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A propósito de uma sugestão do nosso presidente Bruno de Carvalho visando a introdução de "Vídeo-árbitros", permito-me transcrever dos comentários no meu Site, uma troca de pareceres ocorrida há 5 anos, com um dos meus seguidores, José Carlos Ferro, relacionada com este tema.
 

1 – Utilização de tecnologias ao serviço das arbitragens.

 

Quero esclarecer que aceito de bom grado a utilização de novas tecnologias ao serviço das arbitragens em certos desportos, como muito bem se referiu nos seus escritos, desde que existam condições financeiras para o efeito e que a sua aplicação seja generalizada, daí que nada oponho à sua argumentação em relação aos desportos que mencionou. 

 

Todavia temos de atender à especificidade de cada desporto e ao poderio económico de cada um. No futebol é irrealizável na medida em que esta modalidade está disseminada por todo o planeta, em países pobres e menos pobres, sendo jogado inicialmente em campos pelados, sem iluminação, melhorando por aí acima, em vários países, abarcando eventualmente uma elite que não corresponde a mais de 10% ( ? ) dos clubes que por aí proliferam. 

 

A não ser que queiramos ter uma divisão de Ricos e outra de Pobres. O seu argumento que a televisão já lá está e que portanto, sem grandes custos, poderia ser utilizada como extra referência, também não colhe, pois esse equipamento pertence a sectores privados ou públicos, que possuem uma regi sofisticada, metida em enormes caravanas, onde estão expostos os "screens" de cada câmara por eles montadas nos campos, com vários operadores, visuais e áudio, um batalhão de electricistas a controlarem os cabos que ligam às parabólicas e aos operadores de câmaras a pé. No meio disto há um director da regi que escolhe a imagem que vai para o ar, que mandar fazer "replays" e "slow-motions", todos escolhidos a dedo para se tornarem mediáticos e gerarem controvérsia. 

 

O Futebol já utiliza estas imagens, para penalizar incidentes que porventura são captados, pancadaria a caminho dos túneis, pé em riste que pisa o adversário, mas isso somente à posteriori, se a imagem for apresentada como evidência, por Clube A ou B, por gravações feitas sabe-se lá por quem. Para se utilizar imagens que esta tecnologia permite, o que seria saudável, tal como os progressos noutros desportos a que se referiu, no Futebol é impraticável na medida em que teriam de existir reges só para este efeito, a um custo enorme, em todos os jogos que se realizam por esses campeonatos todos. 

 

Era bom, seria uma fonte de emprego nos tempos que correm, mas depois teríamos de perguntar, quem é que seriam os operadores, árbitros? Um grupo de árbitros numa sala escura a visionarem as imagens? Essa foi a razão da minha referência a Kafka... quem controla quem! Temos de esquecer este assunto da tecnologia aplicada ao Futebol, pois este é um desporto que começa a ser praticado por autênticos moleques da rua, fingidos, simuladores, que não sabendo praticar “bem” a modalidade, nem tendo ninguém que lhes ensine “como”, são musculados pelos preparadores físicos para correrem como malucos em alta velocidade, mudanças de direcção erráticas, com entradas violentíssimas, empurrões, abraços e 'agarrões' descarados, como se pode ver nas marcações de cantos e não só. 

 

O futebol é, a meu ver, a modalidade mais mal praticada no mundo, com excepção dos galácticos, que são de facto um mimo de se ver. É o desporto que permite a introdução, no seu léxico 'futeboleiro', da noção de 'falta cirúrgica' o que diz tudo... O povo gosta do que vê, canta, berra, insulta, enfurece-se e até parece que adoraria dar também uns pontapés nas canelas de alguém, extravasando as suas frustrações diárias. Ora, esta falta de "fair-play" avança insidiosamente através dos tempos e passa a ser considerada normal pelos espectadores e comentadores da nossa praça.

 

 

Artigo da autoria do nosso Amigo FRANCISCO VELASCO, ao qual agradecemos, desde já, a sua gentileza, além da óbvia excelente contribuição para uma melhor compreensão do "Vídeo-Árbitro" e a sua introdução no futebol.

