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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Pelo Sporting passaram grandes goleadores. De memória relembro alguns, sem desprimor por todos os outros: Vasques, Martins, Jordão, Manuel Fernandes, Yazalde, Acosta, Jardel, mas para mim , o maior de todos, foi Peyroteo.
Fernando Baptista de Seixas Peyroteo, (na imagem) nasceu em 1918, Angola, na localidade de Humpata. Aos dezasseis anos começou a jogar futebol no Sporting Clube de Luanda. Em Junho de 1937 chegou a Lisboa na companhia da mãe, Maria da Conceição, professora primária que se deslocou à metrópole por motivos de saúde. Em Portugal, foi apresentado a dirigentes do Sporting, por Aníbal Paciência, seu amigo angolano e jogador do Clube. Depois de conhecer a sede da colectividade e de se comprometer em jogar no Sporting, foi a Coimbra assistir a um jogo particular, onde conheceu a equipa e o treinador Szabo. Posteriormente, foi abordado pelo FCP que lhe ofereceu melhores condições, que ele recusou por já estar comprometido. A palavra dada, assim como o seu sportinguismo, prevaleceram. Coisa rara nos tempos actuais. Na sua biografia, escreveu que assinou o contrato sem o ler, e sem fazer perguntas.
Estreou-se no dia 12 de Setembro de 1937, contra o SLB, sendo autor de 2 golos dos cinco marcados, pelo SCP. O treinador Szabo, elogiou-o e disse-lhe."Fernando, você tem qualidades bestiais para fazer-se no melhor avançado do Mundo”.
Jogou durante 12 épocas, sendo sempre o melhor marcador da equipa. Marcou 540 golos em 332 jogos oficiais, (no total 700) média de 1,6 por jogo, o que faz dele, ainda hoje, o jogador mundial com melhor média de golos marcados em jogos dos campeonatos nacionais, de acordo com a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol.
Terminou a carreira em 1949, com 31 anos, devido a dificuldades financeiras na sua empresa de desporto. Utilizou o jogo de homenagem para arrecadar cem contos e pagar parte das dívidas contraídas.
Setenta e cinco anos depois, o Sporting adquiriu um avançado de nome Gyökeres, por um preço muito elevado para as possibilidades do Clube. Hoje, não há dúvida que foi dinheiro bem investido, não só pelo que se valorizou, mas pelas valências que trouxe à equipa, sendo fundamental na conquista do último campeonato. Os números não enganam: 50 golos marcados em todas as provas.
A questão que se pode bem colocar é se, salvaguardadas as devidas distâncias e estilos, estaremos perante um novo “Peyroteo”. O futebol actual é muito diferente do dos anos 40 e 50, mas em termos de produtividade, e pela amostra que temos, penso poder concluir-se que estamos perante um goleador de excelência.
Comparando os currículos dos dois jogadores, verifica-se que são diferentes. De Peyroteo, que se estreou com 19 anos, no Sporting, podemos dizer que “pegou de estaca” afirmando-se de imediato como “matador”. Gyökeres, tem um longo percurso desde que começou a jogar. Passou por diversos clubes e apenas se afirmou como goleador no Conventry, depois de ter passado por empréstimos a vários clubes. Mas o grande salto deu-se no Sporting, onde arrisco dizer que houve a mãozinha de Rúben Amorim. Pode afirmar-se que era um diamante por lapidar.
Nesta época far-se-á a prova. Gyökeres poderá confirmar-se como um grande goleador, como parece estar a acontecer e nesse aspecto, poderemos estar perante um Peyroteo 2.0, com a diferença que não fará toda sua carreira no Sporting, como declarações recentes comprovam. Também questiono se num grande campeonato, conseguirá manter a mesma veia goleadora.
Já deu para perceber que o Sporting está a apostar forte na conquista deste campeonato para concretizar um duplo objectivo, o de ganhar dois campeonatos seguidos, o que não acontece desde 1953/1954. Esse campeonato, conhecido como o tetra, concluiu a série de 4 campeonatos seguidos, o que só foi ultrapassado pelo clube das Antas.
Nas imagens, está ilustrado o registo da equipa que ganhou esse título. Depois de ganhar três campeonatos seguidos, o Sporting teve duas baixas de peso. O treinador Randolph Galloway que regressou ao seu país e Jesus Correia que decidiu dedicar-se ao Hóquei em Patins. A nova equipa técnica, foi constituída por Tavares da Silva (orientador técnico) e por Joseph Szabo (treinador). A época não começou bem, com alguns desaires, mas na passagem para a segunda volta, com uma vitória sobe o Benfica, a equipa recuperou o primeiro lugar que manteve até ao fim.
O tetra foi conquistado com 80 pontos, mais sete que o FCP. Com 31 golos, Martins, foi o melhor marcador, sendo vencedor da Bola de Prata. Nesse ano, o Sporting conquistou o sétimo de oito campeonatos, das edições que foram realizadas desde 1946-47. Fez ainda a dobradinha, coquistando a Taça de Portugal, ao vencer o Vitória de Setúbal, depois de eliminar o Benfica.
Este glorioso registo, é hoje difícil de repetir, mas o bicampeonato, não é impossível e vejo o Clube fortemente interessado em consegui-lo. O esforço que está ser feito para manter o plantel e reforçá-lo, pontualmente, é um indicador desse objectivo.
Terminaram os últimos Jogos Olímpicos de verão (Paris). Portugal conseguiu 4 medalhas. Embora o futebol congregue o apoio da grande maioria dos adeptos do desporto, a conquista de medalhas olímpicas, enche-nos de satisfação e orgulho. Portugal, dada a sua dimensão territorial não pode rivalizar, neste aspecto, com os grandes países, mas pode e deve fazer melhor, sobretudo na luta com as nações da sua dimensão. Uma política de investimento nacional no desporto em geral é fundamental.
Portugal esteve presente nas olimpíadas pela primeira vez em 1912 e ganhou a primeira medalha em 1924 na modalidade do hipismo. Outras medalhas se seguiram na esgrima, na vela, no tiro. A primeira medalha no atletismo foi conquistada em 1976, por Carlos Lopes, ao conseguir o segundo lugar nos 10.000 metros, em Montreal. Em 1984, em Los Angeles, havia de ganhar a maratona e trazer a primeira medalha de ouro, para Portugal. A esse propósito declarou:
"Sabia que era a última oportunidade que eu tinha para ser campeão olímpico. Porque com 37 anos e meio dificilmente estaria noutros Jogos com a mesma capacidade e com a mesma resistência... Foi uma luta tremenda".
