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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
1 – Utilização de tecnologias ao serviço das arbitragens.
Quero esclarecer que aceito de bom grado a utilização de novas tecnologias ao serviço das arbitragens em certos desportos, como muito bem se referiu nos seus escritos, desde que existam condições financeiras para o efeito e que a sua aplicação seja generalizada, daí que nada oponho à sua argumentação em relação aos desportos que mencionou.
Todavia temos de atender à especificidade de cada desporto e ao poderio económico de cada um. No futebol é irrealizável na medida em que esta modalidade está disseminada por todo o planeta, em países pobres e menos pobres, sendo jogado inicialmente em campos pelados, sem iluminação, melhorando por aí acima, em vários países, abarcando eventualmente uma elite que não corresponde a mais de 10% ( ? ) dos clubes que por aí proliferam.
A não ser que queiramos ter uma divisão de Ricos e outra de Pobres. O seu argumento que a televisão já lá está e que portanto, sem grandes custos, poderia ser utilizada como extra referência, também não colhe, pois esse equipamento pertence a sectores privados ou públicos, que possuem uma regi sofisticada, metida em enormes caravanas, onde estão expostos os "screens" de cada câmara por eles montadas nos campos, com vários operadores, visuais e áudio, um batalhão de electricistas a controlarem os cabos que ligam às parabólicas e aos operadores de câmaras a pé. No meio disto há um director da regi que escolhe a imagem que vai para o ar, que mandar fazer "replays" e "slow-motions", todos escolhidos a dedo para se tornarem mediáticos e gerarem controvérsia.
O Futebol já utiliza estas imagens, para penalizar incidentes que porventura são captados, pancadaria a caminho dos túneis, pé em riste que pisa o adversário, mas isso somente à posteriori, se a imagem for apresentada como evidência, por Clube A ou B, por gravações feitas sabe-se lá por quem. Para se utilizar imagens que esta tecnologia permite, o que seria saudável, tal como os progressos noutros desportos a que se referiu, no Futebol é impraticável na medida em que teriam de existir reges só para este efeito, a um custo enorme, em todos os jogos que se realizam por esses campeonatos todos.
Era bom, seria uma fonte de emprego nos tempos que correm, mas depois teríamos de perguntar, quem é que seriam os operadores, árbitros? Um grupo de árbitros numa sala escura a visionarem as imagens? Essa foi a razão da minha referência a Kafka... quem controla quem! Temos de esquecer este assunto da tecnologia aplicada ao Futebol, pois este é um desporto que começa a ser praticado por autênticos moleques da rua, fingidos, simuladores, que não sabendo praticar “bem” a modalidade, nem tendo ninguém que lhes ensine “como”, são musculados pelos preparadores físicos para correrem como malucos em alta velocidade, mudanças de direcção erráticas, com entradas violentíssimas, empurrões, abraços e 'agarrões' descarados, como se pode ver nas marcações de cantos e não só.
O futebol é, a meu ver, a modalidade mais mal praticada no mundo, com excepção dos galácticos, que são de facto um mimo de se ver. É o desporto que permite a introdução, no seu léxico 'futeboleiro', da noção de 'falta cirúrgica' o que diz tudo... O povo gosta do que vê, canta, berra, insulta, enfurece-se e até parece que adoraria dar também uns pontapés nas canelas de alguém, extravasando as suas frustrações diárias. Ora, esta falta de "fair-play" avança insidiosamente através dos tempos e passa a ser considerada normal pelos espectadores e comentadores da nossa praça.
Artigo da autoria do nosso Amigo FRANCISCO VELASCO, ao qual agradecemos, desde já, a sua gentileza, além da óbvia excelente contribuição para uma melhor compreensão do "Vídeo-Árbitro" e a sua introdução no futebol.
Apenas para complementar o artigo de Francisco Velasco e para ilustrar a sofistificação técnica deste sistema de "vídeo-árbitro", publico aqui uma imagem parcial de um típico "vídeo-centro" da NBA. Para quem entende que isto é de fácil reprodução em quantidade por toda a parte onde se pratica futebol, terá um conceito da realidade muito estranho:
Para ilustrar este cenário ainda mais, informa-se, a exemplo, que num jogo normal da NFL, a cadeia televisiva que detém os direitos de transmissão recorre ao uso de 20 camâras em média por jogo, e entre 150 a 200 staff. Na "Super Bowl", este número aumenta para 70, embora esteja em curso nova tecnologia para reduzir para 40. O "vídeo-árbitro" em voga nos estádios americanos tem à sua disposição tudo isto. Viável no futebol ??? Não vejo quando e como.
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