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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quando vejo jogar a equipa principal de futebol do Sporting, vem-me à memória a frase, “joguem à bola”, usada pelos adeptos, quando a equipa que apoiam não joga bem e sobretudo quando os resultados são negativos. É uma daquelas frases que para mim não faz nenhum sentido, porque não ajudam quem está dentro de campo e porque não há nenhuma equipa que queira mesmo jogar mal. Nestas circunstâncias, seria mais correcto incentivar os jogadores, mas sabemos como reagem as multidões num contexto de jogos.
Esta equipa do Sporting não pratica apenas bom futebol, pratica um futebol que “enche o olho” o que todos reconhecem, com excepção de adversários fanáticos. Como tem sido referido, a equipa leonina joga como um bloco articulado e mecanizado, mas com uns pozinhos de criatividade e imprevisibilidade. Quando vejo uma jogada de ataque, nunca consigo saber como ela se vai desenvolver. O mesmo penso que se passa com a equipa adversária. Evidentemente que não é uma equipa perfeita. Também tem debilidades e também comete erros. Para além de uma ou outra desconcentração a defender, vejo que é necessário melhorar a eficácia de finalização, para não desperdiçar golos praticamente construídos, como aconteceu no último jogo.
O volume de informação que temos de absorver, não tem lugar na limitação da memória, daí que se recuarmos no tempo, não me lembro de uma equipa (das que vi) a jogar assim. Com todas as suas valências, não jogava deste modo a última equipa que ganhou o último campeonato. E se recuarmos até ao inicio do século, quando ganhámos dois campeonatos, não tenho ideia de ver jogar com tanta competência as equipas que os ganharam, se a memória não me atraiçoa.
Apesar do que aqui abordei, mantenho os pés bem assentes na terra. Estamos em todas as frentes, o calendário vai ser mais apertado e há factores que não controlamos. E como disse Rúben Amorim, para além da competência dentro do campo, precisamos do que se chama sorte. Entretanto, anseio, como não acontecia já há muito tempo, que venha o próximo jogo, para ver jogar à bola.
P.S.: Quero acrescentar que esta equipa é a consequência de um processo iniciado por uma estrutura bem articulada, da qual se destacam, um grande presidente, um treinador de excelência e um conjunto de atletas de qualidade. Todos a remar na mesma direcção. E espero que seja a base de um projecto sólido, que se mantenta por muito tempo.
Rúben Amorim chegou ao Sporting como treinador, no início da carreira e ainda sem ter o nível regulamentado para exercer essas funções. Tinha começado no Casa Pia e chegado a técnico principal do SC Braga havia poucos meses, com algum êxito.
Os adeptos receberam-no com alguma desconfiança, em geral, tendo os mais moderados, considerado que era uma aposta de alto risco. O presidente Frederico Varandas foi muito criticado, sobretudo por ter pago uma cláusula de rescisão bastante elevada e para os mais radicais, que ainda não perceberam que os treinadores são profissionais acima dos clubes, não deveria ter sido contratado por ser “lampião”.
Desta vez aquelas claques que interferiram negativamente durante muitos anos na vida do Clube, não tiveram hipóteses de influenciar essa escolha, como acontecera anteriormente com a contratação de Mourinho, que viria a ser um dos melhores do mundo.
A estrutura que o contratou reconhecia que havia riscos, mas partiu de uma observação ponderada e de indicadores positivos. O Rúben Amorim tinha consciência que seria uma tarefa difícil mas melhor do que observadores externos, conhecia as suas capacidades. Daí a célebre frase “e se der certo?”. E deu.
Com um plantel sem grandes “craques” e recorrendo a um bom número de jovens, criou uma equipa unida e combativa, que os adversários desvalorizaram. Jogo a jogo, vitória a vitória conquistou e cimentou o primeiro lugar. Com competência, alguma estrelinha e sem espectadores nos estádios, ganhou o campeonato que ninguém previa. Mostrou a sua fibra de técnico e sobretudo de condutor de homens.
Durante estes anos, como pessoa inteligente, evoluiu muito como técnico e podemos dizer sem reservas que é hoje um treinador de excelência. A equipa actual, muito diferente da que ganhou o título, joga à imagem do técnico, um futebol de excelência. Valorizou-se com poucas aquisições, que têm mostrado ser mais-valias. E para além de valores individuais, sobressai o colectivo. Enche o olho ver a equipa jogar, com fio de jogo, trocando a bola com rapidez, quase de olhos fechados e baralhando de todo as defesas mais aguerridas. Não há campeões antecipados, mas esta equipa tem competência para chegar ao título.
Rúben Amorim, como bom condutor de homens que é, sabe motivá-los e exponenciar as suas potencialidades. Veja-se o que fez com jogadores quase desconhecidos... Diamonde, Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves, Morita e até Gyokeres ou Hjulmand, que “explodiram” no Sporting. E que dizer de Quaresma, Geny Catamo ou até de Trincão?
Um dia pretenderá decerto continuar a sua carreira noutros horizontes e em patamares mais elevados, mas também dá a ideia clara que gosta muito de estar no Sporting, onde quer conquistar mais títulos. Acredito que a Direcção deseje mantê-lo mais anos à frente do Clube. Se e quando sair, deixará a sua marca notável na recuperação do Sporting a nível desportivo e financeiro. E não deixará de ter um lugar digno na história do Sporting e na memória de muitos sportinguistas.
Frederico Varandas chegou à presidência do Sporting depois da destituição de Bruno de Carvalho, na qual não teve nenhuma responsabilidade, como têm defendido uns quantos apaniguados do ex-presidente. Resolveu candidatar-se e teve a maioria dos votos em eleições livres, assumindo a presidência com muita contestação e baixas expectativas.
Encontrou um clube destroçado financeira e desportivamente. Com um plantel de recurso depois da rescisão de alguns dos mais importantes activos e com um ambiente de “cortar à faca”, provocado pelas “viúvas” do brunismo, com nervos de aço e grande serenidade enfrentou a situação. Cometeu, no início, alguns erros de principiante, mas corrigiu o tiro e sempre debaixo de contestação, encontrou o caminho de recuperação do Sporting.
Bem assessorado na SAD, foi dando passos seguros na consolidação financeira, com os resultados que se conhecem e que levaram o Clube a controlar mais de 80% do capital. Bem aconselhado por Hugo Viana, discreto e pouco referenciado, encetou uma importante reforma desportiva no futebol profissional. A contratação de Rúben Amorim foi uma peça chave nessa reforma. Muito contestada pelo pagamento do elevado preço da cláusula de rescisão e por certas outras razões pueris e até absurdas, provou-se que foi uma decisão com algum risco, mas muito assertiva.
A instituição SCP mudou muito e para melhor. O êxito desportivo com a conquista de um campeonato com uma equipa sem grandes estrelas e de outras provas de menor dimensão, levaram os adeptos a acreditar numa presidência periclitante. A boa gestão de activos desportivos, com recurso a vários valores da formação e com um “scouting” competente, ajudaram a Direcção a combater com firmeza as claques (guarda pretoriana da anterior Direcção) que durante muitos anos andaram a desestabilizar e que pretendiam continuar a desestabilizar.