E se não podemos esquecer estes feitos individuais, temos de reconhecer que representam um trabalho colectivo da secção de atletismo do Sporting Clube de Portugal, dirigida pelo grande mestre Mário Moniz Pereira.
Outros atletas lhes seguiram os passos, tais como Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, mas parece ter sido um processo inconsequente, que não teve continuidade. Hoje o SCP continua a ser uma referência no atletismo nacional, mas a formação de atletas de grande gabarito, exige um trabalho de fundo permanente do comité olímpico, na captação e formação de atletas. Releve-se alguma melhoria nos últimos anos , mas é necessário fazer muito mais.
Quando se realiza em França mais uma edição das olimpíadas da Era Moderna, iniciadas em 1896, lembro que a primeira participação de Portugal, nestes jogos, foi em 1912, na cidade de Estocolmo. De entre os atletas que representaram Portugal encontrava-se António Stromp, nascido em 1894 e fundador do Sporting, com os irmãos Francisco e José e onde praticava várias modalidades como ténis, esgrima, futebol e atletismo. Representou o país nas corridas dos 100 e 200 metros, classificando-se nos terceiro e quartos lugares, respectivamente, entre oito atletas. Em Portugal foi campeão nacional nessas distâncias.
António Stromp, fez parte da comitiva portuguesa de seis elementos com a idade de 18 anos. Depois dedicou-se principalmente ao futebol, fazendo parte da equipa que ganhou o primeiro campeonato nacional, em 1914/1915. Tal como o irmão Francisco, teve uma vida muito curta. Faleceu com 27 anos de uma doença incurável, a sífilis. Num inquérito efectuado nos anos 40, pelo jornal Sports, foi considerado um dos melhores extremos do futebol. Desde esta primeira participação nas olimpíadas, o SCP teve quase sempre atletas em competição, onde se expressa também a sua grandeza.
,O ciclismo é um desporto popular seguido por multidões, como se vê nas grandes voltas internacionais. Introduzido em Portugal, no século XIX, por estudantes vindos do estrangeiro, como José Diogo d`Orey, começou por ser um desporto de elites praticado em hipódromos e velódromos.
Teve uma evolução rápida durante o século XX, sobretudo a partir da realização das Voltas a Portugal. Hoje, temos bons ciclistas que correm nas grandes provas europeias, como a Volta à França, onde o João Almeida conseguiu um quarto lugar mesmo como “gregário”. Mas seria injusto não lembrar Joaquim Agostinho, com um currículo internacional invejável, para além das vitórias nacionais, com a camisola do Sporting.
Voltando aos primórdios do ciclismo, no século XIX, destaco um ciclista português que foi grande no pano internacional, sendo o melhor velocista mundial numa prova disputada no velódromo de Charmatin em Madrid, onde bateu o recorde mundial, do 500 metros. Venceria também em 1898 o Grande Prémio Zimmerman (outro grande ciclista) que era na altura a prova mais importante da Europa. Participou nos grandes eventos do ciclismo europeu, ligado à Federação de Ciclismo Espanhola, uma vez que não existia em Portugal, uma organização similar. Foi fundador da União Velocipédica Portuguesa.
Correu em vários países da Europa e no Brasil. Bateu-se em provas internacionais, com os melhores corredores da época, vencendo-os algumas vezes. Quando chegava a Portugal a notícia das suas vitórias, havia festa rija na sua terra. E quando voltava das corridas internacionais, juntavam-se multidões, para o receber.
José Bento Pessoa foi um dos maiores do ciclismo mundial.
A Selecção Nacional une e galvaniza os portugueses, com especial incidência nos que fazem parte da diáspora. Vivendo fora do país, exprimem através do futebol o seu vincado patriotismo e a cada vitória corresponde uma significativa subida do orgulho português. Independentemente do que acontecer no caminho desta Selecção, parece-me, pelo que vi até agora, que não mostrou capacidade suficiente para conquistar o campeonato europeu. No entanto, é preciso esperar, porque o futebol é uma caixa de surpresas. Curiosamente, quando ganhámos o europeu, não tínhamos a melhor equipa.
Todos os opinadores profissionais, disseram, depois da fase de grupos e especialmente com base no derradeiro jogo, que temos uma boa equipa, mas um mau, senão péssimo treinador, A ser assim e porque neste mister quem não sabe, não aprende de um dia para o outro, as nossas perspectivas não são muito animadoras. Claro que há sempre os eternos optimistas que acreditam em impossíveis.
Pondo de parte desejos, que não são realidades, enquanto adepto português, mantenho em aberto todas as possibilidades, sem qualquer euforia. Pode até ser que este seleccionador venha acompanhado de todas as estrelinhas do universo, como aconteceu nalguns jogos. Mas a ser verdade que Martínez, para além da referida incompetência, seja uma espécie de testa de ferro de outros interesses, sem capacidade para contrariar os “egos” que compõem a Selecção, tem de se concluir que foi uma aposta errada.
Numa outra vertente, pode questionar-se se foram convocados os melhores jogadores. A resposta parece-me óbvia, embora dúbia. Alguns serão os melhores, outros, nem por isso. E a ser assim, é lógico conjecturar que houve critérios que não foram isentos, e que podem ter tido reflexos no potencial da Selecção.
Nem sequer me escandaliza que fossem descartados alguns atletas do SCP, como fizeram alguns sportinguistas. Ser selecionado pode ter prestígio para o atleta, até do ponto de vista do patriotismo, mas não há garantia de qualquer outra vantagem, com uma ou outra excepção. Veja-se o caso de António Silva, como exemplo. Mas é um tema, que só por si, merece um debate.
Estou expectante com o que vem a seguir e com desejo que o que escrevi, não esteja certo. Para já estou mais focado na preparação do Sporting CP, para enfrentar desafios nacionais e internacionais. E por aí também se pode prestigiar o país e valorizar seguramente os nossos jogadores.
Frederico Varandas assumiu a presidência do SCP depois de um período conturbado, no qual o Clube parecia caminhar para o abismo. O Sporting estava ser governado na base de um populismo de consequências incalculáveis. Varandas, chefe da equipa médica, decidiu, após o fim do aventureirismo, apresentar-se como candidato à presidência. Por uma unha negra, na expressão popular, ganhou as eleições e assumiu, com a sua equipa, a gestão do Clube.
