Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
De modo algum se devem queimar etapas na formação de um jogador. Igualmente se pode desvalorizar a necessária fase de adaptação a novas realidades competitivas. No entanto, o talento e o potencial de um jogador podem permitir, desde relativamente cedo, perceber se esse trajecto pode ser abreviado. Ugarte é um dos jogadores com o talento e o potencial que permitem a possibilidade de encurtar esse trajecto.
A minha avaliação em relação ao Ugarte está algo condicionada pela admiração que por ele tenho. Desde os tempos em que o vi jogar nos torneios de selecções jovens sul-americanas, ainda antes de competir em Portugal, que as suas qualidades me agradaram, tendo as suas prestações em Portugal motivado que seguisse a sua carreira de uma forma especial. Nesta realidade fui um acérrimo defensor da sua contratação por parte do Sporting, mesmo nas condições em que foi efectuada.
Neste contexto não me surpreendeu a sua extraordinária prestação no jogo com o Benfica, excedendo as minhas expectativas apenas pela sua excelência. Independentemente de uma escassa utilização prévia e da consequente falta de ritmo de jogo, Ugarte conseguiu colocar toda a sua maturidade e qualidade em campo de forma a realizar uma excelente exibição, fazendo "esquecer" um dos mais influentes jogadores da equipa do Sporting.
A sua notável acção em campo bloqueou as iniciativas dos desequilibradores ofensivos da equipa do Benfica, os quais, com a ausência de João Palhinha, certamente esperariam uma noite muito mais "folgada". Associada à brilhante prestação desportiva, demonstrou uma maturidade e uma inteligência notáveis, fugindo ao "fantasma" das faltas repetidas e ao alto risco de expulsão, sempre presente pela acção de um árbitro excessivamente "atento", e nada tolerante, com a maioria das acções dos jogadores do Sporting.
As diversas previsões catastrofistas, por parte de certa comunicação social, face à ausência de Palhinha, tornaram-se num exercício de "malabarismo" face à prestação de Ugarte.
Convém salientar o importância do treinador Rúben Amorim. O seu discurso de que todos contam não se limita a meras e agradáveis palavras. A oportunidade dada a Ugarte revelou a sua grande coerência e demonstrou a elevada confiança que deposita em todos os seus jogadores, independentemente do tempo de jogo e oportunidades anteriores.
Todos os sportinguistas desejam que Palhinha recupere o mais rapidamente possível e que possa permanecer no Sporting por um longo período, mas a prestação do Ugarte provou a todos eles que o futuro da posição está assegurado e que as decisões para a constituição do plantel são tomadas de forma cuidada e estruturada, assentes na qualidade e, salvo raras excepções, com uma perspectiva de médio e longo prazo.
Qualquer avaliação apressada do valor das contratações é injusta e falível, não só porque o momento de afirmação de cada uma delas é invariavelmente diferente, como a experiência passada tem provado o acerto das decisões.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.