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Num post publicado aqui ,ontem, pelo Rui Gomes, debateu-se o assunto da venda de activos do Sporting CP, incluindo as concretizadas e as que se poderão concretizar. Falou-se de milhões, de muitos milhões. Um hipotético observador, que não conhecesse esta realidade, poderia chegar à conclusão de que o Sporting é uma empresa de investimentos financeiros. Mas quem participou no debate sabe, que para além disso, e antes disso, o Sporting é um clube desportivo. A discussão que se gerou, inspirou-me a fazer uma abordagem mais abrangente.

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Sabemos que o Sporting CP é acima de tudo um clube desportivo, e foi para exercer essa actividade que foi fundado há mais de cem anos, primordialmente como clube de futebol. Nos primórdios desse desporto no nosso país, o Clube foi pioneiro, e começou a existir devido à enorme vontade de alguns jovens, que gostavam de jogar à bola, sendo essa a sua motivação. Foi o tempo onde se andava de balizas às costas, para jogar em descampados, apenas pelo gosto de o fazer.

Muita água correu debaixo das pontes desde essa época fundadora. A história está feita e é conhecida. Como desporto amador, o futebol depressa se implantou pela vontade dos praticantes, mas também pela sua capacidade de captar espectadores, motivados pela sua espectacularidade.  Do amadorismo, passando pelo semi-amadorismo, depressa se chegou ao profissionalismo. Do espectáculo que atraía multidões, chegou-se a um negócio que move milhões.

O prazer de jogar e ver jogar, assim como as paixões que move, continuam iguais, mas a sua capacidade para gerar receitas, depressa o transformou num negócio que vai para além da prática desportiva, de tal modo, que existe uma separação entre ricos e pobres, confundindo-se uma modalidade desportiva com especulação financeira.

O Sporting CP continua a ser, na minha perspectiva, um clube desportivo eclético, mas que deve a sua grandeza ao futebol, à sombra do qual foi crescendo ao longo dos anos. Ser jogador de futebol, é hoje uma profissão muito bem remunerada, e cobiçada por muitos jovens, cujo objectivo, para além do gosto de jogar, é chegar a profissional, e conseguir atingir os mais altos patamares da glória e da riqueza.

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Portanto, o grande amor à camisola, e o puro “gosto” pelo jogo, está nas calendas dos seus primórdios. Daí os futebolistas hoje serem activos, que valem muitos milhões. Daí os clubes terem de gerir esses activos, de forma a rentabilizá-los, para conseguir receitas e equilibrar as suas contas. Daí parecer que um clube se confunda com uma empresa financeira. Daí que fique claro que apesar disso, o Sporting CP continua a ser um clube desportivo, que para além do futebol, presta um importante serviço público à sociedade, com as suas várias modalidades, e que permite que centenas de cidadãos, utilizem os seus espaços para praticar educação física.

E se hoje a valorização de activos e as suas vendas são uma grande fonte de receitas, entre outras, temos que acentuar que essa não é a razão da existência do Clube. E nesse aspecto convém separar as águas. O que os adeptos mais esperam e o que os mais apaixona, são as competições desportivas e os seus resultados.

Como a pescadinha de rabo na boca, as duas vertentes estão ligadas, as vendas são um mal necessário, no contexto em que vivemos, mas que não se coloque a vertente financeira, em pé de igualdade com a vertente desportiva, mas antes ao seu serviço. No fundo, sendo um mal necessário, que se subordine ao que é essencial.

publicado às 03:04

Uma das características do ser humano, do ponto de vista emocional, é a paixão, mas que no futebol atinge níveis exagerados. Assim transformam-se discussões que deviam ser civilizadas, em confrontos, por vezes violentos e desajustados.

A avaliação dos treinadores, por exemplo, é frequentemente feita de forma irracional. O principal critério dessa avaliação pelos adeptos, são os resultados. Enquanto a equipa ganha, o técnico é bestial, mas se não ganha passa num ápice a besta. Embora esta norma seja geral, vou concentrar-me no que se passa no Sporting, por ser o clube que apoio e que sigo com mais atenção. Quando Rui Borges chegou ao Clube, este tinha sido ultrapassado pelo Benfica na classificação geral, em função do que se passou, após a saída de Ruben Amorim.

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Passado algum tempo, o Sporting estava de novo isolado, com seis pontos de avanço sobre o segundo, apesar de ter perdido vários jogadores fundamentais, chegando ao ponto de neste último jogo, ter jogado com jogadores adaptados ou trazidos da equipa B, na zona do meio campo. Para além disso, nota-se muito bem desde a segunda metade do campeonato, que os jogadores mais utilizados que continuam a jogar, estão fisicamente esgotados, com respeito pelos que acham que não estão sujeitos a essas mundividências porque são super-homens.

Mas para além do cansaço e da ausência dos chamados “peso pesados” aconteceram nestes dois últimos jogos, erros infantis a roçar a estupidez. Huljmand, no jogo anterior, fez um penálti desnecessário e a seguir comete uma falta para segundo amarelo. No jogo com o Aves, repetiu-se a mesma cena com Diamondé. Porquê? O certo é que se desperdiçaram seis pontos em três jornadas!

Nota-se que a equipa recua no terreno na segunda parte. Porquê? De forma deliberada ou por incapacidade? Ao contrário de algumas análises que leio por aqui, não me parece que seja deliberada, mas fruto de diversos factores, como incapacidade física e falta de força mental. Como é possível perder pontos preciosos, no último minuto do prolongamento? As responsabilidades devem ser devidamente repartidas por toda a estrutura, não criando bodes expiatórios, e analisando com serenidade e bom senso. Há erros e erros. Uns são evitáveis, outros nem por isso.

Sem ser optimista, nem pessimista, apenas realista, concluo que a situação não está fácil. A equipa continua bem desfalcada, as arbitragens, ao contrário do que aqui leio, nalgumas opiniões, têm-nos prejudicado, e os erros comprometedores, persistem. Quero acreditar que com a recuperação dos nossos melhores, a equipa poderá voltar à sua antiga dinâmica, de modo a continuar na luta até ao fim. Desde o início que digo que a conquista da prova só está garantida quando chegarmos à "meta". E também gostaria que algumas análises sobre a situação não se baseassem unicamente em percepções unívocas, mas em diversos factores conjugados. No futebol, como noutras áreas, as coisas não são a preto e branco, como as paixões que nos dominam.

publicado às 03:03

Não se fazem omeletes sem ovos

Naçao Valente, em 18.02.25

Durante a primeira volta deste campeonato, apenas com vitórias, nunca andei eufórico. Depois, quando a equipa perdeu pontos em poucos jogos, não fiquei deprimido. Sempre defendi que o campeonato, é como uma maratona, onde há altos e baixos, mas onde é preciso manter alguma regularidade.

