De RSP a 27.05.2017 às 00:06
JJ é um grande treinador, mas nunca foi um treinador com perfil para o Sporting. A sua contratação tem um estranho paralelismo com aquela que o Sousa Cintra fez com o Carlos Queiroz - o deslumbramento dos simples, hipotecando a solidez do longo prazo, ao golpe de asa imediato.
1º JJ adora protagonismo. Ele está acima de tudo e de todos. É um génio visionário. Nunca erra. Nunca falha. Se algo corre bem é a confirmação, se algo corre mal, a culpa é dos outros. Julga-se dotado da centelha divina. O carnide e Vitória vão no segundo ano consecutivo a esfregar na cara que ele é apenas um treinador;
2º JJ julga-se maior do que o Sporting, e que o Sporting existe para o servir. Vai querer ganhar a curto prazo e a todo o custo para não perder lustro - nem que para isso tenha de destruir o Sporting a longo prazo, arrasando com a formação;
3º Quantos jogadores pegou JJ com 18 anos e fez deles vedetas? Nem um. Não é um treinador formador e isso é o ADN do Sporting. Olhem para os dados e vejam quantos minutos deu aos jovens da Academia - retirem os números do Gélson porque esse nunca foi um risco, e não é preciso ser-se um génio para o perceber;
4ºÉ um treinador que acha nada ter para aprender, e por isso insiste em erros, até darem certo, ou até se provar que está certo. O Bryan teve minutos até à náusea quando todos víamos que ele precisava era de férias, mas o Geraldes nunca há-de servir para o Sporting, mesmo que tenha apenas 50 minutos jogados contra os mais de 600 do Markovic - a partir do momento em que o Sporting nunca será campeão a recorrer à Academia como regra, então há-de provar que está certo, a bem ou mal;
5º JJ não percebe a grandeza do Sporting. E as prestações nas competições a eliminar são prova disso. Facilita com a mania da rotação (!? o Real Madrid e o Barcelona nunca deixam as vedetas no banco, a não ser quando estão lesionados), e o Sporting acaba, invariavelmente, humilhado e curto nos objectivos. Da época passada acrescentámos ao nosso palmarés termos sido a única equipa na CL a perder com polacos;
6º JJ só tem empatia com o Clube e adeptos quando ganha (mas isso até eu). Quando perde, a sua capacidade de comunicação é desastrosa, gerando instabilidade por todo o lado;
7º JJ é péssimo no scouting - e mesmo assim acha-se o maior. E por isso, mesmo perante a evidência da falha, insiste porque não pode estar errado - até um relógio parado dá as horas certas 2 vezes por dia;
8º JJ não é um treinador de futuro. Trouxe algumas coisas boas ao nível da mentalidade, mas não vejo nada de estável naquela estrutura - as ideias bem definidas de que tanto fala continuam a mudar de 6 em 6 meses. Seja lá de quem for a culpa, mas é sinal de que nem tudo está assim tão bem delineado;
9º Com JJ, Ancelotti, Jardim, Mourinho ou seja quem for, enquanto continuarmos a ser geridos por amadores pagos a preço de especialistas, o Sporting nunca irá a lado algum. É só curiosos a reagir ao curto prazo, todos apertados pela necessidade de vitórias imediatas. Ninguém fala num plano a 3 anos, a 5 ou a 10. Isso não interessa para nada. A Academia e o discurso da formação é um jargão para atirar ao ar já que ninguém se interroga do porquê da formação? Ela serve para quê? Que destino se dá à formação? Em que medida serve para fazer do Sporting uma potência? Não há uma linha estruturada e os anos passam - e os outros copiam o que fazemos bem e não tarda nada têm uma capacidade de captação superior à nossa. E assim se vai navegando à vista.
Se virem bem, em todos os momentos do futebol, as equipas que conseguiram manter períodos de hegemonia fizeram-no apostadas na estabilidade do balneário, do plantel: o FCP durante 2 décadas, o MUFC, o Real Madrid, o Barcelona, o AC Milan, e exemplos não faltam. Os jogadores mantinham-se e garantiam que a mentalidade não se perdia diluída.
No Sporting, quantos jogadores ficam mais de 2 épocas? Chega ao final da época e toca a rodar tudo, às vezes apenas porque sim - com custos desportivos.
Para quando um Sporting com um plano a prazo coerente?