 

 

Apenas para complementar o artigo de Francisco Velasco e para ilustrar a sofistificação técnica deste sistema de "vídeo-árbitro", publico aqui uma imagem parcial de um típico "vídeo-centro" da NBA. Para quem entende que isto é de fácil reprodução em quantidade por toda a parte onde se pratica futebol, terá um conceito da realidade muito estranho:

 

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Para ilustrar este cenário ainda mais, informa-se, a exemplo, que num jogo normal da NFL, a cadeia televisiva que detém os direitos de transmissão recorre ao uso de 20 camâras em média por jogo, e entre 150 a 200 staff. Na "Super Bowl", este número aumenta para 70, embora esteja em curso nova tecnologia para reduzir para 40. O "vídeo-árbitro" em voga nos estádios americanos tem à sua disposição tudo isto. Viável no futebol ??? Não vejo quando e como.

 

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publicado às 15:18

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23 comentários

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De julius coelho a 02.05.2016 às 17:49

Não me confunda Schmeichel

Eu sou um acérrimo apoiante desta operação das tecnologias , e á muitos anos ainda pouco ou nada se falava disto.
Posso adiantar que as primeiras opiniões positivas sobre este assunto tiveram o seu início á 30 anos quando um familiar meu então Director departamento de futebol do Benfica defendia as imagens televisivas como ajuda nos jogos de decisão.

Escrevi desde sempre vários artigos sobre este assunto mas sou consciente e nao podemos comparar a envolvente clubite do Rugby com as paixões do futebol e tudo o que se move á volta .
Veja o caso dos penaltis no Dragão todos atiram-se para as opiniões se foram penalti ou não no primeiro lance do Coates sobre o argelino, as opiniões dividem-se mas ninguem fala que esse lance nunca devía ter existido porque é uma sequência directa de uma falta clara que não foi marcada do Aboubakar ao nosso defesa Schelotto. E aí só repetem uma vez esse lance dando depois prioridade ao suposto penalti , a falta sobre Schelotto ao ser devidamente marcada já nao existiria esse lance do Coates.
E o arbitro que tiver a responsabilidade das imagens o que decide? Ele pode decidir? E se nao quiser decidir por conveniência? Poucos repararam nessa primeira falta.
Não se pode correr riscos de imagine o cenário de o árbitro das imagens decidir alterar uma decisão que afinal foi correcta do árbitro de campo , sería um desastre.

Não se pretende que sómente os lances claríssimos sejam analisados a ideia é decidir correctamente nos lances duvidosos e é aqui que podem existir problemas nas nomeações dos árbitros para as imagens.
Agora se tudo isso fõr bem resolvido é obvio e claro que seria fantástico , com a recuperação de maior verdade desportiva nos jogos.
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De Schmeichel a 02.05.2016 às 17:56

julius,

Desculpe, mas a rivalidade no Rugby talvez em alguns casos até seja maior do que no futebol, dou-lhe o exemplo do Torneio das 6 naçoes.... no caso do Rugby existem muitas decisões que têm influencia no resultado, por exemplo a vitória da Inglaterra no Mundial da Austrália, que ganharam só com pontapés de ensaio, caso algum tivesse sido mal marcado, o árbitro tinha dado o titulo de um campeonato do mundo... e isso não pode ocorrer!

Essa situação que você refere da falta do Schellotto, por exemplo no futebol americano, cada equipa tem 2 pedidos de video assistência, neste caso o Sporting só teria de mandar uma bandeira para o relvado e pedir a video assistência e referir que queria que o árbitro verificasse determinada jogada. Simples! Sem complicação e sem penalty para o porto.... percebeu?!
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De julius coelho a 02.05.2016 às 18:07

Esperamos que tudo esteja já bem equacionado e que passe definitivamente á prática para os primeiros ensaios oficiais .
Porque urge fazer algo .Desta forma tornou-se insuportável para todos.

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