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A leitura básica que faço até ao momento, é que temos um bom plantel, mas bastante curto, por opção da anterior equipa técnica. Fez uma carreira limpa até quase a meio da prova, mas depois a equipa começou a colapsar, com jogadores lesionados e com outros cansados. Independentemente das mudanças de equipas técnicas, era provável que isto acontecesse, porque os atletas não são super-homens.

Certamente, que a mudança de treinadores, com alterações tácticas subjacentes, também tiveram influência, mas a utilização muito intensiva dos mesmos jogadores, tinha que ter consequências. Perderam-se dinâmicas, e com maus resultados, perdeu-se confiança, e com jogos de três em três dias, não houve tempo para treinar.

O técnico brasileiro Otto Glória, ficou ligado à frase, “sem ovos não se fazem omeletes”. Verdade à “La Palice”, que continua actual. Como atrás referi, nesta equipa há cada vez menos ovos e a omelete está a ficar escassa. Alguns perguntam, porque não se compraram ovos? Pensar eu também penso, mas não digo, porque para serem bons, são muito caros. Houve tentativas de reforçar o plantel, mas os alvos foram inflacionados, e perderam-se. E comprar “ovos podres” é deitar dinheiro à rua.

Nesta fase não adiantam lamentações. Como não entrei em euforias, não vou entrar agora em desespero. Continuo a acreditar que nada está decidido. Jogo a jogo temos que lutar, com as armas que temos. Nesta fase decisiva, cabe-nos fazer o nosso papel. Dar força à equipa.

P.S.: Não sei se Rui Borges será ou não um grande treinador, mas sei que até agora tem feito um bom trabalho, tendo em conta as várias condicionantes, incluindo arbitragens. Não gosto de ver as avaliações negativas que vão surgindo, ainda tímidas, mas que acabam por apenas perturbar.

publicado às 03:03

Ser ou não ser árbitro - uma reflexão

Naçao Valente, em 11.02.25

Ser árbitro de futebol, pode parecer, mas não é, uma tarefa fácil. Do ponto de vista técnico exige conhecimentos que podem ser aprendidos, mas do ponto de vista de aptidões pessoais, ou se nasce com aptidões, específicas, que se podem aprimorar ou não se nasce, tal como para outras profissões.

Na minha curtíssima experiência como árbitro, ainda bastante jovem, num jogo entre aldeias, e no qual não tive lugar na equipa, pediram-me para o arbitrar. Para além de um jogador da minha equipa me ter pressionado antes do início do jogo, deram-me um apito, que durante mais de quinze minutos, não se ouviu. Acabei de ser substituído por um senhor de idade madura. Deu para perceber bem, apesar da tenra idade, que não tinha nenhuma vocação para tal tarefa.

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Passados muitos bons anos, fui aprendendo que para executar tal função, para além do conhecimento das regras, tem que se possuir uma série de características, que passam pela honestidade, capacidade de isenção, grande concentração, autoridade democrática de impor respeito, respeitando. No fundo, para ser um bom árbitro, tem de se roçar a quase perfeição, impossível de atingir por qualquer humano.

Por isso, procuro observar o acto de arbitrar com muita precaução. Enquanto adepto, tenho uma tendência natural para analisar arbitragens vestido com a camisola do meu Clube, por mais isento que queira ser. E seria hipócrita se não o reconhecesse. Tenho consciência que todos os árbitros erram, por incompetência, por desconcentração, ou até por má-fé. E não tenho quaisquer dúvidas que, em casos limite, têm influência directa na conquista de títulos.

A função de arbitrar tem hoje melhores condições para não errar, porque a formação está muito mais desenvolvida e porque houve evolução nas tecnologias, como instrumentos auxiliares. Apesar disso, os erros persistem, devido a situações difíceis de analisar, ou por outras mais discutíveis, de tal modo que se fazem debates entre comentadores e peritos de arbitragem, sem se chegar a um consenso.

Pondo de lado a tendência natural, para avaliarmos de acordo com os nossos interesses futebolísticos, a grande realidade é que a função de arbitrar devia passar por uma selecção rigorosa, assente em aspectos que à partida podemos considerar, como vocacionais. Porém , é muito difícil avaliar atitudes como isenção e/ou rigor. Outro aspecto que merecia uma revisão, tem a ver com a atribuição de responsabilidades a quem erra, sendo o castigo real adequado a cada situação. O que acontece hoje, é de uma total impunidade.

Acredito que grande parte dos candidatos à carreira, o faça por razões económicas, ou seja, como uma forma de ganhar a vida. Isso condiciona à partida a sua actuação. E agindo a natureza humana pelo princípio da sobrevivência, todos, com uma ou outra excepção, são vulneráveis a diversas pressões, sujeitos a quem controla o sector, também com total impunidade.

Deste modo, concluo, que os erros involuntários ou voluntários vão continuar a persistir. A minha esperança é que, dada a evolução tecnológica, com a inteligência artificial, permita construir máquinas programadas para uma função isenta e rigorosa. Mas mesmo assim, tudo depende de como possam ser programadas. Um assunto de difícil resolução e que vai continuar a dar azo a divergências jornada após jornada, e que merecia da parte das estruturas desportivas profunda reflexão, para bem da verdade desportiva.

publicado às 03:34

"Há algo melhor guardado para nós"

Naçao Valente, em 20.01.25

Começámos a segunda volta como a primeira, com uma vitória clara e uma boa exibição. Depois da tempestade que foi o período transitório de má memória, onde tudo se pôs em causa, voltou a equipa que ganha, com competência e personalidade.

O futebol não é um mero jogo de acasos, embora estes também estejam na sua natureza. O futebol sempre foi, e é cada vez mais, uma ciência, no sentido do rigor, da experiência, da seriedade. Como em qualquer ciência, o trabalho tem obrigatoriamente de ser feito por equipas profissionais, focadas num objectivo, e dirigidas por um mestre competente na função.

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Depois de uma experiência falhada, com um técnico, para já impreparado, por força de circunstâncias imprevistas, corrigiu-se a mão e colocou-se no lugar de timoneiro, um treinador que mostrou ter conhecimentos do mister e de saber aplicá-los. Com pouco tempo de trabalho, e muito mau grado as contrariedades existentes e o difícil calendário, colocou a equipa a vencer e a jogar cada vez melhor futebol.

Acabámos de ultrapassar o cabo das tormentas, e ainda há muito mar para navegar, mas começa a ficar claro que temos timoneiro e marinheiros para chegar a bom porto. De forma mais prosaica, podemos dizer, que mesmo sem tempo para treinar, transformou um grupo de homens desorientados num grupo coeso, e que vem mostrando dia após dia, que sabe o que pretende, e como deve fazê-lo. Com todas as reservas e cautelas, parece estar à altura da tarefa.

