Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Com nuvens escuras no céu encarnado, a assembleia geral do Benfica aprovou as contas de 2019/20 por larga maioria, 71,2%, numa votação que reuniu menos de dois mil sócios. E havendo eleições em Outubro, esse resultado deixa antever para que lado cairá a vitória.
Com o céu não menos carregado, a assembleia geral do Sporting, à qual acorreram mais de três mil associados, reprovou o orçamento e as contas também por margem clara: 69,2%. Sem ato eleitoral à vista, o desfecho confirma que a serpente da indignação cresce no ovo – por culpa de Bruno de Carvalho e de Frederico Varandas.
O primeiro pagou o que tinha a pagar pelos erros cometidos, a sua presidência foi o que foi e não há força divina que possa desfazer o que de bom e de mau ficou feito. Já no mandato actual, os leões perderam a oportunidade de meter ombros à segunda tarefa relevante, reposto que foi o normal funcionamento da instituição: tratar as feridas profundas que a crise abriu em milhares dos seus adeptos.
Frederico Varandas não quis ou não conseguiu ir por esse caminho e tomou uma decisão intrépida mas fatal: a suspensão das claques. Como se um corpo pudesse viver sem uma parte do seu tecido! Como se a tropa de choque do presidente anterior não pudesse amanhã ficar do lado do novo líder em nome do objectivo comum – tudo dependeria da estratégia a seguir e da arte para a executar.
E como se desprezar alguns criminosos infiltrados apagasse do coração da larga maioria o amor a um emblema histórico e fortemente implantado na sociedade portuguesa... Esses adeptos, que são muitos e em grande parte ainda jovens, não abandonarão a trincheira para onde os atiraram sem saírem vencedores. Sabem que é uma questão de tempo.
Tendo a faca e o queijo na mão, o Dr. Frederico Varandas podia e devia ter imposto regras apertadas, fiscalizado o seu cumprimento e exigido as responsabilidades inerentes. Mas não, em vez de podar os ramos que cresciam sem controlo, cortou a árvore e deixou ficar a raiz que permitirá o renascer do mal.
Agora, está nas mãos do treinador. Se Rúben Amorim conduzir o barco a bom porto, a direcção lá se irá aguentando. Só que o ‘bom porto’ para uns não o é para outros. A situação de penúria financeira e a relativa fragilidade do plantel dificilmente não trarão momentos complicados para a equipa, cujas consequências se abaterão sempre sobre Frederico Varandas e a sua gente.
Porque não lhes será possível continuar, indefinidamente, a viver em reclusão, como ainda ontem, no Twitter, sublinhava Luís Paixão Martins: é cumprir uma formalidade e voltar para o bunker.
Artigo de Alexandre Pais, em Record
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.