Conhecendo muito bem a situação que ia enfrentar, assumiu o cargo com grande coragem. A instabilidade reinava, e não foi fácil ultrapassar esse período de má memória. Teve o condão de impor a sua autoridade, não cedendo a diversas pressões. Traçou um rumo e segui-o com firmeza. Com uma situação financeira difícil e agravada com a debandada de activos valiosos, foi, passo a passo, tirando o clube da situação grave em que se encontrava.
As oposições tudo fizeram para sabotar o seu trabalho e muitos até duvidavam da sua capacidade para levar o Clube a bom porto. Com convicção e competência, pode dizer-se que levantou o Sporting do chão para usar, com a devida vénia, o título do livro de José Saramago, “Levantado do Chão”.
Durante a sua presidência, com início em Setembro de 2018, para além de aumentar a percentagem do clube na SAD, criando uma situação financeira estável, acrescentou ao pecúlio desportivo do Sporting dois Campeonatos Nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça Cândido de Oliveira e quatro Taças da Liga, só no que diz respeito ao futebol profissional.
Frederico Varandas é o quadragésimo terceiro presidente do SCP. E ficará na história, na minha perspectiva, como refundador , depois de longos anos de algum ocaso, na área do futebol profissional. Dos presidentes, muitos até são desconhecidos dos actuais adeptos. Neste pequeno texto, quero porém lembrar, brevemente, alguns, que por um ou outro motivo merecem relevo, naturalmente subjectivo.
Não se pode falar de presidentes sem referir Alfredo Holteman, (Visconde de Alvalade) que foi presidente entre 1906 e 1910, contribuindo com o seu dinheiro para a fundação da colectividade. Foi substituído na presidência pelo seu neto José Roquette (José Alvalade) o grande dinamizador dos primeiros anos do Clube.
Seguiu-se um período de presidências muito curtas, mas quero salientar Ribeiro Ferreira (1946-1953) e Góis Mota (1953-1957) que correspondem a um período dourado no futebol leonino. E João Rocha, pela vital estabilidade (13 anos na presidência) com algum sucesso. Saliento também José Roquette e Dias da Cunha, ligados à Academia e ao novo estádio. No entanto, todos contribuíram bastante para a evolução do Sporting CP. Nesse aspecto, gostaria de escrever sobre cada um deles, se para isso tiver engenho e arte.
Se José Alvalade levantou o Sporting, transformando um clube originalmente criado para alguns praticantes de futebol se recrearem, numa grande colectividade, Varandas, mais de cem anos depois, está a conseguir levantar Sporting, para cumprir o objectivo de ser um dos maiores da Europa.
Foi uma época boa, mas podia ser muito boa se tivéssemos ganho a Taça de Portugal, disse Rúben Amorim... e até excelente, digo eu, se tivéssemos conquistado a Taça da Liga, que perdemos num jogo em que dominámos.
Numa outra perspectiva, mesmo sem ganhar todos os títulos referidos, fizemos uma época excelente, ao conquistar a prova mais importante, que nas últimas décadas ganhámos muito raramente. É preciso recuar até ao inicio do século XXI , nas presidências de José Roquette e António Dias da Cunha, para encontrar uma situação idêntica, mas que não teve continuidade. Estes dois últimos títulos foram fruto de um trabalho de projecto, cujo intuito é ganhar com maior regularidade, e que abre as portas a uma maior conquista de títulos.
Saliente-se que, o campeonato, foi conquistado “sem espinhas” como se diz na gíria, com um futebol positivo, bem jogado, em que os valores individuais se diluíram no colectivo. Um gigantesco trabalho que começa muito fora das quatro linhas, e no qual participa toda a estrutura do Sporting, desde os órgãos directivos, até à equipa técnica, comandada por Rúben Amorim, destacando-se o trio, Varandas, Hugo Viana, Amorim, sem esquecer todos os que fazem parte do “staff”.
A época terminou. Conquistámos o título, enchemos a alma, festejámos com alegria e civismo e agora temos de partir para outra. Chegou a hora de preparar a próxima época, e pelo que se sabe, o Clube já está a fazê-lo com tempo e com critério, num trabalho que já vinha de trás. Nesse sentido, já se contratou um defesa, um guarda-redes, e ao que consta, está-se ainda a negociar um avançado. De forma discreta, sem grandes especulações na imprensa, que tem sido confrontada com negócios fechados, ou quase. Isto é fruto de uma planificação rigorosa e atempada, por uma equipa profissional. É assim que se começa o caminho para o sucesso.
Até ao fecho do mercado, ainda haverá mudanças, mas pelo que se vê, o objectivo é manter a equipa com pequenas alterações. O que se pretende é reforçar o plantel, tornando ainda mais competitivo. No entanto, não conseguimos controlar o mercado, e temos de esperar, para ver o resultado final. Tenho, porém a convicção, que estaremos ainda mais fortes.
P.S.: Noticiou-se ontem que Matheus Nunes foi seleccionado, por incapacidade física de Otávio. Não gosto de me pronunciar sobre as escolhas de Martinez, mas tenho de admitir que aquele senhor espanhol vai de incoerência em incoerência. Antes, Matheus Nunes não tinha sido convocado porque não se sabia se aguentava dois jogos. E agora já aguenta? E Ricardo Horta, a quem disse ter pedido desculpa, para não falar de Pote ou Trincão que suponho nunca serão convocados por este seleccionador.
Podem dizer que NPC (Nuno Pinto da Costa) não é tema que interesse aos sportinguistas. Em certo sentido restrito, até será verdade, mas também é verdade que a influência desse indivíduo no âmbito do futebol nacional, e concretamente no que diz respeito ao Sporting, teve reflexos muito perniciosos.
Por outro lado, fosse como fosse, podem dizer que já foi, que já era, é passado e que o passado, passe o pleonasmo, já passou. No entanto, o aparecimento desta personagem no futebol nacional não deixa de estar relacionado com o ocaso do Sporting, embora não o único, no que diz respeito ao futebol profissional.