Lutamos agora de igual para igual com os adversários directos. Uma estrutura desportiva coesa não só gere o presente, mas também prepara o futuro. O presidente Varandas com um perfil discreto, sem demagogia e populismo, age à margem da pantalha comunicativa, com serenidade.
Quando deixar a presidência, porque acredito que Varandas não se queira eternizar no lugar e ainda porque defendo que esses lugares devem ser renovados, ficará na história do Sporting CP como um grande presidente. Em relação à questão dos mandatos, tenho defendido uma revisão de Estatutos, que prevejam um número de mandatos determinado, até porque não gostaria de ver o Sporting CP capturado por ninguém e que como grande instituição devia dar o exemplo, trazendo para o desporto a democracia plena.
Acredito que a maioria dos adeptos apoia o bom trabalho de Varandas e da sua Direcção, mas entendi que devia aqui salientar esse trabalho, que merece reconhecimento.
Tenho vindo a notar, e com justificação, alguma euforia dos adeptos sportinguistas com o comportamento da equipa de futebol durante esta época. Na verdade, aos bons resultados, têm-se juntado boas exibições. Todos aqueles que, de boa-fé, se interessam pelo futebol, o reconhecem. E parece-me correcto reconhecer que o Sporting, pratica neste momento, o melhor futebol do nosso campeonato.
Como qualquer adepto também estou satisfeito com a boa prestação da equipa. Estamos em primeiro lugar no campeonato, e continuamos vivos em todas as competições em que participamos. Mas a época vai a meio e quero lembrar que no futebol, muitas vezes por factores que não dominamos, tudo muda de um momento para o outro, como costuma dizer Rúben Amorim. Daí que me esforce por mesclar a natural euforia de momento com uns pozinhos de realidade.
No campeonato, os nossos adversários directos, continuam a morder-nos os calcanhares. Umas vezes com sorte outras com algumas ajudas estranhas, vão-se mantendo na luta. E se é certo que começaram por fazer maus jogos, também é certo que os foram vencendo, tendo vindo a melhorar, esperando ganhar novo fôlego com alguns reforços.
Acreditar que a equipa tem competência para vencer títulos e dar-lhe todo o apoio para se manter motivada é o papel que cabe ao adepto. Acreditar em todos os atletas do plantel, sem excepções, confiar na equipa que os dirige, é fundamental para o sucesso. Por isso, não me parece que seja altura de palpites sobre mexidas no plantel, condenando jogadores ou pedindo a aquisição de reforços. Deixemos essa tarefa à estrutura desportiva, bem mais conhecedora das necessidades do plantel.
Embora não passem de meros desabafos, fico apreensivo quando vejo adeptos pedir este ou aquele jogador, ou criticar a aquisição de outros que são referidos na comunicação desportiva. Lembro, como exemplo, de um médio do Estoril, já condenado, por supostos catedráticos, na praça pública leonina, com base numa avaliação pessoal que desconhece todas as razões que podem estar na base das contratações.
O momento é de ter os pés muito bem assentes na terra e de apoiar os que estão e os que chegarem. O momento é de confiar na estrutura técnica e nas suas eventuais contratações, para o presente ou para o futuro. É altura de unir fileiras no apoio aos que dentro das quatro linhas defendem o Clube, sem excessos de euforia e com a convicção que temos condições para grandes feitos.
O leitor/comentador que aqui no blogue se apresenta como Perry é, na minha apreciação, excessivamente crítico em relação aos jogos do Sporting, tendo já criado anticorpos em relação a alguns adeptos, que põem em causa o seu sportinguismo.
Uma das vítimas mais comuns da sua análise é o treinador Rúben Amorim, o seu bode expiatório preferencial. Depois de um jogo menos conseguido, o senhor Perry questionou as suas decisões, o que já é recorrente, concluindo que a sua competência como treinador seria avaliada no jogo com o clube das Antas, no que ele designou como prova dos nove. Essa presunção de prova deu azo às reflexões que aqui faço.
Na altura referi que a minha preocupação eram os jogos mais próximos. Ganhámos um e perdemos outro, em Guimarães, com clara influência da arbitragem. Mas como Rúben Amorim ganhou ao Antas de forma bem categórica tiro uma conclusão: o nosso treinador passou na prova dos nove e está de parabéns, o que coloca o senhor Perry num grande dilema em relação aos restantes jogos. Qual será a próxima prova? A prova real, ainda mais rigorosa? Não seria mais sensato fazer esse tipo de provas no final da época?
Numa outra vertente, os árbitros mais mediáticos, como Duarte Gomes, Pedro Henriques e os do Correio da Manhã, foram lestos a apoiar o árbitro e o VAR, na invalidação de dois golos do Sporting no jogo da prova dos nove. E se em relação ao segundo golo pode haver alguma discussão, em relação ao primeiro há apenas má-fé, em defesa da corporação da arbitragem, ao considerar que há uma falta do Eduardo Quaresma. A questão já foi muita debatida e escalpelizada e tudo aponta, se quisermos ser verdadeiramente honestos, para falta nenhuma. Portanto, a prova dos nove sobre a arbitragem que temos é clara: árbitros de muito má qualidade e de duvidosa honestidade; analistas de arbitragem incapazes de se libertar da mentalidade corporativa. Gente sem verticalidade.
O campeonato é longo e quando vai a meio é bom ir em primeiro. Muitas provas dos noves ainda se farão, mas a absolutamente decisiva será a final. Até lá vamos estar atentos ao decorrer do campeonato e de outras provas, vamos ver se os adeptos continuam firmes e se a arbitragem passa na prova dos nove da competência, da honestidade e da seriedade.
P:S: Este leitor do “Zé Ninguém” é o LEO, grande sportinguista e companheiro nos jogos que vejo pela televisão. O livro pode encontrar-se online na Chiado Books, Bertrand, FNAC, Wook. Também envio por correio se for pedido para as3559225@sapo.pt.
BOAS FESTAS
Rúben Amorim disse que o Sporting perdeu o jogo nos detalhes, analistas falaram de erros estratégicos e falhas individuais e o presidente Varandas considerou o João Pinheiro a assombração dos sportinguistas.
Quando se perde um jogo que podíamos e devíamos ganhar, todas as apreciações têm um pouco de verdade. Os detalhes acontecem quando falhamos golos, quando fazemos passes errados, ou quando um jogador se desconcentra e erra, incluindo o guarda-redes. Erros estratégicos acontecem em qualquer equipa, por culpa de quem dirige ou de quem executa. Os erros evidentes de arbitragem, manhosos ou grosseiros, são os mais arbitrários, porque penalizam os verdadeiros protagonistas.
Neste jogo em Guimarães, em concreto, dois detalhes causaram a derrota do Sporting porque resultaram em golos: o infeliz desvio de Morita de uma bola que ia na direcção do guarda-redes e uma má abordagem de Adán a um remate do adversário. Há também quem considere que as substituições de Amorim foram responsáveis pela derrota, mas penso ser unânime que o erro de Pinheiro e do VAR, prejudicaram claramente o Sporting.