No entanto, como em qualquer navegação longa, existem muitos imprevistos, e ninguém pode garantir sucesso antes do fim. Por isso, com confiança, mas sem embandeirar em arco, devemos acreditar, como disse o treinador, após a Taça da Liga, “há algo melhor guardado para nós”. Num breve balanço da primeira volta do campeonato, mau grado o experimentalismo transitório, a equipa mantém o primeiro lugar, e mostra estar motivada para lutar até ao fim pelos seus objectivos, obstáculo após obstáculo.

publicado às 03:34

Erro de casting?

Naçao Valente, em 08.12.24

Se se quiser encontrar bodes expiatórios, o presidente Varandas está na lista, porque é o primeiro responsável pelo que se passa no Sporting. Mas se quisermos ser honestos na análise, no SCP existem órgãos colegiais, que são responsáveis pelas decisões. Estou certo que a vinda de Amorim para o Clube, assumida por Varandas, resultou de conselhos de pessoas que faziam parte da estrutura desportiva.

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O mesmo se terá passado com João Pereira. Contratado como jogador, para terminar a carreira de futebolista, e iniciar a de treinador nos escalões inferiores, onde milita há anos, com o intuito de substituir Amorim, numa transição programada. A saída deste, de forma abrupta e criticável, fez despoletar a entrada de João Pereira, antes do que estava previsto.

Isto são os factos, para além da espuma de todas as discussões. E se não se pode atribuir unicamente a Varandas, os louros da contratação de Amorim, porque correu bem, também não se pode atribuir-lhe toda a responsabilidade, do eventual falhanço do novo treinador. Como aconteceu com Amorim, esta decisão foi, quase de certeza colegial. Se for um erro de casting há vários responsáveis.

Ao contrário dos muitos especialistas cá do burgo de tudo e mais umas botas, confesso a minha incapacidade para responsabilizar seja quem for, sem provas provadas. Se João Pereira falhar na missão que lhe entregaram, então falha muita boa gente. Falham os que desenharam esta solução, e falham aqueles que a executam. E aqui responsabilizo todos os executantes, desde os que dirigem aos que têm que executar, os jogadores. Apercebo-me que há muito tempo que diziam que esta equipa até jogava de olhos fechados. Em certo sentido concordo, embora a expressão seja exagerada, pois como se explica, que de um dia para o outro, nem saibam jogar de olhos abertos. Muito estranho.

Quero acreditar na tese do nosso amigo Leão do Norte, que acentua que a equipa, se bem o interpreto, mais que de tácticas, precisa de tratamento psicológico. Também sou levado a crer, que estes jogadores, (e é mais uma teoria), sofrem da perda do paizinho, e não são capazes de fazer o luto. Seja como for, atribuir a J. Pereira todas as culpas, parece-me desculpa de mau observador, até porque o rapaz não é nenhum génio do mal. Mas para além dos eventuais erros cometidos, há uma coisa que João Pereira não tem tido. Chama-se estrelinha. Até isso, o treinador “fujão” levou para lá de toda a equipa técnica. Não sei como escapou o roupeiro! E vá lá, continuem a incensá-lo, depois de ter puxado “fogo ao circo”

E enquanto não chega o psicólogo, João Pereira precisa de dar um grande murro na mesa, senão, mais que erro de casting, vai acabar por ser destruído. O Sporting CP, aconteça o que acontecer, continuará,  porque é eterno.

publicado às 02:49

Do céu ao inferno?

Naçao Valente, em 03.12.24

 O  futebol é uma actividade onde a imprevisibilidade tem um lugar importante, e onde as emoções suplantam largamente a racionalidade. Os mais apreciadores deste desporto, enfeudados a um qualquer clube, raramente conseguem despir a pele de adepto faccioso e raciocinar fora desse formato. Por isso, não me admira a reacção de alguns sportinguistas à situação actual do Clube.

O que podemos considerar como factos, é a saída de um técnico de forma inesperada e a entrada de um substituto, escolhido pela Direcção, e apresentado como uma escolha já preparada há vários anos. Para além disto, o que se passa nas opiniões, mais ou menos ponderada,s é especulação, embrulhada em estados de alma.

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A muito contestada substituição do treinador que abandonou um barco, que construiu à sua imagem, com todo o apoio institucional, e que após anos de navegação em contraciclo com o sistema, vencendo mitos ancestrais, está, na minha perspectiva, assente em dois erros fundamentais.

O primeiro, é que deve ser substituído por outra personalidade, de grande prestígio no mundo de futebol, que mantenha a navegação dentro da mesma eficácia. Mas não há disponível  outro timoneiro igual, e por mais competente que seja, nada garante que fará, no mínimo até, o que estava a ser feito. Portanto, a mudança de técnico causará sempre perturbações.

Em segundo lugar, só se pode falar da competência do substituto, depois de verificar a forma como continua a navegação, para usar a mesma imagem. Não se pode avaliar ninguém, com racionalidade, quando ainda nem teve tempo, de assumir plenamente o comando.  Quem conhece um pouco de história percebe o que está em causa.

Chamando os bois pelos nomes, Rúben Amorim é um especialista raro na sua área, com características difíceis de encontrar. Refira-se, porém, que a competência que atingiu, levou quatro anos até atingir o seu estado actual. E porque a memória é curta, lembro que nos primeiros meses no Sporting, teve três derrotas e vários empates. Lembro mais, que no terceiro ano no Clube este ficou em quarto lugar, com seis derrotas e alguns empates.

Ou seja, tudo aquilo que ele é hoje, resultou muito das suas características naturais, mas também de muita aprendizagem, devido ao tempo que lhe foi concedido. João Pereira, ou outro qualquer, não é nem será Rúben Amorim. É certo que lhe falta experiência, mas também é certo que parte de um ponto, onde não é possível, ou é muito difícil fazer melhor. Voltando à imagem da navegação, não sei, nem deixo de saber, se ele consegue manter o barco na sua rota. No entanto, a mesma dúvida pode ser colocada em relação a outro qualquer timoneiro mais credenciado.

O campeonato, sempre o disse, não está, nem nunca esteve ganho. Com competência e com algum apagamento dos adversários no início da prova, conseguimos distanciarmo-nos, mas sempre achei, que todas as equipas têm altos e baixos. Nunca considerei a nossa equipa a melhor do mundo, até contra afirmações do Presidente, nem a considero agora a pior. Tem condições para retomar o seu percurso vitorioso, desde que não se acrescente mais instabilidade àquela que já existe.

Discordando, mas respeitando, opiniões contrárias, porque não me julgo dono de qualquer verdade, continuo a acreditar no projecto, embora a minha parte emocional esteja algo perturbada pelo choque de uma derrota inesperada. Procuro, no entanto, manter alguma capacidade racional de análise, não embarcando em soluções que à partida podem ser tão falíveis, como a que alguns querem atribuir à solução encontrada.  Na nossa percepção, podemos ter passado do céu para o inferno.Na realidade, nem uma coisa nem outra, até porque de verdades absolutas está o inferno cheio. 

