Ainda não li a "grande" entrevista que Jorge Jesus concedeu ao Record - edição deste domingo - e terei de reflectir se a minha tensão arterial está em condições para lidar com a inevitável dose de irritação que, por norma, o treinador do Sporting provoca.
Mas mesmo sem a ler, na totalidade, não duvido, minimamente, que terá dois focos principais: o enaltecimento da sua pessoa e louvores sem fim ao presidente. Tivesse eu a certeza de tudo na vida como tenho disto. De qualquer modo, eis algumas declarações de Jorge jesus, em sinopse, para dar início ao expectável debate com os leitores:
- "Quando cheguei ao Sporting, ao fim de um mês quis ir-me embora. Pensei: 'o que é isto?' Mas o presidente deu-me força e disse-me que as coisas iriam resolver-se".
Numa só frase, começa por fazer precisamente aquilo que eu antecipei e que já referi. Mas há mais...
- "Tudo o que tenho pedido o presidente tem dado".
O paraíso de qualquer treinador; ter um presidente que concede todas as exigências. Faz lembrar uma situação muito semelhante de há dois anos, com outro treinador do Sporting. Claro, esse não ganhava 6 milhões/ano !
- "Nunca ameacei sair se o Adrien fosse vendido".
Era o que faltava !... Nem dá para imaginar como é que esta consideração vem a debate.
- "Markovic foi uma grande jogada do presidente".
Bem... para começar, a ideia foi dele e não do presidente. Se foi uma "grande jogada", só o passar do tempo e dos jogos dirá. Para já, é evidente que "afastou" mais um talento da casa, veremos no final da época se justificou.
- "Bas Dost não tem o lugar garantido por ser o mais caro".
Até acredito que não, se eventualmente levar tempo a integrar-se na equipa e a produzir aquilo para que foi contratado, mas não duvido que Jorge Jesus vai-lhe conceder todas as oportunidades logo a partir do primeiro dia. Não será surpresa alguma que venha a ser titular no próximo jogo, muito embora ainda não tenha treinado com a equipa por estar ao serviço da selecção holandesa.
- "O Sporting deu um grande salto".
Mais um enaltecimento da sua pessoa. Reconhece-se que há mérito no trabalho de Jorge Jesus e que a equipa está muito competitiva e apta para chegar ao topo. No entanto, para ser honesto, considerando o investimento no próprio treinador e em mais de 20 reforços desde que ele chegou a Alvalade, será que se podia exigir menos ?... A dimensão do "salto" só será avaliado no final desta época, a sua segunda no Sporting. Há títulos a conquistar e tudo o que seja aquém disso, será considerado um insucesso.
- "Só um reforço do Benfica paga quase os nossos todos".
É uma simples questão de fazer as contas, que eu ainda não fiz, mas Jorge Jesus não deve estar muito longe da verdade neste caso.