Sem ser adepto de “calimeirices” quero focar-me neste erro de arbitragem, porque teve influência grave no resultado final do jogo. Se este penálti, inexistente, não tivesse sido marcado, o Sporting entraria a ganhar na segunda parte, com uma estratégia diferente e com outra tranquilidade, até porque o adversário ficaria com menos um jogador. Assim sendo, o homem do apito, beneficiou uma das partes.
Mesmo considerando que errou por má percepção, não existe nenhuma dúvida que o VAR, na posse das imagens, deixou passar o erro. Estas decisões parciais, em jogos equilibrados e num campeonato competitivo, acabam por fazer a diferença. Daí que denunciá-las com veemência seja prioritário.
À margem deste erro crasso, considero que a perda de sete pontos com as cinco melhores equipas, merece reflexão analítica da estrutura do futebol. Se queremos ser campeões, não podemos perder tantos pontos com os adversários mais próximos. E se não controlamos as “assombrações” da arbitragem tem de se controlar a prestação da equipa, do primeiro até ao último minuto, para não haver outras assombrações. Correcções que a equipa técnica e todo o grupo devem fazer. Não chega dizer que jogamos o melhor futebol, é preciso que isso se concretize na conquista de pontos para não acontecer, que em apenas dois jogos, os adversários directos se aproximem, pondo em causa a liderança.
Jogando bem, jogando muito melhor, com total rigor e empenho, conseguimos vencer os adversários e vencer as assombrações, que vão continuar a existir. O campeonato é longo e não está perdido, mas a equipa como está, ou com reforços, não pode ter um segundo de relaxo, se quiser ser campeã.
Os erros individuais acontecem, mas prefiro salientar a actuação do colectivo. Considero que o lugar mais difícil é o do guarda-redes, que nunca pode falhar, mas quando falha é também porque a equipa terá falhado. Neste sentido, não gosto de “crucificar jogadores” embora admita que o Adán não é o mesmo da época do título, talvez também pela sua idade, mas na verdade não temos melhor no plantel. É um assunto a ser considerado.
P.S.: Aproveito esta oportunidade para lembrar que ler faz bem e acalma as emoções do futebol. Embora seja suspeito, recomendo a leitura do meu livro “Zé Ninguém – A minha vida não dava um romance”, um retrato do país desde os anos 50, onde muitos se podem rever. Uma boa prenda Natal, à venda nas grandes livrarias online ou na livraria Martins em Lisboa. Também envio pessoalmente por correio. Email : as 3559225@sapo.pt.
É já um lugar comum, mas no futebol a crítica, geralmente, situa-se nos extremos. Ou se elevam os atletas até ao topo do elogio ou se rebaixam até à condição de mal-amados. O meio termo é o menos utilizado. Nas equipas de futebol não existem apenas solistas, como em qualquer orquestra.
A crítica tem muitas vezes uma vertente radicalizada. Quando criticamos confundimos a pessoa com o atleta, porque quando arrasamos o atleta, também arrasamos a pessoa, que se não for mentalmente muito forte, não deixará de ser afectado negativamente.
Por isso, e porque entendo que na pele do atleta está um ser humano, tenho muito cuidado na avaliação que faço de qualquer atleta. No campo, nunca ousaria assobiar um jogador do meu clube, por pior que seja a sua prestação. Nas críticas fáceis que enchem as redes sociais, que evito ler, vê-se o pior da natureza humana. Mesmo que o atleta mereça crítica enquanto profissional deve haver sempre o cuidado de separar crítica de insulto.
No Sporting, já vi tratar muito mal jogadores como Ricardo Esgaio, Paulinho, Trincão, por exemplo e de forma algo mais suave Pote ou Adán. Esgaio que tem as suas limitações, com bons e maus momentos, tem mostrado ser um bom profissional. Paulinho criticado por não marcar muitos golos, tem sido bem importante na sua prestação, inscrevendo no seu currículo, golos que decidiram jogos, Francisco Trincão que divide o bom com o mau, parece-me estar ainda em progressão. Pote e Antonio Adán, jogadores fundamentais na conquista do último título, estão numa fase menos boa e podem merecer algum reparo, mas são grandes profissionais.
Em suma, se um jogador não serve mesmo os interesses da equipa, devem os responsáveis técnicos tomar a decisão de manter ou não a sua continuidade. A nós, leigos na matéria, compete-nos apoiá-los e acarinhá-los enquanto vestirem a camisola do clube.
Outra coisa de que discordo é do endeusamento de qualquer atleta, colocando-o-acima dos outros. Numa orquestra afinada todos são importantes quer toquem bombo ou violino. Para dar um exemplo do passado, lembro-me que na equipa chamada dos cinco violinos, também havia outros instrumentos. Na actual equipa, como em qualquer orquestra não há apenas solitas, mas outros músicos contribuem para o resultado final.
Para dar o recém-exemplo de Gyökeres, pelas suas prestações, é sem dúvida um solista que em momentos se sobrepõe, o que não diminui a importância do tocador de bombo. Na equipa é um ídolo muito acarinhado, justamente pelo adeptos, mas é preciso não esquecer que joga com a equipa e pela equipa, sem a qual não teria o mesmo relevo.
Uma característica que merece elogio, para além da qualidade técnica de qualquer solista é a sua humildade, nunca se armando em vedeta. E nesse aspecto Gyökeres é um exemplo porque sabe da importância dos não solistas no seu desempenho, o que devia merecer a reflexão do adepto para não diabolizar nem endeusar.
P.S.: Com o beneplácito do Rui, aproveito esta oportunidade para lembrar que ler faz bem e acalma as emoções do futebol. Embora seja suspeito, recomendo a leitura do meu livro “ Zé Ninguém – A minha vida não dava um romance”, um retrato do país desde os anos 50, onde muitos se podem rever. Uma boa prenda Natal, à venda nas grandes livrarias online ou na livraria Martins em Lisboa. Também envio pessoalmente por correio. Email : as 3559225@sapo.pt. SL
A minha mãe que nunca mais me tinha posto os olhos em cima, disse à senhora Laurinha do posto dos correios, para lhe pôr na carta, que tinha ido ouvir-me como combinado: “meu filho, os homens que escutavam o relato, começaram a mangar comigo”.
“Olha a laranjada fresquinha!”
Eu disse-lhes: “venho ouvir o meu Zé” e eles na resposta “o seu Zé vai falar na rádio? Ah, ah, ah”‼
“Atenção Amadeu, atenção Amadeu…”
– E eu ouvi-te e conheci a tua voz e eles “pois, ouviu apregoar as bebidas. Sabe lá se é o seu filho, um entre muitos?”
“Olha a gasosa fresca!“
– Eu sei que é o meu filho, conheci-lhe a voz. Labregos, invejosos, mortos de fome é o que são!
E o Artur Agostinho: “penalty a favor do Sporting”.