P.S.: Em relação aos graves erros de arbitragem do último jogo, que tiveram influência no resultado, não é sem tristeza que vejo serem desvalorizados por alguns sportinguistas. Os adversários costumam atirar para fora, nós preferimos dar tiros nos pés.

publicado às 03:00

Não batam mais no ceguinho

Naçao Valente, em 25.11.24

Nos últimos dias tem havido, na comunicação social, um chorrilho de críticas a Roberto Martínez, a propósito das opções por si tomadas no jogo com a Croácia. Críticas justas, sobretudo relacionadas com a pouca ou nenhuma utilização de jogadores do Sporting CP. Não sou partidário de teorias da conspiração, por isso, neste caso, estou à vontade para dizer que o seleccionador Martínez, demonstra alguma (muita) aversão ao Sporting e aos seus atletas.

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Na minha perspectiva, e para além dessa aversão, a questão Martínez parece-me mais complexa. Fazendo uma análise para lá da espuma dos dias, em toda a sua dimensão, o problema de Martínez é que é um mau seleccionador e um péssimo treinador, na minha observação naturalmente subjectiva.Mostra incompetência ou má fé nas convocatórias, e uma péssima actuação no domínio técnico-táctico. E se a equipa nacional já está apurada, isso deve-se mais à excelente qualidade do plantel, do que à acção de quem o dirige. Por isso, sendo as críticas justas, devem é concentrar-se na incapacidade de Martínez na função que exerce.

Numa retrospectiva longa, pode-se concluir que Martinez foi uma má escolha. Para usar uma imagem batida, foi como entregar um “Ferrari” a um mau condutor. Para além disso, ou talvez por isso, mostra ser uma pessoa sujeita a pressões e influências. Voltando à convocação de jogadores do Sporting, essas características estão patentes, primeiro, nas não convocatórias, e depois das pressões da imprensa, na convocatória “forçada” , mas sem pôr os atletas a jogar. Qual será o próximo capítulo?

Numa outra vertente de análise, talvez pouco racional, e ao invés de muitos sportinguistas, admitindo a injustiça para os atletas, não fico aborrecido com a não convocação dos nossos jogadores. A verdade é que, quando vão às selecções, podem muito bem vir com lesões, como aconteceu por exemplo, com Zeno Debast e com Quaresma. Enquanto sportinguista, quero os nossos atletas, sempre disponíveis para as competições em que o clube participa. Gosto que a Selecção nacional ganhe sempre, mas ponho em primeiro lugar os interesses do Sporting.

A crítica pode e deve ter um papel positivo, mas em relação a Roberto Martínez, para além de aspectos pontuais, pouco adiantará, pois parece-me ser um caso perdido. É como bater no ceguinho, como se diz na expressão popular.

publicado às 03:03

João Pereira! E se der certo?

Naçao Valente, em 13.11.24

A saída abrupta de Rúben Amorim, contra o que estava planeado, obrigou a Direcção do Sporting a antecipar a solução, que vinha a ser preparada para o final da época. Portanto, a substituição da equipa de Amorim pela de João Pereira, não foi uma solução de recurso, mas uma solução planeada com antecedência, como já é hábito da Direcção do presidente Varandas.

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Antevejo que não vão faltar as aves agoirentas, a criticar a nova direcção técnica da equipa de futebol,  e até quem deseje que não tenha êxito. Desde que a saída da equipa de Amorim foi anunciada, que apareceram aqui os treinadores de bancada, a dar “bitaites” sobre qual seria o técnico que se devia contratar. Cada cabeça, cada sentença e foram adiantados vários nomes. É uma realidade a que estamos habituados.

Bastava estar um pouco atento para perceber que a substituição já estava preparada, tendo até o agora ex-técnico dado esses sinais, salientando por diversas vezes, que o João Pereira estava preparado para assumir a função. Ninguém pode garantir se o novo técnico terá ou não êxito, mas acredito que terá, pela simples razão que foi  preparada pela Direcção, com a conivência do técnico que ia ser substituído.

Por outro lado, estou certo que João Pereira não será um Amorim 2.0. É outra pessoa, com outra personalidade, ao que parece, com as mesmas tácticas e que estava a trabalhar com o técnico que saiu. Por isso, penso que os métodos de trabalho deverão ter continuidade, assim como o modelo de jogo. A nova equipa técnica não precisa de inventar nada, apenas tem que aproveitar a dinâmica que já existe, e penso que o fará.

A argumentação que João Pereira não tem experiência alguma de primeira liga, é fácil de desmontar. Pergunto: que experiência tinha Rúben Amorim quando veio para o Sporting? Recuando uns anos, que experiência tinha Paulo Bento, quando assumiu o comando da equipa principal, vindo do comando dos juniores? Podem dizer que não ganhou nenhum campeonato, mas que condições existiam? Apesar disso, ganhou títulos, podendo queixar-se veementemente de lhe terem sonegado um título. Ao invés, que resultados conseguiu um técnico experiente, como Jorge Jesus?

Antes que questionem, quero esclarecer, que não comparo Paulo Bento a Amorim: são pessoas diferentes, com métodos diferentes, e que trabalharam, em contextos, que não são comparáveis. Os tempos são outros, pressente-se que algo está a mudar no nosso futebol, e que mudou radicalmente no Sporting. Sem esquecer a imponderabilidade que é o futebol, confio na nova equipa técnica, confio na estrutura do futebol, e sobretudo numa equipa motivada competente e que, como se diz, joga de olhos fechados. Por fim, desejo longa vida à nova equipa. Usando uma expressão batida... “e se der certo?”

publicado às 03:04

“Um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa”, foi a frase escolhida por José Alvalade, fundador e presidente do Sporting CP,  para o caracterizar. A ambição assumida por José Alvalade podia parecer de difícil concretização, num país periférico, mas não é totalmente descabida. Passado mais de um século de altos e baixos, o Sporting  não sendo um dos  maiores, é conhecido como um clube de âmbito europeu.

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O resultado deste último jogo da Champions, uma vitória sobre um dos grandes colossos europeus, demonstra que, apesar de menores meios financeiros, o Sporting também os pode vencer. É verdade que foi um jogo em que tudo correu bem e onde não faltou a estrelinha, mas o resultado deve-se também à competência de uma equipa, que tem vindo a evoluir positivamente desde alguns anos.

A evolução positiva da equipa, não se pode desligar do trabalho dos técnicos, dirigidos por Rúben Amorim, sem esquecer que com menos visibilidade, a direcção comandada por Frederico Varandas, deu um apoio incondicional à estrutura do futebol. Contra ventos e marés, apostou num treinador em início de carreira, e que revolucionou o futebol do clube. Em quatro anos, conquistaram-se 6 títulos, incluindo dois campeonatos nacionais.