NPC, protótipo do chico-espertismo, depois de aceder à presidência do clube das Antas, bolou um plano para controlar vários órgãos do futebol, com relevância para o sector da arbitragem. E se o pensou, melhor o concretizou. Paulatinamente, foi construindo a teia onde haviam de cair todos os adversários. O “sistema” como o designou o presidente Dias da Cunha, haveria de controlar os meandros do futebol a seu proveito. Foi deste modo que o clube das Antas passou de um clube de âmbito quase regional, para um clube nacional, com muita vigarice à mistura.
Desmascarado no processo “Apito Dourado” conseguiu sobreviver, devido à sua rede de influências, que iam para além do mundo do futebol. Depois dessa altura, perdeu alguma influência, mas continuou a mover alguns cordelinhos, repartindo poder com o clube da Luz. Finalmente, numa fase de decadência, implodiu com a sua guarda pretoriana.
Neste momento, é uma carta fora do baralho, que se recusa a deixar de jogar. Quer queira quer não queira, passou à história de má memória. Para o Sporting, um clube largamente prejudicado, pelo seu “sistema”, durante décadas, a sua queda pode já não ser relevante. Na sua fase decadente, era menos letal, mas como disse Varandas, um “bandido é sempre um bandido”. Estando fora do palco, apenas será menos perigoso.
O Sporting renascido com Varandas na presidência, tem agora uma boa oportunidade de continuar a lutar pela igualdade e transparência do futebol português, mas a saída de cena do personagem não chega. Fica muita coisa ainda armadilhada. Não sabemos como vai ser a nova liderança desse clube. Em abstracto, parece ser gente mais honesta, mas temos de esperar para ver. Seja como for, não deixa de ser uma oportunidade para acabar de vez com o malfadado “sistema”, sem esquecer que há quem não se importe de o continuar. Convém estar alerta.
“Fico, tenho contrato”, foram as palavras de Rúben Amorim, durante a comemoração da conquista do campeonato nacional. O histórico dirigente desportivo, Pimenta Machado disse em tempos (1988) uma frase que se tornou numa máxima, no futebol... “o que hoje é verdade, amanhã é mentira". Portanto, temos de considerar este tipo de declarações com alguma reserva.
O Sporting, tem de estar muito grato a Rúben Amorim, pela revolução tranquila que fez no futebol do Sporting, visível na conquista de títulos, mas que corresponde a um trabalho consistente e estruturado que precisa de continuidade. Por outro lado, Amorim também tem de estar grato ao Sporting, pois quando chegou ao clube, numa operação de risco, era um desconhecido, com pouca experiência, mas grande potencial, como veio a comprovar-se.
Pela frase citada, e por outras afirmações que proferiu, na mesma altura, como a conquista do bi-campeonato, sou levado a concluir que Rúben vai ficar, pelo menos, mais uma época. Nota-se que se sente bem no Sporting e que quer continuar o seu trabalho, embora pense também que vai ser exigente, no sentido em que lhe sejam garantidas as condições para poder continuar a ter êxito.
Da parte dos adeptos, Rúben Amorim continua a ter uma grande popularidade, porque perceberam que para além da espuma dos dias, é um técnico de projecto e tiveram a paciência de o apoiar mesmo nas fases negativas. Um dia, Amorim, partirá para outros voos e quando o fizer quererá sair pela porta grande. Penso que isso explica, em parte, a estranha, precipitada e inoportuna viagem a Londres. Por isso, penitencio-me por alguma crítica que fiz, pois entendo, como mera interpretação, que pode ter considerado continuar o seu trabalho no clube, podendo sair ainda mais em alta.
Nessa viagem, Rúben Amorim terá percebido que podia estar a dar um passo em falso e precipitado, pelo que reformulou a gestão da sua carreira. Continuar no Sporting pode permitir-lhe ir ainda muito mais longe. Em conclusão, saia quando sair, terá sempre o meu reconhecimento de sportinguista, pelo que já fez. Não passará, para mim, de bestial a besta, como é fácil e comum no mundo do futebol.
***Na imagem, a equipa técnica do Sporting.
Ninguém duvida que a estabilidade é um factor importante nas nossas vidas, tanto seja do ponto de vista colectivo como pessoal. Os clubes, como grandes instituições desportivas e empresariais, não fogem a esse desiderato.
Daí que a estabilidade tenha sido uma preocupação do presidente Varandas, desde que assumiu a presidência do SCP. Criar estabilidade num clube desportivo não é tarefa fácil, porque está ligada a resultados. Mas para que estes aconteçam, é fundamental uma boa situação financeira. Foi esta equação que Varandas teve que resolver num prazo bastante curto. Com competência e também com alguma sorte, conseguiu conjugar as duas áreas, depois da contratação de Rúben Amorim. A conquista de títulos, desde a primeira época, deu espaço de manobra para recuperar o clube financeiramente e sem a qual, não seria possível, o êxito desportivo de uma forma constante.
Vem isto a propósito de declarações que hoje li, de um fantasma que julgava exorcizado. O ex-presidente conhecido por BdC, demitido em AG e posteriormente expulso, admitiu hoje que poderá participar nas próximas eleições no Sporting CP, não como candidato, que não pode, mas como 'ad hoc' apoiante de um eventual candidato, o que significaria que caso este ganhasse, voltaria a entrar no Sporting por uma porta lateral.
A acontecer esta pretensão, que não julgo viável no actual contexto, seria um regresso ao passado de muito má memória. No entanto, não devemos desvalorizar tal pretensão, dada a resiliência que se reconhece ao indivíduo.
Neste momento, o Clube vive uma boa situação financeira e passa por um bom momento desportivo, fruto de um bem ponderado trabalho de base que tem vindo a ser feito pela estrutura desportiva. Como não era muito comum, estamos a competir de igual para igual, com adversários directos. Saímos das provas europeias, mas continuamos na luta pela conquista das nacionais. Comandamos o campeonato, mas ainda não está ganho. Acredito que temos condições para o vencer, mas quanto mais nos aproximamos do fim, maiores serão as dificuldades. Até agora, pelo jogo jogado, mostrámos ser a melhor equipa. Todos o reconhecem.
Seremos campeões se continuarmos numa senda regular de vitórias. Por isso, mantenho máxima prudência e não embarco em euforias desmedidas, que vejo manifestarem-se em alguns sportinguistas.
A conquista de títulos é muito importante, para que o actual projecto possa realizar os seus objectivos, que passam por êxitos desportivos com determinada regularidade, porque estes consolidam a robustez financeira do clube e vão longe para ajudar a manter a estabilidade necessária para não ficar à mercê de aventureirismos. Quem tem memória sabe que estes nunca desistem.