Outras cartas foram e vieram. Outros pregões se gritaram nos campos de futebol. No ensino nocturno fui aprendendo e conhecendo novas realidades. E a adolescência chegou. Comecei a ver as “madamas” com outros olhos. Reparei em pormenores que antes me escapavam. A dona Regina na sua camisa de dormir transparente, a dona Aninhas, mulher do senhor deputado da Assembleia Nacional, de grandes olhos negros e seios a quererem saltar pelo decote ousado e que tinha um tratamento especial: “Olha que o senhor deputado é tu cá tu lá, com o senhor doutor Salazar que Deus o proteja, porque nos livrou da guerra e do comunismo.” Estas e outras senhoras alumiavam-me a existência nas noites solitárias. Mas com todo o respeito. Pecado, apenas em pensamento…
Admito que o doutor Salazar nos tenha livrado da Segunda Guerra Mundial, mas a mim não me livrou de outra guerra, a colonial. Mancebo da nação, fui aprovado para ingressar nas Forças Armadas. Como todos, incluindo os coxos, deram-me uma espingarda e mandaram-me combater.
“Angola é nossa! A rádio Moscovo não fala verdade.”
Excerto do meu livro... "Zé Ninguém – A minha vida não dava um romance" Obrigado ao Rui pela disponibilidade online, em papel e ebook na Bertrand, Fnac, Livraria Atlântico e em Lisboa, na livraria Martins.
Também envio directamente. Email: as3559225@sapo.pt.
Saudações leoninas, José Mateus Gonçalves
NOTA: Mais uma excelente obra literária do nosso colega e amigo Nação Valente (José Mateus Gonçalves). Parabéns!
Quando era muito jovem, jogava futebol de rua, nomeadamente no adro da igreja, quando não havia procissão. Nesses jogos, éramos todos jogadores e árbitros. Mas quando íamos jogar a uma povoação próxima, inventava-se um juiz de campo.
Numa partida entre aldeias, em que não tive lugar dentro do campo, fui convidado para arbitrar. Só que a minha competência de árbitro, era ainda pior que a de futebolista. Sem conhecimentos da função, limitei-me a deixar jogar, até que na assistência começaram os protestos: "mas o árbitro não apita?" Em consequência, fui substituído por um adulto, por sinal grande sportinguista.
Mas o que queria salientar com este introito, é que assim que fui nomeado, veio falar comigo um jogador da minha equipa, que me disse discretamente: “olha que tens que apitar contra os gajos". Isto significa que a tendência para aldrabar em proveito próprio faz parte da nossa natureza, e revela-se até em jogos a "feijões” como foi o caso.
Se assim é, parece-me lógico que numa competição, onde estão em jogo muitos milhões, para além de vitórias desportivas, esse comportamento seja habitual. Neste campeonato ainda só passaram quatro jornadas e os casos não param de acontecer. O clube das Antas que não está a jogar “um chavelho” ganhou os três primeiros jogos, com muita água benta. O nosso Sporting, na época anterior, em situação idêntica, já tinha perdido pontos e mais pontos. Mesmo descontando o meu facciosismo clubista, parece-me que a tendência para a batota, mesmo com todas as tecnologias, é uma realidade.
Numa breve pesquisa sobre vitórias em campeonatos nacionais, verifiquei que até 1984 o SLB tinha 26 vitórias, o SCP 20, e o clube das Antas, 7 . Depois de 1984, O clube das Antas, 23, o SLB, 12 e o SCP, 3.
O que mudou em 1984: a chegada à presidência das Antas, do senhor Pinto da Costa. Mas como se explica esta mudança nas vitórias? Bem, ganhou mais jogos, fez mais pontos. Certo. A questão é saber como os ganhou. A melhor resposta está no “Apito Dourado”, como se veio a provar-se no início do século XXI, ou seja a criação de um “sistema” para condicionar as arbitragens, em seu benefício. Será só isso? Possivelmente não, mas que ajudou, ajudou.
Depois do infame apito dourado este “sistema” sofreu algum abalo, mas os do costume arranjaram maneira de voltar a influenciar fora das quatro linhas, como está a acontecer esta época, com a procissão ainda no adro. E o mais preocupante é que não vejo uma luz ao fundo do túnel. Com os interesses económicos que estão em jogo, e os domínios instalados, não basta ser o melhor em campo.
Por mais isentos que queiramos ser, e eu procuro sê-lo, não conseguimos que as nossas opiniões não sejam influenciadas pelos nossos posicionamentos “ideológicos”.
Enquanto adepto de futebol, em geral, e adepto sportinguista muito em particular, procuro sempre manter uma posição equilibrada, conjugando a paixão clubística com alguma racionalidade. E nesse sentido coloco-me no lugar do contrário, tentando compreender as suas razões.
Vem isto a propósito da polémica gerada pelo jogador Otávio, do Famalicão, ao afirmar no pós-jogo que Gyokeres devia ter sido expulso, depois de ter feito uma agressão a um colega seu, quando já tinha um cartão amarelo. Sobre este assunto, li opiniões de peritos de arbitragem e vi veredictos com conclusões opostas, o que prova que a situação é discutível.
Mas o que me parece que extravasa o papel de um jogador, é vir para as redes sociais alimentar a polémica, o que tenho alguma dificuldade em perceber, porque na prática, era um assunto ultrapassado. Em consequência, sujeitou-se a ter o confronto de adeptos com frases como “preto de *** , Macaco do c****e “volta para a tua terra”.
Não me considero racista e condeno quem o é no verdadeiro sentido da palavra. Não faço distinção entre cor da pele ou qualquer nacionalidade, por exemplo. Sei que teoricamente, somos todos iguais, mas na prática não é bem assim. Costumo dizer que tirando aspectos comuns, somos todos diferentes. E é nesse sentido que avalio as pessoas. Há pessoas bem e mal formadas em todos os países e concretamente entre atletas ou adeptos de futebol.
E é nesse aspecto que considero a atitude do cidadão e profissional de futebol Otávio, no mínimo, pouco prudente. Que necessidade tem de vir para o Instagram abordar um assunto já ultrapassado? Claro que se pôs a jeito.
Na minha perspectiva a sua função é jogar futebol e não assumir o papel de adepto. Claro que não concordo com atitudes/palavras que têm a intenção de ofender, mas elas são recorrentes nas redes sociais, onde o civismo não é a norma.
Como se costuma dizer, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. O jogador Otávio fez o mal e caramunha. Desencadeou o problema, deu azo aos insultos e a seguir fez-se de vítima. Para princípio de conversa, não é um bom cartão de visita.
P.S.: E já agora expliquem a esse futebolista que os jogos são onze contra onze. Procurar ganhar com o adversário com menos jogadores, não revela muito desportivismo.
Se há actividade humana onde a paixão se manifesta, sem barreiras, de forma coerciva, é no desporto, com grande incidência no futebol. Daí que as nossas reacções pautadas por atitudes extremistas, onde o raciocínio se enclausura, muitas vezes inconscientemente. Esta é a regra através da qual nos regemos, embora como em todas as regras, existam excepções.
Estas considerações genéricas servem de introdução às nossas reacções enquanto adeptos às peripécias dos jogos, que vemos sempre pelo prisma do nosso posicionamento. Em todos os jogos há situações que geram polémica, com grande incidência na actuação das arbitragens. E talvez se possa ainda afirmar que, com algumas raras excepções, não há arbitragens sem erros, grandes ou pequenos, e que prejudicam ou beneficiam todos os clubes. Admito-o, desde que esses “erros” não sejam deliberados, porque também os há.
