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Um mal absolutamente necessário ?

Rui Gomes, em 10.09.14

 

Ainda não me pronunciei sobre a decisão de intentar acções de responsabilidades civil contra Godinho Lopes, Luís Duque, Carlos Freitas e Nobre Guedes que o Conselho Directivo do Sporting pretende apresentar na Assembleia Geral da SAD, no próximo dia 1 de Outubro, para a aprovação desta, nem tenho intenção alguma de a comentar, mais do que superficialmente, enquanto a totalidade dos factos não for conhecida.

 

Em causa, aparentam estar "decisões carecidas de responsabilidade empresarial" por parte dos acima referidos antigos dirigentes e funcionários, em relação aos contratos de Izmailov, Jeffrén e Alberto Rodriguez. As alegações foram ontem reveladas pelo Conselho Directivo e teremos que esperar pelo respectivo procedimento jurídico, se é de facto por essa via que o caso vai ser encaminhado, para saber a versão das pessoas visadas.

 

A minha posição é muito simples, com este ou qualquer outro processo do género, com estas ou quaisquer outras pessoas que terão lesado o Sporting: se as alegações forem sustentadas por factos incontestáveis, os prejuízos devem ser apurados e os autores devidamente responsabilizados.

 

Dito isto, tenho apenas dois reparos laterais. Surpreende-me que o Conselho Directivo não tenha achado mais prudente esperar pelo resultado da Auditoria, cuja primeira fase, segundo consta, é precisamente o mandato de Godinho Lopes. Porquê isolar estes três casos da totalidade da gestão desse mandato ?

 

A segunda questão que me despertou alguma curiosidade, é a simultaneidade da notícia do supracitado procedimento a apresentar na Assembleia Geral e a emissão de um novo empréstimo obrigacionista. Não sei se tem algum significado especial, mas achei curioso.

 

Por fim, como sportinguista que sou desde que me conheço - e já lá vão umas boas décadas - até posso vir a admitir que tudo isto não passa de um mal absolutamente necessário, mas nem por isso me deixa menos triste por ver o meu Clube imerso nestas circunstâncias que, inevitavelmente, vão arrastar o bom nome do Sporting Clube de Portugal.

 

Ontem publicámos as alegações do Conselho Directivo e, hoje, esperava-se por uma qualquer reacção por parte dos visados - muito embora no lugar deles eu não faria qualquer comentário. Segundo o jornal "A Bola", todos foram contactados e somente Luís Duque se prestou a responder:

 

«São falsos todos os pressupostos em que se baseiam as propostas do Sporting, nomeadamente no que respeita os exames médicos. No sítio adequado as duas partes discutirão tudo o que for necessário. Quando fui presidente da SAD, com Carlos Freitas, em menos tempo de actividade já tínhamos ganho um campeonato, o que não acontecia há 18 anos e ainda tivemos tempo para montar uma equipa que voltou a ser campeã no ano seguinte. Em 31 anos foram os únicos campeonatos ganhos pelo Sporting.»

 

O início do que promete ser um longo e lamentável processo...

 

publicado às 19:36

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34 comentários

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De Tony a 10.09.2014 às 21:03

Concordo.

Parece-me que o importante é regular as actividades. Limitar a participação de terceiros a condições especificas, que garantam a sua participação como neutra e que protejam os interesses dos clubes (para que não venham dirigentes distraidos/mal intencionados jogar á roleta com o património de um clube), mantendo margem para que os fundos tenham lucros como é óbvio.

Por outro lado, o mesmo tipo de regulamentação poderia ser aplicada de forma mais abrangente, de forma a garantir uma gestão consciente e que proteja os clubes (mais uma vez, talvez uma directriz para registar e fundamentar os actos de gestão, sendo mantida em esfera privada entre as direcções e uma entidade supervisora, com o potencial de ser auditada em situações especificas onde seja necessário verificar a existencia de idoneidaade durante um qualquer periodo pudesse trazer um ar fresco á gestão no futebol)

É que ás empresas e aos seus donos normalmente só lhes interessa fazer dinheiro, se correr mal abre-se falencia e tenta-se de novo. Um clube é algo diferente, mexe com muitos corações e paixões, e a legislação e sistema judicial têm de proteger esta diferença o mais cedo possivel, para que o futebol deixe de atrair apenas "venture capital" de forma cega, mas que possa ser um negócio quem, embora com risco associado, apresente espectativas mais delineadas.
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De Rui Gomes a 10.09.2014 às 21:19

Com a criação das SAD surgiu a jurisdição da CMVM que, no início, tinha, na minha opinião, requisitos que pecavam pelo exagero extremo. Surgiram entretanto alterações que viabilizam um outro grau de confidencialidade aos clubes. O problema é que com a nova "liberdade", muito do que devia ser público já não é, pelo menos via comunicados, e depois ficamos à espera dos Relatórios e Contas que, em muitos casos, artisticamente preparados, ocultam muita da mesma informação.

Isto, apenas uma consideração entre muitas outras.
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De Tony a 10.09.2014 às 21:32

Permitir alguma confidencialidade parece me importante, mas há que garantir que a informação existe e pode ser consultada em casos especiais, como a auditoria a decorrer. O caso dos relatórios de contas já é mais um caso interno. É pena que alguns detalhes sejam ocultados/dessimulados, á partida indica que há algumas coisas que a própria direção considera menos correta, o que é em si um problema.

É claro que, sendo o estilo porradista o estilo politico mais usado em Portugal, todas as pontas têm que estar bem escondidads, sejam elas justificáveis ou não. É muito mais fácil criticar o passado do que delinear um caminho para o futuro, e como é óbvio isto não se aplica somente ao dirigismo no futebol.

Não quer dizer que não ache que o passado não possa ser criticado, mas o "porradismo" é mesmo só criticar por criticar, apenas para realçar um erro, aparente ou real, e não o incluir numa critica e fazer valer uma visão diferente.
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De Rui Gomes a 10.09.2014 às 21:42

Estamos genericamente de acordo, caro Tony.
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De Tony a 10.09.2014 às 21:46

Não tem acontecido muito ultimamente, mas fico feliz por ser o caso neste tema.

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