Quando vejo jogar a equipa principal de futebol do Sporting, vem-me à memória a frase, “joguem à bola”, usada pelos adeptos, quando a equipa que apoiam não joga bem e sobretudo quando os resultados são negativos. É uma daquelas frases que para mim não faz nenhum sentido, porque não ajudam quem está dentro de campo e porque não há nenhuma equipa que queira mesmo jogar mal. Nestas circunstâncias, seria mais correcto incentivar os jogadores, mas sabemos como reagem as multidões num contexto de jogos.
Esta equipa do Sporting não pratica apenas bom futebol, pratica um futebol que “enche o olho” o que todos reconhecem, com excepção de adversários fanáticos. Como tem sido referido, a equipa leonina joga como um bloco articulado e mecanizado, mas com uns pozinhos de criatividade e imprevisibilidade. Quando vejo uma jogada de ataque, nunca consigo saber como ela se vai desenvolver. O mesmo penso que se passa com a equipa adversária. Evidentemente que não é uma equipa perfeita. Também tem debilidades e também comete erros. Para além de uma ou outra desconcentração a defender, vejo que é necessário melhorar a eficácia de finalização, para não desperdiçar golos praticamente construídos, como aconteceu no último jogo.
O volume de informação que temos de absorver, não tem lugar na limitação da memória, daí que se recuarmos no tempo, não me lembro de uma equipa (das que vi) a jogar assim. Com todas as suas valências, não jogava deste modo a última equipa que ganhou o último campeonato. E se recuarmos até ao inicio do século, quando ganhámos dois campeonatos, não tenho ideia de ver jogar com tanta competência as equipas que os ganharam, se a memória não me atraiçoa.
Apesar do que aqui abordei, mantenho os pés bem assentes na terra. Estamos em todas as frentes, o calendário vai ser mais apertado e há factores que não controlamos. E como disse Rúben Amorim, para além da competência dentro do campo, precisamos do que se chama sorte. Entretanto, anseio, como não acontecia já há muito tempo, que venha o próximo jogo, para ver jogar à bola.
P.S.: Quero acrescentar que esta equipa é a consequência de um processo iniciado por uma estrutura bem articulada, da qual se destacam, um grande presidente, um treinador de excelência e um conjunto de atletas de qualidade. Todos a remar na mesma direcção. E espero que seja a base de um projecto sólido, que se mantenta por muito tempo.
Rúben Amorim chegou ao Sporting como treinador, no início da carreira e ainda sem ter o nível regulamentado para exercer essas funções. Tinha começado no Casa Pia e chegado a técnico principal do SC Braga havia poucos meses, com algum êxito.
Os adeptos receberam-no com alguma desconfiança, em geral, tendo os mais moderados, considerado que era uma aposta de alto risco. O presidente Frederico Varandas foi muito criticado, sobretudo por ter pago uma cláusula de rescisão bastante elevada e para os mais radicais, que ainda não perceberam que os treinadores são profissionais acima dos clubes, não deveria ter sido contratado por ser “lampião”.
Desta vez aquelas claques que interferiram negativamente durante muitos anos na vida do Clube, não tiveram hipóteses de influenciar essa escolha, como acontecera anteriormente com a contratação de Mourinho, que viria a ser um dos melhores do mundo.
A estrutura que o contratou reconhecia que havia riscos, mas partiu de uma observação ponderada e de indicadores positivos. O Rúben Amorim tinha consciência que seria uma tarefa difícil mas melhor do que observadores externos, conhecia as suas capacidades. Daí a célebre frase “e se der certo?”. E deu.
Com um plantel sem grandes “craques” e recorrendo a um bom número de jovens, criou uma equipa unida e combativa, que os adversários desvalorizaram. Jogo a jogo, vitória a vitória conquistou e cimentou o primeiro lugar. Com competência, alguma estrelinha e sem espectadores nos estádios, ganhou o campeonato que ninguém previa. Mostrou a sua fibra de técnico e sobretudo de condutor de homens.
Durante estes anos, como pessoa inteligente, evoluiu muito como técnico e podemos dizer sem reservas que é hoje um treinador de excelência. A equipa actual, muito diferente da que ganhou o título, joga à imagem do técnico, um futebol de excelência. Valorizou-se com poucas aquisições, que têm mostrado ser mais-valias. E para além de valores individuais, sobressai o colectivo. Enche o olho ver a equipa jogar, com fio de jogo, trocando a bola com rapidez, quase de olhos fechados e baralhando de todo as defesas mais aguerridas. Não há campeões antecipados, mas esta equipa tem competência para chegar ao título.
Rúben Amorim, como bom condutor de homens que é, sabe motivá-los e exponenciar as suas potencialidades. Veja-se o que fez com jogadores quase desconhecidos... Diamonde, Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves, Morita e até Gyokeres ou Hjulmand, que “explodiram” no Sporting. E que dizer de Quaresma, Geny Catamo ou até de Trincão?
Um dia pretenderá decerto continuar a sua carreira noutros horizontes e em patamares mais elevados, mas também dá a ideia clara que gosta muito de estar no Sporting, onde quer conquistar mais títulos. Acredito que a Direcção deseje mantê-lo mais anos à frente do Clube. Se e quando sair, deixará a sua marca notável na recuperação do Sporting a nível desportivo e financeiro. E não deixará de ter um lugar digno na história do Sporting e na memória de muitos sportinguistas.
Frederico Varandas chegou à presidência do Sporting depois da destituição de Bruno de Carvalho, na qual não teve nenhuma responsabilidade, como têm defendido uns quantos apaniguados do ex-presidente. Resolveu candidatar-se e teve a maioria dos votos em eleições livres, assumindo a presidência com muita contestação e baixas expectativas.
Encontrou um clube destroçado financeira e desportivamente. Com um plantel de recurso depois da rescisão de alguns dos mais importantes activos e com um ambiente de “cortar à faca”, provocado pelas “viúvas” do brunismo, com nervos de aço e grande serenidade enfrentou a situação. Cometeu, no início, alguns erros de principiante, mas corrigiu o tiro e sempre debaixo de contestação, encontrou o caminho de recuperação do Sporting.