O treinador Amorim está de saída, mas temos de reconhecer que transformou o futebol profissional.  Há quem defenda que lhe devemos estar gratos, outros que nem por isso. Considero que foi uma óbvia relação profissional mútua, na qual lhe foram dadas boas condições, que soube aproveitar. Nesta linha, se melhorou o futebol do clube, também evoluiu e cresceu como técnico, pelo apoio que sempre teve dos gestores e dos adeptos. Nesse sentido, talvez não se deva colocar a questão dos agradecimentos.

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A saída repentina do técnico, que tanta discussão gerou, não me espanta. Pode espantar quem não conhece a natureza humana. Esta, para simplificar, move-se  pelo egoísmo e pelo poder, salvaguardando naturais excepções. O cidadão Rúben Amorim não fugiu de modo algum à regra... Palavra, valores são mera letra morta. Não deve ser incensado, nem ostracizado. Saiu, como alguns dizem, pela porta pequena, mas vai deixar uma equipa muito competente, bem motivada, com ambição de ganhar. Não é nenhum drama. Não há insubstituíveis. Alguém ocupará o seu lugar. O Sporting CP continuará como grande clube nacional e europeu.

Cabe à nova equipa técnica, seja qual for, dar seguimento ao projecto em curso. A equipa mostrou neste jogo com o Manchester City e nos anteriores, que já está num nível superior no panorama europeu e nesta época até pode fazer história, como era o desejo dos seus fundadores. Mas para que isso se torne numa regra permanente, é imperativo manter os melhores jogadores. A manutenção do plantel parece dar a entender qual é o caminho. Mantendo uma boa prática financeira é possível manter plantéis competitivos dentro e fora de portas. Acredito no presidente Varandas e na sua estrutura, para que isso aconteça. Uma gestão competente, permite fazer mais com menos. E passo a passo, quem sabe, se não estamos mesmo a caminhar para sermos dos maiores da Europa.

publicado às 05:04

Limpinho, limpinho

Naçao Valente, em 17.10.24

Raramente há fumo sem fogo... Já há uns bons anos que começaram a aparecer indícios de corrupção desportiva na Luz, primeiro na comunicação social e depois em investigações feitas pelo sistema de Justiça. Tiveram algum impacto, mas a seguir foram-se diluindo na espuma dos dias. Mas as investigações continuaram e agora penso que com consistência voltaram à praça pública. O Benfica foi oficialmente acusado de corrupção e fraude fiscal.

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Independentemente de como se desenvolver este processo, os indícios contrariam a tese do “limpinho, limpinho”, propagada por um dos seus treinadores. Não sou partidário de julgamentos na praça pública e teremos de esperar pela actuação da Justiça, o que tendo em conta a sua morosidade, talvez decida para as calendas.

No entanto, para além do imediatismo, convém fazer um pouco de história. Até ao início de anos sessenta, o Sporting CP era o clube como mais campeonatos nacionais ganhos. Em 1965/1966, o Benfica (14) já tinha ultrapassado o Sporting (12). Até aos anos oitenta esta diferença foi-se alargando.

É correcto reconhecer que o Benfica contou com uma grande equipa nesse período, onde se distinguiam Germano, Mário Coluna, Eusébio, José Augusto, Águas, entre outros. O SCP, que dominou na vigência dos cinco violinos, não conseguiu fazer a transição para as mudanças que se estavam a dar.

A perda de um grande craque como Eusébio, embora sonegado com uma esperteza saloia, até mostra algum adormecimento da Direcção do Sporting. Apesar dessa circunstância histórica, os campeonatos foram sendo disputados entre os dois grandes de Lisboa, com predominância para o clube da Luz.

Mas a grande “tragédia” desportiva para o Sporting, viria a acontecer a partir dos anos oitenta. Em 1980/81 ganhou o último campeonato do século XX. Tinha 16 títulos, o SLB 24, e o FCP, 7. No início do século XXI, o clube das Antas (18) ultrapassando o Sporting CP (17) e aproximando-se do SLB. Esta mudança explica-se bem pelo que foi denominado como “sistema” (corrupção desportiva) e que culminou no notório Apito Dourado. Um crime comprovado que ficou sem castigo.

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Na segunda década do século XXI, com o 'vieirismo', que aproveitou algum apagamento do “sistema”, o SLB voltou a dominar, repartindo entre eles os campeonatos. O Sporting começou a ressurgir em 2019/2020, com a Direcção de Frederico Varandas na liderança e com a chegada do técnico Rúben Amorim. Parece que finalmente o Clube está a recuperar a capacidade de lutar, de igual para igual, com os seus adversários. Esperemos que não surja outro “sistema”.

O Sporting continua afastado dos seus rivais em títulos, mas inverteu a tendência e tende a aproximar-se. O que mais quero salientar, neste texto, é que o Sporting pode ter menos campeonatos, mas tem um palmarés limpo. Foram ganhos dentro das quatro linhas, com competência e honestidade, sem qualquer indício de corrupção, e onde se pode aplicar o verdadeiro “limpinho, limpinho”. Apesar dos erros próprios de registo, atrevo-me a dizer que se fossem expurgados os títulos ganhos com esquemas fraudulentos, talvez fôssemos a equipa com mais títulos.

publicado às 05:03

Bendita interrupção

Naçao Valente, em 08.10.24

Esta interrupção do campeonato veio mesmo a calhar. O Sporting estava a ficar nas lonas, passe o plebeísmo, a ousadia afirmativa e polémica.

Nos meus textos tenho vindo a passar a mensagem que o campeonato é uma maratona que ainda está no início. Daí que a euforia, que começa nos adeptos e termina no Presidente, me pareça extemporânea, o que não implica falta de entusiasmo e apoio à equipa. Saúdo o pragmatismo e a óbvia inteligência, da equipa técnica, que sempre contrariou a teoria de que dominamos o futebol português.

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Começámos bem o campeonato, com vitórias folgadas e com bom fio de jogo, ao contrário dos adversários directos, que pareciam, para usar a mesma expressão, estar nas lonas. No entanto, o clube das Antas, mesmo sem jogar um bom futebol, foi somando pontos, umas vezes com a ajuda da fortuna, outra dos deuses terrenos, tendo umas vezes jogado com mais um elemento, e numa outra contado com a ajuda de um apanha bolas. Coisa que nem me espanta.

Já o clube da Luz, passou de forma repentina do oito para o oitenta. Depois de exibições sofríveis, passou a ganhar facilmente. Não me lembro de uma chicotada psicológica tão eficaz. Mas se usarmos o rigor, não podemos ignorar que o SLB tem um óptimo plantel, que por diversas razões e motivos, não estava a render de acordo com a sua qualidade. Agora estão a passar da depressão à euforia, senão à soberba habitual. Coisas do futebol.