O que aconteceu no jogo Casa Pia/Sporting, com um erro considerado grave, na validação pelo VAR de um golo em fora de jogo, que beneficiou o nosso Clube, é a comprovação dessa realidade. E se este beneficiou o Sporting, outros houve, praticados pelo mesmo árbitro/VAR, que nos prejudicaram. O erro é humano, e têm sido feitos esforços para minimizá-lo, com a introdução de novas tecnologias. Apesar disso, os erros persistem porque estas tecnologias são criadas e dirigidas pelo homem.
Nas excepções às regras da “clubite”, e a propósito do erro tão badalado na CS, quero salientar duas atitudes exemplares que não vi muito referidas, nestes debates, com excepção do leitor Leão de Porto Salvo, que saúdo. Trata-se da reacção do treinador Rúben Amorim, que salientou que apesar de não comentar arbitragens, ia abrir uma excepção, para reconhecer que o Sporting foi beneficiado com esse erro. O outro, veio do treinador do Casa Pia, Filipe Martins, ao gelar a polémica pretendida pelos jornalistas, afirmando que esses erros acontecem, e que também poderia ter acontecido a favor o seu clube, tendo ainda acrescentado que conhece muito bem as pessoas em causa e que lhes reconhece total honestidade.
Estes dois exemplos, que passaram quase despercebidas, mas que devem ser salientadas como comportamentos que honram e dignificam a vida desportiva, pois é assim que a vejo para além da paixão clubística. Duvido que muitos outros, no seu lugar, tivessem tal atitude. Ao invés, houve reacções na pantalha social, por comentadores “cartilheiros”, que não têm memória nem vergonha, e que devem ser denunciados como maus exemplos,
P.S.: Têm sido feitas interpretações sobre a actuação do Conselho de Arbitragem. Parece que ficou claro que o VAR errou e quando se apercebeu do erro já era tarde. O golo estava validado. Daí não ter apresentado, as habituais imagens. Depreendo que terá havido comunicação com o CA, tendo sido decidido que o erro só seria divulgado no fim do jogo, para não gerar perturbações. No final da partida teria de ser feita a correcção, sobretudo depois de estar constantemente a ser questionada pela Sport TV. Lamento que o castigo dado ao VAR, naturalmente justo, tivesse sido anunciado com pompa e circunstância, desrespeitando os protagonistas.
Desde que se iniciou esta temporada, que os adeptos sportinguistas esperam o anúncio de contratações que preencham posições consideradas carenciadas.Nalgumas opiniões até vejo alguma desilusão, quando não algum desespero, pela não contratação de um defesa e de um médio defensivo. Ainda ontem o Rui Gomes manifestou desagrado, demonstrando alguma irritação. Ora não sendo o nosso administrador de ter posições muito extremadas sobre a vida do Clube, não deixei de ficar com alguma perplexidade.
Eu compreendo a insatisfação dos adeptos sobre este assunto, e mentiria se não dissesse que também tenho sentido alguma ansiedade, esperando todos os dias por novidades. Mas como pretendo manter os pés assentes na terra, olho para a situação com algum realismo. Não duvido que a estrutura do Clube, tenha detectado carências e determinado alvos. E ao contrário de opiniões que leio, estou convencido que não tem estado a dormir na forma. O exemplo mais flagrante foi a contratação de Gyokeres, extremamente difícil, e que obrigou a um esforço financeiro bastante elevado. Outros alvos, que não conhecemos, terão sido referenciados, e quem sabe abordados. Acontece que uma coisa é querer, outra é poder. E isso depende dos meios financeiros disponíveis e da vontade de quem tem de vender.
O que me parece, é que para além de um plano A, concretizável ou não, deve existir um plano B, onde pontuam reforços vindos da formação e que vêm mostrando capacidades a acima da média. Dou como exemplo Afonso Moreira que se tem mostrado a um nível muito alto. Mas há outros. Também Quaresma parece fazer parte das opções do treinador, e já foi testado para o efeito. Há neste plantel, para além de Morita como médio defensivo, outras opções válidas. Podem dizer que são inexperientes. A verdade é que se nunca forem testados, dificilmente ganharão experiência
Fazendo um balanço rápido vendemos Porro e Ugarte e conviria encontrar alguém com a mesma competência. Para defesa direito, Carmona, o alvo escolhido, falhou pelas razões conhecidas. Zanoli está a encontrar resistência do Nápoles. Se St. Juste não continuasse a ser uma incógnita bizarra poderia ser a solução desejada. Para o meio campo existem apenas referências vagas. O que não significa que não haja trabalho nesse sentido.
Portanto, se condições financeiras não permitirem contratar jogadores de reconhecido valor, e logicamente caros, não vale a pena desperdiçar dinheiro em activos que nada acrescentam, como se viu na época anterior. Indo um pouco contra a corrente, penso que se falhar o plano A, um plano B tem de avançar, e isso não me tira a esperança, porque no futebol as surpresas também acontecem.
A quadratura do círculo ou vice-versa, é muito difícil e corresponde, grosso modo, a uma impossibilidade. Ao analisarmos as diversas opiniões dos adeptos sportinguistas, sobre a constituição do plantel leonino, apresentadas neste e noutros espaços e relacionados com o Sporting podem inserir-se nessa formulação.
Tenho visto, ouvido e lido, muitas opiniões que apresentam como soluções necessárias para o êxito da nova época. As mais comuns, convergem na entrada de um defesa direito e de um médio, por norma designado como "6". Outras, mais radicais, ainda vão mais além. E finalmente, mas creio que em minoria, há as que questionam tudo, e dão já, avant la lettre, a época como perdida.
Enquanto negociador de bancada, também gostaria de ver o plantel reforçado com tudo e mais umas botas. Mas como tenho o defeito de ser realista, sei que por detrás dos nossos desejos e certamente dos desejos da equipa técnica, existe aquilo que se chama, o possível. O que se verifica neste momento, é que o Clube fez um esforço financeiro enorme, para adquirir um avançado que se considera acima da média. Para ficar pelos serviços mínimos e para comprar um defesor e um médio de qualidade bem comprovada, será necessário investir uma quantia, no mínimo, muito aproximada à que já foi investida. A não ser que se consiga empréstimos de jogadores com valor.
Ora, todos sabemos que para os lados de Alvalade, não existem poços de petróleo ou de outras riquezas naturais. Poder-me-ão dizer, mas vamos receber muitos milhões pelas vendas efectuadas. Acontece que os valores líquidos recebidos ou a receber, expurgados de percentagens a distribuir, por diversas razões, estão muito longe do brutos apresentados. Alguém, com tempo, paciência e conhecimento, que faça essas contas. Por outro lado, o Clube tem de reservar verbas para diminuir a dívida e para outras despesas orçamentadas.
Numa outra vertente, comprar qualidade a baixo preço, normalmente não resulta. Basta recordar as aquisições tipo “Sotiris”, para chegar a essa conclusão. Daí que compreenda as dificuldades que a Direcção está a ter para melhorar o plantel. Seguramente não tinham perspectivado gastar tanto num avançado, considerado fundamental.