Bem assessorado na SAD, foi dando passos seguros na consolidação financeira, com os resultados que se conhecem e que levaram o Clube a controlar mais de 80% do capital. Bem aconselhado por Hugo Viana, discreto e pouco referenciado, encetou uma importante reforma desportiva no futebol profissional. A contratação de Rúben Amorim foi uma peça chave nessa reforma. Muito contestada pelo pagamento do elevado preço da cláusula de rescisão e por certas outras razões pueris e até absurdas, provou-se que foi uma decisão com algum risco, mas muito assertiva.
A instituição SCP mudou muito e para melhor. O êxito desportivo com a conquista de um campeonato com uma equipa sem grandes estrelas e de outras provas de menor dimensão, levaram os adeptos a acreditar numa presidência periclitante. A boa gestão de activos desportivos, com recurso a vários valores da formação e com um “scouting” competente, ajudaram a Direcção a combater com firmeza as claques (guarda pretoriana da anterior Direcção) que durante muitos anos andaram a desestabilizar e que pretendiam continuar a desestabilizar.
Lutamos agora de igual para igual com os adversários directos. Uma estrutura desportiva coesa não só gere o presente, mas também prepara o futuro. O presidente Varandas com um perfil discreto, sem demagogia e populismo, age à margem da pantalha comunicativa, com serenidade.
Quando deixar a presidência, porque acredito que Varandas não se queira eternizar no lugar e ainda porque defendo que esses lugares devem ser renovados, ficará na história do Sporting CP como um grande presidente. Em relação à questão dos mandatos, tenho defendido uma revisão de Estatutos, que prevejam um número de mandatos determinado, até porque não gostaria de ver o Sporting CP capturado por ninguém e que como grande instituição devia dar o exemplo, trazendo para o desporto a democracia plena.
Acredito que a maioria dos adeptos apoia o bom trabalho de Varandas e da sua Direcção, mas entendi que devia aqui salientar esse trabalho, que merece reconhecimento.
Tenho vindo a notar, e com justificação, alguma euforia dos adeptos sportinguistas com o comportamento da equipa de futebol durante esta época. Na verdade, aos bons resultados, têm-se juntado boas exibições. Todos aqueles que, de boa-fé, se interessam pelo futebol, o reconhecem. E parece-me correcto reconhecer que o Sporting, pratica neste momento, o melhor futebol do nosso campeonato.
Como qualquer adepto também estou satisfeito com a boa prestação da equipa. Estamos em primeiro lugar no campeonato, e continuamos vivos em todas as competições em que participamos. Mas a época vai a meio e quero lembrar que no futebol, muitas vezes por factores que não dominamos, tudo muda de um momento para o outro, como costuma dizer Rúben Amorim. Daí que me esforce por mesclar a natural euforia de momento com uns pozinhos de realidade.
No campeonato, os nossos adversários directos, continuam a morder-nos os calcanhares. Umas vezes com sorte outras com algumas ajudas estranhas, vão-se mantendo na luta. E se é certo que começaram por fazer maus jogos, também é certo que os foram vencendo, tendo vindo a melhorar, esperando ganhar novo fôlego com alguns reforços.
Acreditar que a equipa tem competência para vencer títulos e dar-lhe todo o apoio para se manter motivada é o papel que cabe ao adepto. Acreditar em todos os atletas do plantel, sem excepções, confiar na equipa que os dirige, é fundamental para o sucesso. Por isso, não me parece que seja altura de palpites sobre mexidas no plantel, condenando jogadores ou pedindo a aquisição de reforços. Deixemos essa tarefa à estrutura desportiva, bem mais conhecedora das necessidades do plantel.
Embora não passem de meros desabafos, fico apreensivo quando vejo adeptos pedir este ou aquele jogador, ou criticar a aquisição de outros que são referidos na comunicação desportiva. Lembro, como exemplo, de um médio do Estoril, já condenado, por supostos catedráticos, na praça pública leonina, com base numa avaliação pessoal que desconhece todas as razões que podem estar na base das contratações.
O momento é de ter os pés muito bem assentes na terra e de apoiar os que estão e os que chegarem. O momento é de confiar na estrutura técnica e nas suas eventuais contratações, para o presente ou para o futuro. É altura de unir fileiras no apoio aos que dentro das quatro linhas defendem o Clube, sem excessos de euforia e com a convicção que temos condições para grandes feitos.
O leitor/comentador que aqui no blogue se apresenta como Perry é, na minha apreciação, excessivamente crítico em relação aos jogos do Sporting, tendo já criado anticorpos em relação a alguns adeptos, que põem em causa o seu sportinguismo.
Uma das vítimas mais comuns da sua análise é o treinador Rúben Amorim, o seu bode expiatório preferencial. Depois de um jogo menos conseguido, o senhor Perry questionou as suas decisões, o que já é recorrente, concluindo que a sua competência como treinador seria avaliada no jogo com o clube das Antas, no que ele designou como prova dos nove. Essa presunção de prova deu azo às reflexões que aqui faço.
Na altura referi que a minha preocupação eram os jogos mais próximos. Ganhámos um e perdemos outro, em Guimarães, com clara influência da arbitragem. Mas como Rúben Amorim ganhou ao Antas de forma bem categórica tiro uma conclusão: o nosso treinador passou na prova dos nove e está de parabéns, o que coloca o senhor Perry num grande dilema em relação aos restantes jogos. Qual será a próxima prova? A prova real, ainda mais rigorosa? Não seria mais sensato fazer esse tipo de provas no final da época?
Numa outra vertente, os árbitros mais mediáticos, como Duarte Gomes, Pedro Henriques e os do Correio da Manhã, foram lestos a apoiar o árbitro e o VAR, na invalidação de dois golos do Sporting no jogo da prova dos nove. E se em relação ao segundo golo pode haver alguma discussão, em relação ao primeiro há apenas má-fé, em defesa da corporação da arbitragem, ao considerar que há uma falta do Eduardo Quaresma. A questão já foi muita debatida e escalpelizada e tudo aponta, se quisermos ser verdadeiramente honestos, para falta nenhuma. Portanto, a prova dos nove sobre a arbitragem que temos é clara: árbitros de muito má qualidade e de duvidosa honestidade; analistas de arbitragem incapazes de se libertar da mentalidade corporativa. Gente sem verticalidade.
O campeonato é longo e quando vai a meio é bom ir em primeiro. Muitas provas dos noves ainda se farão, mas a absolutamente decisiva será a final. Até lá vamos estar atentos ao decorrer do campeonato e de outras provas, vamos ver se os adeptos continuam firmes e se a arbitragem passa na prova dos nove da competência, da honestidade e da seriedade.
