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Viver entre a formalidade e o bunker

Rui Gomes, em 30.09.20

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Com nuvens escuras no céu encarnado, a assembleia geral do Benfica aprovou as contas de 2019/20 por larga maioria, 71,2%, numa votação que reuniu menos de dois mil sócios. E havendo eleições em Outubro, esse resultado deixa antever para que lado cairá a vitória.

Com o céu não menos carregado, a assembleia geral do Sporting, à qual acorreram mais de três mil associados, reprovou o orçamento e as contas também por margem clara: 69,2%. Sem ato eleitoral à vista, o desfecho confirma que a serpente da indignação cresce no ovo – por culpa de Bruno de Carvalho e de Frederico Varandas.

O primeiro pagou o que tinha a pagar pelos erros cometidos, a sua presidência foi o que foi e não há força divina que possa desfazer o que de bom e de mau ficou feito. Já no mandato actual, os leões perderam a oportunidade de meter ombros à segunda tarefa relevante, reposto que foi o normal funcionamento da instituição: tratar as feridas profundas que a crise abriu em milhares dos seus adeptos.

Frederico Varandas não quis ou não conseguiu ir por esse caminho e tomou uma decisão intrépida mas fatal: a suspensão das claques. Como se um corpo pudesse viver sem uma parte do seu tecido! Como se a tropa de choque do presidente anterior não pudesse amanhã ficar do lado do novo líder em nome do objectivo comum – tudo dependeria da estratégia a seguir e da arte para a executar.

E como se desprezar alguns criminosos infiltrados apagasse do coração da larga maioria o amor a um emblema histórico e fortemente implantado na sociedade portuguesa... Esses adeptos, que são muitos e em grande parte ainda jovens, não abandonarão a trincheira para onde os atiraram sem saírem vencedores. Sabem que é uma questão de tempo.

Tendo a faca e o queijo na mão, o Dr. Frederico Varandas podia e devia ter imposto regras apertadas, fiscalizado o seu cumprimento e exigido as responsabilidades inerentes. Mas não, em vez de podar os ramos que cresciam sem controlo, cortou a árvore e deixou ficar a raiz que permitirá o renascer do mal.

Agora, está nas mãos do treinador. Se Rúben Amorim conduzir o barco a bom porto, a direcção lá se irá aguentando. Só que o ‘bom porto’ para uns não o é para outros. A situação de penúria financeira e a relativa fragilidade do plantel dificilmente não trarão momentos complicados para a equipa, cujas consequências se abaterão sempre sobre Frederico Varandas e a sua gente.

Porque não lhes será possível continuar, indefinidamente, a viver em reclusão, como ainda ontem, no Twitter, sublinhava Luís Paixão Martins: é cumprir uma formalidade e voltar para o bunker.

Artigo de Alexandre Pais, em Record

publicado às 05:31

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5 comentários

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De João Gil a 30.09.2020 às 14:22

O que é extraordinário e ver estes jornalistas veteranos que assistiram ao que se passou em Inglaterra a sustentarem para Portugal (e particularmente para o Sporting) uma política de pacto e sujeição ao hooliganismo, que é um atentado inaceitável à sociedade e à legalidade democrática. A comunicação social esqueceu-se do seu papel.
Não é um bom serviço ao futebol nem à sociedade como um todo, defender o indefensável.
Alexandre País ainda vive em 1976. O problema é que estamos em 2020 e a realidade das claques de futebol não é de todo aquilo que Alexandre País ainda acha que é.
SL

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