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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
As claques como grupos organizados, e constituídos por jovens, têm a sua origem nos anos sessenta. O seu objectivo era apoiar as equipas, dando-lhes motivação na sua acção em campo. Agiam por amor ao clube e nada recebiam para além da satisfação de participar e receber bons resultados desportivos.
As claques evoluíram acompanhando os tempos, mas evoluíram no pior sentido. Passaram de grupos de adeptos que davam, com generosidade, o seu apoio, para grupos subsidiados, como uma espécie de animadores profissionais, que começaram a extravasar o motivo para que foram criadas. São hoje um contra-poder que se arroga a intervir na gestão do próprio clube, pressionando decisões dos dirigentes.
Enfeudadas no Sporting Clube de Portugal à Direcção que foi destituída, tornaram-se na sua guarda pretoriana. Com a queda dessa Direcção, assumiram-se como oposição aos novos dirigentes eleitos, ao ponto de irem para os jogos criticar e insultar o Presidente, à boleia de maus resultados negativos. A situação atingiu tal dimensão, que Varandas teve de agir com firmeza, tomando as medidas, impopulares, que se exigiam.
Passados meses,Varandas mantém a mesma firmeza mas está só. Os presidentes de outros clubes, que de forma clara ou até encapotada, se servem das claques, nas quais se apoiam, como um grupo que utilizam para a luta contra os adversários, assobiam para o lado. E enquanto estas não se virarem contra a sua autoridade não irão mexer uma palha. Deste lado, não pode esperar Varandas qualquer solidariedade.
O poder político foge do mundo do futebol e da sua irracionalidade como o diabo da cruz. Tem medo de meter-se com gente que se apoia em milhões de adeptos, que enquanto tal, consideram os dirigentes do seu clube, como cidadãos acima da lei, inatacáveis e dispostos a guerrear em seu nome. Deste lado, tirando umas promessas vãs de alguns governantes de segunda linha, Varandas dificilmente terá qualquer apoio.
Os vários acontecimentos de comportamento selvagem de adeptos, utilizando artefactos pirotécnicos proibidos num jogo de futebol, trouxe para a actualidade, um assunto que é transversal a todos os clubes. Esta violência gratuita não tem a ver com rivalidade, e devia preocupar a sociedade. O poder político ao mais alto nível, devia ser pressionado para agir de forma drástica. A escumalha, para usar as palavras de Varandas, não pode continuar impune a espalhar o medo pelos recintos desportivos.
Como é possível que os dirigentes desportivos vejam os seus adeptos a causar distúrbios num jogo que devia acontecer dentro das quatro linhas e não tome nenhuma medida, para além de algumas lágrimas de crocodilo? No combate a esta situação Varandas está só, mas está no bom caminho. A indústria do futebol agradece num país que se quer civilizado.
Nota: título utilizado na coluna de opinião do Director de Record.
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