se e tentar jogar mais simples mesmo que isso não sirva para dar nas vistas, mas serve seguramente para ir ganhando confiança. Sempre que pega na bola perde-se de tudo o que o rodeia e principalmente do timing das ações e sai em fintas consecutivas sem ter a noção quando as deve parar e entregar a bola, por isso acabe sem ela, roubada pelo adversário.

Cada treinador tem a sua forma de resolver esta situação muito particular, eu saberia como fazer à minha maneira e o Rubén também o saberá seguramente.
Sem imagem de perfil

De De Perry a 29.09.2023 às 16:13

Caro Sr. Julius e o que dirão os colegas que não jogam mesmo e estão a ver tão maus desempenhos uns atrás dos outros ?
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 23:52

Perry, conta mais para os jogadores o que acontece nos treinos durante a semana, no dia a dia.
Imagem de perfil

De Rui Gomes a 29.09.2023 às 17:00

Amigo Julius,

Eis o que disse hoje Rúben Amorim de Trincão...

"Às vezes é um jogo apenas. O que disse do Marcus [Edwards] vale para ele. Num jogo qualquer, com o talento que tem, pode voltar a aparecer. Num momento estamos muito bem e a seguir é o outro que está melhor. O Paulinho, o Pote, o Trincão, qualquer um pode aparecer, o futebol tem bons e maus momentos e qualquer um pode aparecer de repente. Se aparece num jogo, tira dois da frente e faz um golo, tudo muda. Ele é um leão a treinar, o momento dele vai aparecer, como outros jogadores que não estão a jogar agora."
Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 23:36

Amigo Rui Gomes

E é verdade, é mesmo assim, por vezes basta um jogo para a mente estabilizar e arrancar para boas exibições nos jogos, já lhe aconteceu na época passada, andou umas boas semanas em boa forma, tudo lhe saía bem.
Imagem de perfil

De Leão Zargo a 29.09.2023 às 19:07

Amigo Julius

É muito interessante a sua reflexão sobre a hierarquia numa equipa de futebol e em que medida essa hierarquia é dinâmica e exige que que os jogadores se adaptem e se superem sistematicamente.
Para além de serem competentes de um ponto de vista técnico ou táctico, têm de saber viver numa equipa com mais de vinte atletas de diferentes idades e nacionalidades. E de serem capazes de comportarem-se com espírito de equipa, tendo sempre presente o sucesso individual.
Durante o jogo falamos de Pote ou Gyokeres, Paulinho ou Trincão, Catamo ou Diomande, e em que medida cada um deles é capaz de lidar com o stress competitivo e ao mesmo tempo que aplicam as suas competências contribuindo para derrotar o adversário.

Imagem de perfil

De Julius Coelho a 29.09.2023 às 23:51

Amigo Leão Zargo, boa noite

A hierarquia numa equipa é construída por todos, com evidente decisão definitiva do treinador, tem um aspecto que é importante também dizer, a lei que prevalece no grupo é a dos jogadores, o treinador é só o garante da lei ser aplicada sempre na base da justiça, os jogadores respeitam muito quem tem mais capacidade competitiva, eles sabem melhor que ninguém e têm um tremendo respeito por esses jogadores, independentemente da sua idade, com naturalidade aceitam de imediato a sua titularidade, eles próprios pedem para que assim aconteça, não fazem bulha com isso.

Problema é quando o treinador puxa demasiado por quem trabalhe menos nos treinos ou tenha menor capacidade competitiva que outros que vão para o banco, aí temos problema pela certa e grupos divididos.

Não estou lá para ver, mas na minha experiencia e recorrendo à situação do Fresneda e do Esgaio como exemplo, por uma questão de justiça o Fresneda só estará "listo" para ser titular quando demonstrar nos treinos que está melhor que o Esgaio, quando isso acontecer o próprio Esgaio aceita sem fazer ondas, os jogadores vivem o respeito na base da lei do mais forte.

Comentar post





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Taça das Taças 1963-64



Pesquisar

  Pesquisar no Blog



Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D




Cristiano Ronaldo