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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Na conferência de imprensa pré-jogo deste sábado, Marco Silva foi questionado sobre a sua não utilização de Tobias Figueiredo assim como outros jovens da Academia, nomeadamente os que militam no equipa B. Embora compreenda em certa medida a posição do treinador, achei a sua resposta algo ambígua, até contraditória, face ao que se tem passado esta época com a equipa principal, neste contexto:
«Tobias ? Posso responder com uma pergunta: por que é que tenho de fazer referências ao Tobias Figueiredo ? Porquê ? E digo já: é um atleta em quem acredito muito, tem condições para vir a ser o central do Sporting mas não entendo porque tenho de falar dele. Se falasse dele tinha de falar no Daniel Podence e em muitos outros jogadores da equipa B, nos quais acredito muito. No futuro vão ter espaço.
Quando jogamos com muita juventude todos criticam a juventude, depois estamos a falar do Tobias... Não está a qualidade. Tem excelente qualidade mas não podemos criticar uma coisa e depois ir buscar mais juventude. O Podence vai ter um futuro brilhante no Sporting, até o próprio Wallyson. Mas isso faz parte do nosso processo de desenvolvimento. Não podemos chegar à equipa B e puxar todos para cima.»
Bem... acho que a pergunta mexeu com as sensibilidades de Marco Silva, daí, porventura, a sua resposta excessivamente defensiva. É perfeitamente lógico, natural até, perguntar por alguns dos mais talentosos jovens da formação, e considerando os problemas com o eixo defensivo da equipa principal, a não utilização de Tobias Figueiredo torna-se, inevitavelmente, em uma questão fulcral.
Partimos do princípio que estas decisões são da exclusividade de Marco Silva e até ficamos gratos por saber que existe um "processo de desenvolvimento", disposição que tem estado muito em discussão de há uns tempos a esta parte. Além do mais, creio que o técnico compreende que quem assume a liderança da equipa principal do Sporting assume, em simultâneo, a obrigratoriedade de recorrer aos talentos da formação o mais possível. Dito isto, é por de mais evidente que não se espera, e muito menos se exige, que se vá "puxar todos para cima", nem que a equipa A seja constituída quase exclusivamente por jovens.
Temos vindo a verificar algum crescimento por parte de Naby Sarr, o jovem francês de 21 anos que chegou ao Sporting este Verão, praticamente sem experiência alguma em competição a nível superior. Tem cometido erros, alguns até bastante graves, mas a exemplo do que aconteceu no recém-embate com o Schalke 04, também evidencia melhoramento. A pergunta que se torna inevitável, indiferente do discurso de Marco Silva, é simplesmente: porque não dar a mesma oportunidade de crescimento a Tobias Figueiredo, um reconhecido talento que é apenas meia dúzia de meses mais jovem que Sarr, mas que se encontra no Sporting desde os 11 anos e já regista cerca de 50 internacionalizações nas camadas jovens de Portugal ?
Marco Silva não deve levar a mal esta pergunta, nem outras em casos pontuais como os que referiu. Não terá sido por mero acaso que mencionou Daniel Podence e Wallyson.
Vamos esperar que o supracitado processo de desenvolvimento esteja enquadrado em uma estratégia e visão que permitam com que os melhores talentos da Academia sejam gradualmente promovidos à equipa principal, ainda mais do que já se verifica nesta altura, porque neles reside o futuro do Sporting Clube de Portugal.
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