Na minha perspectiva, a quebra do Sporting nos dois últimos jogos, para além da valia dos adversários, deve-se a alguma dose de cansaço e à perda de jogadores fundamentais. O aparecimento de lesões é normal em qualquer equipa, sobretudo a partir do momento em que aumenta o número de jogos. Na partida com a Casa Pia, essa situação foi notória. Jogámos com dois centrais lesionados e acabámos a jogar com centrais adaptados. Em certo sentido, e contra a corrente de opiniões, o facto de o adversário não ter atacado, se nos complicou a vida no ataque, acabou por dar alguma folga a uma defesa fragilizada, com reconheceu Rúben Amorim.

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Voltando à questão inicial, a interrupção das provas de clubes, aconteceu no momento certo. Pode dar para recuperar jogadores fundamentais, como Diamonde, Gonçalo Inácio, Quaresma, Matheus, na defesa, e Pote no ataque, onde tem uma função fundamental, para além de outros, que parecem cansados.

Sendo o futebol um jogo colectivo, não acredito em Salvadores da Pátria, mas os melhores fazem a diferença,  sem  cair na tentação de criar super-heróis, que resolvem tudo.

publicado às 02:04

História em imagem (6)

118 anos depois

Naçao Valente, em 25.09.24

Na Assembleia Geral de 1920 foi decidido fixar a data de 1 de Julho de 1906, como o dia da fundação do Sporting CP. No entanto, o espírito leonino já estava presente no Campo Grande Football Clube em 1904, no Campo Grande Sporting Clube, em Maio de 1906 e mais remotamente no Sport Clube de Belas em 1902, que acabou por se extinguir. Neste pormenor, aparentemente insignificante, estava já presente o ADN leonino, assente no rigor e na honestidade e nos valores.

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Na imagem, equipa do Campo Grande Football Clube, onde estão 7 dos fundadores. Em cima os irmãos Gavazzo e Eduardo Mendonça. Na fila do meio estão Frederico Ferreira, José Stromp e Fernando Barbosa. Em baixo, o primeiro no lado direito, é José Alvalade, o impulsionador da mudança.

Durante os 118 anos de existência, o Sporting CP tem na sua história sucessos e insucessos desportivos, como qualquer outra colectividade similar, mas afirmou-se como um clube de âmbito nacional, e até internacional, de acordo com a vontade dos fundadores.

Fundado como um clube eclético, foi, principalmente, com o futebol que se projectou como uma grande instituição desportiva, por ser a modalidade que se tornou mais popular e que atraiu a atenção dos seguidores do desporto.  No futebol, teve o seu período áureo nos anos 40 e 50 do século XX.

Após um período de altos e baixos e algum declínio futebolístico na conquista de títulos, em função de factores internos, mas sobretudo externos, tem nestes últimos anos vindo a renascer. Esse ressurgimento está intrinsecamente ligado à actual Direcção presidida por Frederico Varandas, assim como à estrutura desportiva que criou.

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Mas, como sei distinguir apoio e elogio de bajulação, e para ser rigoroso, mantenho em relação aos órgãos directivos uma posição crítica construtiva. Esta Direcção, cometeu pelo menos no início do seu difícil mandato, alguns erros que depois soube corrigir. Do ponto de vista desportivo e financeiro, tem tomado decisões certas, porque o êxito só é possível com o sucesso nas duas áreas.

O presidente Varandas tem mostrado competência nas decisões relevantes e tem vindo a aprender e a procurar errar menos. Mesmo na comunicação, o seu ponto mais fraco, tenho notado importantes melhorias. Fala menos, entrega a comunicação a quem possui mais aptidão, resguardando-se dos abutres da imprensa.

Na última entrevista, porém, Varandas, entusiasmou-se um pouco, com as boas prestações da equipa leonina, e afirmou que o Clube domina o futebol português. Na minha opinião, não domina, e não sei se até deve querer dominar. A palavra domínio, tem conotações que podem ir para além da prática desportiva.

Conhecendo Varandas, não acredito que as suas declarações fossem nesse sentido, mas, mesmo na área desportiva, penso que não dominamos. Quanto muito, temos uma equipa que discute as competições de igual para igual com os adversários. Sendo um regalo vê-la jogar, é preciso manter a humildade e evitar  euforias.

Como escreveu o nosso amigo Julius, assim como outros sportinguistas, o campeonato só se ganha em Maio, pois é uma maratona sujeita a vários imponderáveis. Parafraseando José Alvalade, aquando da fundação, “Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa.” E esse desejo continua a cumprir-se.

publicado às 04:04

História em imagem (5)

Goleadores: Peyroteo e Gyokeres

Naçao Valente, em 06.09.24

Pelo Sporting  passaram grandes goleadores. De memória relembro alguns, sem desprimor por todos os outros: Vasques, Martins, Jordão, Manuel Fernandes, Yazalde, Acosta, Jardel, mas para mim , o maior de todos, foi Peyroteo.

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Fernando Baptista de Seixas Peyroteo, (na imagem) nasceu em 1918, Angola, na localidade de Humpata. Aos dezasseis anos começou a jogar futebol no Sporting Clube de Luanda. Em Junho de 1937 chegou a Lisboa na companhia da mãe, Maria da Conceição, professora primária que se deslocou à metrópole por motivos de saúde. Em Portugal, foi apresentado a dirigentes do Sporting, por Aníbal Paciência, seu amigo angolano e jogador do Clube. Depois de conhecer a sede da colectividade e de se comprometer em jogar no Sporting, foi a Coimbra assistir a um jogo particular, onde conheceu a equipa e o treinador Szabo. Posteriormente,  foi abordado pelo FCP que lhe ofereceu melhores condições, que ele recusou por já estar comprometido. A palavra dada, assim como o seu sportinguismo, prevaleceram. Coisa rara nos tempos actuais. Na sua biografia, escreveu que assinou o contrato sem o ler, e sem fazer perguntas.

 Estreou-se no dia 12 de Setembro de 1937, contra o SLB, sendo autor de 2 golos dos cinco marcados, pelo SCP. O treinador Szabo, elogiou-o e disse-lhe."Fernando, você tem qualidades bestiais para fazer-se no melhor avançado do Mundo”.

Jogou durante 12 épocas, sendo sempre o melhor marcador da equipa.  Marcou 540 golos em 332 jogos oficiais,  (no total 700) média de 1,6 por jogo, o que faz dele, ainda hoje, o jogador mundial com melhor média de golos marcados em jogos dos campeonatos nacionais, de acordo com a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol.

Terminou a carreira em 1949, com 31 anos, devido a dificuldades financeiras na sua empresa de desporto. Utilizou o jogo de homenagem para arrecadar cem contos e pagar parte das dívidas contraídas.

Setenta e cinco anos depois, o Sporting adquiriu um avançado de nome Gyökeres, por um preço muito elevado para as possibilidades do Clube. Hoje, não há dúvida que foi dinheiro bem investido, não só pelo que se valorizou, mas pelas valências que trouxe à equipa, sendo fundamental na conquista do último campeonato. Os números não enganam: 50 golos marcados em todas as provas.

