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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No mundo do futebol depressa se passa de bestial a besta. Manuel José dixit, com toda a propriedade. No caso do treinador José Peseiro a regra nem se aplica, pela simples razão que nunca teve período de graça. Desconfiança e descrença marcam a sua contratação. Nem o facto de o Sporting estar num estado quase catatónico, sem dinheiro, sem equipa, e com recusas de outros técnicos, deu para admirar a sua coragem, assinando um contrato muito precário.
Para Peseiro a tolerância é zero, pelo menos por parte de alguns sportinguistas. Ontem, num texto aqui transcrito de outro blog, foi apresentada uma análise correcta, na minha perspectiva, da saga contra o treinador, desvalorizando a sua competência e criticando (acriticamente) as suas opções tácticas. A palavra chave para alguns mais radicais, é RUA... já. Tenho assistido a muita crítica absurda, mas como esta não me lembro de ter visto.
Desde que assumiu as suas funções, José Peseiro teve que correr contra o tempo, com um plantel amputado de jogadores fundamentais. A pouco e pouco, discretamente, com trabalho e humildade, foi construindo uma equipa, que foi recebendo alguns "reforços" a conta-gotas. Sete jogos depois foi somando pontinhos, uma vezes com mérito, outras com alguma sorte. Havia quem augurasse uma hecatombe na Luz. Não aconteceu. Em Braga o mínimo exigível era a vitória, como se o treinador dispussesse de um plantel excepcional.
Dezasseis anos sem ganhar um título e não assisti a uma tamanha rejeição em relação a qualquer técnico. Nos últimos três anos, investiu-se como poucas vezes, em jogadores de gabarito. Pagou-se um ordenado milionário a um treinador, e os resultados foram uma mão cheia de nada e outra de quase coisa nenhuma. No entanto, os adeptos assanhados contra Peseiro, tiveram então uma paciência de santo.
Com a "matéria-prima" de que dispõe, Peseiro construiu a equipa possível, uma equipa lutadora e empenhada. Não joga com nota artística, nem pode, pois faltam-lhe artistas. Mas joga na eficácia e só graças a isso se vai mantendo perto dos primeiros lugares. Em Braga perdeu, mas tivesse havido mais eficácia na finalização e poderia ter ganho.
Considero, porém, que a equipa pode melhorar com mais entrosamento, e quando puder dispor de jogadores que têm estado indisponíveis. Considero que pode melhorar com o apoio de todos os sportinguistas. O que menos precisa é do "bota-abaixismo" que aqui e ali vai aflorando, por profetas da desgraça, há muito à espera de uma derrota.
O que não se exigiu, com melhores condições, ao longo dos anos, a vários treinadores, exige-se agora à nova equipa técnica. Se não quiserem ajudar, não compliquem. Deixem trabalhar o Peseiro. As contas fazem-se no fim. E quem sabe se não terão uma surpresa.
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