Neste ponto e sem pôr de parte outros reforços necessários, temos que compreender que os recursos financeiros são limitados e que não podemos pedir o impossível, a não ser que se acredite na quadratura do círculo. É necessário manter os pés assentes na terra e se não puderem vir todos os reforços desejados, que venha o que for possível, mas com garantia de valor acrescentado. Fazer mais com menos também é uma arte, e temos que acreditar na nossa estrutura técnica.
Depois de um longo processo de negociações, é agora noticiado na comunicação social a contratação do jogador Gyokeres pelo SCP. O acordo com o Conventry é detalhado com alguns pormenores pelos jornais e televisões, com base nas suas fontes. No entanto, tanto a aquisição, como as suas condições, ainda não estão confirmadas por qualquer das partes. Até isso acontecer, prefiro esperar, e como na descrição bíblica, prefiro "ver para crer", como o apóstolo Tomé, embora com a convicção que não há fumo sem fogo.
Um outro aspecto que tem gerado discussão, é a qualidade do jogador enquanto avançado. Há quem o apresente como um “craque” que está muito acima da média. Até já li e ouvi opiniões que o consideram uma mais-valia que aumentará, exponencialmente, o seu valor, que de acordo com as notícias é já bastante elevado para as condições do nosso país e especialmente do Sporting.
Confio na actual estrutura técnica do Clube que, ao que parece, fez finca-pé na aquisição do atleta. Decerto que o têm observado e que confiam nas suas potencialidades. Contudo, aconselha o bom senso manter alguma prudência. A ser contratado, preto no branco, será mais um atacante valioso, mas nunca poderá ser considerado o “salvador da pátria”. O futebol é um desporto colectivo, onde alguns fazem a diferença.
Espero mesmo que isso não aconteça, mas há exemplos de jogadores rotulados de grandes craques, que depois não se confirmaram. Cada caso é um caso, mas veio-me à memória um ex-jogador brasileiro, creio que chamado Luís Phillipe, adquirido pelo Sporting, há uns anos na segunda divisão, a baixo custo, que aparecia como uma grande promessa, por ter sido o melhor marcador desse campeonato. Por onde é que ele anda? Por isso, vamos, mais uma vez, sem excesso de optimismo esperar e “ver para crer”.
Na vida existe uma grande dose de imprevisibilidade. O futebol porque faz parte da vida, e até pelas suas características, é um mundo de imprevisibilidade. O ex-dirigente Pimenta Machado ficou ligado à expressão: no futebol o que num dia é verdade, no outro é mentira.
Nós enquanto adeptos, gastamos algum do nosso tempo a discutir as peripécias do jogo, quase sempre com muita paixão e muito pouco racionalismo. Temos na ponta da língua as soluções para os problemas do nosso Clube, mas que não passam de soluções de trinta e um de boca, de quem não assume a responsabilidade de decidir, e ainda bem. As decisões certas ou erradas estão nas mãos de quem pode e sabe decidir, com a consciência que elas são condicionadas por diversos factores, e logo sujeitas a erro.
Ainda não há muito tempo, havia uma acentuada unanimidade em relação à conquista do campeonato pelo Benfica, com um percurso desportivo quase impecável. Bastaram duas semanas para se começar a pôr em causa essa conquista. A diferença pontual para os seus adversários próximos justifica essa dúvida. Esta situação prova que temos tendência para valorizarmos certas certezas, ignorando a imprevisibilidade das coisas.
O SCP por razões por demais analisadas teve um péssimo início de época, tem melhorado, mas ainda não estabilizou. Para seguir as principais análises, falou-se de má preparação da temporada, com alguma razão, mas esquecem-se vários factores aleatórios, como a saída inesperada de alguns jogadores, lesões impeditivas, um início de calendário muito difícil, ineficácia na concretização, pontos extraviados por falta de estrelinha, plantel curto, entre outros.
Tenho visto “crucificações” de jogadores (e que agora até estão a fazer muita falta) como responsáveis pela má época, como se o futebol não fosse um jogo colectivo, onde quando falha um falham todos, incluindo o treinador. É verdade que quem tem uma equipa de “craques” tem mais hipóteses de ganhar, mas temos o que temos de acordo com o que as condições nos permitem. Nesta ponta final, recuperámos terreno, mas o facto de ter um calendário mais apertado, mostrou debilidades que sempre estiveram presentes. E bastam duas ou três lesões para criar dificuldades.
A entrada na Liga dos Campeões pela via do campeonato, está novamente a afastar-se. O FCA, e o SC Braga, especialmente este, têm mantido regularidade não cedendo pontos, e penso que será difícil isso acontecer, mesmo tendo em conta a teoria da imprevisibilidade. O tempo escasseia e os adversários têm um calendário mais leve. Resta a Liga Europa onde o grau de dificuldade é maior, mas onde a equipa se tem superado. Há uns tempos escrevi sobre a possibilidade de ganhar a Liga Europa. Afirmei que, sendo difícil, acreditava nessa possibilidade. Mantenho essa convicção com a certeza de que na vida como no futebol, nunca há certezas.
P.S.: Vi um comentador desportivo dizer, referindo-se ao Sporting, que o Braga continua à frente, com um orçamento muito mais reduzido. No entanto, deve ter-se esquecido que esse clube também está a dois pontos do Antas, e a seis da equipa com maior orçamento. Como se esqueceu ainda que para além dos orçamentos existem muitos outros factores que influenciam uma época. Se fosse apenas uma questão orçamental, o Sporting não teria ganhado o último campeonato que ganhou, nem teria ficado em segundo lugar na época seguinte.
Gosto de ver futebol e aprendi a reconhecer os grandes talentos que ao longo dos tempos se imortalizaram pela sua genialidade. Lembro, sem menosprezo por nenhum dos outros, Pelé, Eusébio e Maradona. Mais recentemente sobressaíram Cristiano Ronaldo e Messi. A ordem dos factores é arbitrário. No entanto, o reconhecimento das suas valias, acima da média, não implica qualquer tipo de adoração que alguns adeptos cultivam, de cariz quase religioso. Aliás, dou-me à consideração de separar o homem do atleta. Este caracteriza-se pela sua competência técnica, o outro pela sua humanidade, onde a humildade e a gratidão assumem papel relevante.
Este texto vem a propósito da recente polémica gerada depois do último jogo da Selecção nacional de futebol, após Ronaldo ter mandado uma farpa ao anterior Seleccionador, que sempre o privilegiou, e com o qual se incompatibilizou depois de “birras” no Mundial. A expressão “ar fresco” teve a discordância de Bruno Fernandes.
O saudoso Manolo Vidal afirmou após a ida de Simão Sabrosa para o Benfica, que tivemos êxito na formação do atleta, mas falhámos na formação do homem. Esta afirmação pode aplicar-se a outros jogadores formados no Clube, o que acaba por comprovar que o que move estes atletas (haverá alguma excepção?) é sobretudo o dinheiro. Por outro lado, o treinador Manuel José manifestou a sua opinião sobre a expressão de Ronaldo. De uma forma frontal e até bastante agressiva disse:
«Ar fresco era se tirassem o Ronaldo da Selecção. É impressionante, mas ele esqueceu-se das origens. Portou-se mal com Fernando Santos, com os colegas e com os portugueses. Tem um cifrão em cada olho. O seleccionador tem de ter carácter e personalidade para lhe fazer perceber a idade que tem, que está a representar um país e que tem de dar exemplos de humildade. O Bruno Fernandes só disse a verdade e colocou-o no devido lugar».