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A questão que se pode bem colocar é se, salvaguardadas as devidas distâncias e estilos, estaremos perante um novo “Peyroteo”. O futebol actual é muito diferente do dos anos 40 e 50, mas em termos de produtividade, e pela amostra que temos, penso poder concluir-se que estamos perante um goleador de excelência.

Comparando os currículos dos dois jogadores, verifica-se que são diferentes. De Peyroteo, que se estreou com 19 anos, no Sporting, podemos dizer que “pegou de estaca” afirmando-se  de imediato como “matador”. Gyökeres, tem um longo percurso desde que começou a jogar. Passou por diversos clubes e apenas se afirmou como goleador no Conventry, depois de ter passado por empréstimos a vários clubes. Mas o grande salto deu-se no Sporting, onde arrisco dizer que houve a mãozinha de Rúben Amorim. Pode afirmar-se que era um diamante por lapidar.

Nesta época far-se-á a prova. Gyökeres poderá confirmar-se como um grande goleador, como parece estar a acontecer e nesse aspecto, poderemos estar perante um Peyroteo 2.0, com a diferença que não fará toda sua carreira no Sporting, como declarações recentes comprovam. Também questiono se num grande campeonato, conseguirá manter a mesma veia goleadora.

publicado às 02:34

História em imagem (4)

O primeiro tetra do campeonato português

Naçao Valente, em 20.08.24

Já deu para perceber que o Sporting está a apostar forte na conquista deste campeonato para concretizar um duplo objectivo, o de ganhar dois campeonatos seguidos, o que não acontece desde 1953/1954. Esse campeonato, conhecido como o tetra, concluiu a série de 4 campeonatos seguidos, o que só  foi ultrapassado pelo clube das Antas.

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Nas imagens, está ilustrado o registo da equipa que ganhou esse título. Depois de ganhar três campeonatos seguidos, o Sporting teve duas baixas de peso. O treinador Randolph Galloway que regressou ao seu país e Jesus Correia que decidiu dedicar-se ao Hóquei em Patins. A nova equipa técnica, foi constituída por Tavares da Silva (orientador técnico) e por Joseph Szabo (treinador).  A época não começou bem, com alguns desaires, mas na passagem para a segunda volta, com uma vitória sobe o Benfica, a equipa recuperou o primeiro lugar que manteve até ao fim.

O tetra foi conquistado com 80 pontos, mais sete que o FCP. Com 31 golos, Martins, foi o melhor marcador, sendo vencedor da Bola de Prata. Nesse ano, o Sporting  conquistou o sétimo de oito campeonatos, das edições que foram realizadas desde 1946-47. Fez ainda a dobradinha, coquistando a Taça de Portugal, ao vencer o Vitória de Setúbal, depois de eliminar o Benfica.

Este glorioso registo, é hoje difícil de repetir, mas o bicampeonato, não é impossível e vejo o Clube fortemente interessado em consegui-lo. O esforço que está ser feito para manter o plantel e reforçá-lo, pontualmente, é um indicador desse objectivo.

publicado às 03:04

História em imagem (3)

Jogos Olímpicos: as primeiras medalhas

Naçao Valente, em 13.08.24

Terminaram os últimos Jogos Olímpicos de verão (Paris). Portugal conseguiu 4 medalhas. Embora o futebol congregue o apoio da grande maioria dos adeptos do desporto, a conquista de medalhas olímpicas, enche-nos de satisfação e orgulho. Portugal, dada a sua dimensão territorial não pode rivalizar, neste aspecto, com os grandes países, mas pode e deve fazer melhor, sobretudo na luta com as nações da sua dimensão. Uma política de investimento nacional no desporto em geral é fundamental.

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Portugal esteve presente nas olimpíadas pela primeira vez em 1912 e ganhou a primeira medalha em 1924 na modalidade do hipismo. Outras medalhas se seguiram na esgrima, na vela, no tiro. A primeira medalha no atletismo foi conquistada em 1976, por Carlos Lopes, ao conseguir o segundo lugar nos 10.000 metros, em Montreal. Em 1984, em Los Angeles, havia de ganhar a maratona e trazer a primeira medalha de ouro, para Portugal. A esse propósito declarou:

"Sabia que era a última oportunidade que eu tinha para ser campeão olímpico. Porque com 37 anos e meio dificilmente estaria noutros Jogos com a mesma capacidade e com a mesma resistência... Foi uma luta tremenda".

E se não podemos esquecer estes feitos individuais, temos de reconhecer que representam um trabalho colectivo da secção de atletismo do Sporting Clube de Portugal, dirigida pelo grande mestre Mário Moniz Pereira.

Outros atletas lhes seguiram os passos, tais como Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, mas parece ter sido um processo inconsequente, que não teve continuidade. Hoje o SCP continua a ser uma referência no atletismo nacional, mas a formação de atletas de grande gabarito, exige um trabalho de fundo permanente do comité olímpico, na captação e formação de atletas. Releve-se alguma melhoria nos últimos anos , mas é necessário fazer muito mais.

publicado às 03:04

História em imagem (2)

O primeiro atleta do SCP nos jogos olímpicos

Naçao Valente, em 02.08.24

Quando se realiza em França mais uma edição das olimpíadas da Era Moderna, iniciadas em 1896, lembro que a primeira  participação de Portugal, nestes jogos, foi em 1912, na cidade de Estocolmo. De entre os atletas que representaram Portugal encontrava-se António Stromp, nascido em 1894 e fundador do Sporting, com os irmãos Francisco e José e onde praticava várias modalidades como ténis, esgrima, futebol e atletismo. Representou o país nas corridas dos 100 e 200 metros, classificando-se nos terceiro e quartos lugares, respectivamente, entre oito atletas. Em Portugal foi campeão nacional nessas distâncias.

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António Stromp, fez parte da comitiva portuguesa de seis elementos com a idade de 18 anos. Depois dedicou-se principalmente ao futebol, fazendo parte da equipa que ganhou  o primeiro campeonato nacional, em 1914/1915. Tal como o irmão Francisco, teve uma vida muito curta. Faleceu com 27 anos de uma doença incurável, a sífilis. Num inquérito efectuado nos anos 40, pelo jornal Sports, foi considerado um dos melhores extremos do futebol. Desde esta primeira participação nas olimpíadas, o SCP teve quase sempre atletas em competição, onde se expressa também a sua grandeza.

publicado às 14:30

História em imagem

Naçao Valente, em 25.07.24

,O ciclismo é um desporto popular seguido por multidões, como se vê nas grandes voltas internacionais. Introduzido em Portugal, no século XIX, por estudantes vindos do estrangeiro, como José Diogo d`Orey, começou por ser  um desporto de elites praticado em hipódromos e velódromos.

