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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Invariavelmente, a nossa palavra não tem grande "peso", por sermos vistos apenas como mero adeptos, mesmo quando contamos com largos anos de experiência a liderar equipas de futebol a níveis vários. Vamos, então, acreditar em quem é bem conhecido publicamente e é reconhecido por saber do que fala. Já tive ocasião de referir aqui no Camarote Leonino, que lidei com Manuel José diversas vezes ao longo dos anos. Sensações menos agradáveis, muito pela complexa personalidade do homem, mas nem por isso deixamos de o reconhecer como um dos melhores treinadores de futebol da sua geração, incomparavelmente superior ao actual seleccionador nacional, cargo que não desempenha apenas e tão só pela sua difícil maneira de ser e estar.
Manuel José é um profundo conhecedor do futebol português, em geral, e do Sporting, em particular, entre outros motivos, pelas suas passagens pelo Clube. Teve isto para dizer sobre a actual equipa:
«Com dez golos sofridos em igual número de jogos no campeonato, o Sporting apresenta um registo defensivo longe do esperado. E apenas em três jogos não sofreu golos. Os resultados explicam isto: muito dificilmente uma equipa que sofre tantos golos e em tantos jogos pode ser candidato ao título. E os golos têm acontecido sobretudo pelo centro da defesa. O Maurício, que na sua primeira época na Europa se apresentou muito forte na marcação e teve uma campanha quase sem mácula, tem estado desastroso; a saída do Rojo teve muito peso. O Sarr também tem tido uma série de problemas e agora surge o Paulo Oliveira, que tem parecido o mais estável, mas ainda é muito jovem.
Tem a ver com a falta de qualidade dos centrais. Dou o benefício da dúvida ao Paulo Oliveira, que, apesar da sua inexperiência, procura solidificar a sua posição - penso que vai dar um bom central. Mas os centrais têm tido uma influência decisiva no índice de golos sofridos, sem sombra de dúvidas. A começar pelo empate em cima da hora com o Maribor; o Sarr também fez um autogolo contra o FC Porto; a própria expulsão do Maurício em Gelsenkirchen, contra o Schalke, mostra essa intranquilidade. Mas o meio-campo também tem culpa: agora as equipas têm de defender em bloco e atacar em bloco.
Tem de haver uma consciencialização colectiva da equipa, que sabe que tem ali o seu calcanhar de Aquiles. Os problemas têm acontecido, em última instância, no centro da defesa, mas se houver um apoio efectivo dos médios, sobretudo, mas também, até, dos avançados, as probabilidades de sofrer golo descem consideravelmente. Todos têm de ajudar. Só assim os centrais não estarão tão expostos, vão serenar e fazer melhor o seu trabalho.»
Análise correcta e sensata de Manuel José que, ao fim e ao cabo, até não sublinha novidade alguma, para os mais conhecedores e atentos. Este estado das coisas com o eixo defensivo do Sporting é uma pura consequência das decisões tomadas no Verão pela SAD, sejam estas pelas mãos de Bruno de Carvalho, Augusto Inácio ou quem quer que seja. A necessidade que sempre foi óbvia, severamente agravada pelas saídas de Marcos Rojo e Eric Dier, não foi devidamente compensada, mesmo tendo em conta os condicionalismos financeiros.
Consta na comunicação social - com ou sem fundamento - que o Sporting procura um jogador para a posição "10" no mercado de Janeiro. A prioridade continua a ser um defesa central suficientemente experiente e com a capacidade para fazer a diferença, pelo menos ao nível do que esta defesa leonina necessita.
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