P:S: Este leitor do “Zé Ninguém” é o LEO, grande sportinguista e companheiro nos jogos que vejo pela televisão. O livro pode encontrar-se online na Chiado Books, Bertrand, FNAC, Wook. Também envio por correio se for pedido para as3559225@sapo.pt.
BOAS FESTAS
Rúben Amorim disse que o Sporting perdeu o jogo nos detalhes, analistas falaram de erros estratégicos e falhas individuais e o presidente Varandas considerou o João Pinheiro a assombração dos sportinguistas.
Quando se perde um jogo que podíamos e devíamos ganhar, todas as apreciações têm um pouco de verdade. Os detalhes acontecem quando falhamos golos, quando fazemos passes errados, ou quando um jogador se desconcentra e erra, incluindo o guarda-redes. Erros estratégicos acontecem em qualquer equipa, por culpa de quem dirige ou de quem executa. Os erros evidentes de arbitragem, manhosos ou grosseiros, são os mais arbitrários, porque penalizam os verdadeiros protagonistas.
Neste jogo em Guimarães, em concreto, dois detalhes causaram a derrota do Sporting porque resultaram em golos: o infeliz desvio de Morita de uma bola que ia na direcção do guarda-redes e uma má abordagem de Adán a um remate do adversário. Há também quem considere que as substituições de Amorim foram responsáveis pela derrota, mas penso ser unânime que o erro de Pinheiro e do VAR, prejudicaram claramente o Sporting.
Sem ser adepto de “calimeirices” quero focar-me neste erro de arbitragem, porque teve influência grave no resultado final do jogo. Se este penálti, inexistente, não tivesse sido marcado, o Sporting entraria a ganhar na segunda parte, com uma estratégia diferente e com outra tranquilidade, até porque o adversário ficaria com menos um jogador. Assim sendo, o homem do apito, beneficiou uma das partes.
Mesmo considerando que errou por má percepção, não existe nenhuma dúvida que o VAR, na posse das imagens, deixou passar o erro. Estas decisões parciais, em jogos equilibrados e num campeonato competitivo, acabam por fazer a diferença. Daí que denunciá-las com veemência seja prioritário.
À margem deste erro crasso, considero que a perda de sete pontos com as cinco melhores equipas, merece reflexão analítica da estrutura do futebol. Se queremos ser campeões, não podemos perder tantos pontos com os adversários mais próximos. E se não controlamos as “assombrações” da arbitragem tem de se controlar a prestação da equipa, do primeiro até ao último minuto, para não haver outras assombrações. Correcções que a equipa técnica e todo o grupo devem fazer. Não chega dizer que jogamos o melhor futebol, é preciso que isso se concretize na conquista de pontos para não acontecer, que em apenas dois jogos, os adversários directos se aproximem, pondo em causa a liderança.
Jogando bem, jogando muito melhor, com total rigor e empenho, conseguimos vencer os adversários e vencer as assombrações, que vão continuar a existir. O campeonato é longo e não está perdido, mas a equipa como está, ou com reforços, não pode ter um segundo de relaxo, se quiser ser campeã.
Os erros individuais acontecem, mas prefiro salientar a actuação do colectivo. Considero que o lugar mais difícil é o do guarda-redes, que nunca pode falhar, mas quando falha é também porque a equipa terá falhado. Neste sentido, não gosto de “crucificar jogadores” embora admita que o Adán não é o mesmo da época do título, talvez também pela sua idade, mas na verdade não temos melhor no plantel. É um assunto a ser considerado.
P.S.: Aproveito esta oportunidade para lembrar que ler faz bem e acalma as emoções do futebol. Embora seja suspeito, recomendo a leitura do meu livro “Zé Ninguém – A minha vida não dava um romance”, um retrato do país desde os anos 50, onde muitos se podem rever. Uma boa prenda Natal, à venda nas grandes livrarias online ou na livraria Martins em Lisboa. Também envio pessoalmente por correio. Email : as 3559225@sapo.pt.
É já um lugar comum, mas no futebol a crítica, geralmente, situa-se nos extremos. Ou se elevam os atletas até ao topo do elogio ou se rebaixam até à condição de mal-amados. O meio termo é o menos utilizado. Nas equipas de futebol não existem apenas solistas, como em qualquer orquestra.
A crítica tem muitas vezes uma vertente radicalizada. Quando criticamos confundimos a pessoa com o atleta, porque quando arrasamos o atleta, também arrasamos a pessoa, que se não for mentalmente muito forte, não deixará de ser afectado negativamente.
Por isso, e porque entendo que na pele do atleta está um ser humano, tenho muito cuidado na avaliação que faço de qualquer atleta. No campo, nunca ousaria assobiar um jogador do meu clube, por pior que seja a sua prestação. Nas críticas fáceis que enchem as redes sociais, que evito ler, vê-se o pior da natureza humana. Mesmo que o atleta mereça crítica enquanto profissional deve haver sempre o cuidado de separar crítica de insulto.
No Sporting, já vi tratar muito mal jogadores como Ricardo Esgaio, Paulinho, Trincão, por exemplo e de forma algo mais suave Pote ou Adán. Esgaio que tem as suas limitações, com bons e maus momentos, tem mostrado ser um bom profissional. Paulinho criticado por não marcar muitos golos, tem sido bem importante na sua prestação, inscrevendo no seu currículo, golos que decidiram jogos, Francisco Trincão que divide o bom com o mau, parece-me estar ainda em progressão. Pote e Antonio Adán, jogadores fundamentais na conquista do último título, estão numa fase menos boa e podem merecer algum reparo, mas são grandes profissionais.
Em suma, se um jogador não serve mesmo os interesses da equipa, devem os responsáveis técnicos tomar a decisão de manter ou não a sua continuidade. A nós, leigos na matéria, compete-nos apoiá-los e acarinhá-los enquanto vestirem a camisola do clube.
Outra coisa de que discordo é do endeusamento de qualquer atleta, colocando-o-acima dos outros. Numa orquestra afinada todos são importantes quer toquem bombo ou violino. Para dar um exemplo do passado, lembro-me que na equipa chamada dos cinco violinos, também havia outros instrumentos. Na actual equipa, como em qualquer orquestra não há apenas solitas, mas outros músicos contribuem para o resultado final.