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Teve uma evolução rápida durante o século XX, sobretudo a partir da realização das Voltas a Portugal. Hoje, temos bons ciclistas que correm nas grandes provas europeias, como a Volta à França, onde o João Almeida conseguiu um quarto lugar mesmo como  “gregário”. Mas seria injusto não lembrar Joaquim Agostinho, com um currículo internacional invejável, para além das vitórias nacionais, com a camisola do Sporting.

Voltando aos primórdios do ciclismo, no século XIX, destaco um ciclista português que foi grande no pano internacional, sendo o melhor velocista mundial numa prova disputada no velódromo de Charmatin em Madrid, onde bateu o recorde mundial, do 500 metros. Venceria também em 1898 o Grande Prémio Zimmerman (outro grande ciclista) que era na altura a prova mais importante da Europa. Participou nos grandes eventos do ciclismo europeu, ligado à Federação de Ciclismo Espanhola, uma vez que não existia em Portugal, uma organização similar. Foi fundador da União Velocipédica Portuguesa.

Correu em vários países da Europa e no Brasil. Bateu-se em provas internacionais, com os melhores corredores da época, vencendo-os algumas vezes. Quando chegava a Portugal a notícia das suas vitórias, havia festa rija na sua terra. E quando voltava das corridas internacionais, juntavam-se multidões, para o receber.

José Bento Pessoa foi  um dos maiores do ciclismo mundial.

publicado às 02:05

A aposta certa?

Naçao Valente, em 04.07.24

A Selecção Nacional une e galvaniza os portugueses, com especial incidência nos que fazem parte da diáspora. Vivendo fora do país, exprimem através do futebol o seu vincado patriotismo e a cada vitória corresponde uma significativa subida do orgulho português. Independentemente do que acontecer no caminho desta Selecção, parece-me, pelo que vi até agora, que não mostrou capacidade suficiente para conquistar o campeonato europeu. No entanto, é preciso esperar, porque o futebol é uma caixa de surpresas. Curiosamente, quando ganhámos o europeu, não tínhamos a melhor equipa.

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Todos os opinadores profissionais, disseram, depois da fase de grupos e especialmente com base no derradeiro jogo, que temos uma boa equipa, mas um mau, senão péssimo treinador, A ser assim e porque neste mister quem não sabe, não aprende de um dia para o outro, as nossas perspectivas não são muito animadoras. Claro que há sempre os eternos optimistas que acreditam em impossíveis.

Pondo de parte desejos, que não são realidades, enquanto adepto português, mantenho em aberto todas as possibilidades, sem qualquer euforia. Pode até ser que este seleccionador venha acompanhado de todas as estrelinhas do universo, como aconteceu nalguns jogos. Mas a ser verdade que Martínez, para além da referida incompetência, seja uma espécie de testa de ferro de outros interesses, sem capacidade para contrariar os “egos” que compõem a Selecção, tem de se concluir que foi uma aposta errada.

Numa outra vertente, pode questionar-se se foram convocados os melhores jogadores. A resposta parece-me óbvia, embora dúbia. Alguns serão os melhores, outros, nem por isso. E a ser assim, é lógico conjecturar que houve critérios que não foram isentos, e que podem ter tido reflexos no potencial da Selecção.

Nem sequer me escandaliza que fossem descartados alguns atletas do SCP, como fizeram alguns sportinguistas. Ser selecionado pode ter prestígio para o atleta, até do ponto de vista do patriotismo, mas não há garantia de qualquer outra vantagem, com uma ou outra excepção. Veja-se o caso de António Silva, como exemplo. Mas é um tema, que só por si, merece um debate.

Estou expectante com o que vem a seguir e com desejo que o que escrevi, não esteja certo. Para já estou mais focado na preparação do Sporting CP, para enfrentar desafios nacionais e internacionais. E por aí também se pode prestigiar o país e valorizar seguramente  os nossos jogadores.

publicado às 03:04

Levantado do Chão

Naçao Valente, em 14.06.24

Frederico Varandas assumiu a presidência do SCP depois de um período conturbado, no qual o Clube parecia caminhar  para o abismo. O Sporting estava ser governado na base de um populismo de consequências incalculáveis. Varandas, chefe da equipa médica, decidiu, após o fim do aventureirismo, apresentar-se como candidato à presidência. Por uma unha  negra, na expressão popular, ganhou as eleições e assumiu, com a sua equipa, a gestão do Clube.

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Conhecendo muito bem a situação que ia enfrentar, assumiu o cargo com grande coragem. A instabilidade reinava, e não foi fácil ultrapassar esse período de má memória. Teve o condão de impor a sua autoridade, não cedendo a diversas pressões. Traçou um rumo e segui-o com firmeza. Com uma situação financeira difícil e agravada com a debandada de activos valiosos, foi, passo a passo, tirando o clube da situação grave em que se encontrava.

As oposições tudo fizeram para sabotar o seu trabalho e muitos até duvidavam da sua capacidade para levar o Clube a bom porto. Com convicção e competência, pode dizer-se que levantou o Sporting do chão para usar, com a devida vénia, o título do livro de José Saramago, “Levantado do Chão”.

Durante a sua presidência, com início em Setembro de 2018, para além de aumentar a percentagem do clube na SAD, criando uma situação financeira estável, acrescentou ao pecúlio desportivo do Sporting dois Campeonatos Nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça Cândido de Oliveira e quatro Taças da Liga, só no que diz respeito ao futebol profissional.

Frederico Varandas é o quadragésimo terceiro presidente do SCP. E ficará na história, na minha perspectiva, como refundador , depois de longos anos de algum ocaso, na área do futebol profissional. Dos presidentes, muitos até são desconhecidos dos actuais adeptos. Neste pequeno texto, quero porém lembrar, brevemente, alguns, que por um ou outro motivo merecem relevo, naturalmente subjectivo.

Não se pode falar de presidentes sem referir Alfredo Holteman, (Visconde de Alvalade) que foi presidente entre 1906 e 1910, contribuindo com o seu dinheiro para a fundação da colectividade. Foi substituído na presidência pelo seu neto José Roquette (José Alvalade) o grande dinamizador dos primeiros anos do Clube.

Seguiu-se um período de presidências muito curtas, mas quero salientar Ribeiro Ferreira (1946-1953) e Góis Mota (1953-1957) que correspondem a um período dourado no futebol leonino. E João Rocha, pela vital estabilidade (13 anos na presidência) com algum sucesso. Saliento também José Roquette e Dias da Cunha, ligados à Academia e ao novo estádio. No entanto, todos contribuíram bastante para a evolução do Sporting CP. Nesse aspecto, gostaria de escrever sobre cada um deles, se para isso tiver engenho e arte.

Se José Alvalade levantou o Sporting, transformando um clube originalmente criado para alguns praticantes de futebol se recrearem, numa grande colectividade, Varandas, mais de cem anos depois, está a conseguir levantar Sporting, para cumprir o objectivo de ser um dos maiores da Europa.

publicado às 02:19

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