Sem ter qualquer simpatia pessoal por Fernando Santos, e sem o admirar como técnico de futebol, tenho de manter gratidão pelo que conquistou com a nossa Selecção. Da mesma forma, agradeço a Ronaldo o contributo que deu à nossa equipa nacional, que sem dúvida gosta de representar.
Isso não invalida que não dê alguma razão a Manuel José, mau grado o tom, sobre a falta de humildade do atleta, considerando-se como inamovível e superior, e que aproveitando um jogo que correu bem, não resistiu a fazer uma “vingançazinha” a quem teve a coragem de o confrontar, como sendo apenas mais um. No entanto, não iria tão longe, excluindo-o da Equipa das Quinas. Deve lá estar enquanto o seleccionador entender e desde que não se considere “prima dona”.
A atitude, que não abona nada em seu favor como pessoa, acaba por prejudicar a própria Selecção, gerando polémica desnecessária, mas valorizando o seu ego. Desta forma, talvez não se possa considerar “ar fresco” mas ar contaminado.
P.S.: Sem pôr em causa o desejo da mãe de Cristiano Ronaldo, de o ver acabar a carreira no Sporting, nunca acreditei que fosse essa a sua real vontade, pela simples razão que não existem condições para lhe pagar o que pode ganhar. E não o vejo a jogar “pró-bono”. Ao invés, fiquei agradado com a afirmação de Pedro Porro ao dizer que em Portugal só jogará no Sporting. E nem é da nossa formação. Muito raro. Tiro-lhe o chapéu.
No plano nacional e internacional é muito vulgar sobrevalorizar-se a Liga dos Campeões, desvalorizando-se a Liga Europa. E se é verdade que na primeira estão as melhores equipas de cada país, também é verdade que há países onde o nível futebolístico é muito baixo, sendo os seus melhores clubes, reflexo dessa situação.
Por outro lado, em função das quotas, países de futebol mais evoluído vêem ficar fora da prova rainha, equipas muito superiores, que rumam à competição dita secundária. Assim, vemos nesta equipas de grande potencial, em função dos clubes que ainda a disputam.
Em conclusão, há clubes ditos “tubarões” nas duas provas. Por isso, não consigo entender a menorização de uma delas e muito menos ainda a diferença nos valores financeiros que as separam. Razões que a razão desconhece.
Neste momento até há, pelo menos no plano teórico, algumas formações na Liga Europa idênticas às da “Champions”. Deste modo, ganhar esta prova não é fácil e não deixa de ser um feito glorioso. O Sporting, de um país de grandes futebolistas, mas que numa maioria considerável jogam em clubes estrangeiros mais poderosos, tem que se bater com as suas armas, que com uma ou outra excepção, não se enquadram na categoria de atletas de topo. Mas contrariando essa dita supremacia, a nossa equipa, pôs fora da competição um dos maiores favoritos a vencê-la, com inteligência, com rigor, com entrega, e sejamos justos, com a dita “estrelinha”.
Depois da primeira “fava” o sorteio trouxe-nos uma segunda. Mais uma vez não partimos como favoritos, mas, quem sabe, se não faremos nova surpresa, com a garantia de que, se assim for, apanharemos uma terceira “fava”. Se passarmos estes obstáculos, acredito que temos via aberta para ganharmos o troféu.
Sei que cada jogo tem a sua história, mas num plano meramente “sentimental” começo a crer que há sinais que nos colocam na rota do sucesso. Seja como for, para chegar a bom porto, para além dos caminhos tecidos pelo “destino” temos de suar muito, correr muito mais que o adversário(s), acreditar e exponenciar, as nossas melhores qualidades.
Ultrapassado o primeiro grande obstáculo, contra muitas previsões, ganhámos confiança e motivação para o segundo, sem esquecer que o adversário para além da sua grande valia, joga tudo nesta prova, por razões conhecidas, enquanto a nossa equipa ainda tem que lutar pela melhor classificação no campeonato nacional, com plena consciência que temos um plantel curto, como se viu no jogo de Londres.
Com optimismo mas sem deixar de ser realista, tudo está em aberto, incluindo a vitória final, para a qual não falta vontade. E quem sabe se isso está escrito nas estrelas. Aconteça o que acontecer, já mostrámos que mau grado a participação, abaixo das expectativas, nas provas internas, temos competência para nos batermos, com os grandes da Europa.
As televisões, que por diversas vias têm grandes receitas com o futebol, encontraram nos programas de debates, meramente especulativos a captação de audiências. E tratam o futebol como se fosse a coisa mais importante das nossas vidas. Assim banalizam a palavra crise a partir de resultados desportivos, o que nesse contexto parece-me desadequado.
Crise num clube de futebol tem a ver com a sua sustentabilidade, assente numa boa ou má situação financeira. Mas para a comunicação social, uma equipa que perde jogos, se for um dos grandes, é logo atirado para a crise. Não admira por isso que o Sporting tenha estado debaixo de fogo durante está época. Acontece que no plano desportivo umas vezes ganha-se muito, outras menos,e acontece com todos os grandes.
Está época do Sporting tem decorrido muito abaixo do esperado, o que não é sinónimo de nenhuma crise, porque tem vindo a recuperar financeiramente. A situação desportiva pode explicar-se por vários factores conjunturais, e tem a ver com expectativas e realidade. Fazendo uma breve resenha histórica das últimas tês épocas constatamos:
Nos primeiros meses em que treinou o Sporting, Rúben Amorim limitou-se a reconstruir uma equipa devastada por acontecimentos recentes. Na época seguinte, com aquisições de qualidade (Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Pedro Porro) com a chegada de João Mário por empréstimo, e com lançamento de jovens prometedores (Gonçalo Inácio, Nuno Mendes) e ainda com o regresso de Palhinha, constituiu-se uma equipa que surpreendeu, e contra as expectativas muito baixas (dos adeptos, dos adversários e da imprensa) e conquistou-se o campeonato, sem esquecer que era a única prova que disputávamos e ainda sem adeptos nos estádios para complicar.
Na época que se seguiu, as expectativas estavam muito altas e um pouco de acordo com a realidade. A equipa campeã perdeu João Mário, bem substituído por Matheus Nunes e perdeu Nuno Mendes, sendo reforçada com Sarabia. Deste modo, bateu-se até ao fim pelo primeiro lugar, acabando com os mesmos pontos da época em que se foi campeão. Apenas um adversário da zona das Antas muito reforçado, nos conseguiu ultrapassar.
Nesta época, as expectativas continuaram altas, mas a realidade mudou. A equipa perdeu Palhinha e Matheus Nunes (este com o campeonato já a decorrer) e deixou de contar com Sarabia. Está claro que Manuel Ugarte, apesar da sua elevada qualidade e Morita não são João Palhinha e Matheus Nunes, com a agravante que não estando os médios actuais disponíveis, tem que se recorrer a jovens da formação. Apesar de haver Pedro Gonçalves, não se tem mostrado competente nessa função. Acresce que durante quase toda a primeira parte da época, houve uma quantidade elevada de lesões, sobretudo na defesa.