Para dar o recém-exemplo de Gyökeres, pelas suas prestações, é sem dúvida um solista que em momentos se sobrepõe, o que não diminui a importância do tocador de bombo. Na equipa é um ídolo muito acarinhado, justamente pelo adeptos, mas é preciso não esquecer que joga com a equipa e pela equipa, sem a qual não teria o mesmo relevo.
Uma característica que merece elogio, para além da qualidade técnica de qualquer solista é a sua humildade, nunca se armando em vedeta. E nesse aspecto Gyökeres é um exemplo porque sabe da importância dos não solistas no seu desempenho, o que devia merecer a reflexão do adepto para não diabolizar nem endeusar.
P.S.: Com o beneplácito do Rui, aproveito esta oportunidade para lembrar que ler faz bem e acalma as emoções do futebol. Embora seja suspeito, recomendo a leitura do meu livro “ Zé Ninguém – A minha vida não dava um romance”, um retrato do país desde os anos 50, onde muitos se podem rever. Uma boa prenda Natal, à venda nas grandes livrarias online ou na livraria Martins em Lisboa. Também envio pessoalmente por correio. Email : as 3559225@sapo.pt. SL
A minha mãe que nunca mais me tinha posto os olhos em cima, disse à senhora Laurinha do posto dos correios, para lhe pôr na carta, que tinha ido ouvir-me como combinado: “meu filho, os homens que escutavam o relato, começaram a mangar comigo”.
“Olha a laranjada fresquinha!”
Eu disse-lhes: “venho ouvir o meu Zé” e eles na resposta “o seu Zé vai falar na rádio? Ah, ah, ah”‼
“Atenção Amadeu, atenção Amadeu…”
– E eu ouvi-te e conheci a tua voz e eles “pois, ouviu apregoar as bebidas. Sabe lá se é o seu filho, um entre muitos?”
“Olha a gasosa fresca!“
– Eu sei que é o meu filho, conheci-lhe a voz. Labregos, invejosos, mortos de fome é o que são!
E o Artur Agostinho: “penalty a favor do Sporting”.
Outras cartas foram e vieram. Outros pregões se gritaram nos campos de futebol. No ensino nocturno fui aprendendo e conhecendo novas realidades. E a adolescência chegou. Comecei a ver as “madamas” com outros olhos. Reparei em pormenores que antes me escapavam. A dona Regina na sua camisa de dormir transparente, a dona Aninhas, mulher do senhor deputado da Assembleia Nacional, de grandes olhos negros e seios a quererem saltar pelo decote ousado e que tinha um tratamento especial: “Olha que o senhor deputado é tu cá tu lá, com o senhor doutor Salazar que Deus o proteja, porque nos livrou da guerra e do comunismo.” Estas e outras senhoras alumiavam-me a existência nas noites solitárias. Mas com todo o respeito. Pecado, apenas em pensamento…
Admito que o doutor Salazar nos tenha livrado da Segunda Guerra Mundial, mas a mim não me livrou de outra guerra, a colonial. Mancebo da nação, fui aprovado para ingressar nas Forças Armadas. Como todos, incluindo os coxos, deram-me uma espingarda e mandaram-me combater.
“Angola é nossa! A rádio Moscovo não fala verdade.”
Excerto do meu livro... "Zé Ninguém – A minha vida não dava um romance" Obrigado ao Rui pela disponibilidade online, em papel e ebook na Bertrand, Fnac, Livraria Atlântico e em Lisboa, na livraria Martins.
Também envio directamente. Email: as3559225@sapo.pt.
Saudações leoninas, José Mateus Gonçalves
NOTA: Mais uma excelente obra literária do nosso colega e amigo Nação Valente (José Mateus Gonçalves). Parabéns!
Quando era muito jovem, jogava futebol de rua, nomeadamente no adro da igreja, quando não havia procissão. Nesses jogos, éramos todos jogadores e árbitros. Mas quando íamos jogar a uma povoação próxima, inventava-se um juiz de campo.
Numa partida entre aldeias, em que não tive lugar dentro do campo, fui convidado para arbitrar. Só que a minha competência de árbitro, era ainda pior que a de futebolista. Sem conhecimentos da função, limitei-me a deixar jogar, até que na assistência começaram os protestos: "mas o árbitro não apita?" Em consequência, fui substituído por um adulto, por sinal grande sportinguista.
Mas o que queria salientar com este introito, é que assim que fui nomeado, veio falar comigo um jogador da minha equipa, que me disse discretamente: “olha que tens que apitar contra os gajos". Isto significa que a tendência para aldrabar em proveito próprio faz parte da nossa natureza, e revela-se até em jogos a "feijões” como foi o caso.
Se assim é, parece-me lógico que numa competição, onde estão em jogo muitos milhões, para além de vitórias desportivas, esse comportamento seja habitual. Neste campeonato ainda só passaram quatro jornadas e os casos não param de acontecer. O clube das Antas que não está a jogar “um chavelho” ganhou os três primeiros jogos, com muita água benta. O nosso Sporting, na época anterior, em situação idêntica, já tinha perdido pontos e mais pontos. Mesmo descontando o meu facciosismo clubista, parece-me que a tendência para a batota, mesmo com todas as tecnologias, é uma realidade.
Numa breve pesquisa sobre vitórias em campeonatos nacionais, verifiquei que até 1984 o SLB tinha 26 vitórias, o SCP 20, e o clube das Antas, 7 . Depois de 1984, O clube das Antas, 23, o SLB, 12 e o SCP, 3.
O que mudou em 1984: a chegada à presidência das Antas, do senhor Pinto da Costa. Mas como se explica esta mudança nas vitórias? Bem, ganhou mais jogos, fez mais pontos. Certo. A questão é saber como os ganhou. A melhor resposta está no “Apito Dourado”, como se veio a provar-se no início do século XXI, ou seja a criação de um “sistema” para condicionar as arbitragens, em seu benefício. Será só isso? Possivelmente não, mas que ajudou, ajudou.
Depois do infame apito dourado este “sistema” sofreu algum abalo, mas os do costume arranjaram maneira de voltar a influenciar fora das quatro linhas, como está a acontecer esta época, com a procissão ainda no adro. E o mais preocupante é que não vejo uma luz ao fundo do túnel. Com os interesses económicos que estão em jogo, e os domínios instalados, não basta ser o melhor em campo.
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