Se os adeptos não perceberem esta realidade de base e se não a adequarem a expectativas realistas, vão ter razões, que a razão desconhece, para “malhar” em tudo o que mexe. Eu sei muito bem que é polémico “pôr as coisas a nu”. Vão aparecer as teorias que o Sporting tem obrigação de vencer sempre. Em teoria, e como grande clube também o penso, mas também reconheço que para que isso aconteça tem que haver matéria-prima suficiente e de qualidade. E analisando a situação com frieza isso não existe.
Rúben Amorim tem dito que temos uma equipa bipolar. Com equipas ditas grandes temos feito bons jogos, até na Liga dos Campeões, e não foi com elas que perdemos mais pontos. Então coloca-se a seguinte interrogação: sem entrar em contradição com a minha análise, que mantenho, porque é que isto acontece? Deixo à reflexão dos leitores.
Em conclusão, discordo das abordagens que na comunicação social decretam uma crise a qualquer resultado negativo, e sem pôr em causa a vontade de vencer, penso que devemos adequar as expectativas à realidade. Com os pés bem na terra, acredito que mesmo com as limitações descritas, a equipa pode fazer melhor. E ainda falta muito campeonato. Até lá é preciso começar a preencher lacunas, tanto quanto possível.
Rúben Amorim foi e é uma lufada de ar fresco no Sporting. Em duas épocas completas ganhou o título nacional máximo, além de outros títulos. Na época anterior disputou o campeonato até ao fim, com os mesmos pontos. Esta época começou a perder não nos jogos com os adversários directos, mas com derrotas com clubes inferiores, em termos futebolísticos.
Acresce que à saída de Palhinha (já prevista) e a de Matheus Nunes (imprevista) a equipa ficou sem a dinâmica do meio campo. Os substitutos com outras características não estão ao mesmo nível. Além disso, Trincão não é Sarabia. As muitas lesões associadas a um calendário com várias provas não ajudaram. Não houve até agora estabilidade na defesa e no meio campo.
No início da segunda volta, estamos longe do primeiro lugar, mas o terceiro, no mínimo, ainda é possível, desde que se ganhem os jogos em que somos teoricamente superiores. E só falta jogar com um adversário directo. Dito isto, e porque o Sporting perdeu o jogo com o Antas, gerou-se uma discussão, tendo como alvo o treinador. Tivessem entrado as bolas que podiam ter entrado, e a conversa hoje seria diferente. É assim o futebol.
Aqui no blog, Amorim, com uma ou outra excepção, é o bombo da festa. Tudo é criticável na perspectiva do adepto, mas um jogo tem de ser visto na sua globalidade, E se não têm falhado golos mais que possíveis, o jogo seria diferente. Isto quer dizer que o treinador não teve alguma responsabilidade? De maneira nenhuma. Não é perfeito nem infalível. É novo na idade e também na profissão, e talvez por inexperiência e por posicionamento, não tem a manhosice do seu adversário, mas na minha perspectiva irá ser muito melhor treinador.
Para além dos costumeiros treinadores de bancada, os “erros” de Rúben Amorim têm sido escalpelizados na comunicação social, por jornalistas/comentadores, havendo alguns que pela sua reconhecida competência e isenção me merecem crédito. Afirmam que Amorim errou na constituição da equipa, nas substituições, e até nas justificações. Não ponho em causa as críticas, mas é importante e necessário lembrar as limitações que continuam a existir. A impossibilidade de utilizar Morita deu azo a adaptações que decerto não estariam previstas, embora se possa questionar a colocação de Trincão (doente) e a de Paulinho a extremo. A verdade é que na primeira parte, fomos superiores ao adversário, e nos faltou “estrelinha”.
Em conclusão, se Amorim errou há muitos outros factores que explicam a derrota. E se em função das circunstâncias teve de lançar no jogo, jovens que deviam ir sendo integrados progressivamente, estes acabaram por mostrar que já temos três reforços garantidos. E se aceitarmos algumas críticas como sendo justas, outras são muito exageradas. Quanto aos adeptos que põem tudo em causa pela, até agora, má época, sugiro que reflictam sobre o passado do futebol do Clube, desde os anos 60 do Século XX.
Um pouco mais de bom senso, precisa-se!
Tenho mantido aqui um debate sobre os ídolos do futebol da actualidade, que geralmente são idolatrados, na minha opinião, de forma excessiva. Nunca gostei de idolatrias. Sei que Cristiano Ronaldo é adorado por muita gente em todo o mundo, pela sua acção na arte do pontapé da bola. Iniciou a sua formação no Sporting, mas fez quase toda a sua carreira no estrangeiro, salvo as participações na Selecção Nacional. Ganhou títulos, prémios, bateu recordes, mas o que também orientou a sua carreira foi o dinheiro, Tal como outros dos jogadores do futebol moderno. Ainda me lembro de em Espanha Figo ter sido acusado de “pesetero”. Não é culpa deles, mas da sociedade em que vivemos, o que não me constrange a usar o espírito crítico.
Fiz esta introdução, para fazer o contraponto com um atleta, de outra modalidade, que tem a característica de ser muito mais pobrezinha. Estou a referir-me ao grande Carlos Lopes, na minha perspectiva, um gigante que está ao mesmo nível dos astros do futebol. Vou aqui lembrar que do seu currículo internacional fazem parte, um título olímpico, um titulo mundial e um título europeu, entre muitos outros. Várias vezes esteve no pódio e fez subir a bandeira de Portugal até ao lugar mais elevado. Este atleta se eu fosse idólatra, seria seguramente meu ídolo. Por isso limito-me a reconhecer a sua grandeza, e prestar-lhe a minha gratidão.
Depois de terminar a sua carreira, tinha, em Lisboa, uma pequena loja de desporto, de cuja exploração penso que vivia. Em determinada altura chegou a deputado na Assembleia da República. Creio que mais tarde esteve ligado à estrutura do atletismo do Sporting, Clube que sempre serviu. Homem simples que nunca apresentou tiques de vedetismo, na sua vida como atleta, e muito menos como cidadão. Para mais, foi o último atleta europeu a ganhar aos africanos, que acabariam por se impor como dominantes nas provas de fundo. É com Rosa Mota o atleta que mais honrou o nome do país, na minha apreciação.
Escrevi este texto, porque li hoje um artigo do escritor Luís Osório, no qual diz que Carlos Lopes está muito doente e quase não sai de casa. De uma forma sentida, presta-lhe uma muito justa homenagem. Escrevi este texto com o mesmo intuito, e onde quero salientar a simplicidade do homem e do atleta que se treinava na Segunda Circular. Não sei qual a gravidade da sua doença, mas desejo-lhe rápidas melhoras e peço aos deuses do desporto, se existirem, que o ajudem neste momento difícil.
A avaliação de quem se salienta por obras valiosas, não deve restringir-se à sua técnica, mas também à sua dimensão humana.
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